Eu não possuo Glee ou qualquer um dos personagens, infelizmente.

Original: .net/s/7455593/1/Change_Of_Directions

Espero que gostem. E comentem, por favor.


Capítulo 1

- Tem certeza que não quer que eu te leve pra esco-

- Sim. Me dá as chaves do carro. - Interrompi-a de forma mais dura do que eu tinha intenção, recebendo um olhar magoado em troca. Eu não quero esfregar na cara dela, mas é parcialmente culpa dela que agora eu estou presa em Lima, o que é um saco, mesmo. De todas as cidades dos EUA, minha mãe biológica tinha que viver em Lima, Ohio? Fiquei até surpresa quando consegui encontrar essa cidade no Google Maps...

- Qual? - Shelby, minha mãe biológica, perguntou. Ela estendeu as duas chaves no ar. - O Ranger Rover ou o Escalade? - Eu arqueei minhas sobrancelhas.

- Você não tem nenhum carro que quase não grite: "arrebente minhas janelas, por favor"?

Shelby firmou os lábios em uma linha fina de irritação, como se eu já tivesse feito essa pergunta milhares de vezes.

- Eu disse pra você ir pra Carmel High, onde todos dirigem Range Rovers! - Ela suspirou, visivelmente irritada. Revirei os olhos para isso. Tínhamos discutido isso várias e várias vezes e eu ainda não queria ir pra uma escola onde ela estaria por perto o dia todo. Já era suficiente nos vermos do fim da tarde até a outra manhã todos os dias. Eu não precisava ficar topando com ela no corredor da escola também.

- Não, só os membros do Vocal Adrenaline possuem Range Rovers. - Eu sabia tudo quando se tratava dos patrocinadores muito generosos dela.

- Sim, e o resto dirige Escalades! - Shelby respondeu como se fosse óbvio, com as mãos nos quadris e um olhar severo estampado no rosto. - McKinley High é uma piada. Uma escola que não apóia a educação musical. Não sei o que tem na cabeça daquele diretor!

- Eu não ligo. Essa escola é mais perto que Carmel, e eu só vou ficar por lá por um ano mesmo, então, que diferença isso faz? Aliás, vou pegar a moto.

Antes que Shelby pudesse bloquear meu caminho, dei a volta em direção ao chaveiro pendurado na parede e peguei as chaves da preta e fodona MTT Gas Turbine Superbike. Sim, eu sei, eu também fiquei meio que "WTF" no começo, mas aí me lembrei que ela já foi jovem, e rica. E idiota, também. Convenhamos, ela é MINHA mãe apesar de tudo. E aquele bebezinho precioso parece ser uma lembrancinha de Shelby em seus 'dias selvagens'. Mesmo ela tendo comprado a MTT à dois anos. Hm.

Mas eu não poderia concordar mais com sua boa escolha para uma moto tão única, quer dizer, todos que mencionam motos fodas só se lembram de Ducatis e pelo menos Shelby foi exigente o bastante pra não comprar a mesma moto que todo mundo tem. Fofo da parte dela.

Agarrando a mochila que estava no chão com a outra mão, eu rapidamente pulei pra fora a passos longos em direção à garagem.

- Você não tem habilitação pra conduzir isso! - Ouvi Shelby gritando atrás de mim.

- Não se preocupe, peguei a sua. - Gritei de volta, colocando uma perna na MTT.

- O que? Nunca que você parece ter 40 anos!

Ignorando-a e fazendo uma anotação mental de que ela nunca teria SÓ 40 anos, coloquei o capacete preto, que era tão foda quanto a MTT. Com as chaves na ignição, um chute no acelerador, a moto começou a vibrar embaixo do meu corpo. Eu suavemente saí da garagem, não querendo arranhar o Ranger Rover que estava estacionado ao lado.

- E você por acaso sabe dirigir isso?

Alarmada, Shelby ficou esperando fora da garagem, com um olhar cético no rosto, muito semelhante ao meu. Ela realmente era uma versão minha mais velha.

Empurrei o visor do capacete pra cima, para que ela pudesse ver meu rosto sorridente e desliguei o motor para que eu pudesse ouvi-la melhor. "É como andar numa bicicleta tunada, não é nada demais."

