Por que será que, apesar de não se ouvir muito sobre medicina russa, é tão comum deixarem o Rússia como médico?

E por que, apesar da medicina chinesa ser tão conhecida, é raro ver um China médico?

Bom, foi pra ver no que dava que resolvi tentar essa fic... espero que gostem =p


Cap. 1: Dr. China, emergência!

China era um jovem médico. Não tão jovem quanto aparentava, mas se orgulhava de recetemente ter inaugurado seu próprio consultório com uma miniclínica. Ainda tinha que pagar o aluguel da casa-consultório onde morava e trabalhava e o financiamento de parte do equipamento médico, contudo julgava que não estava nada mal para seus trinta-e-poucos anos.

Encerrando as atividades do dia, estava curtindo uma de suas grandes paixões. Se não tivesse se dedicado á medicina, talvez hoje fosse um chef... apesar de que não era a mesma coisa cozinhar só para si. Tinha se habituado a alimentar seus irmãos, que tomaram seus próprios rumos... e sempre acabava fazendo uma quantidade de comida grande demais para uma pessoa.

Foi quando a campainha tocou.

Como não esperava nenhuma visita, ignorou.

Mas a campainha insistiu.

Fungou irritado, desligando o fogo enquanto o chamado era cada vez mais irritante e até desesperado. Foi até a janela de sua casa sobre a clínica e anunciou:

"Sinto muito, estamos fechados. Marque uma consulta e..."

"D-doutor, é uma emergência! Por favor, abra!" - interrompeu uma voz.

O asiático então notou dois homens que apoiavam um terceiro, e um garoto. Teria que deixar sua tão esperada refeição e ver do que se tratava. Desceu correndo, vestindo seu jaleco e abriu a porta, dando passagem ao grupo.

À primeira vista, já se notava que realmente não era uma brincadeira, as manchas de sangue nas roupas – principalmente do mais alto – mostravam que não eram ferimentos leves.

"... O que aconteceu?" - perguntou o médico, pensativo.

"Ele levou um tiro!" - respondeu o garoto, o que causou um sorriso no ferido e um dueto desesperado: "LETÔÔÔNIA!"

"AIYA! Eu não tenho infraestrutura para esse tipo de tratamento aqui! É melhor irem para um hospital! Vocês estão de carro, não é? Se seguirem essa rua..."

"D-doutora, não pode recusar atendimento médico!" - tentou argumentar o loiro de óculos.

doutor! Que grosseria!" - ralhou - "E não atendo porque não tenho infraestrutura e o hospital mais próximo fica a menos de 5 minutos de carro. Eles cuidarão melhor disso do que eu."

"Eh~ mas eu quero ser atendido por você, da~" - sorriu o ferido, sentando-se e observando o médico.

"Não entendem, aru? Vão para o hospital." - repetiu o médico, massageando as têmporas - "E por que tem que ser eu, se o hospital..."

"Huhu... Duvido que o hospital tenha médicos tão bonitinhos. E não vamos embora daqui, da~?"

"Aiya, eu não sou bonitinho, sou um profissional, yoroshi!"

"Ah~! Mas você pode ser bonitinho E profissional, da~?"

"Eu vou chamar uma ambulância." - disse, de dirigindo ao telefone, que foi tomado pelo de óculos, que arrancou o aparelho do fio, jogando-o pela porta.

"AIYA! Mas que..." - o chinês deu alguns passos em direção à porta, que foi fechada pelo moreno, e então o agarre da mão do ferido.

O asiático e o grandalhão se encararam numa discussão muda, até que o chinês fungou, frustrado.

"C-certo... mas não pensem que vai ficar de graça, aru!"

"Mas é claro que não, da~" - por um instante, o tom alegre tornou-se sombrio - "Nada é de graça... kolkolkol..."

"Você!" - dirigiu-se ao garoto - "Preencha um daqueles formulários do balcão." - voltou-se aos outros dois, abrindo a porta que dava para a clínica - "Ajudem a trazê-lo aqui."

"Agora, tire o casaco e a camisa e deite..."

"Huhuhu... que safadinho. Já quer me ver pelado e deitado pra brincar de médico, da~?"

"Cala a boca, yoroshi! É só a hemorragia ou ele é sempre assim, aru?"

Como resposta, os outros só tremeram.

"Senhor Rússia, registro o senhor como Ivan Braginsky ou Rússia mesmo?" - perguntou em alto e bom tom o garoto, da sala de espera.

"LETÔÔÔNIA!" - repetiu o coro, aterrorizado.

"Ne~ Letônia, pode vir segurar o meu casaco, da~?"

"E-eu vou preencher o formulário." - declarou o de óculos, saindo.

"Aiya... acho que vou precisar de material da outra sala." - comentou. Talvez conseguisse usar o celular para chamar a polícia.

"P-posso ajudá-lo doutor?" - perguntou o de cabelos castanhos.

