~~*O amanhã não existe*~~



~~*Ying Yang*~~

_ Você é simplesmente tão egoísta... _ ele murmurou, olhando para o chão, finalmente dando uma pausa aos gritos que ecoavam há horas na sala empoeirada.

E o loiro parado à sua frente não pôde fazer nada além de piscar os olhos repetidamente, até finalmente conseguir dizer:

_ Eu sou egoísta? Ah, perdoe-me se eu não compartilho das suas ambições de salvar o mundo, mas eu não considero isso egoísmo.

_ E porque diabos você precisa sentir prazer em destruí-lo?

_ Agora você finalmente chegou ao ponto. Eu sinto prazer com a destruição.

_ Como você pode dizer isso? Deus, egoísmo. Você é simples e puramente um poço de egoísmo.

_ E eu não me importo.

_ Você se importa, sim. É claro que você se importa, ou você não estaria aqui.

_ Eu estou aqui apenas porque você trancou a maldita porta.

O outro jovem passou a mão desleixadamente nos cabelos muito negros, e apontou a varinha desafiadoramente para a porta.

_ Eu sei que você não vai embora. Você vai continuar aqui, com o orgulho que você tanto estima ferido, e isso não vai terminar nunca.

_ É claro que isso não vai terminar nunca, porque nós somos as duas faces da moeda. Nós somos o negativo e o positivo, o bem e o mal. Nós somos os dois lados da guerra, e a luta só termina com o fim dos lutadores.

_ Você me mataria?

Por um instante ínfimo os olhos cinzentos pareceram hesitar antes de responder.

_ Você me mataria?

_ Não seja infantil, responda.

_ Sim.

_ Você me mataria agora e daria a minha cabeça de troféu a ele para conseguir um lugar de honra na mesa de jantar?

_ Sim.

_ E o que você está esperando?

_ O pôr-do-sol, mortes ao anoitecer tem muito mais poesia.

_ Você não está falando sério...

_ É claro que não estou!! O QUE VOCÊ ESPERAVA QUE EU DISSESSE??

_ Esqueça...

_ Abra a porta.

_ Você sabe que não vai sair.

_ Eu sei. E você?

_ Se você sair por aquela, sabe que da próxima vez que eu te vir, um de nós vai morrer.

_ E você sabe que é fraco. Que essas ameaças são em vão, porque você nunca ousaria erguer a varinha para me fazer qualquer mal que fosse.

E, novamente desafiador, o garoto tornou a varinha apontada para a porta para o peito do outro único ocupante daquele lugar, com os olhos esmeralda cintilando.

_ Você nem ao menos tem coragem para pronunciar as palavras, sozinho no seu quarto.. porque você sabe que só de pensar nelas suas estranhas já se contorcem de dor... afinal..

_ Por que você faz isso?

_ Afinal foi assim que ele os matou não foi? _ um sorriso cruel.

_ Por quê?

_ Mas você sabe que eu o faria.

_ Faça agora.

_ O quê?

_ Se você realmente o faria, faça agora. Porque nós dois sabemos que essa conversa não tem futuro algum, que você vai sair desse lugar como você sempre faz, só que dessa vez você nunca poderá voltar. Porque esta é a última vez. É a última vez que nós discutimos, é a última vez que nós..

_ Onde você quer chegar?

_ Você sabe que nós nunca mais vamos nos ver.

_ E você sabe que eu pouco me importo.

_ Não, eu não sei. _ ele dirigiu-se para o sofá empoeirado, com um ar abatido, e deitou-se de costas, com uma das mãos coçando os olhos.

_ Não finja que faz diferença para você.

Ele deu um sorriso amargo.

_ Não, Draco. Eu não posso fingir que faz diferença para mim. Porque faz.

_ Você mente tão descaradamente..

_ POR QUE DIABOS EU IRIA MENTIR?

_ PORQUE EU SOU ÚTIL E VOCÊ SABE DISSO!

O moreno no sofá estacou e ficou olhando em choque.

_ Eu não posso acreditar que você esteja sugerindo..

_ Eu não estou sugerindo nada.

_ Porque você não pode acreditar que eu te..

_ Pára.

_ O quê?

_ Você é tão pateticamente desprezível, e eu te odeio de todas as maneiras concebíveis.

_ Não, você não odeia.

_ Você tem razão, eu não odeio. Mas eu não suporto ficar perto de você.

_ Isso é muito incoerente, já que há minutos atrás..

_ Abra a maldita porta, Potter.

_ Eu..

_ Eu me cansei dessa discussão sem fundamento, ok? Eu quero sair daqui.

Harry ergueu a varinha, derrotado, e murmurou um contra feitiço. Então, olhando para as próprias mãos, murmurou em uma voz que duvidava que o outro pudesse ouvir:

_ Está aberta.

Draco voltou-se para sair, mas estacou ao ouvir a voz que ele sabia que ouviria.

_ Se você sair agora...

_ Certo._ ele virou-se e sentou na ponta do sofá mofado, ignorando os pés de Harry, que teve que se apressar para recolhê-los. _ O que você quer de mim?

_ Eu quero que você assuma que odeia tudo isso tanto quanto eu.

_ Eu amo tudo isso.

_ Você não ama nada, Malfoy... _ ele disse em meia voz, azedo.

_Ah, é aí que você se engana. Eu amo muita coisa na verdade. Eu amo o som dos gritos quando eles sabem que a morte está chegando, eu amo a sensação da faca perfurando a carne, eu amo o som do feitiço farfalhante antes de atingir os corp..

_ Cala a boca, Malfoy.

_ Eu amo quando você diz isso. _ ele sorriu aquele sorriso irônico que ele sabia fazer tão bem.

Harry finalmente desviou os olhos do teto e encarou os olhos cinzentos sem emoção alguma. Ele sentou-se no sofá, chegando muito perto do outro, e sussurrou, apenas alto o suficiente para que ele ouvisse:

_ Por que você faz isso?

_ Porque é isso que você espera que eu faça. _ e passando os dedos distraidamente pela franja negra desalinhada ao alcance de sua respiração, ele saiu da sala.



N/A: A fanfic já está terminada, e eu devo postar o próximo capítulo semana que vem... Comentários são muito bem vindos! ^^