Início: 03/05/2009
Término: 03/05/2009 - 23:46hs.
Betagem 1: 12/05/2009 - Betagem 2: 10/06/2009
Fandom: Saint Seiya
Ship: Camus/Milo
Alert: Yaoi e linguagem levemente forçada.
Classificação: PG-15
Gênero: Romance
Sinopse: Eles não sabem o que fazem, porque fazem ou o que sentem. São adolescentes, apenas.
xx Projeto: Table I. Linha 04. Adolescentes são encrenca.xx
Descobertas
por Bruh M.
- Você não tem o direito!
Ironia. Se existe alguma coisa no mundo que faz Milo de Escorpião perder as estribeiras é que lhe apontem o dedo na cara. Como eu disse e vocês bem podem notar: uma grande ironia. E se nesta ironia existe um alguém que faz questão de irritá-lo ao extremo com essa atitude, é Camus de Aquário.
- Não aponte o dedo para mim!
- O que é? O escorpiãozinho não gosta do sabor do próprio veneno?!
- Essa brincadeira já foi longe demais! Eu detesto discutir com você, abaixe este dedo!
- Não tente se fazer de vítima, Milo! Foi você quem começou agora aguente o sermão!
Milo cerrou os punhos fumegando de raiva. Para dizer a verdade nem se lembrava do porque estar discutindo com o melhor amigo. Brigavam feito cão e gato! Tudo era motivo para uma discussão idiota que os colocava neste patamar, e hoje, não tão diferente, estavam aos gritos. Se fora o responsável desta vez agora não tinha importância alguma: Camus estava passando dos limites em provocá-lo deste jeito!
Camus tivera uma reação atípica, entretanto. O francês nunca se deixava levar pelas emoções, aparentemente. Milo sabia que era apenas fachada, uma máscara para impor o título de Mestre do Gelo. Com ele Camus sempre fora o amigo curioso e divertido de sempre.
Desta vez, porém, sua reação foi explosiva. O que realmente assustou Milo. Será que havia exagerado na brincadeira? Mas... qual fora a peça que pregara mesmo? Nem se lembrava! Zeus, ele estava inteiramente encrencado! Me fudi de vez!
- Quando é que você vai crescer?! Quando é que vai deixar de ser este moleque arrogante para prestar atenção naquilo que é importante? Chega, Milo! Chega!
Ok. Seja lá qual foi a sua idéia estúpida, Camus estava levando o assunto para fora da questão. Milo era exemplo para muitos aprendizes no Santuário! Todos conheciam sua lealdade à Deusa, o admiravam e até o consideravam como o mais responsável entre os dourados! O que diabos Camus pensa que está fazendo?
- Cala a boca, Camus! Se quer jogar verdades na minha cara seja mais ético! Sou leal à Atena e ao Santuário, nunca fui irresponsável com meu trabalho, sabe muito bem disso!
- Não estou falando da Deusa, Milo! Estou falando de nós dois!
Porra, tudo menos isso! - pensou Milo enquanto encolhia os ombros, surpreso. Nós dois, nós dois. Duas palavras que em conjunto tinham um significado e um simbolismo muito extenso para o pequeno escorpião. O que Camus queria dizer com nós dois, afinal de contas? Milo e Camus, dois amigos desde... sempre? Escorpião e Aquário leais à Deusa Atena? Uma dupla, amigos inseparáveis... ou seria mais como… um casal? Seria este o contexto que sentira nas palavras do amigo? Mas espere aí...
Ah é... Agora ele se lembrava! O motivo da brincadeira, é lógico: Seu ciúme culminou na extravagância de agora a pouco. Idiota que era, Milo conseguia sentir ciúmes até de Marin! Como se Marin conseguisse olhar para outro cavaleiro que não Aioria. O fato é que Camus e ela andavam desenvolvendo uma amizade, como ele dizia... ridiculamente patética.
Não pergunte. Ele estava com ciúme, ora!
Quem era o melhor amigo deste francês de uma figa? Quem escreveu para Sibéria durante sete anos e não se importou – ou optou por não mostrar a decepção que sentiu - em receber respostas? Quem aturava seu mal-humor matinal ou fingia entender as palavras quando o outro dava a esquecer o grego e murmurava em francês? Quem o puxava para os exercícios nas suas fases de preguiça? Milo, sempre Milo!
- Você me trata como se eu fosse sua propriedade! Se liga, Milo! Você, de todos aqui, sabe que eu odeio me sentir preso e você está me sufocando! Marin é minha amiga e só isso! Não lhe dou a liberdade de se meter na minha vida como se fizesse parte dela!
- Eu faço parte da sua vida sim! Você é meu amigo Camus eu me preocupo com você!
