O Segredo dos Anjos II – Revelações.

By Dama 9 e Saory-san

Nota: Os personagens de Saint Seya não nos pertencem, apenas Diana e Aisty são criações únicas e exclusivas para essa trilogia, como os demais personagens não licenciados pela Toei.

Capitulo 1: A Missão - Parte 1.

.I - A Reunião.

-Se eu tiver que comparecer a mais uma reunião, pode me chamar de traidora, mas vou ser eu a tentar matar Athena dessa vez; Aisty falou num resmungo contrariado, enquanto subia as escadas para o último templo acompanhado de Kamus.

-Aisty, não blasfeme; ele a repreendeu, porém não pode evitar sorrir com a expressão contrariada da jovem.

Sabia que muitos cavaleiros estavam armados contra a deusa por causa da última reunião, nos os recriminava, mas não poderia permitir que aquele clima de tensão provocasse uma guerra interna.

A cada dia a oscilação de cosmo na encosta de Bejunte estava aumentando e Athena não permitia um ataque direito. Não sabia o que a deusa estava planejando, mas era melhor que tomasse uma atitude logo, ou pela primeira vez em muito tempo, teria que voltar-se contra ela, optando por permanecer ao lado daquelas que realmente tinham razão ali.

Entraram no salão, já encontrando todos reunidos e em seus lugares.

-Finalmente; Saga respondeu, lançando um olhar envenenado para os dois. Não gostava nem um pouco da idéia dos dois estarem andando juntos por ai o tempo todo, muito menos dela ter voltado a usar aquela porcaria para esconder a face.

-Algum problema, cavaleiro? –a amazona perguntou, num tom frio de voz, quando a temperatura do salão começou a cair, fazendo todos respirarem pesadamente.

-Deixe para lá Aisty; Kamus falou, colocando a mão sobre o ombro da jovem, indicando-lhe uma cadeira, puxando-a para a jovem sentar-se em seguida.

-É, não vale a pena; ela completou, num sussurro, porém não baixo o suficiente para o geminiano não ouvir.

-Bem, já que todos estão presentes, podemos começar...; Saori começou.

-Já não era sem tempo; Shura resmungou ao ver a amazona de melenas castanhas ao lado do amigo, como se estivessem completamente alheios àquela conversa.

-Por favor; Shion falou, lançando um olhar envenenado a Saga e Shura. –Se vocês pretendem desrespeitar a seriedade desta reunião, por gentileza, retirem-se;

-Desculpe; os dois sussurram, abaixando a cabeça.

-Senhorita, por favor, continue; o ariano falou, voltando-se para ela, que assentiu.

-Ontem à noite, alguns mensageiros do santuário nas ilhas, nos comunicaram que algumas coisas estranhas que estão acontecendo; Saori começou.

-Que coisas? –Aioros perguntou, com o cenho franzido.

-Ahn! É um cosmo estranho que se manifesta em alguns momentos do dia; Saori falou de maneira hesitante, sem saber como explicar exatamente o que estava acontecendo.

-Então, o que quer que façamos, senhorita? –Aisty perguntou, com um 'Qzinho' de sarcasmo na voz, impaciente demais para esperar que ela falasse de uma vez.

Todos voltaram-se para a amazona, que parecia impassível, mas pelo próprio tom de voz, sabiam que a deusa estava a um passo de voltar a fazer uma visita ao reino de Hades.

-Se são só cosmos estranhos se manifestando, podemos muito bem ir investigar; Diana sugeriu.

-Bem...; A deusa começou, porém foi cortada.

-Quais são as ilhas, quem sabe da tempo de ir ainda hoje e voltar pela noite; Aisty falou, nem um pouco disposta a ficar parada.

-Aisty, Diana, por favor; o Grande Mestre pediu, indicando a deusa com um olhar.

-Como quiser; as duas falaram, gesticulando displicentes.

-As ilhas são Delos e Içaria; ela respondeu, dando um suspiro cansado. –Vocês podem ir, mas...;

-Ótimos; as duas falaram a cortando.

