"As personagens e locais desta obra não me pertencem. Eles são propriedade exclusiva de seus criadores. Os eventuais personagens originais desta história são de minha propriedade intelectual, sendo vedada a utilização por outros autores sem minha prévia autorização. Copiar parte ou total conteúdo é plágio, qualquer texto igual a este em parte ou em todo deve ser denunciado. Obrigada."
EDIT: Olá! Finalmente comecei a reescrever e repostar The Bet, me perdoem por toda esta demora, mas essa fic necessitava de uma grande reedição. Eu vou postar os capítulos conforme for terminando de escrever e editá-los, provavelmente serão postados uma vez por semana, aos domingos. É com grande pesar que digo que possivelmente esta será a última vez que vão ler algo meu dedicado a este fandom. Atualmente tenho me dedicado a escrever originais (romances lésbicos) e em breve começarei a postar minhas estórias (não neste site, e sim no WattPad e FictionPress). Aos interessados, vocês podem encontrar mais sobre minhas originais e me encontrar no Twitter: BrennaPawel.
Obrigada pela atenção! Espero que gostem deste capítulo e boa leitura!
Caminhando pelo corredor, segurando um copo de slushie azul em sua mão direita, Quinn Fabray, a abelha rainha do colégio, também conhecida como a rainha do gelo, sorri maliciosa ao ver todos os alunos pararem o que estavam fazendo e abrir caminho para ela e suas melhores amigas, Brittany e Santana, passarem. Alguns destes alunos até esquivavam-se, enquanto outros pareciam buscar a saída mais próxima, temendo o que ela e as duas Cheerios pudessem fazer contra eles. Como se esconder fosse ajudá-los a escapar dos slushies faciais. Em William Mckinley High havia um acordo entre os jogadores de futebol americano e as Cheerios, em que todos os alunos inferiores – os que não participavam de alguma equipe esportiva ou de um clube popular – também conhecidos como perdedores deveriam sofrer ataques de slushies ao menos duas vezes por semana, além de serem vítimas de pequenas brincadeiras vergonhosas. Poderia parecer algo extremo, mas era algo necessário, afinal não se alcança o topo da pirâmide de popularidade sendo legal com todos, principalmente com perdedores que não têm nada a oferecer ao colégio. E como a capitã do time de líderes de torcida, era apenas o esperado que Quinn fosse à responsável por colocar estes losers em seus devidos lugares.
Seu sorriso se aumenta ao avistar seu alvo preferido, a maior perdedora do colégio. Rachel Barbra Berry, por algum louco motivo que Quinn jamais compreenderia, se sentia como se fosse alguém especial, uma verdadeira estrela, sempre dizendo a quem pudesse escutar que ao se formar do ensino médio se mudaria a NYC, indo estudar em NYADA, que estava destinada a ser uma diva da Broadway, a ganhar um EGOT, sendo a maior cantora dos últimos tempos. Jura, jamais vira um ser tão irritante, a garota parecia não conseguir calar a boca nem por um segundo. A loira a escolhera como sua principal vítima desde o primeiro ano do ensino médio após se tornar uma Cheerio, no começo os ataques eram apenas com slushies sabor morango (Simplesmente porque Strawberry termina com Berry, sobrenome de Rachel) e uma vez por mês, mas após um tempo decidira que os ataques mensais não eram suficientes, e passara a lhe jogar slushies de várias cores semanalmente, além de fazer comentários maliciosos, como sempre debochar do pobre gosto da garota em roupas, espalhar diversos rumores sobre qualquer assunto que lhe viesse à mente, como uma vez em que soltara o boato que Rachel tinha um caso com Tina Cohen-Chang, outra loser e amiga da tão chamada diva, e fazer desenhos pornográficos de Rachel nas paredes do banheiro. O último sendo o mais divertido e o que mais apreciava fazer, afinal tinha uma mente bastante criativa. E mesmo sofrendo seus ataques semanais por dois anos agora, a grande loser Rachel jamais demonstrara um sinal de fraqueza, de dúvidas sobre seu futuro. O que fazia Quinn se irritar e se esforçar ainda mais para provocar a aspirante à cantora.
Ao chegar ao seu destino, no final do corredor, a capitã e suas melhores amigas se posicionam em frente ao armário de Rachel, que permanece de costas, organizando alguns livros e parece não perceber a presença delas. Ignorando o cheiro de gardênias que sente ao se aproximar da perdedora, sério, o perfume era simplesmente enjoativo, horrível, desvia o olhar a sua esquerda, fazendo um gesto com a cabeça a Santana, sua segunda no comando, que sorri presunçosa. Assim como ela, Santana desde o começo levara a sério sua posição nas Cheerios, sabendo muito bem que para continuar no topo deveria manter certa imagem, sempre agindo de maneira que demonstrasse a todos o poder que tinham.
Com lentos passos, Santana se aproxima de Rachel, colocando-se ao lado dela e em seguida bate sua mão com força no armário mais próximo, causando um forte estrondo e assustando a garota, que dá um pequeno pulo, se encolhendo a um dos lados como se temesse um ataque. Soltando uma risada debochada, a latina deixa sua mão deslizar pelo frio material do armário, antes de cruzar os braços.
Endireitando sua postura, Rachel desvia a atenção a responsável por seu quase ataque cardíaco, encontrando com o malicioso olhar de Santana, que dá mais alguns passos em sua direção. Engolindo em seco, percebe pelo canto de seus olhos como as duas loiras também se aproximavam. Não havia saída, estava presa entre seu armário e as três Cheerios. E infelizmente sabia o que estava por vir, afinal fazia parte de sua rotina semanal. Sempre era perseguida por Quinn e suas minions, que pareciam ter prazer em lhe humilhar, em destacar da maneira que fosse como era considerada a maior loser. Mas, Rachel Barbra Berry jamais deixaria isso lhe afetar, não mesmo, simplesmente não via como a opinião de adolescentes que nem sabia o que queriam ser e fazer no futuro poderia importar a alguém tão talentosa como ela, principalmente a opinião de pessoas que mal a conheciam e que não fariam parte de sua vida daqui dois anos e meio. Seus sonhos eram maiores do que tudo isso, e um dia ela seria uma grande estrela da Broadway, conhecida mundialmente, enquanto todos estes adolescentes fúteis que uma vez riram dela continuariam nesta cidade onde nada nunca acontecia. Ok, sim, doía ter que escutar todos aqueles comentários maldosos, mas escolhia vê-los como uma forma de motivação, por cada frase que pessoas como Quinn Fabray lhe diziam, sua determinação para trabalhar em seus sonhos se multiplicava.
