Título: Nº 11- Fé -

Autora: Ivi

Beta: Paula Lírio. Obrigada, Beibe. -

Classificação: PG-13

Personagens: Remus Lupin e Severus Snape.

Disclaimer: Todos os personagens pertencem a J.K. Rowling. Eu não ganho nada escrevendo isso.

Aviso: Angst.

Comentário: Fic escrita para a Nicolle Snape. Feliz Aniversário, querida.


Severus sabia que não deveria estar ali. Sabia que se algum Comensal o encontrasse, não teria qualquer justificativa a dar. Mas não pôde evitar e seguiu em frente, aprofundando-se nas masmorras daquele esconderijo. Quanto mais descia, mais frio e úmido o lugar ficava. Aquele era um local para infligir dor, castigos. Tão diferente das suas queridas masmorras de Hogwarts...

Apressou o passo, usando um feitiço de localização para guiá-lo através daquela escuridão, até que finalmente chegou ao seu destino.

Aquela cela, em especial, parecia ainda mais úmida e fria que qualquer outra que ele já tinha visto. As paredes de pedras nuas estavam cobertas de musgo e um cheiro forte de mofo quase o intoxicava. Não havia cama, e uma luz fraca entrava por uma pequena janela. Obviamente, um feitiço para simular a constante luz da Lua. Ali era profundo demais para qualquer luz natural penetrar.

Mas os olhos de Severus concentraram-se no único ocupante da cela. Coberto de sangue e ferimentos, os braços esticados e presos a correntes salientavam ainda mais a magreza de Remus. Preso como um animal, a focinheira apenas reforçava isso.

Severus ajoelhou-se em frente ao outro, mantendo a varinha em uma das mãos para o caso de serem surpreendidos. Chamou baixinho:

- Remus?

O licantropo abriu os olhos com dificuldade.

- Severus. - A voz não passou de um sussurro cheio de dor. – Não devia estar aqui.

- Nem você.

Não havia muito mais a dizer. Afinal, falariam de quê? Do modo como Greyback capturara Remus e o mantinha prisioneiro? Ou como Remus era utilizado como arma para amedrontar os inimigos? Ou como a eterna luz da Lua Cheia enganava o licantropo, sem ele saber quando a verdadeira apareceria?

Ou da saudade. Da longa e dolorosa separação. Das dúvidas após a morte de Albus. Da solidão e dos desencontros. De como sentiam falta do corpo um do outro.

E havia tantas coisas a serem ditas, tantos erros a corrigir, tanto tempo desperdiçado em acusações infundadas. E que nunca pareceram tão sem importância quanto agora.

Severus segurou o queixo de Remus delicadamente, desejando muito poder beijá-lo, mas a focinheira o impedia. Desejava poder soltá-lo, mas as correntes enfeitiçadas dariam o alarme se o fizesse. Fez os feitiços de cura para minimizar a dor de Remus e permaneceu ao lado dele.

Não era racional ficar ali, Severus sabia. Mas também sabia que não teria forças para abrir mão de Remus. Ajudara Potter com as horcruxes, cumprira cada um dos pedidos de Albus. E agora podia se entregar. Não tinha medo da morte. Não mais.

Assim, contentou-se em aproximar-se mais de Remus e envolvê-lo nos braços, impotente. Estava em casa, pronto para finalmente descansar. De longe, pareceu ouvir a voz tranqüila de Albus, dizendo:

- Tenha fé, meu rapaz.

E por mais que achasse que aquelas palavras não faziam o menor sentido naquela situação, Severus quase sorriu. Enquanto esperava a morte chegar, podia sentir o gostinho dos dropes de limão que Albus sempre quem chegou, horas depois, foi Potter e acompanhado de membros da Ordem. Demorou a perceber que tudo acabara. Só acreditou quando Remus estava solto, em seus braços, com um sorriso cansado, mas feliz.

As palavras de Albus pareciam estampadas no rosto de Remus. Fé. E pela primeira vez em muitos anos, Severus realmente acreditou.