-Então não vamos perder tempo; Aisty falou, levantando-se.

-Só um momento; Saga a cortou, vendo a jovem voltar-se para ele com um olhar mortal, mas apenas deu o seu mais inocente sorriso. –Senhorita não acha perigoso, elas irem sozinhas?

-O que esta insinuando, Saga? –Aisty perguntou, com os punhos serrados.

-Aisty, Saga esta certo; Kamus falou, gentilmente fazendo-a sentar-se novamente. –Por isso, vou com você; ele completou de maneira assustadoramente calma.

-O QUE? –o geminiano gritou, enfezado. –Essa idéia era minha; ele resmungou revoltado.

-Algum problema quanto a isso Saga? –Kamus perguntou, voltando-se para ele com um olhar dardejante.

-Saori, se é assim, eu vou com a Diana, elas podem se defender muito bem sem nós, mas não é bom andarem sozinhas por essas ilhas; Aioros falou compreendendo a gravidade da situação.

-Kamus, não é necessário, posso muito bem ir sozinha e voltar no final do dia; Aisty contestou, não querendo que ele se metesse em problemas.

-Estaremos de volta antes do pôr-do-sol; Diana completou, não querendo que o amigo se preocupasse de mais, por algo praticamente insignificante.

-Está certo, é melhor irem acompanhadas por precaução; Saori falou convicta.

-Mas Saori, não estou duvidando das habilidades de Kamus e Aioros, mas, não acha que ainda sim, é perigoso, não sabemos o que esta na parte interna da ilha; Shura falou com falsa preocupação.

-O que quer dizer com isso? –a amazona perguntou, sentindo Aioros pousar a mão sobre a sua, pedindo paciência, ignorando o baixo vociferar do outro cavaleiro mediante a isso.

-Bem...;

-Kamus, eu agradeço a preocupação, mas não é necessário; Aisty falou voltando-se para ele.

-Ahn! É impressão a minha, ou isso ainda vai dar rolo; Milo sussurrou para Aldebaran a seu lado.

-...; ele assentiu.

-Façamos assim então; Saga começou. –Eu vou junto com a Aisty, conheço melhor do que ninguém os mapas das ilhas, não vai ser difícil localizarmos o cosmo e voltarmos logo, afinal, é só uma missão de reconhecimento; ele falou, casualmente.

-O que? –ela perguntou indignada.

-Realmente, acho que vai ser melhor assim; a deusa balbuciou. –Está decido, Saga e Aisty vão para Delos, Aioros, Diana e Shura vão para Içaria;

-O QUE? –as duas amazonas, Kamus e Aioros berraram.

-Já está decidido; ela falou, veemente.

Aisty respirou fundo, tentando ignorar o sorrisinho satisfeito do cavaleiro do outro lado da mesa, quando lembrou-se de Kanon a seu lado.

-Kanon!

-Uhn? –ele murmurou voltando-se para ela.

-Aonde foi mesmo que você disse que aquela adaga estava guardada? –Aisty perguntou casualmente, olhando para o geminiano que ouviu surpreso o que ela disse.

-Embaixo do trono, porq-...;

-Ótimo; ela respondeu, levantando-se.

-Algum problema? –Saori perguntou, vendo a jovem sem mais nem menos sair da sala de reuniões;

-Aisty espera, eu tava só brincando; Kanon falou, correndo atrás dela, já que a jovem já sumira no corredor.

-Ahn! O que deu nela? –Milo perguntou confuso.

-Athena, eu se fosse você dormira com os dois olhos abertos; Diana falou, com um sorrisinho diabólico por baixo da mascara.

-Como?

-Nada não senhorita, ela só esta brincando; Aioros adiantou-se.

-Não, eu não estou; Diana respondeu voltando-se para ele, vendo o cavaleiro ficar branco. –Mas não se preocupe, estou eu aqui para garantir que nenhum idiota te use de bode expiatório; ela falou de maneira enigmática, tocando-lhe a face carinhosamente.