- E se a polícia te parar? Como você vai explicar a diferença de idade entre você e a foto que está na minha habilitação?

Agora ela estava sendo totalmente pessimista, e eu deixei ela saber disso revirando meus olhos.

- Primeiro, - eu disse levantando meu indicador enluvado (sim, eu me preocupo com minha segurança e sei que pareço atrair lesões) - por acaso Lima tem ao menos algo semelhante à uma delegacia de polícia? Segundo, - disse levantando mais um dedo - eu vou apenas dizer a eles que minha foto foi envelhecida. E terceiro, - eu rapidamente acrescentei antes que Shelby indignada me interrompesse - Eu serei rápida demais pra eles conseguirem me pegar. Tchau, tenha um bom dia.

Com isso, empurrei minha viseira para baixo, liguei o motor da MTT novamente e saí em disparada. Eu não precisava olhar para o retrovisor pra imaginar uma Shelby horrorizada, com os braços no ar.

- Um só aranhão na minha preciosa e eu te mato!

Eu mal conseguia ouvi-la, com a distância aumentando rapidamente.

Ela vai superar isso. Ela tem que superar isso. Afinal, comigo aqui, esse tipo de coisa se tornaria mais freqüente em sua vida. Acho que ela vai ter de encontrar uma maneira de lidar com isso, já que foi dela a brilhante idéia de fazer meus pais me mandar para Lima pra passar um ano – digo mais uma vez para fazer um efeito dramático – UM ANO inteiro nessa cidade largada. Eu não quero ser rude, mas vamos lá, eu sou de Nova York. Até mesmo os bebês de colo lá têm essa arrogância ianque. Você cresce numa cidade com bandidos espalhados em todo canto, literalmente, nos metrôs, nas ruas, nos táxis.

WOW, a escola era realmente perto da casa de Shelby. E WOW, e tão podre como ela havia descrito. Eu dirigi pra parte detrás da escola, para encontrar algum lugar abandonado para estacionar a moto. Acho que vir com uma motocicleta do valor de uma pequena casa pra essa escola não foi realmente uma boa idéia. Mas pelo menos não era uma SUV enorme. Assim é mais fácil de esconder atrás de alguma lixeira grande colocada atrás da escola. Isso é bom.

Eu não me dei ao trabalho de tirar o capacete, já que não tava afim de ser reconhecido como a "estudante nova". Hm. Essa idéia soou bem melhor na minha cabeça, já que no segundo em que entrei na nova escola, pude ouvir os sussurros abafados por trás das mãos que estavam me seguindo por onde eu passava. Eu olhei para eles, mas aí me lembrei que eles não poderiam me ver por trás da viseira do capacete enquanto eu podia vê-los muito bem.

Você quer saber, sobre ter achado melhor tirar o capacete? Retiro o que disse. Estamos em Lima, Ohio, onde todos conhecem todos e eu não poderia ser menos estranha e nova nessa escola. Bem, pelo menos eles não estavam me incomodando. Talvez eles estavam com medo que eu lhes desse uma cabeçada, o que machucaria bastante com o capacete. Sim, seria legal pra caramba se eu pudesse dar uma cabeçada com o capacete na cabeça deles...

Ok. Eu tinha que encontrar o escritório do diretor primeiro, e talvez esse jogador de futebol com um agasalho vermelho e branco segurando uma raspadinha na mão poderia me apontar o caminho. Mas então ele se virou e caminhou em direção de costas que parecia estar retirando os livros do armário. Foi aí que eu entendi o que estava acontecendo, percebendo o olhar sarcástico no rosto do jogador.

Não comigo aqui, seu filho de uma – Se tem uma coisa que odeio mais do que espinafre, era alguém atacar sorrateiramente outra pessoa pelas costas, sem lhe dar a chance para se defender.

- Sério, seu merda? Jogar raspadinha por trás? Você não tem bolas ou o que?- Eu disse em voz alta, depois de tirar meu capacete e colocá-lo em segurança embaixo do meu braço esquerdo.

O atleta olhou surpreso, obviamente, não acostumado a ser tratado desse jeito. Mas quando seus olhinhos redondos pousaram sobre mim, sua expressão mudou de volta para desprezo, uma expressão que eu realmente queria arrancar de seu rosto. Eu entendo, eu sou mais baixa que ele. Mas eu não preciso ser lembrada da minha altura. Ou a falta dela...