Quinn se aproxima ainda mais, com um sorriso perverso, olhando-a dos pés a cabeça, como se a julgasse e tentasse fazê-la se sentir inferior com aquele frio olhar. Algo que Rachel jamais se permitiria sentir, só porque a loira tinha popularidade, e podia mandar a todos ao seu redor, esperando que eles a obedecessem como fieis empregados de uma rainha, era a garota mais bonita do colégio e a mais desejada entre estudantes, não queria dizer que era melhor do que ela, que era superior. E sabia que tinham mais em comum do que muitos pensam; especialmente a loira. Fecha os olhos, apertando-os, e prendendo sua respiração ao vê-la levantar o copo com slushie azul, logo à única coisa que sente é o líquido gelado em seu rosto. Solta o ar lentamente, passando as mãos em volta de seus olhos para limpar a bebida que escorria, podia escutar a risada das Cheerios e dos demais alunos naquele corredor. Abaixa a cabeça, deixando algumas gotas do líquido escorrer por sua face e roupa, em momentos como este, realmente sentia ódio por este colégio, onde você era julgado por sua popularidade e não por sua personalidade e talento. Levanta a cabeça e desvia a atenção ao seu armário, que tinha a porta suja com algumas gotas de slushie, suspira pesadamente, lidaria com a sujeira mais tarde, alcança por uma bolsa no fim do pequeno armário e fecha a porta cuidadosamente. Dá meia volta, passando ao lado das Cheerios e saindo do corredor, seguindo em direção ao banheiro.
Mantendo o olhar fixo em Rachel, a capitã morde o lábio inferior, sentindo Santana dar leves tapas em seu ombro, como se a cumprimentasse pelo bom trabalho. Coloca uma mão em sua cintura, coberta pelo uniforme das Cheerios, algo que demonstrava como era intocável, nada poderia lhe afetar naquele colégio enquanto usasse o uniforme. Sua armadura. Observa como a cantora vira à direita, entrando em outro corredor, e finalmente direciona o olhar à suas amigas. "Quem será a próxima vítima?"
...
Ao chegar ao banheiro, Rachel deposita sua bolsa sobre o balcão da pia mais próxima e alcança por pedaços de papel. Posiciona-se em frente a um grande espelho e começa a limpar seu rosto. Em seguida, joga os papéis sujos em uma lixeira de metal e lava suas mãos, passando-as molhadas por seu cabelo, retirando o excesso da bebida congelada. Somente os esportistas tinham direito a vestuários com chuveiro, por isso, não havia como realmente tomar banho e lavar o cabelo. A não ser que fosse corajosa suficiente para lavá-lo na pia do banheiro feminino com um sabonete líquido que parecia estar ali desde quê à escola fora fundada, e Rachel não tinha tanta coragem assim, ou desespero, gostaria de manter seu cabelo pelos próximos oitenta anos de sua vida, obrigada. Ao retirar todo o excesso, pega sua bolsa, tirando uma pequena toalha dentro desta e passando-a por suas compridas mechas, algumas ficariam duras, mas lidaria com isso quando chegasse em casa e pudesse dar ao seu precioso cabelo o devido tratamento, agora estava contente em simplesmente ter se livrado da cor azul. Amassa a toalha, colocando-a no bolso da frente de sua bolsa, logo alcançando pelas roupas extras, uma blusa preta cheia de pequenos laços brancos com manga longa estilo princesa e uma saia frisada curta na cor cinza. Desde que percebera que os ataques de slushie não seriam algo que ocorrera apenas uma vez, vinha preparada ao colégio sempre com roupas extras na bolsa, pois não havia nada pior que andar pelos corredores com uma bebida extremamente gelada escorrendo por suas roupas e pele. Encaminha-se a um dos reservados, e troca de roupa com cuidado para não sujar as novas.
Ao sair deste, escuta à porta do banheiro se abrir e Tina entra rapidamente, se direcionando ao rolo de papel suspenso na parede e pegando um grande pedaço, acompanhada por Mercedes, que solta um profundo e cansado suspiro, se encaminhando a uma das pias.
"Cheerios?" Pergunta Rachel, alternando o olhar entre suas duas únicas amigas naquele colégio, ambas cobertas por slushies vermelho.
"Sim, a Satã." Mercedes responde, apontando a sua blusa amarela que tinha uma grande mancha vermelha no meio, se referindo a Santana com um apelido inventado especialmente a ela. Mercedes Jones era conhecida no colégio por ser uma das que mais apreciava uma boa fofoca, sabia de tudo o que ocorria entre os estudantes, inclusive professores, e embora isso devesse aumentar sua popularidade, fazendo-a ser vista como uma fonte de entretenimento e notícias; era considerada uma loser. E desde que entrara para o Glee Club, no meio do ano passado, sua já baixa popularidade só piorara, tornando-a um dos alvos mais constantes das Cheerios. Através do clube, conhecera Rachel e desde então passaram a serem amigas, embora muitas vezes houvesse desentendimentos entre elas, fazendo-as serem vistas como rivais; tudo porque tinham personalidades fortes e ambas queriam ser a diva do grupo.
"Britt." Diz Tina, olhando-a de lado, enquanto esfregava o pedaço de papel contra sua blusa preta. Tina Cohen-Chang conhecia Rachel desde o ensino fundamental, e sempre foram amigáveis uma com a outra, mas só se tornaram realmente amigas durante o primeiro ano do ensino médio, após fazerem um trabalho juntas. Tina, uma descendente de coreanos, sempre fizera um excelente trabalho para se manter longe do radar das Cheerios. Por um tempo, fora praticamente invisível naquele colégio, se comunicando com um pequeno número de pessoas e só quando era realmente necessário, e se inscrevendo somente em uma atividade extracurricular para completar sua carga horária escolar, um clube sobre a história coreana, que por ter apenas três alunos, o fundador Yan, Mike e ela, acabara se desfazendo, e após muita insistência de Rachel, aceitara fazer parte do coral do colégio. Desde então tudo mudara, assim como Mercedes, sofria constantemente ataques de slushie, além de receber comentários maldosos. Mas, surpreendentemente gostava de estar no Glee Club, se sentia a vontade ao lado dos membros que se tornaram seus verdadeiros amigos, sem falar que era uma oportunidade para estar ao lado de seu namorado Mike – começaram a namorar após o fiasco que fora o clube coreano – e não sairia deste só porque era visto pelos populares como o grupo dos maiores perdedores.