-Como? –ele perguntou surpreso, porém nem um pouco incomodado com a demonstração aberta de afeto.

-Cof! Cof! Cof! – Milo fingiu uma tosse seca, ao ver que o espanhol estava a ponto de matar o amigo novamente.

-Bem, vocês podem partir o mais rápido possível; Shion falou.

-Ótimo; Diana falou, levantando-se. –Aioros, podemos ir?

-Claro;

-Hei, não se esqueçam que eu vou junto; Shura falou indignado por ser ignorado.

-Jura? Pensei que você só estivesse querendo chamar a atenção com essa atitude patética; Diana rebateu sarcástica.

Serrou os orbes de maneira perigosa, ouvindo os risinhos dos demais.

-Vamos logo então; Aioros falou, colocando a mão sobre o ombro dela, puxando-a para fora da sala, antes que alguma coisa acontecesse.

II – Envoltos em brumas.

-Pedra, tesoura e papel!

-Pedra!

-Papel! -gritou a amazona ao mesmo tempo em que fechava a mão sobre o punho fechado do cavaleiro, a representação de uma folha enrolando a pedra. –Ganhei! –ela falou sorrindo divertida.

-Ah, não vale... Eu não ganhei nenhuma até agora; Aioros reclamou manhoso. –Mais uma vez vai? Pelo menos pra eu tentar ganhar uma vez que seja!

-Vale sim, papel embrulha a pedra, mas ta certo... Sempre foi assim, não é? Não suporta perder pra mim e eu não sei dizer não, quando você faz essa cara de...

-Cachorro abandonado?- Aioros interpelou-a num sorriso divertido e arrancando uma sonora gargalhada da amazona, como há tempos não ouvia.

-É; Diana falou ainda sorrindo pelo comentário. –Ta certo, vamos, mas não vale tentar me enganar como costumava fazer e...

-Eu enganar você? Imagine...; Sorriu Aioros fazendo uma expressão de falsa inocência e levando um tapa da amazona. –Ai! -murmurou fazendo uma careta de dor e esfregando o braço dolorido. Sabia que estava contrariada e franzia o cenho, mesmo sob a mascara. –Ta certo, mas então vamos lá, pedra, tesoura e papel...

Há quanto tempo estavam naquilo? -indagou-se Shura, que estava na poupa do pequeno barco motorizado, lançando um olhar de soslaio para a amazona e o amigo. Praticamente desde que saíram do Santuário rumo Içaria, estavam naquela brincadeira estúpida e infantil de "pedra quebra tesoura, tesoura corta papel e papel embrulha a pedra...".

Aquilo era algo deveras irritante. Riam feito duas crianças, enquanto tinha que guiar o barco e detalhe, sozinho. Aquilo o estava incomodando, incomodando demais...; Pensou Shura.

Ver a "intimidade" que tinham, vê-los se tocarem mesmo que de forma casta e inocente naquela brincadeira, o fazia sentir-se estranho.

Por que somente com Aioros, aquela muralha intransponível, aquela criatura inalcançável tornava-se uma pessoa comum? Descia do pedestal? Seu sorriso era doce, uma suave melodia que lhe invadia os ouvidos e o fazia desejar vê-lo moldar-lhe os lábios... Como seriam seus lábios?

Balançou a cabeça, afastando os recentes pensamentos, afinal o que isso importava? Além do mais, sentia que havia algo mais, muito mais que uma simples amizade entre aqueles dois, algo muito maior que os ligava de tal forma que não conseguia entender.

-Oras seu... IDIOTA! Onde estamos? Sabia que tinha sido uma péssima idéia deixar justo você guiar o barco; a amazona falou levantando-se de súbito e indo para cima do espanhol que havia se sentado e mantinha um olhar perdido, mal se dando conta que estavam envoltos por uma névoa prateada, onde não se podia ver nada além de meio metro de distância.

-Como...? -Shura indagou surpreso, piscando os olhos repetidamente até discernir a imagem a sua frente.