- Eu te conheço? - ele perguntou, olhando em volta para ver se havia uma multidão para testemunhar seu poder sobre os fracos. Bem, se eles queriam ver alguém ser humilhado, eles iriam ver.

- Eu acho que não.. - Eu respondi docemente antes de bater no fundo do seu copo de raspadinha e fazer o conteúdo gelado bater efetivamente em seu rosto chocado. A mistura de gelo estava pingando de seu rosto, assim como seu desdém. Acho que arrebentei um pouco de seu ego também, porque a pequena multidão que ele queria impressionar, ficou realmente impressionada, mas não com ele.

- Mas aposto que a partir de agora você vai lembrar de mim. - Eu disse, para aumentar sua humilhação. E me virei para ele e o vi ainda tentando processar o que aconteceu. "Ah, e diga para sua mãe que sinto muito por ela ter que lavar seu casaco. Fale para ela lavar duas vezes, assim, talvez, o fedor da miséria saia dele."

Agora que eu havia terminado, me virei para andar para longe da cena. Ouvi passos se aproximando de mim e por um segundo pensei que fosse o atleta tentando atacar por trás novamente, mas esses passos eram leves demais para um idiota gigante.

Quem quer que fosse que estivesse me seguindo, me parou.

- Com licença...

Eu me virei para me deparar com um rapaz magro e bem vestido que entra totalmente no estereótipo de um homem gay. E quando olhei melhor, percebi que foi a quase vítima da raspadinha por trás. Acho que salvei um paletó original de algum designer.

- Você é nova aqui? - Ele me perguntou educadamente, com seu tom totalmente clichê, de alto tom e completamente gay.

- Eu, nova? Não... Vocês que são todos novos pra mim. Essa escola é nova pra mim. Lima é nova pra mim. Eu só sou a velha eu de sempre. - Eu disse e realmente tentei não soar tão irônica sobre tudo isso, mas saiu. Toda essa coisa de morar-em-Lima-por-um-ano estava começando a subir à minha cabeça, e depois de 10 minutos que passei nessa escola, já vi o suficiente. Nem mesmo os "atletas legais e populares" poderiam ter algum tipo de brincadeira melhor do que raspadinha.

- Está tudo bem, sendo nova por aqui é sempre difícil, você só vai precisar de tempo pra se ajustar. - O menino disse simpaticamente. - Eu sou Kurt Hummel, e realmente gostaria de te agradecer por me salvar. Bom, não realmente me salvar, mas salvar meu paletó. É meu favorito e é único, desenhado por...

- Um dos designers da Gazillion, o que o torna único. - Interrompi antes que ele pudesse divagar. Eu conhecia moda e eu conhecia as tendências. Eu vivia em Nova York, pelo amor de Deus, e você não poderia não estar na moda se observasse regulamente o que as pessoas estão usando nas ruas, ou nas revistas.

Mas com o passar do tempo você começa a ser indiferente para as roupas exageradas dos designer super-estrelas internacionais. Sempre que tinha a Semana de Moda em Nova York, meus pais me arrastavam à pelo menos um desfile, e eu ficava olhando lá, tipo: Que tipo de idiota usaria essas coisas? Tinham tantos designs que eu não conseguia entender. Talvez eu não tivesse nenhum senso de moda e ficava contente com um jeans apertado, uma blusa e um casaco legal; ocasionalmente adicionando algum chapéu ou um cachecol.

O olhar levemente ferido no rosto dele não me passou despercebido e eu me senti mal por tê-lo interrompido tão rudemente, mesmo tendo feito isso só pra evitar conversa fiada. Eu lhe dei um pequeno sorriso.

- O que tentei dizer foi: não há de quê. Desculpe, não tive uma semana boa. Você está realmente bem? - Isso o fez sorrir de novo.

- Obrigado. Mas eu tenho que te dizer: você simplesmente mexeu com um dos maiores atletas da escola. Ele se chama Karofsky.

Minha expressão era preguiçosa, eu apontei sobre meu ombro e meu olho esquerdo acompanhou o gesto comicamente.