"Me ajude a trazer o material, yoroshi?" - respondeu, tentando não parecer frustrado com a escolta do outro. Virou-se para o garoto, entregando-lhe algodão e um frasco - "Se é só pra ficar segurando um casaco, desinfete o ferimento enquanto eu separo o que preciso." - e foi para o cômodo ao lado, enquanto o mais jovem estava paralisado com olhos chorosos.

Quando voltaram, o garoto estava tremendo, ao lado do grandalhão que segurava seu antebraço sob o tecido grosso do casaco que lhe confiara.

"Agora, respire fundo..." - instruiu o chinês, colocando uma máscara que expelia um vapor no rosto do mais alto.

"Nyet! Eu quero ver o que está acontecendo, da~?"

"Parece uma criança mimada, aru!" - reclamou, mas logo pegou uma seringa, encheu-a com um líquido que aplicou na caixa torácica, em volta do ferimento - "Depois não reclame se doer, e se mexer sem avisar, morre, e não minha culpa, yoroshi!"

"Da~!" - sorriu.

"Pinça." - pediu ao moreno, sem tirar os olhos do machucado.

"Er..." - O moreno olhava confuso e desesperado para os instrumentos dispostos na bandeja.

O chinês fungou frustrado e pegou o instrumento - "Isso é uma pinça!"

"Parece mais uma tesoura com a ponta torta, da~!"

O médico ignorou o comentário e examinou melhor o buraco por onde a bala entrou.

"Não vai roubar o meu coração, da~?"

"N-não é recomendável flertar com o médico quando ele está te operando, yoroshi."

"Eh~ Então tenho que esperar acabar a cirurgia?"

"C-cala a boca, aru!"

"Ah, é que você fica tão bonitinho por cima de mim... mas aposto que por baixo fica melhor ainda, da~?"

"Escuta aqui, Rússia, Braginsky ou sei lá quem você for!" - disse, apontando o bisturi no nariz do paciente - "Vocês aparecem aqui, se recusam a ir pro hospital e me forçam a aplicar um procedimento que eu não tenho materiais para fazer e você ainda fica me atrapalhando? Se quer morrer, vá pra outro lugar e me deixe em paz, yoroshi!"

"Huhu... você tem coragem, da~"

"Não ria aru! Se eu cortar o lugar errado, a culpa não é minha!"

E assim, sem mais interrupções (além de alguns gemidos abafados aparentemente sem motivo do tal Letônia) o chinês finalmente conseguiu terminar a operação e retirar a bala do peito do paciente risonho.

"Pronto. Agora paguem e me deixem em paz, yoroshi."

Letônia aproveitou a distração para se afastar do agarre do grandalhão, que por um instante, observou-o fugir com desaprovação, mas logo seu sorriso se alargou.

"Ah~! Tem razão! Vamos te dar o que merece, da~!" - sorriu com uma animação quase infantil.

"Vocês tem algum convênio?"

"Nyet!"

"Cartão?"

"Nyet!"

"Eu não vou aceitar cheque de gente suspeita como vocês, aru!"

"Huhu... não pagamos com cheque, da~!"

"E-então..."

O moreno se moveu e o chinês imediatamente se pôs em posição de combate. Sempre praticara kung fu e se necessário... mas o suposto oponente fez um sinal de trégua.

"Preferimos pagar em dinheiro, da~!"

"E vocês acham que alguns trocados são o suficiente? Eu passei a noite trabalhando e nem jantei, aru!"

Então o de óculos chegou com uma pequena maleta e, ao receber um sorriso de aprovação do maior, abriu-a, revelando uma quantia que o asiático não soube calcular, mas que fez com que entrasse em choque por um segundo.

"AIYA! E QUEM É QUE ANDA COM TANTO DINHEIRO ASSIM?"

"Nyet, doutor... é melhor não perguntar o que não quer saber, da~?" - aconselhou, mas sua voz adotou um tom sombrio "E o preço também é pelo sigilo profissional. Kolkolkol..."

O grandalhão se levantou e chamou os outros, enquanto o médico tentava digerir os acontecimentos da noite. Por algum motivo, o garoto tremeu novamente ao olhar para o asiático, antes de partirem.

E por falar em digestão, o estômago do chinês roncou. Mas que droga, o jantar já devia estar gelado. Talvez de barriga cheia conseguisse assimilar melhor aquele episódio bizarro.

Mas ao chegar na cozinha... em vez de jantar, havia louça suja.


Que tal uma comédia romântico-corporativa? Em breve, em East Corp:

"HAHAHA! How cute, England! Está protegendo a namorada?" - riu o americano, fazendo um coração batendo com as mãos e cantarolando a melodia de uma música melosa.

"What the hell, Amer..." - o inglês começou a discutir, mas logo empalideceu e tremeu ao sentir o meu olhar congelante...