"Sabe, já estou cansada dessa perseguição das Cheerios." Comenta Mercedes, enquanto passa uma mão molhada por seu rosto, limpando-o. "Torço pelo dia em que alguém dê uma lição a elas, principalmente a Quinn, ela se sente a dona do colégio, acha que pode fazer o que quer e nada acontecerá com ela. Um dia, ainda vai se arrepender de tudo o que nos fez passar e pedir perdão."
Por mais que a maioria da população deste colégio esperasse o mesmo, Rachel sabia que seria quase impossível alguém se rebelar contra a abelha rainha, a maioria dos estudantes a temiam e fariam o quê ela desejasse em apenas um estalar de dedos, e a metade destes não tinha nem coragem em olhar diretamente aos olhos de Quinn, imagine a fazer algo contra ela?! Rachel só queria e torcia por uma mudança, uma grande mudança no comportamento da capitã, que estava ficando cada vez mais perverso.
Tina começa a falar, mas fecha a boca, apertando os lábios, assim que a porta do banheiro se abre, revelando o temido trio das líderes de torcida, também conhecido entre os alunos como Unholy Trinity, pela maneira endiabrada de se comportarem. Se posicionando no meio do banheiro, a capitã cruza os braços, observando as três perdedoras com um sorriso debochado se formando em seus lábios. "Falando sobre nós?"
Ignorando a pergunta, convencendo-se que não haviam escutado a conversa, e a loira estava apenas provocando-as, a aspirante a cantora dá meia volta, recolhendo suas coisas. Já tivera o bastante das humilhações de Quinn e companhia nesta manhã, só queria seguir com seu dia sem incidentes, e se possível, sem cruzar o caminho das Cheerios novamente. Olha de lado a suas amigas, que permaneciam em silêncio, como sempre faziam quando a temida líder estava por perto. Nega com a cabeça, desejando que elas ao menos tentassem não demonstrar como estavam intimidadas pela presença da outra. Algo que só dava mais poder a Quinn. "Eu falo com vocês no próximo intervalo, meninas." Declara, fazendo menção de sair do local, mas é interrompida quando uma figura dominante se coloca em sua frente.
"Você não escutou, loser? Eu fiz uma pergunta."
Rachel volta a ignorá-la, tentando passar ao seu lado, mas novamente é parada por Quinn, que se aproxima ainda mais, invadindo completamente seu espaço pessoal. Por cima do ombro da mais alta, percebe como Brittany e Santana se posicionam próximas a porta, ambas como quem não quer nada, mas não era preciso ser um gênio para perceber a intenção delas, bloquear sua saída. Lança um sério olhar a garota a sua frente, que tinha as sobrancelhas levemente arqueadas, como se a desafiasse silenciosamente a fazer algo. Joga uma mecha de cabelo para trás de seu ombro, sabendo que não lhe deixariam ir enquanto não respondesse, assim que irritada com a situação em um segundo completamente destemido, alega. "Diferente do que você pensa Quinn, temos coisas mais interessantes para discutir." Finge não sentir seu batimento cardíaco aumentar, por mais que sempre se defendera dos ataques verbais, jamais falara assim com a mencionada. Sempre tentara manter a calma, agir de maneira indiferente, não a deixando ver o que aquilo podia lhe causar. Com certeza, ganharia slushies extras pelo resto do mês por este comentário.
"O que você disse Berry? Com quem você acha que está falando?" Pergunta Quinn, aumentando seu tom de voz, sem esconder a raiva que sentia naquele momento. Quem essa lunática pensa que é para falar assim com ela? Move um músculo de sua mandíbula, era por isso que Rachel era considerada a maior loser, com toda essa atitude – eu sou boa demais, sou melhor que todos vocês, pois sei cantar e tenho pais gays, vou para NYC ser famosa –. Era a única pessoa que constantemente conseguia irritá-la. Com todas as intenções de lhe dar uma lição, cola seus corpos, sentindo-se orgulhosa ao ver como a respiração da mais baixa falha. Infelizmente, antes que pudesse dizer o que tinha em mente, seus planos são frustrados ao Kitty e mais duas Cheerios entrarem no banheiro, chamando sua atenção.
"A treinadora quer falar com vocês." Diz Kitty, olhando diretamente a Quinn com um pequeno sorriso de lado.
Assentindo com a cabeça, a capitã sabia que deveria atender ao pedido imediatamente ou sua maluca treinadora viria atrás dela exigindo explicações pela demora, por menor que esta fosse, além de fazê-la correr alguns metros a mais no treino como punição. Este era o tipo de dedicação que era esperado por parte de Sue Sylvester, dedicação total, o time de líderes de torcida deveria estar acima de qualquer outro compromisso, sendo a prioridade das garotas, era tudo ou nada. Afasta-se da maior loser do colégio, direcionando-se a porta. Ao chegar a esta, afirma olhando por cima de seu ombro. "Isso ainda não acabou, Berry." E sai, sendo seguida por suas melhores amigas e colegas de time.
Oh Barbra, lhe dê paciência e forças para aturar este colégio, e principalmente estas pessoas. Rachel pede silenciosamente, lançando um último olhar a suas amigas antes de sair, se dirigindo ao outro lado do edifício, a sua classe de história da arte.
...
"Por favor, me diga que você já decidiu ir ao baile deste ano." Andando por um dos corredores, Kurt junta suas mãos em um gesto de súplica, movimentando-as para frente e para trás, olhando de lado a cantora. "Será divertido, Rach, e não podemos perder outra vez a mega festa que estão organizando." No ano passado, mesmo com vontade de comparecer a festa, não fora, decidindo-se por fazer companhia a sua melhor amiga, que se recusara a ir ao baile, preferindo ficar em casa e fazer uma maratona de musicais clássicos. Tudo porque naquele primeiro ano, Rachel alegara não estar a fim de participar de algo tão fútil, desde que todo o dinheiro arrecadado só iria para os clubes mais populares. Mas este ano haveria mudanças, após protestos dos membros de diversos clubes menores, menos populares, e as cartas que sua melhor amiga escrevera a organizações estudantis, o diretor garantira que todos os clubes receberiam uma parcela do dinheiro.
