1- Quando as coisas mudariam...

A madrugada outonal corria solta, e nada de James Potter conseguir dormir. O sextanista só conseguia pensar no que faria para que Lily Evans dissesse "sim" aos seus insistentes convites para sair.

O garoto já vinha tentando há quase um ano e tudo o que Lily respondia era algo como: "Não, Potter.", "Não!" ou "É claro que não, Potter, eu já não te disse?"

Outra coisa que James não entendia era por que ela só o chamava de Potter, e sempre com desprezo. Talvez fosse porque ele próprio só a chamasse por Evans, porém nunca com desprezo.

Quem sabe se ele trocasse o Evans pelo delicado Lily – um nome lindo, aliás –, não fizesse com que a garota ao menos o tratasse melhor? Pensando nisso, James Potter pegou no sono e dormiu tranqüilamente.


Lily Evans estava sentada junto a uma mesa na sala comunal, ocupada com um exercício de Runas Antigas. Consultava um grosso e velho dicionário e escrevia freneticamente num pergaminho.

Em um dos raros momentos em que ergueu a cabeça de sua tarefa para observar a sala, ela deu de cara com...

— Potter!

— Ei... – ele sorriu.

— Você me assustou! – ela exclamou, como se o repreendesse.

— Me desculpe... – começou ele, encolhendo os ombros. – Mas o que você faz aí com tanta concentração?

— Dever, Potter, dever! – ela bufou, parecendo irritada. – Me esqueci desse e agora tenho que me apressar...

— Hum... e você quer ajuda?

— Ajuda? – repetiu ela, incrédula. O Potter quer me ajudar? Sem segundas intenções?? Como assim?!

— É, Lily, eu já fiz o dever, e se você quiser eu posso te dar uma mãozinha...

Lily Evans ruborizou um pouco ao notar que Potter a chamara pelo primeiro nome. Sempre a tratara por Evans, e ela se deu conta de que também nunca o chamara de James...

— E aí? – Potter a despertou de seu pequeno devaneio. – Quer ou não a minha ajuda... Lily? – ele repetiu a pergunta, frisando o nome dela.

— Potter... – começou ela, calmamente – pelo que eu saiba você sempre me chamou de Evans...

James arregalou os olhos, pensando no que ia dizer. Depois de alguns segundos, acabou optando pela verdade.

— Bem, eu só achei que você ia gostar... – ele se encolheu completamente, como se ela estivesse prestes a atacá-lo. – Mas eu não vou me importar se você me chamar de James... – o garoto corou levemente e fechou os olhos por um segundo, esperando a reação dela.

— Ok, James, eu vou querer a sua ajuda – ela fingiu ignorar o recente diálogo, mas sentia suas bochechas queimarem. – Será que você pode me emprestar suas traduções? – pediu, por fim, sorrindo.

— É pra já! – exclamou ele, radiante, pegando sua mochila e tirando de lá o pergaminho desejado.

Em menos de dez minutos Lily já havia terminado de copiar a lição de James, e os dois seguiram apressados para a classe de Runas.

Na aula, os colegas de ambos não entenderam por que eles mantiveram sorrisos bobos nos lábios, já que não gostavam muito daquela matéria.