O cotidiano é monótono. A vida é chata. Mas você, Hermione, tem a capacidade de fazer tudo ficar mais belo, ritmado.

Estamos parados e calados em uma sala escura e vazia. Eu quero perguntar se você me ama, mas não sei se o faço. Sua cabeça está baixa e você, contemplativa, observa o chão.

Por que você não me olha? Por que você não acaba com a minha agonia? Será que – e nesse momento, essa dúvida atormenta minha mente – você quer que eu vá embora? Hermione, você sabe que eu não irei dizer nada. Você sabe que eu não irei pedir para você ficar, implorar, me ajoelhar aos seus pés. Diga que me quer.

Repentinamente você se levanta. Seus olhos estão levemente marejados e sua cabeça faz um suave movimento circular.

Desajeitadamente, você vem até mim, o corpo balançando levemente, os pés um pouco inclinados, as mãos fazendo suaves movimentos.

- Não sabia que você dançava – eu digo.

- Eu não danço muito bem, Draco, imaginei que você soubesse disso. Mas – e nesse momento, você solta uma leve risada – você não sabe muito sobre mim. Há quanto tempo estamos juntos?

Há quanto tempo? Tempo o suficiente para saber que ou ficarei ao seu lado para sempre, ou vou embora.

Seus olhos estão determinados, cheios de uma certeza que eu desconheço, e, por um momento, penso em fugir. Fugir é fácil, é agradável. É virar as costas e levar meus pés até a porta, mas minhas pernas parecem ser de chumbo.

Você continua sua dança dessincronizada, agora cantarolando uma canção. Seria uma canção de piano, Hermione? Por que você não olha para mim? Por que você não diz o que quer? Seja prática, por favor. Faça o que você sempre faz. Seja racional.

Meus apelos mudos não te comovem. Você continua a cantarolar e dançar desajeitadamente. Meus olhos não desgrudam de você. Seu encanto, totalmente não-intencional, me faz estagnar onde estou. Ouça-me, Hermione. Fale e acabe com a minha angústia.

Suas pernas dão um passo em minha direção e seus braços a acompanham. Seus olhos estão bem abertos, observando meu rosto, minhas reações.

- Eu vou embora – digo friamente.

É como se você não me ouvisse. Sua dança – desajeitada e envolvente – é a única coisa que me prende aqui.

Por fim, dando fim ao seu ritual de hipnose, você enrosca seus braços alvos em volta do meu pescoço. Eu pareço desesperado, patético? Acho que não. Você parece apreensiva. Eu estou te assustando?

- Fique comigo. Por favor – você diz.

Fico sim, minha desajeitada bailarina. Fico sim, garota estranha, que destrói minha linha de raciocínio, mutila meu amor próprio, meu brio, meu eu. Fico sim, para você inflar meu ego e perfurá-lo com sua simplicidade crua e de palavras difíceis.

- Quanto tempo você quiser.


Mais uma Dramioe e devo dizer que gostei muito dela. Algo mais fluffy de vez em quando :)

Reviews?