"Sinto em lhe informar que ainda não me decidi Kurt." Faz uma careta em direção ao seu amigo, logo desviando a atenção a sua frente, percebendo como três jogadores de futebol americano se aproximavam de Artie com copos de slushies verde. Pobre Artie, o garoto recebia ataques semanais de slushies desde que tentara entrar para o time de futebol no começo do ano, algo que os jogadores classificavam como ridículo e por isso decidiram colocá-lo em seu devido lugar. Infelizmente, um garoto de cadeira de rodas não tinha oportunidades em esporte algum naquele lugar, portanto o diretor Figgins conseguira convencer Artie a entrar para o Glee Club, dizendo ser o clube mais próximo a um esporte com todas suas coreografias. E para surpresa de Rachel, ele tinha uma voz realmente boa, embora não fosse potente o suficiente para fazer um dueto com ela.
"Por que não? Nós poderíamos ir juntos, eu poderia ser seu acompanhante. Até já tenho em mente o vestido perfeito para você." Insiste, queria se divertir com sua amiga em ao menos uma festa do colégio, já que nunca foram convidados às festas que os estudantes faziam.
"Eu não sei, só acabei me distraindo com outras coisas." A verdade era que não se importava muito com o baile, por mais que este fosse para levantar fundos aos clubes. Mas por outro lado, seus pais gostariam que ela comparecesse, afirmando que deveria viver ao máximo seus anos no ensino médio, aproveitar cada momento com seus amigos e colegas enquanto ainda não tinha tantas responsabilidades, pois uma vez que se formasse a vida não seria nada fácil. E sabia que se fosse para aproveitar ao lado de alguém, esse alguém seria Kurt, em vista disso decide-se. "Eu vou com você, mas ainda preciso pensar sobre o vestido." Afinal, seu amigo nunca escondera o desejo que tinha de vesti-la com roupas completamente diferentes, roupas que não eram nada confortáveis e exageradas demais para seu gosto.
"Ótimo, mas não se preocupe com o vestido, é realmente perfeito e até combina com a gravata que usarei. Seremos os mais bem vestidos dessa festa." Diz animado, entrelaçando seus braços e guiando-a a cantina do colégio.
...
No refeitório, um limpar de garganta transmitido pelo alto-falante faz com que a maioria dos alunos cesse suas conversas e o que estavam fazendo, olhando curiosamente ao objeto. "Atenção alunos do William McKinley High School..." Diz o diretor Figgins, fazendo uma pequena pausa, logo continuando. "Como sabem o nosso baile está chegando, e as inscrições para rei e rainha já estão abertas. Os casais interessados em concorrer devem comparecer a secretaria com a carteira estudantil. Obrigado." Encerra o anúncio, e o velho alto-falante emite um estranho barulho antes de ser desligado.
Quinn e suas companheiras de time se aproximam da mesa localizada no meio da cantina, conhecida como a mesa das líderes de torcida, onde não era permitido que ninguém mais se sentasse. A capitã olha rapidamente ao seu redor, certificando-se que nem um loser estivesse por perto, antes de se sentar e depositar a bandeja com seu almoço sobre a mesa vermelha. Pega o sanduíche de bacon e faz menção de levá-lo a boca, quando escuta a pergunta.
"Quando você vai se inscrever para concorrer como rainha do baile, Quinn?" Kitty pergunta, com um olhar curioso, se sentando ao lado da mencionada. Jamais escondera o interesse que sentia por ela, mas por algum motivo sua capitã sempre a ignorara, tratando-a como se fosse apenas mais uma colega de time.
"Assim que ela encontrar uma rainha." Diz Santana, sabendo muito bem que se sua melhor amiga desse uma chance a garota, esta faria de tudo para ser sua companhia no baile. Era patético vê-la perseguir Quinn como se fosse um pequeno cachorro atrás de seu dono, parecia não perceber que a loira mais alta não queria nada com ela, principalmente por sua amiga ter essa regra de não se envolver com outras líderes de torcida e por Kitty não fazer seu tipo.
Colocando o sanduíche de volta a bandeja, Quinn pressiona o corpo contra a cadeira, levando suas mãos a cabeça e entrelaçando-as por trás desta, em uma atitude descontraída. "Na verdade, eu me inscrevi ontem à tarde e já mandei os garotos fazerem alguns cartazes e distribuírem pelo colégio." Dá um pequeno sorriso presunçoso. Tinha certeza que ganharia a competição do baile, assim como fizera no ano passado, manda neste colégio e os alunos fazem exatamente o que ela quer, assim que seus votos já estavam garantidos. Por isso mesmo, começara sua campanha sem uma parceira. Sendo uma lésbica assumida desde seus onze anos, quando todo o colégio presenciara seu primeiro beijo com uma menina dois anos mais velha, jamais tivera problemas em conseguir garotas, ainda mais quando o assunto era quem lhe acompanharia ao baile. Mais da metade das garotas queriam concorrer ao seu lado, seja pela coroa ou por ter uma chance com ela, assim que enquanto não se decidia por quem levar, continuaria sem uma parceira.
"Espera..." A latina levanta uma das mãos. "Você começou sua campanha sem ter uma acompanhante?" Olha a sua amiga como se esta tivesse perdido a cabeça. "Você sabe que precisa de uma rainha para o casal ganhar, certo?" Infelizmente o diretor insistia em chamar a competição de 'rei e rainha' mesmo com um casal de lésbicas ganhando no ano passado, pelo menos sua capitã conseguira trazer grandes mudanças aos casais homossexuais do colégio ao defender que não concorreria como rei nem mesmo sua parceira, eram mulheres e concorreriam como um casal de rainhas, abrindo espaço a todos para fazerem o mesmo.
"Sim. Eu me inscrevi e deixei o nome da minha acompanhante em branco, quando encontrá-la coloco seu nome. Não é como se as pessoas se importassem com ela, seja quem ela for todos sabemos que vou ganhar mesmo." Dá de ombros, soltando as mãos e alcançando por seu sanduíche, que já fora desprezado por tempo demais, dando uma grande mordida. Infelizmente devido às dietas que sua treinadora exigia que seguisse, era raro ter um almoço como esse, tão saboroso.
"Quanta modéstia." Comenta Santana, fazendo um gesto exagerado com as mãos. O ego de Quinn conseguia ser bem pior que o seu, e parecia só aumentar, fazendo com que odiasse mencionado ego às vezes, realmente era algo a ser estudado. "E você acredita nisso, de verdade? Eu sei que ganhou a coroa desse estúpido baile ano passado, mas se inscrever e começar a campanha sozinha, e ainda acreditar que vai se tornar a rainha é uma ideia meio que absurda."
A capitã revira os olhos, não vendo nada de absurdo na situação. "Sim, eu acredito. E depois consigo uma garota qualquer e pronto, graças a mim, ela se torna a rainha do baile." Afirma, dando mais uma mordida no sanduíche.