Com os punhos fechados sobre a camisa do cavaleiro, a amazona o fitava com uma expressão do mais puro ódio. Sabia disso, mesmo que aquele metal frio estivesse ocultando-lhe a face.

-Calma; Disse Aioros aproximando-se e tocando o ombro da amazona. –Não foi culpa dele, há algo estranho acontecendo aqui, vejam...

O cavaleiro apontou para a paisagem que se formava à frente. Ambos se voltaram deparando-se com a fina camada de névoa se dissipando e revelando a encosta rochosa do que deveria ser a tal Ilha das Brumas. Enormes paredões rochosos se levantavam como uma espécie de muralha natural. Ao longe ao norte da ilha, porém podia se ver uma rica vegetação, mesmo que somente as cúpulas das árvores pudessem ser vistas com precisão.

O estranho é que parecia não haver entrada ou saída naquela muralha que rodeava todo o pequeno arquipélago. Era como se fosse uma espécie de prisão onde as fortes muralhas de pedra serviam de proteção. Só não sabiam se para quem estava do lado de dentro ou se para quem estava do lado de fora.

O silêncio imperou, enquanto a pequena embarcação era arrastada de forma silenciosa até o lado leste da ilha. Seus passageiros mal se deram conta, era como se estivessem entorpecidos e maravilhados com o que viam e só se deram conta do ocorrido quando as brumas se dissiparam por completo revelando algo não visto antes, uma enorme entrada para uma gruta escura e úmida.

-Mas o que é isso? - Indagou Shura.

-Não sei; respondeu Aioros, enquanto aos poucos o pequeno barco adentrava a penumbra da caverna. –Mas temos que nos manter em alerta, isso está muito estranho.

Ambos concordaram com o sagitariano e cada um se posicionou em uma parte da embarcação, tinham que estar alerta diante do possível inimigo, porém alguns metros à frente a escuridão da gruta foi quebrada.

Pequenos, milhares de pequenos cristais de um tom dourado espalhavam-se sobre a orla escura e sobre o fundo do pequeno córrego dando a aquela paisagem obscura uma fraca luminosidade.

Bem ao fundo onde certamente seria a entrada para além das muralhas, uma cortina espessa de névoa deslizava ocultado a "porta" para a parte principal da ilha.

Aioros desligou o motor do barco, tendo o cuidado de oferecer apoio a amazona para que descesse também, fato que Shura mal notou diante da surpresa que invadia o seu ser diante daquela estranha descoberta. Ambos desceram molhando os pés e parte da barra das calças ao pisarem dentro do córrego e suas águas gélidas.

Nesse mesmo instante um ruído estranho chegou-lhe aos ouvidos, como se as paredes de pedra da caverna estivessem se movendo.

-Mas o que significa isso? –Shura indagou voltando-se para trás no exato momento em que a enorme entrada da gruta se fechava.

Ambos correram até a entrada, porém não foram rápidos o bastante, com um baque surdo a parede se fechou e um enorme circulo dourado estampou-se sobre a parede. Símbolos e dizeres estranhos como os de alguma nação há muito extinta. Um lacre que dificilmente se romperia.

Um lacre cintilante aparentemente composto por alguma magia antiga, formado a partir dos muitos cristais que haviam pelo córrego e sua orla; assim deduziram, pois que explicação dariam a tal fenômeno?

-Zeus...; Shura suspirou levando ambas as mãos a cabeça. –Mas o que significa isso?

-Que viemos ao lugar certo; Aioros respondeu saindo de trás de Shura e levando o indicador rumo ao circulo de energia, porém reprimiu-se sentindo a onda magnética emanada pelo lacre oscilar de forma ofensiva.

-E pior...; Diana que também estava atrás do espanhol, sussurrou. –Que estamos presos aqui graças ao excelente guia que trouxemos...

-Oras sua... O que quer dizer com isso? - Shura exasperou voltando-se para trás.