- E o que poderia acontecer em uma simples conversa no horário de almoço? Tem idéia do que você fez? Jogou comida em cima dela! Coitada da Marin deve ter macarrão até nos ouvidos!
Milo abaixou os olhos, arrependido. Sentia-se mal por descontar na amiga todo o seu descontrole. Não era culpa dela, de qualquer forma. Sabia estar errado, mas não completamente. Camus estava o afastando de seu convívio e isto ele não admitiria!
- Está me deixando de lado. Há um segredo entre vocês dois eu sei disso. – murmurou contrafeito.
Camus respirou exasperado. Jogou os braços para o alto, cansado de gritar. Ele não era de gritar, de nada adiantaria. Desta vez, Milo passou dos limites. Não sabia como olharia de novo para pedir desculpas a Marin… ou como explicaria o acontecido para um certo leão furioso. E, se não bastasse o constrangimento sabia muito que cairia em suas costas a responsabilidade. Tinham a mesma idade mas era notável a infantilidade de Milo em certos assuntos. Porém, neste ponto, reconhecia sua parcela de culpa. Sabia que o responsável por isso era ele: Milo era possessivo demais quando se tratava de algo que ele estimava muito.
Ah, Mas se não era este o exato problema de Camus! Sua amizade com Marin não tinha nada de mais. Não havia o segredo que Milo afirmava ter entre os dois com tanta convicção, os dois não escondiam nada. De ninguém. Eram apenas conversas banais, uma afinidade que fora descoberta por acaso e se aprofundara, nada demasi. Agora vendo o semblante do amigo, sua feição notoriamente magoada, Camus sentia-se culpado por largar Milo sozinho, como o próprio dizia.
Mas não fora completamente à toa que Camus se distanciara de Milo, oh não. Se a amizade com a amazona nascera da curiosidade compartilhada, a sua relação com Milo era completamente oposta: Não tinham nada em comum, visões do mundo diferentes, a frieza junto ao humor extrovertido. Fogo e Gelo, literalmente. Mas todas as adversidades não eram e nunca foram o suficiente para um ou outro admitir que existia alguém que o completava mais que o melhor amigo… não existiam barreiras, aparentemente. Camus era o melhor amigo de Milo assim como Milo era o melhor amigo de Camus. Uma parede intransponível… inabalável. Sólida.
Ele era o Cavaleiro de Ouro de Aquário, protetor de elite da Deusa Atena, o Mestre do Gelo e da Água. Mas antes de tudo, ele era apenas um adolescente cheio de hormônios, com dúvidas e perguntas sem respostas. Assim como Milo também o era.
Entretanto, todas as amizades sofrem abalos. As dúvidas nascem, crescem, amontoam-se desordenadamente se, por qualquer motivo que seja não são esclarecidas. A possessividade de Milo em relação a Camus o deixava potencialmente confuso. Das perguntas sem respostas, Camus encontrou em Marin uma possível alternativa de tentar obtê-las. Sim, foi calculado, mas não de modo a tentar afastar Milo de si. Isso nunca, Camus não conseguiria.
Sentia-se bem junto ao amigo como não acontecia com mais ninguém, entretanto, o seu bem-estar vinha aliado a algo que Camus não sabia precisar com exatidão do que se tratava. A quem se destinava. E porque veio a se incomodar com isso, ele percebeu, se permanecia junto a si há muito tempo. E Milo definitivamente não o poderia ajudar com isto.
Sentia-se atraído por ele, irremediavelmente atraído. Sentia vontade de abraçá-lo, correr suas mãos nas costas lisas e afagar os longos cabelos louros. Não como sempre fizera quando, por exemplo, sentavam os dois no pé de uma árvore ali no Santuário, com Milo deitado em seu colo, sonolento. Era diferente, era incompleto… era… Zeus o que era?
E, sem saber na verdade o que sentia pelo amigo resolvera se afastar. Para ordenar os pensamentos. Idéia não muito bem aceita por ele.
- Desculpe-me Milo. Sabe que sou seu amigo, não desconfiava que poderia se sentir sozinho. - era verdade.
Milo, por sua vez, não quis escutar as desculpas de Camus. Se o amigo queria uma outra companhia que não ele, o problema só poderia ter vindo de sua pessoa. Era um pensamento lógico: fora substituído. E o porque de ter sido trocado, Milo não sabia, não entendia, não aceitava!
E doía. Doía demais.
Mas acima de tudo, irritava. Todos sabem que um escorpião irritado não tende a ser compreensível em demanda, pelo contrário. Se Milo não era mais o melhor amigo de Camus algo acontecera para o fato mudar. Sempre se mantiveram unidos, distantes de presença física ou não. O rosto de Camus mostrava dúvidas e Milo detestava não poder saber as respostas.