Repentinamente, um pensamento cruza a mente de Santana, causando um brilho malicioso em seu olhar. Realmente odeia o ego de sua amiga, mas em alguns momentos, como agora, simplesmente o ama, pois este ego a coloca em situações constrangedoras. Como a que tinha em mente, ah, como era brilhante. "Então você está me dizendo que pode conseguir qualquer garota e transformá-la em uma rainha?"
"Isso mesmo." Assente com a cabeça, prestando mais atenção em seu almoço do que na conversa. Abre a garrafa de água, dando um gole na bebida.
"Inclusive uma perdedora?" Se inclina sobre a mesa, repousando os cotovelos sobre esta, sorrindo de lado.
"Eu já disse, qualquer uma. Até uma loser."
"Até mesmo a maior loser?" Questiona em um tom provocativo, seu sorriso se aumenta. Tinha Quinn exatamente onde a queria, mal conseguia conter tanta empolgação.
"Sim, Santana." Responde, começando a se cansar com toda esta insistência. Olha seriamente a latina, pela primeira vez percebendo seu comportamento. Franze o cenho, sentindo como se tivesse perdido uma parte importante da conversa, que aparentemente fora bem entusiasmante.
"Ok. Então, eu a desafio." Finge não escutar os gritos de algum loser que era jogado na lixeira do pátio por Karofsky. "Ou melhor, vamos fazer uma aposta."
Curiosamente, a loira arqueia sua sobrancelha direita. "Que aposta?"
Soltando um contente suspiro, pois esta era a melhor parte de sua ideia, Santana inclina a cabeça a um dos lados, estudando atentamente sua pobre amiga que não fazia ideia do que estava prestes a se meter. "Oh Quinnie, é muito simples. Você vai transformar nossa querida Berry em sua rainha." Recebe risadas como resposta por parte de suas companheiras de mesa, enquanto Quinn parecia não acreditar no que ouvira.
Abre a boca sem realmente saber o que dizer. Santana conseguira se superar desta vez, aquilo era a coisa mais estúpida que já escutara em toda sua vida. Quem em sua sã consciência gostaria de levar Rachel maior perdedora Berry ao baile?! Isso era um suicídio social, o suicídio de sua popularidade. Todos aqueles votos que tinha como garantidos se evaporariam ao ter a garota concorrendo ao seu lado. A própria Quinn deixaria de votar em si, se tivesse Rachel como acompanhante. "Não." Responde ao finalmente encontrar a voz, negando com a cabeça exageradamente. "Eu não vou fazer isso, Santana." Por mais que essas apostas fossem algo constante na amizade delas, já que ambas eram super competitivas e nunca perdiam a chance de se mostrarem superiores, esta em particular fora longe demais, não fazia sentido apostar algo assim. Rachel e ela se odiavam, não havia como dar certo.
"Foi você que disse poder transformar qualquer uma em rainha do baile estudantil. Então, prove que é realmente capaz de fazê-lo, transforme Berry em sua rainha." A desafia, mudando sua expressão a uma irônica. Conhecia Quinn muito bem e sabia que era apenas questão de tempo, de pressionar os botões certos até ela ceder, aceitando apostar, já que adorava ganhar o que fosse. "Vamos Quinn, faça valer suas palavras."
Vira o rosto a um dos lados, curiosamente encontrando com a pequena figura de Rachel que seguia em direção à mesa dos losers do coral próxima a porta de saída de emergência, carregando uma sacola de papel marrom que só podia conter seu lanche feito em casa. Aperta um músculo de sua mandíbula, não havia como fazer esta aposta, não conseguia passar um segundo na presença dessa garota sem sentir vontade de esganá-la. Mas por outro lado, se não a aceitasse seria vista como uma perdedora, alguém que fugia de um desafio, uma pessoa que não cumpria suas palavras, algo que iria completamente contra aquilo que seu pai lhe ensinara. Um Fabray cumpre sua palavra, não foge de um desafio por mais difícil que este seja, um Fabray nunca perde. "E o que eu ganho com isso?" Volta o olhar a Santana.
"Além de sua amada coroa e a chance de pegar a Man-Hands?" Dá um pequeno sorriso, imaginando como seria a rainha do colégio e a rainha dos slushies juntas, nada poderia ser mais divertido. A loira não tinha paciência alguma e a anã tinha o poder de fazer qualquer um desejar perder a audição, não durariam nem uma semana juntas. "Você terá a chance de me dizer que estava certa e eu vou admitir estar errada. Ainda vou dar e fazer o que você quiser por duas semanas." Como se houvesse a chance dela realmente perder. Por favor, essa aposta já tinha uma vencedora e seu nome era Santana Lopez.
"O que eu quiser?" Não dissimula seu tom de aprovação, seria interessante ver a sua segunda no comando como uma empregada particular, poderia mandá-la fazer coisas só por seu entretenimento.
"É, tudo o que você desejar. Posso lavar seu carro, carregar seus livros, fazer anotações durante as classes e seus deveres de casa, comprar seu almoço todos os dias, o que você tiver em mente." Conta cada item nos dedos antes de terminar fazendo um gesto com a mão, tirando a importância do assunto, como se não acabasse de sugerir algo super humilhante a si mesma. Não era como se fosse se submeter a isso de verdade.
Pressionando os lábios com força, Quinn passa a considerar suas opções. Sentia certa inclinação a aceitar essa ridícula aposta só para fazer Santana se calar, provando ser a melhor, que ainda concorrendo como um casal com aquele gnomo poderia alcançar a difícil tarefa de ganhar a coroa, e claro, só para ter a graça de ver a latina sendo sua escrava por alguns dias. Mas, obviamente, não seria nada fácil ter a atenção da Berry de uma maneira diferente, positiva, de não ser vista mais como sua inimiga. "Por mais que me sinta atraída a aceitar, devemos lembrar que não posso simplesmente me aproximar da garota e dizer, hey Rachel, eu sei que faço a sua vida um verdadeiro inferno neste colégio, mas andei pensando e quero que você venha ao baile comigo." Teria que redimir-se, mostrar arrependimento por todas as coisas que fizera com a morena, demonstrar certo interesse por ela, forjando uma amizade ou conquistando-a. Uma amizade levaria tempo demais, além de ser trabalhoso, já que teriam que se encontrarem e conversarem sempre, realmente tendo que fingir querer conhecê-la intimamente. Agora, se tentasse conquistá-la, fingindo interesse em um possível romance seria mais simples, era só se encontrarem algumas vezes, demonstrar suas boas intenções, dizendo babaquices românticas e se fizer tudo certo, pronto, a metida à diva aceita seu convite e Quinn sai ilesa, sem ter intimidade alguma com a garota. "Eu teria que seduzi-la primeiro, mas eu nem sei se ela gosta de garotas. O fato dela ser filha de um casal homossexual não faz dela uma lésbica." Talvez uma pessoa com a mente aberta, termina em pensamentos.
