Apenas imaginem.


Sinestesia

23h56min.

As mãos de ambos estão geladas quando se tocam sob aquela camada de roupas.

O frio existe somente lá fora, porque dentro daquelas paredes o fogo os consome em camadas, sendo atiçado a cada toque gelado na pele arrepiada.

Beijos e beijos e música. ''Qualquer coisa, coloque qualquer coisa''. Diz ele, e o bom e velho rock é escolhido como pano de fundo daquela cena.

Ela sobre ele, e os beijos vão da boca ao ouvido, do pescoço até o peito, da barriga...

Eles respiram pesado e o frio? Deu-lhe adeus com um sopro fraco.

A excitação vem aos poucos, apreciando cada toque, fechando os olhos ao apenas imaginar como vai ser. Expectativa é um perigo, mas não dizem que amantes amam o perigo?

Ele vai e volta,

Ela vai e volta.

Agarra a cabeceira da cama e espera que a respiração alta demais não acorde os demais; só espera.

Beijos, beijos e mais música. Ao fundo grita uma guitarra já que eles não gritam – o arquejar é suficiente para que os corpos estejam prontos um para o outro.

Ele pensa em sexo – ela pensa demais.

Ele a quer – ela o quer. E eles se amam assim.

Sentam-se, íntimo sob íntimo, lábios colados respirando um ao outro, apreciando aquela demora e aquele misto de ofegos e sentimentos e amor, muito sexo.

A pressão da boca dele no ouvido dela, e as peles arrepiadas. Do frio? Não, o frio já se despediu há tempos, assim como as roupas deles no chão.

Ela pensa demais, mas deixa que ele a impeça de desistir de qualquer coisa.

Olhos nos olhos quando ele está lá embaixo e a respiração dela é acelerada, as unhas agarrando os centímetros de pele que estão ao seu alcance.

Lençóis são torcidos e um, dois, três segundos de pleno prazer que ela não sabe de onde vem.

Gostos nos lábios de ambos e ela só quer amá-lo de novo e de novo e de novo.

Beijos suaves, outros beijos e o peito subindo e descendo no ritmo enlouquecido dos amantes.

Ela adora as pernas entrelaçadas e as pontas dos dedos dele percorrendo sua barriga.

Ele adora que ela o adore e receia que tenha que ir embora. Porque não dormir ali, unidos como um?

A música não para e ela começa a cantar após controlar a respiração. Suspira sob a pele dele e enche as mãos com seus cabelos. Porque não dormir ali?

A hora de ir é sempre iminente, mas são 02h32min e eles se amam.

Ali, onde não existe frio.

Ali, onde antes foi apenas sexo, era amor. Era dor.

As mordidas sob a pele talvez deixarão marcas no dia seguinte. Talvez com as marcas virão os sorrisos, que são sempre os donos da verdade.

Beijos no rosto, nas bochechas, nos cabelos. Beijo de língua e o calor dos corpos unidos outra vez.

Talvez não haja mais tempo, talvez ela tenha que ir embora...

Mas e os beijos?

E os toques suaves que fazem a menos sensível das peles se dobrar ao seu capricho?

Ah, se pudesse ficar!

Pede que ele não seja rápido, que tenha amor àquela menina entregue a ele.

Imagina, na verdade, e espera que ele compreenda a profundeza daqueles olhos que falam demais.

Mas é demais que espere.

Os dedos ágeis massageiam os ombros nus, e ele vai e volta, e ela vai e volta...

A sincronia do descompasso das respirações é genial... quem mesmo inventou aquela sinfonia?

Música e beijos e beijos.

E ela tem que partir.

Mas ah, se pudesse ficar!

Demora para que consiga, porque ainda há beijos e música e o cheiro dele.

Querem se perder naquele abraço que diz muito e aquece os corações para o frio que enfrentarão lá fora.

Um último beijo e a sinfonia e sincronia e a sinestesia acabam ali.

Olhos, boca, ouvido, nariz e mãos – tudo é ele, é ela.

Ah, quando puder ficar.


Quero que leiam imaginando quem se encaixa nessa história, quem quer que seja seu shipper com a Hermione. Não é nada pesado, só mais um delírio de sábado à noite chuvoso. SE gostarem, deixem uma autora feliz e mandem review -3