Disclaimer:
- YYH não me pertence, isso faz parte do plano todo.
-Pedaços aleatórios da música "Abri os olhos" de Sandy e Júnior. Yes, arghs.
Preciso contar como tudo aconteceu pra essa fic. Era quinta-feira, VMB passando, eu sem sono e de repente me aparece Sandy e mais um bando de gente cantando essa música. Já ia trocar de canal quando ouvi o piano. E eu adoro piano. Pronto, a música ficou martelando, sem parar na minha cabeça. Baixei a música. Sexta-feira, trabalho de facu pra fazer, e quando dei por mim, já eram 2:34am e a fic estava pronta.
Dedos enferrujados fazem isso com a nossa cabeça.
Espectador
Os olhos estavam fechados, ouvidos atentos, o rosto inabalável.
Esperou calmamente, enquanto ouvia o bater da porta. Por um momento, pensou que ela não fosse abrir.
Mas ela abriu.
Quando Koenma atravessou a porta, uma luz fraca e azul piscou de fora da janela. Bandanas escorreram pela testa encoberta de fios negros.
De olhos fechados, ele podia ver tudo.
Seu olho podia ver tudo.
Abri os olhos
Não consigo mais fechar
Ficaram parados alguns instantes, até Botan acenou que ele entrasse. Koenma obedeceu, sorrindo. Botan fechou a porta.
Alguma coisa palpitava desesperadamente, atordoando seus ouvidos. Mas ele preferiu ignorar. Não podia ouvir nada do que diziam, nenhum som que faziam. Mas toda noite, tinha a trilha sonora daquele batucar dentro de si mesmo...
Piscou um único instante.
E lá estava Koenma, os braços abertos e a cabeça levemente arqueada em direção ao rosto da guia, a boca dizendo palavras nunca ouvidas. Ia abraça-la.
Ela não resistiu.
E fato é o ato da procura
E a cura não existe
Só o que era certo
Eu descobri
Nem sempre era o melhor
As mãos dele deslizaram da nuca para as bochechas rosadas dela, devagar. Claro que seria devagar. Tinha que ser, porque o tempo ali não era nada. Não era ninguém.
O pequeno corpo na árvore tremeu subitamente.
Os dedos contornaram a boca dela.
Koenma dizia alguma coisa, próximo, olhos fechados.
O olhar vazio que tudo via não se mexeu.
A boca de Botan abriu-se devagar, quase como num soluço. Ele percebeu. Mas o tempo não tinha significado, e tão logo os lábios finos moveram-se de volta um ao encontro do outro, o príncipe espiritual aproximou-se novamente.
Demais.
Tocando-a delicadamente e devagar. Ela arqueou os ombros. A boca do outro, devagar, dançando sobre ela.
O olho atrás da janela sequer se mexeu.
Abri os olhos
Não consigo mais fechar
Assisto em silêncio
Até o que eu não quero enxergar
Botan afastou-se, virando o rosto. Mordeu o lábio beijado, as mãos afastando-se completamente do corpo do príncipe.
Koenma parecia falar sem parar, as mãos afobadas e rápidas. Como não deviam ser.
Então alguma coisa saltou da boca da mulher que o fez parar. Koenma arregalou os olhos, se aproximando mais uma vez.
Os punhos pequenos se espremeram, contendo-se em seu esconderijo.
Ela começava a chorar.
Enquanto eu penso
Tanto entendo
Que é mais fácil
Não pensar
O que era certo
Eu aprendi
A sempre questionar
Ele nunca havia aberto a janela.
Nunca havia deixado de estar apenas ali, vigiando. Olhando.
As mãos fechavam com força... mas...
Koenma sorriu gentil, segurando a mão da onna. Beijou-a com todos aqueles gestos insignificantes, erguendo-se em seguida.
Disse alguma coisa, enquanto Botan limpava o rosto das lágrimas.
As mãos escondidas afrouxaram, relutantes.
O príncipe aproximou-se mais uma vez da mulher, dessa vez dando um demorado beijo em sua testa, coberta de fios azuis. Sorriu mais uma vez, caminhando para a porta.
Botan parecia quieta enquanto a porta fechava atrás de si.
A porta bateu, e ela caiu sobre o sofá, os olhos escondidos entre as mãos.
Sei
Mais do que eu quis
Ele ficou ali, esperando. Inquieto demais.
Uma vontade absurda de entrar pela janela, sem dar explicações. Mas não entraria. Porque ele ficava ali, só olhando. Vigiando. Guardando.
Não era essa a ironia de um ladrão que vigia a jóia que jamais poderia roubar?
Botan levantou um dos braços, puxando alguma coisa debaixo das almofadas do sofá. Uma foto. Os olhos apertaram-se, vendo todo o grupo Urameshi na foto.
Botan abraçou a foto, deitando-se novamente no sofá.
Olhou a foto com mais força. Havia uma figura desforme desenhada, riscos que pareciam trovões a cortavam ao meio.
E havia um nome dentro.
Abri os olhos
Não consigo mais fechar...
-Hiei?
A bandana fechava o olho que até então apenas assistia.
E olhos vermelhos acompanhavam seus próprios passos depois da janela.
-Sem explicações, onna.
Abri os olhos...
OWARI