"Quinn, a Berry é gay. Quer dizer, que hétero em sua sã consciência participaria do clube de golfe e do Glee Club? E lembra quando escutamos Lady Hummel dizer que ela estava saindo com uma garota que estuda na Carmel?" Isso fora ano passado, e aparentemente o namoro não durara muito, não que surpreendesse Santana, afinal como uma pessoa poderia aturar a Hobbit por muito tempo? Umedece os lábios, cruzando os braços em um gesto impaciente. "Mas e aí, você vai apostar ou não?"
Havia se esquecido da conversa que escutaram do Hummel com aquela garota afro-americana do coral, que não fazia ideia de qual era seu nome, em uma das classes que tinham juntos. Fora há tanto tempo, e como nunca mais soubera sobre um possível namorado ou namorada, Rachel estaria solteira agora e pronta para ser seduzida por ela. Sorri de lado, presunçosa, sentindo o doce gosto da vitória. "Ok, eu aceito. Está apostado." Estende sua mão, esperando que sua amiga a apertasse, selando a aposta, mas Santana simplesmente a olha.
"Só tem mais uma pequena coisa." Gesticula o dedo indicador, entusiasmada por finalmente dizer o resto de seu plano. "Se você perder, eu serei a nova capitã das Cheerios. Você deve falar à treinadora que me acha a mais indicada ao posto, que serei uma melhor capitã que você, pois devemos concordar que é apenas a verdade." Mesmo respeitando a loira como sua capitã, nunca escondera que tinha intenções de um dia ocupar este cargo. E bem, que melhor maneira de conseguir algo que quer através de uma aposta que já havia ganhado de maneira limpa e justa?! "E como sou uma excelente amiga, quando eu ganhar darei meu posto de co-capitã a você."
Seu sorriso se transforma em um sarcástico, é claro que Santana usaria essa aposta a seu favor, mas Quinn tinha certeza que ganharia, assim que de nada iria adiantar. E a latina esquecera que Sue Sylvester não aprovaria esta mudança, a treinadora escolhera Quinn como a capitã mais jovem na história das Cheerios por um motivo, por simplesmente vê-la como uma jovem Sue, demonstrando uma imensa preferência por ela desde o começo, sem mencionar que Santana era uma das líderes de torcida que Sue mais reclamava, deixando claro seu desgosto com esta. Não havia maneira de Quinn perder seu posto, assim que faz um movimento com a cabeça, indicando a sua melhor amiga que aceite a mão oferecida, o que rapidamente o faz, selando o acordo. "Que vença a melhor." Murmura à loira. As outras Cheerios sorriem e trocam olhares entre si, seria cômico ver a temida capitã finalmente correr atrás de uma garota, ainda mais esta sendo a hobbit. A única que não compartia do sentimento era Kitty que revira os olhos ao comportamento das demais.
O sinal toca, e a maioria dos alunos protesta, alguns se levantam para saírem do local, enquanto outros permanecem em suas mesas, querendo ganhar mais uns segundos livres de classes entediantes. Naquele momento, Rachel passa ao lado da mesa das líderes, acompanhada por todos seus colegas perdedores do coral. Quinn observa à morena, que não demora a encontrar com o seu olhar, a oferece um pequeno sorriso forçado, logo se controlando para não rir ao ver a expressão desentendida da cantora.
"Se prepare para me ganhar uma aposta, Berry." Murmura de maneira imperceptível, seguindo-a com o olhar em direção à saída da cantina. Pensando na melhor forma de se aproximar de Rachel.
...
Entrando na sala de aula, percebe que o professor ainda não havia chegado, solta o ar pesadamente, tivera esperanças que ao chegar alguns minutos atrasada, ele já teria dado início a esta aula tediosa. Simplesmente não conseguia aturar a classe de saúde, sentia algo como ódio por esta, era muito chato e um assunto que jamais lhe interessara, só escolhera esta classe por poder ficar ao menos um período sem ter o que fazer, já que o maior nerd da sala era quem fazia todos seus deveres, trabalhos, anotações e provas. Uma das melhores coisas de ser popular era ter quem fazer tudo para você de graça, sem pedir nada em troca, por sentirem medo do que poderia ocorrer se negassem ao seu pedido. Avista Rachel sentada na primeira cadeira na fileira do meio, e vendo isto como uma oportunidade, decide se sentar atrás dela, em uma carteira que raramente era ocupada, pois ninguém queria ficar na frente da classe, ainda mais perto da Berry.
Evitando os olhares surpresos que lhe eram lançados por sua escolha de assento, dado que desde o primeiro dia de aulas no ensino médio só sentava no fundo da sala, Quinn limpa a garganta forçadamente, querendo a atenção da morena, que parecia nem notar sua presença, concentrada no livro da matéria. Revira os olhos, claramente esta aposta necessitaria de uma paciência que ela não tem. Abre seu fichário, pegando uma caneta, começando a desenhar algumas formas aleatórias distraidamente, pensando no que fazer, quando o professor chega.
"Desculpem pelo atraso." O professor, um homem de meia idade, baixo, fora de forma, com cabelos escuros e olhos azuis, coloca os materiais sobre a mesa, abrindo sua pasta. Retira alguns papéis, declarando. "Bem, para começarmos a aula já vou dizendo que devem formar duplas para este projeto." Observa como seus alunos trocam olhares cúmplices e sorrisos. "Vocês vão passar um mês juntos e durante este período vão viver como um casal cuidando de um bebê, o filho de vocês." Sorri, dando meia volta e se direcionando a um armário no canto da sala, abrindo uma de suas portas e pegando uma boneca, logo voltando ao meio e mostrando-a aos adolescentes. "E como pais, devem fazer de tudo, como trocar fraldas, alimentar a criança, fazê-la parar de chorar e o mais importante para vocês aí do fundo, especialmente aos meninos, devem manter este bebê vivo, assim que cuidado, vamos protegê-lo pessoal, não podemos perdê-lo. E ainda vão precisar usar a imaginação, a criatividade, inventando a personalidade do bebê, do que gosta ou não, a qual dos pais se parece, suas manias, e claro, precisam dar um nome ao filho de vocês e no final do projeto eu quero um relatório sobre toda esta jornada." Ignora os grunhidos em protestos por terem que escrever sobre um boneco. "Podem escolher as duplas agora e quando todas estiverem formadas irei passar pelas mesas entregando o filho de vocês." O professor mal termina de falar e vários estudantes já andavam pela sala, indo de encontro aos seus parceiros de projeto.