- Esse idiota gigante não se atreve a colocar nem sequer um dedo fora do armário?

Kurt reagiu com surpresa, o que confirmou minha dúvida.

- Uau, como você sabe? - Ele perguntou, intrigado.

- Bem, o fedor miserável, me leva a crer que ele é um enrustido. - Eu suspirei com um sorriso, que Kurt demorou um pouco, mas então seus olhos brilharam e ele espelhou minha expressão, sorrindo. Eu gostava dele. Mesmo ele tendo esse estereótipo gay, ele não tinha medo de mostrar isso. E percebi que isso significa muito em Lima. Significa muito até mesmo em Ohio.

- Só pra ter certeza... - Eu rapidamente acrescentei - Você é –

- Residente do arco-íris? Sim. - Eu sorri para isso. Ha, residente do arco-íris, nem eu poderia ter pensado numa melhor. Aquele cara estava realmente começando a conquistar minha confiança.

- Bem, você poderia ser um super-metrossexual. Quem sabe? Por que é que somos rotulados mesmo? - Eu disse, encolhendo os ombros e ganhando um olhar de admiração de Kurt.

- Sim, estou dizendo o tempo todo que as pessoas deviam parar de nos categorizar e... Peraí! É somente o meu Swatch ou nossas aulas começam em 10 minutos? – Ele de repente disse, depois que seus olhos se desviaram para seu relógio, já que ele estava gesticulando com os braços pra chegar a algum ponto.

Encolhi os ombros, já que eu estava sem relógio e essa escola era muito pobre para ter um relógio em cada corredor.

- Por que você não vai para sua aula? Eu ainda tenho que encontrar o dire-

- Ah, o que temos aqui? Um novo aluno! No McKinley High! Eu pensei que já tinha assustado todos os potenciais pais de novos alunos para longe dessa escola...

Uma mulher de meia idade, em um conjunto esportivo foi se aproximando de nós e eu murmurei com o canto da boca para Kurt: Quem é essa?

Mas antes que ele pudesse me responder, a mulher com um olhar louco já estava de pé na minha frente.

- Quem te acorrentou com seu cérebro e te obrigou a vir pra essa escola? - Ela sussurrou. Sério, eu não estava no clima de lançar minhas garras e presas como eu faria normalmente em um confronto, então eu levantei minhas sobrancelhas impressionada e respondi em um tom aborrecido:

- Ninguém. Vim pra cá voluntariamente.

- Mentirosa. - Ela respirava pesadamente no meu rosto, o que me fez dar um passo para trás fazendo uma careta. Eu preferia ter meu próprio espaço, obrigada.

- Quem te drogou, seqüestrou e jogou nessa escola?

Sem brincadeira, ela estava falando sério? Era hora de uma medida drástica. Eu puxei minha mochila para perto, abri, enfiei meu braço dentro, procurando a solução para esse problema.

- Eu juro, se você puxar uma arma, te farei engolir sua primeira bala. - Eu ignorei aquela louca e tirei o que estava procurando. O que a fez ficar confusa.

Revirei os olhos e mostrei a etiqueta da embalagem de pílulas que tirei da mochila.

- Analgésicos. Para cavalos. Sempre coloco um desses no café do meu professor quando ele se torna um burro insuportável. O que significa todos os dias.

Foi quando Kurt, que ainda não havia ido para sua primeira aula, resolveu interferir na conversa.

- Hm, eu não creio que esses analgésicos façam bem para seres humanos... - Olhei pensativa para ele.

- Você está certo. Mas ele não é humano e... - Me virei para a louca novamente. – pelo seu olhar sem alma, nem você. –

Eu esperava uma reação indignada ou qualquer coisa do tipo, mas ela só me deu um olhar de digitalização. Kurt limpou a garganta.

- Só para ter certeza, - ele acrescentou timidamente e eu sorri para a familiaridade dessa frase – você sabe, uma overdose disso pode levar a morte, não é?

Eu ri com isso.

- Sim, eu sei, um dos melhores efeitos colaterais.

- E você não acha que seu professor vai acabar morrendo se continuar fazendo isso?

Eu lhe dei um olhar indignado.

- Eu espero que sim! Eu não estou roubando isso aqui todo mês à toa!