Ambos não sabiam o que fazer. Milo não abriria mão de sua amizade, que, a seu ver, era o mais importante para ele acima de outras amizades no Santuário. Camus não tinha uma perspectiva pronta, não sabia o próximo passo, além de, neste exato momento sentir os dedos comicharem de ansiedade em tocar o rosto sofrido de Milo.
- Camus, eu... você... Cansou-se de mim? - Milo soluçava triste.
- Não, Milo, não... é lógico que não, seu tolo! - com dois passos largos Camus o abraçou. Foda-se a cautela, ele decidiu quando Milo circulou sua cintura apertando-o com força. Possessivo, tão possessivo! Um garoto tão forte que se desmanchava aos próprios sentimentos de forma insana: este era Milo de Escorpião. Por mais que tentasse Camus não era indiferente aos sentimentos que recebia tão abertamente do amigo. Não queria ser indiferente a isso. Não podia.
- Você me perdoa por descontar minha raiva em Marin?
- Isso é com ela, não comigo.
- Certo.
- Me perdoa por ser tão cabeça dura? - Camus arriscou saber após um tempo de silêncio.
- Cabeça dura você sempre foi! – ele riu divertido, a voz saindo abafada dos cabelos de Camus.
E como amigos de longa data o mais sério dos problemas era resolvido com pequenas implicâncias relevantes: descobriam-se tímidos. Típico. Problema resolvido.
Ele tinha um perfume gostoso, Milo pensava enquanto estreitava o amigo com um pouco mais de força. Não era perfume de frascos ou de shampoo: era o cheiro da pele que o atraía. Outras situações corriqueiras lembravam Milo de que não fora à primeira vez que sentira este perfume. Entretanto, em todas às vezes anteriores, Camus não estava tão perto de si como agora, ele constatava, respirando o perfume uma vez mais.
Por sua vez a respiração de Camus era irregular. A respiração de Milo roçava no seu pescoço fazendo seu autocontrole desmanchar… derreter como gelo. Camus sentia a pele queimar em contato direto com Milo, não pensava em nada a não ser o amigo tão perto de si. Tonto, embriagado… envenenado!
Verdadeiramente, Camus jamais poderia explicar o que lhe acontecia. Não agora, não neste instante. O peito arfava, a boca abria-se de vontade de provar a pele bronzeada tão próxima a sua... o desejo de beijá-lo crescia a cada instante.
Não se importava se estivesse errado. De fato, uma vozinha na sua cabeça dizia o quão certo poderia ser. Caso não fosse, esperaria um dia receber o perdão pelos seus atos. Ele não tinha certeza da reação de Milo quando descobrisse. Contudo, não queria pensar em mais nada a não ser Milo, o corpo de Milo, o toque de Milo e seus braços quentes em sua cintura, o rosto escondido nos seus cabelos como a lhe provocar, a boca risonha a lhe tentar: beije-me, toma-me para você.
E Camus fez. Com a ponta dos dedos e um leve chamado com voz baixinha no sotaque pronunciado – Milô… -, ergueu o queixo de Milo juntando suas bocas. E Milo ofegou. Pois não esperava, de forma alguma, que Camus fosse capaz de deixá-lo sem ar. Mas não o afastou como Camus supôs ao primeiro pensamento. Se pego de surpresa ou sequer tenha adivinhado o significado daquele beijo, Milo retribuiu. E era bom. Abriu a boca sob a outra que o tomava, delicada e prazerosamente, permitindo que a língua de Camus buscasse a sua, curiosa, explorando e procurando todos os recantos de sua boca... molhado, quente.
Por fim os dois sorriram, ainda juntos, as bocas que não permitiam se separarem, de se afastarem uma da outra. Ora Camus no comando, ora deixando-se levar por Milo. Tinha a doçura da amizade, os porquês das dúvidas, o prazer das respostas. Milo e seu ciúme, Camus e sua frieza fingida, os gestos felinos do Escorpião que o provocava ou o perfume francês que o deixava incapaz de pensar com clareza. De nada adiantava. Por mais que tentassem se afastar, de um jeito ou outro, o impossível se mostrava presente. Descobriram-se amigos, descobriram-se amados, descobriram-se essenciais para a vida de ambos: para Camus e Milo o prazer da descoberta.
Fim
N/A: Olá! Será que alguém ainda lembra de mim? *cri cri cri* Er… bom, depois da minha primeira tentativa em estrear o fandom de Saint Seiya com Vinho&Libido eu voltei! YEAH! QUE FELICIDADE, MEO! Voltei e desta vez com uma table montada por mim – um projeto que pretendo levar adiante, em outras palavras: ver o seu fim. Aliás, preciso de um nome para ela, coitadinha. Essa fic foi a primeira delas e as seguintes seguirão neste mesmo link, embora eu não prometa uma atualização freqüente já que todas são independentes e curtas. Reviews são bem vindas e obrigada por lerem.