Mordendo o lábio inferior, Quinn passa a analisar a situação. Embora pudesse fazer dupla com o nerd da sala, deixando todo o trabalho nas mãos dele, essa era a oportunidade perfeita para se aproximar de Rachel, que ainda não tinha um parceiro. Tudo bem que teria que aturá-la por um mês inteiro, mas poderia dar um jeito de somente se encontrarem poucas vezes por semana em seus horários livres entre aulas. E também poderia fazer com que somente Rachel se encarregasse deste projeto. A loira era ocupada demais com suas responsabilidades no time das líderes de torcida e tinha uma vida social que gostaria de mantê-la, sair por aí carregando uma boneca, cuidando-a como se fosse um bebê, seria humilhante e motivo de comentários sem graças. Com a decisão tomada, respira fundo e estende seu braço, tocando com a ponta do dedo indicador e do meio o ombro da garota, que rapidamente vira para trás, lançando-a um olhar assustada, como se só agora percebesse que Quinn sentara atrás dela. Volta a limpar a garganta desajeitada antes de perguntar em voz baixa. "Então Berry, como eu não suporto ninguém dessa sala e você é a única que realmente conheço, o que acha de fazermos esse projeto juntas?" Força um sorriso que torcia por parecer genuíno, essa era a primeira vez que tinha uma conversa quase civilizada com Rachel.
Rachel não sabia o que dizer. Ao longo dos últimos dois anos aprendera a estar preparada a qualquer coisa quando se trata de Quinn, mas jamais poderia estar preparada por algo assim, por este estranho comportamento. Primeiro a ataca com um copo de slushie durante a manhã, o que não era novidade alguma, já fazia parte da rotina de ambas, depois tenta intimidá-la no banheiro, o que novamente era normal entre as duas, mas em seguida começa a olhá-la e sorrir de um jeito estranho, e agora senta atrás dela na classe, quando já deixara bem claro por diversas vezes como não suportava nem respirar perto dela, conversando e chamando-a para ser sua parceira do trabalho escolar! Poderia parecer pouco para alguns, algo a não se preocupar, nada demais, mas para Rachel aquilo era muito estranho e seu sexto sentido a dizia que havia algo de errado. "Quinn, você está bem? O que está acontecendo? Se isso for mais uma de suas brincadeiras de mau gosto, fique sabendo que não se deve brincar com algo tão sério como um projeto escolar. Você pode fazer o trabalho com quem quiser, por que me escolheria? E o fato de termos as mesmas aulas, não significa que me conheça."
Oh Deus, como alguém tão pequeno podia falar tanto e tão rápido?! Aperta seus punhos escondidos embaixo da mesa, pensando por que diabos colocara a si mesma nesta posição, maldito momento em que dissera ser capaz de transformar qualquer uma em rainha. Deveria pensar mais antes de dizer as coisas, pois acabara colocando sua sanidade em risco. Se a morena continuasse a falar cinquenta palavras por segundo, Quinn enlouqueceria; isto é se não fizesse coisa pior, como cometer um crime. Abaixa a cabeça, tentando afastar os pensamentos violentos de sua mente e se lembrando de que devia manter o foco em seduzir a garota. "Você entendeu o que quis dizer, Berry. Nós nos conhecemos, temos uma história." Diz impaciente, levantando o olhar e encontrando com o da mencionada. Ótimo, bem suave Quinn! Enquanto poderia ter dito algo inteligente como 'então me deixe conhecê-la' que era o que faria com qualquer outra garota, vai e diz isso para aquela que deveria conquistar no momento, muito inteligente de sua parte, idiota! Passa a língua entre os lábios, sabendo que deveria melhorar a situação para seu lado, e precisaria ter calma, ser mais educada com a menina. "Estou bem e não está acontecendo nada, só quero tirar uma boa nota neste trabalho e por mais que me custe admitir, eu sei que você tem uma das melhores notas da classe, então por que não juntarmos e fazer o projeto?"
Curiosamente, a cantora passa a estudá-la. Seu sexto sentido insistia que havia algo a mais, algo que a outra não estava lhe contando, mas não fazia ideia do que poderia ser, e como não era justo julgá-la sem provas, afinal Quinn poderia estar precisando de notas, decide aceitar o pedido. Não era como se outro colega de classe tivesse oferecido para fazer o trabalho com ela mesmo. "Ok. Se você prometer a se comportar, faço o trabalho com você." Ainda teria que tomar cuidado com a loira, não podia depositar sua confiança nela só porque a chamara para fazerem o projeto juntas. "Podemos nos encontrar amanhã no intervalo ou depois da aula para discutir nossos horários com o bebê?" Alcança por sua agenda cor de rosa e uma caneta glitter também rosa, com todas as intenções de anotar o novo compromisso, voltando o olhar a outra, esperando pela resposta.
"Pare de se preocupar, Berry, eu não vou fazer nada com você. Só quero passar nessa matéria." Como se realmente precisasse de notas, sabia pelo professor que tinha a segunda melhor média da classe e Rachel a terceira. Porém, qualquer coisa era válida para conseguir tempo com a garota e assim seduzi-la. Evita revirar os olhos ao vê-la com aquela agenda rosa, continuando. "E sim, nos vemos durante o intervalo na biblioteca." Não lhe dá chances para escolher o lugar do encontro, a biblioteca seria o mais indicado a ela, uma vez que estaria praticamente vazia no intervalo, desta maneira nenhum de seus amigos a veriam na companhia da loser. Não havia necessidades dos seus amigos saberem sobre a aposta, era algo vergonhoso. Dá um sorriso nervoso ao ver o professor parado entre suas mesas, nem havia percebido ele se aproximando ou que havia começado a entregar as bonecas. Assente com a cabeça ao receber o olhar incerto dele, como se perguntasse silenciosamente se tinha certeza que fariam o trabalho juntas, não era segredo a ninguém como não se suportavam, então Quinn entendia que era uma verdadeira surpresa vê-las dispostas a trabalharem em dupla.