-Quer mesmo que eu responda?; Disse a amazona, apontando para o circulo como se o cavaleiro não fosse capaz de vê-lo. –Estamos presos aqui e é culpa sua! A entrada se fechou não viu?

-É claro que vi!; Exasperou Shura indo pra cima da amazona. O que queria dizer com aquilo? Que era cego? –Mas não é culpa minha se a entrada se fechou!

-Ah claro... Claro que não é; A amazona zombou movendo as mãos de forma displicente. –Quem é que nos trouxe até aqui? Me diga, quem?; Indagou enquanto se aproximava do cavaleiro como uma fera prestes a atacar. –Quem é que dormiu em meio à tarefa de guiar um simples barco?

-Oras sua...; Shura rosnou. Era sarcasmo e prepotência demais para uma só pessoa.

-Calma gente; Disse Aioros interpondo-se entre amazona e cavaleiro antes que se atracassem. –Isso tudo deve ter alguma explicação e bem... A outra entrada não está fechada...

-Você não está pensando em...; Começou Diana ao ver o sagitariano se afastar rumo á entrada coberta de névoa no lado oposto.

-Alguém tem que atravessar essa entrada e encontrar a saída. Deve haver outra saída além dessa pela qual entramos, quem sabe no lado oposto da ilha.

-Você não vai sozinho se é o que está pensando; A amazona fitou-o seriamente.

-Diana; Aioros sussurrou em tom de súplica, segurando-a pelos ombros.

Sabia que a amazona não permitiria que adentrasse o mundo oculto daquela ilha sozinho, porém não podia arriscar permitindo que não somente ela, assim como o amigo, lhe acompanhassem. Não sabiam o que lhes esperava do lado oposto.

-Entenda, não é conveniente que todos nós atravessemos, estamos em missão e...

-Coisas podem acontecer...; Interpelou Diana baixando a cabeça. –Eu sei e por isso mesmo você não pode ir sozinho, além do que está sem armadura; Disse por fim voltando a fitar o cavaleiro. –Eu disse que isso não seria uma boa idéia, virmos sem armadura e...;

-Eu vou; Respondeu Shura tomando frente.

-Você também está... ;

-Sem armadura. E isso importa? -interpelou o espanhol ao ver o olhar da amazona sobre si.

-É claro que importa e...; Aioros respondeu, aproximando-se do amigo.

-Eu vou e vocês dois ficam. Já está decidido Aioros!; Respondeu Shura lançando um olhar do tipo que não admitia contestações e começou a se afastar. –Mas caso eu não volte em meia hora...; Começou olhando para o relógio de pulso.

-Meia hora?; Interpelou a amazona. –Quinze minutos já serão o suficiente pra você se enrascar, pode ter certeza. Que chances alguém que mal sabe guiar um barco, teria numa ilha desconhecida e envolta em brumas? Acredite não é uma boa idéia deixar justo você fazer tal tarefa, a de verificar o terreno e...;

-E? O que acha que eu sou? Sou um Cavaleiro de Ouro e lhe provarei o quanto está enganada ao me subestimar de tal forma, amazona; Disse Shura em tom ferino antes de se voltar e sair da caverna.

Não estava mais suportando aquela situação e enfrentar o desconhecido sem sombra de dúvidas seria muito melhor que ficar ali discutindo com aquela mulherzinha prepotente e ainda por cima ter de assistir aos seus "flertes" com o amigo; pensou.

-Shura...; Gritou Aioros, mas o amigo já havia sumido.

-Idiota; Praguejou Diana enquanto sentava-se no chão. –Aquele idiota vai nos trazer problemas você pode ter certeza. Eu fui à única a vir de armadura, deveria ter sido eu a sair e não aquele... Aquele... ;

-Shura; Respondeu Aioros voltando-se para trás e sentando-se ao lado a amazona que o olhou confusa. –O nome dele é Shura. Olha, acho que você tem razão, não devíamos tê-lo deixado partir sozinho, mas acredite, Shura é um excelente cavaleiro, não deve subestimar o potencial que ele tem e que é grandioso.