Totalmente esquecidos da presença da mulher, nos assustamos quando ela disse:

- Isso é... Perturbador! Maravilhoso!

Nem eu podia imaginar essa vindo dela. E eu não preciso de ninguém segurando um espelho na minha frente para imaginar minha cara de estupefata. E meu novo amigo gay, que parecia ter experiência com aquela mulher, apenas olhou para ela, cansado.

- Nós ouvimos a mesma coisa?

Kurt foi ignorado pela mulher de cabelos curtos, cujos olhos estavam focados em mim.

- Criança, onde você esteve por toda minha vida? Se eu não estivesse tão certa de que nunca tive relações sexuais com um homem, eu teria acreditado que você é a filha que abandonei no momento em que meus óvulos foram fecundados. Qual é o seu nome?

Agora eu entendi o olhar cansado de Kurt e tenho 100% de certeza de que eu usava a mesma expressão.

- Rachel. Rachel Berry.

- Ok, Ray, preste atenção.

Eu nem sequer tentei protestar. Eu só compartilhei um olhar confuso com Kurt. O que ela vai fazer? Por que a mudança repentina no seu comportamento? Ela realmente era louca.

De repente, ela colocou o braço em volta de mim e eu estava cansada demais para ir contra o movimento.

- Você sabe de uma coisa, Ray? Eu tenho um sentimento maravilhoso de que esse será o início de uma nova amizade. Siga-me! E Hummel, vá para a sua aula.

Kurt me deu um olhar triste, antes de me deixar com aquela louca. Como ele pôde? Pensei que nós éramos amigos!

Naquele momento, o sinal tocou.

- E eu? Não tenho que ir a aula também? - Eu perguntei com cautela, mas ela apenas acenou.

- Não. Você está comigo, criança. Nenhum professor nessa escola odeia sua própria vida ao ponto de quere se meter no meu caminho.

- E o diretor?

E isso só a fez se divertir mais.

- Ray, todos aqui sabem que sou eu que mando nessa escola. Eu vou cortar o discurso de boas-vindas do diretor e te passar o básico. Matar, esfaquear e se masturbar são proibidos nas dependências da escola, a mulher da cantina é um travesti, a comida da cantina é envenenada e a melhor coisa dessa escola sou eu, Sue Sylvester, treinadora das líderes de torcida, com recorde mundial de número de troféus. Além de 251 troféus, ganhei dois dedos mindinhos e um médio.

Uh. Eu arrepiei com isso. Sério?

- Interessante. – Não é nada interessante, mas...

- Eu sei! Esses ferimentos das líderes! Acho que eu devia ter devolvido os dedos. Suas piruetas agora são um pouco mais tortas. Mas se elas pensam que isso é difícil, que tentem passear pelo deserto, durante uma semana com apenas uma garrafa de óleo de motor cheio de pregos e baratas moídas na mochila.

Isso foi realmente cansativo de ouvir.

- Você não passou por essa experiência de verdade, não é? - Eu meio que perguntei afirmando. Eu assisti sua expressão ainda permanecer a mesma, dura e intimidadora pra qualquer um, menos eu.

- Não. - Ela disse depois de uma pausa. - Mas sei que seria difícil.

Revirei os olhos. De novo. Eu não podia ficar mais tempo perto dela, se não sua loucura iria começar a me contaminar.

- Treinadora Sylvester, por mais que eu aprecie conversar com você e nossa amizade, eu tenho que encontrar o diretor. Mesmo.

Sylvester rosnou para isso.

- Ah, você não precisa dele. Ele é tão importante quanto um ninho de rato que tenho embaixo da minha cama.

Ignorei meu desejo de me arrepiar de desgosto e respondi:

- Eu só gostaria de testar meus analgésicos novos nele. Essas pílulas são de Columbia. - A expressão dela mudou de primeira. Ela sorriu sadicamente e me deu um tapinha no ombro.

- Estou começando a duvidar da minha não-gravidez. Vá, criança, faça o que eu faria também, se a polícia já não me considerasse suspeita de planejar um assassinato ao Figgins.

Suspirei de alívio quando fiquei longe dela. Assustador, então realmente Lima tinha uma delegacia de polícia!