O professor entrega a boneca a Rachel, declarando em voz alta de forma que todos os alunos pudessem escutá-lo. "Agora irei ensiná-los alguns cuidados básicos sobre estas bonecas, por exemplo, desligá-las. E como o projeto foi uma surpresa a todos vocês, os darei o dia livre hoje, assim que quando a aula terminar podem colocar a boneca desligada no armário de vocês ou levá-la para casa, mas quero que comecem o projeto amanhã. E no final da aula, entregarei a cada um de vocês anotações sobre o que espero desta primeira semana." Volta ao meio da sala, começando uma longa explicação sobre os cuidados com o bebê de plástico.
A loira solta alguns murmúrios indecentes, observando como a perdedora retorna a atenção à frente, anotando tudo o que o professor dizia. E sentindo como se tivessem interagido o suficiente pelo dia, Quinn volta a fazer seus desenhos por todo o restante da aula.
...
"Precisamos de mais membros, é a única maneira de conseguirmos uma vaga na Sectionals." Declara Rachel ao seu professor Will Schuester, que parecia estar mais interessado em qualquer coisa, menos ouvi-la no momento, andando ao seu lado pelos corredores. A reunião do clube fora sua última classe do dia e como o sinal tocara minutos atrás, estava pronta para ir embora, só aguardando o fim desta discussão com o professor, que tinha dificuldades em enxergar a gravidade do assunto. "A competição é daqui algumas semanas e precisaremos de ao menos três novos membros ou mais uma vez ficaremos de fora, e isso não é justo, não após toda a nossa dedicação na espera que este ano fossemos competir com os melhores corais da cidade."
"Sei disso, Rachel, e estou tentando conseguir novos membros para o clube, mas não é algo fácil." Reclama Will, acelerando seus passos, contudo ainda tentando parecer sutil, querendo se livrar da aluna. Por mais que compartisse as mesmas preocupações da capitã do coral, tinha coisas importantes para fazer no momento, como descobrir se Emma estava em sua sala e se aceitaria jantar com ele esta noite.
"Não podemos ficar fora da competição novamente por falta de membros, senhor Schuester. O Glee Club não sobreviveria a mais esta decepção." Continua a cantora, pressionando os materiais contra seu corpo. O coral já era visto como o pior clube, nunca disputando em sérias competições, os alunos já ridicularizavam aos seus colegas e ela por participarem deste, colocando-os no fim da pirâmide escolar como se fossem o maior vexame que acontecera neste colégio, convencendo a todos a não se juntar a eles. Se não conseguissem uma vaga na competição, o clube poderia muito bem acabar por falta de verba ou por descontentamento dos membros. "Precisamos fazer algo e rápido. Temos que planejar uma forma de mudar a imagem do clube, fazê-lo parecer atrativo, como se realmente fosse uma boa ideia se juntar a ele. Talvez, o senhor possa convencer seus alunos de Espanhol a se juntarem por um tempo com a promessa de ser um trabalho escolar e que ganhariam pontos por causa deste."
Parando no meio do corredor e observando como a morena faz o mesmo, o professor repousa uma mão sobre o ombro dela, oferecendo-a um pequeno sorriso. "Eu realmente fico contente ao ver que você se preocupa tanto com o clube, Rachel, mas tente relaxar, okay? Não se estresse com isso, afinal o estresse em excesso pode fazer mal a suas cordas vocais e precisamos da nossa melhor cantora." Rapidamente a mencionada pressiona seus lábios, assentindo com a cabeça. Um estranho barulho, que suspeitosamente parecia uma risada abafada, chama a atenção de ambos e olhando ao final do corredor deserto, avistam a capitã das Cheerios, que tinha a cabeça escondida dentro de seu armário, os músculos de seu corpo se contraíam como se verdadeiramente estivesse rindo de algo. Franze o cenho, desentendido por tal comportamento, mas não comenta nada, voltando à atenção a jovem a sua frente, dizendo. "Eu tenho um plano para conseguir mais membros e amanhã mesmo o colocarei em prática. O diretor Figgins fará anúncios sobre o nosso clube na rádio escolar pelos próximos dias, e fiz alguns cartazes anunciando que ainda aceitamos inscrições e os espalharei pelo colégio amanhã assim que chegar. Não se preocupe tudo vai dar certo, você vai ver, iremos conseguir desta vez." Assegura em uma voz confiante, antes de olhar ao seu relógio de pulso. "Eu preciso ir agora, até amanhã." Sai praticamente correndo dali, com todas as intenções de encontrar Emma.
Agora mais calma, conseguindo controlar a risada zombeteira, pois não havia como escutar que Rachel era a melhor cantora do coral e não rir, Quinn retira a cabeça de seu esconderijo dentro do armário. Havia esquecido seu smartphone dentro deste e ao voltar para pegá-lo, acabara escutando toda a conversa dos dois. Sabia que o coral da escola estava indo de mal a pior e que era apenas questão de tempo para que fosse cortado, e não entendia como alguém ainda podia insistir em fazer parte dele, não havia nada de bom por lá. Só havia um professor fracassado, poucos membros fracassados, e embaraçosamente, Berry era a capitã deles. Quem gostaria de se juntar a algo assim? Com certeza, não Quinn, isso era o mesmo que pedir para ser a maior piada entre os alunos. Imagine ela, a rainha do colégio, no meio de todos aqueles losers dançando e cantando alguma música feita antes mesmo dela nascer, ou melhor, dançando e cantando algum dueto com a Yeti. Faz uma careta, Deus, que visão do inferno. Escuta passos se aproximando e ao olhar sobre seu ombro, percebe que a garota se direcionava a porta de saída. "Até mais, Rachel." Faz questão de usar o nome dela pela primeira vez, ignorando o fato de como soara estranho fazê-lo, dando um sorriso de lado ao ver sua expressão completamente confusa. Após breves segundos, a mencionada simplesmente a responde com um movimento de cabeça, em um gesto desajeitado, antes de ir embora, deixando-a sozinha com seus pensamentos. Rachel realmente parecia se importar com o futuro daquele clubinho, ah, se ao menos alguém pudesse ajudar a loser a conseguir mais membros. Não! Quinn não faria isso! Se bem que se juntasse ao coral, teria a chance de ser vista como uma verdadeira heroína ao salvar o grupo trazendo mais pessoas, e por esse ato heroico Rachel deveria ser grata a ela e demonstrar toda esta gratidão aceitando ao seu convite para o baile. Isso era genial, era exatamente o que deveria fazer para ganhar esta aposta, seduzindo Berry de uma vez. Suspira contente com sua mente brilhante, fechando o armário e dando meia volta, saindo do local, murmurando. "Amanhã será um longo dia."
E aí, o que acharam? Desculpe por qualquer erro, obrigada por ler e até a próxima. XxBre.