-Tão grandioso que usou desse "poder" para te matar a treze anos, não foi?

-Quem foi que te disse isso?; Aioros voltou-se surpreso para amazona, mas a mesma fitava o córrego a sua frente como se não tivesse dito absolutamente nada.

-Isso não importa; Respondeu por fim se voltando para o cavaleiro.

-Importa sim, porque eu não sei o que lhe disseram, mas não foi culpa dele. Já te disse isso uma vez e repito, quando isso aconteceu, ele estava sendo controlado por outra pessoa, portanto não teve culpa alguma; Aioros respondeu com veemência definitivamente a fim de encerrar essa história.

-É claro que teve, por não ter auto controle suficiente, por não saber distinguir o certo do errado... Que tipo de pessoa mata o melhor amigo?; Indagou descrente, voltando a fitar os cristais dourados do córrego novamente. –Laços como esses não são apagados tão facilmente e...;

-Você o odeia? –Aioros indagou, tão diretamente que pode sentir a tensão pairar sobre a amazona com a pergunta.

-Ahm? - Diana indagou confusa. –Como...?

-Me desculpe, mas o grau de inimizade entre vocês dois está se tornando gritante a cada dia. Eu sei que isso não me diz respeito, mas o que foi que ele te fez para você o detestar dessa forma?

-Quer que eu enumere?

-Diana; Aioros falou pausadamente diante do tom irônico da amazona.

-Quer que eu goste de um idiota machista capaz de assassinar o melhor amigo?; A amazona rolou os olhos. –Me poupe Aioros...;

-Acho que você o trata assim apenas para mantê-lo longe...; Murmurou Aioros, em seguida fixando os orbes sobre o córrego com um olhar perdido.

-Como?; A amazona voltou-se para o lado, estranhamente sentindo um arrepio subir pela espinha.

-Vai dizer que não percebeu que apesar das desavenças entre vocês, ele sempre está tentando se aproximar de você de alguma forma? –Aioros indagou voltando-se novamente para a amazona que desviou o olhar.

-Não estou entendendo onde está querendo chegar com tudo isso;

-Simples. Você não o odeia e nem ele a você, vocês só...

-Nos amamos? -a amazona falou arqueou a sobrancelha. Simplesmente não conseguia acreditar no que acabara de ouvir. –Me poupe Aioros; Bufou irritada.

-Às vezes eu até acho que sim...; Aioros murmurou com um olhar distante. O dizer popular que dizia que existe apenas uma tênue linha que separava o amor do ódio, não lhe saída cabeça e parecia por demais irônico agora.

Ficaram em silêncio por alguns instantes. Não sabia o que responder ao cavaleiro e ele por sua vez havia se trancado em seus pensamentos. Porém não estava a fim de jogar o jogo do silêncio, não com ele.

-Quem sabe da mesma forma que Apolo me ama, não é? -bufou a amazona por fim quebrando o silêncio.

Viu-o continuar distante, os olhos fixos em algum ponto qualquer. Suspirou desanimada endireitando a coluna que já começava a doer devido ao tempo em que estavam sentados e exerceu uma atitude no mínimo inusitada.

-Se importa?

-O que?; Aioros murmurou confuso enquanto voltava os olhos para a amazona que havia se aproximado repentinamente.

-Acho que o seu amiguinho vai demorar alguns séculos a voltar então...; Ponderou dando as costas para o amigo. –Melhor esperar deitada...;

-Ahm? -Indagou Aioros. Cada vez menos entendia o que a amazona queria dizer, mas logo percebeu ao senti-la repousar a cabeça em seu colo enquanto deitava-se de costas sobre o chão frio sem ao menos se importar com a umidade.

-Imagine, de forma alguma...; Sussurrou enquanto um doce sorriso desenhava-se em seus lábios. Sentia falta disso, de tê-la por perto e principalmente como uma pessoa comum.

-Obrigada; Ela bocejou repousando as mãos sobre o corpo. –Se eu dormir não vai ficar bravo comigo vai? Desculpa, mas estou morrendo de sono; Bocejou mais uma vez.

-Não. É claro que não...; Sorriu Aioros.

III – Rumo a Delos.

Fechou os olhos, sentindo o cheiro do mar invadir-lhe as narinas. Faltava pouco para chegarem, duas horas já haviam se passado desde que saíram do santuário e na praia tomaram uma escuna para Delos.

Sentiu uma veinha saltar-lhe na testa por saber que não conseguia sair naquela missão sozinha. Pelo contrario, a poucos metros atrás de si, seu acompanhante descansava despreocupadamente sobre uma espreguiçadeira.

Óculos de sol. Uma calça larga e a camisa branca cujos botões jaziam abertos. Parecia dormir, embora estivesse com todos os seus sentidos em alerta.

-"Abusado"; Aisty pensou irritada.

Só estavam ali porque a concentração do cosmo de Apolo surgira novamente e estranhamente era em algumas ilhas conhecidas. Sabia que a divindade não iria demorar muito para manifestar-se, pelo contrario, ele fora bem mais rápido do que calculara. Só esperava que Diana estivesse bem, não seria nada legal a amazona ferir-se em meio aquela missão, embora estivesse acompanhada de dois cavaleiros de ouro.

Lançou um olhar de soslaio para seu 'acompanhante'. Bufou ainda mais irritada, deveria ter aceitado quando Kamus se oferecera para ir, mas não, tinha de recusar no final, Athena acabou mandando Saga vir consigo.

-"Será que vou ser acusada de traidora se tentar matar Athena?"; ela pensou, com um sorriso maroto, pensando nas possibilidades, se a deusa houvesse sido um pouco mais firme em sua decisão de deixá-la ir sozinha, aquela mala sem alça que dormia largado sobre a espreguiçadeira, não estaria ali.

Há quem estava querendo enganar? -ela pensou, passando a mão nervosamente pelos cabelos. Caminhou até a frente do barco, sentando-se sobre o chão e deixando as penas penderem para fora da guarda. Viu a água correr abaixo de si. Suspirou cansada, apoiando os braços sobre a guarda metálica.

-"Droga, para de pensar nele"; Aisty recriminou-se, por ainda lembrar-se do que acontecera no dia anterior. O toque quente e viciante dos lábios dele sobre os seus e depois... –Maldição; ela praguejou.

-Ninguém nunca te disse que ficar praguejando desse jeito é feio; Saga comentou, com um sorriso maroto, sussurrando-lhe ao pé do ouvido.

-Grrr, me deixa em paz; Aisty mandou, ameaçando levantar-se, mas sentiu o mesmo apoiar ambas as mãos sobre seus ombros, impedindo-a.

-Sabe, ainda me lembro bem como seus olhos queimam quando esta irritada; ele comentou, segurando-lhe a face, com a ponta dos dedos em seu queixo, fazendo-a encarar-lhe. Um meio sorriso surgiu nos lábios do cavaleiro.

-Idiota; ela rebateu, afastando-lhe a mão e levantando-se com pressa.

-Você pode correr, mas sabe que não pode fugir de mim por muito tempo, muito menos do que sente; Saga falou, segurando-a pelo braço, enlaçando-a pela cintura de forma que pudesse apoiar o queixo em seu ombro.

-Não estou fugindo de nada; a amazona rebateu seca, embora não houvesse desistido de se esquivar dele.

-Ótimo; Saga falou, num sussurro atrevido e sedutor ao pé do ouvido. –Nem eu quero que fuja; ele completou, não conseguindo evitar de aspirar a essência suave de menta emanado pela jovem.

Aisty engoliu em seco, não era certo. Aquilo estava completamente errado; ela concluiu, afastando-se bruscamente dele e indo para o lado oposto o barco.

-"Uhn! Ainda vou descobrir porque se esquiva tanto"; ele pensou, caminhando até a espreguiçadeira que estava, ainda teriam mais uma hora até chegar a ilha.

-o-o-o-o-

Longos minutos haviam se passado, encostou a cabeça de encontro à parede rochosa. De fato Shura estava realmente demorando. Esperaria mais alguns minutos e se ainda sim o capricorniano não retornasse, sairiam em seu auxilio, porém se pudesse jamais sairia daquela gruta.

Será que estava realmente dormindo? –ele se perguntou enquanto os dedos brincavam com as madeixas escuras dos cabelos da amazona que ainda jazia em seu colo. Como desejava poder vê-la sem aquele empecilho que havia se tornado a fria mascara de prata. Rever os orbes azuis e o seu sorriso.

Aquele sorriso que o encantara desde a primeira vez que os viu...

-Aham! Aham...; Pigarreou.–Atrapalho?

-Shura? -Aioros indagou despertando de seus pensamentos e voltando-se para a entrada da caverna.

O amigo o fitava com uma expressão no mínimo estranha, um misto de sarcasmo e raiva; constatou ao ver que os orbes castanhos cintilavam de forma que definiria como perigosa e assassina.

-Mas é claro que...; Começou Aioros, mas ponderou, por fim entendendo o porquê daquela atitude estranha. Os orbes castanhos simplesmente mantinham-se cravados sobre a amazona deitada em seu colo.

-Desculpe-me se atrapalhei as suas...; Disse Shura cerrando os orbes e antes que Aioros pudesse responder uma voz feminina chegou-lhe aos ouvidos.

-Aioros...?; Murmurou a amazona antes de se sentar, espreguiçando-se demoradamente. –Ah... É você; Disse lançando um olhar do mais puro desdém ao espanhol. –Até que enfim, achei que não ia mais voltar...;

-Falando assim até parece que isso lhe é importante; Disse Shura aproximando-se da amazona que havia se levantado e recolocava o arco nas costas, sem ao menos se importar de ter sido pega em mais um de seus "flertes" com o amigo; pensou.

-E não é; Respondeu por fim se voltando para o espanhol, que franziu o cenho contrariado. –Mas infelizmente estamos em missão e isso quer dizer que temos que cuidar para que todos voltem são e salvos para casa, porém...; Ponderou segurando o pulso do sagitariano que havia acabado de se levantar. –Uma hora e meia? Por Zeus, foi até a China e voltou foi? –ela falou após mirar o relógio de pulso do amigo.

-Uma hora e meia? Não levei mais que meia hora pra voltar; Exasperou Shura olhando para o relógio no próprio pulso. –Parece ter contado os minutos desde que saí... Ficou com saudades foi? – ele zombou com um sorriso maroto lhe moldando os lábios.

-Claro; Respondeu a amazona no mesmo tom jocoso. –Da mesma forma que sentiria saudades do Pepe Lê Gambá.

-Oras sua...

-Chega! – Aioros exasperou mais uma vez interpondo-se entre amazona e cavaleiro. –Será que dá pra vocês dois pararem um minuto sequer? Estamos em missão, estamos presos por conta daquele lacre, não sabemos o que nos aguarda nessa ilha e vocês só pensam em discutir? - disse apontando para o enorme circulo dourado logo atrás de si. –Chega; Suspirou cansado.

-Tem razão, estamos perdendo tempo; Respondeu a amazona.

-Há três caminhos; Shura começou a explicar por fim, chamando-lhes a atenção. –Três caminhos diferentes e que vão dar no mesmo lugar, um lago;

-Um lago; indagou Aioros.

-Sim, um lago, mas não há nada mais do que isso, além de musgo e pedra. Em frente ao lago uma encosta rochosa como a da entrada se ergue e nada mais.

-Nada mais?; Indagou Diana. –E as tais pistas sobre os passos de Apolo?

-Não encontrei nada que evidenciasse isso, nem o possível inimigo enviado por ele. É como se apenas nós três estivéssemos aqui, se não fosse por esse lacre que nos deixou presos nessa ilha. A ilha está aparentemente vazia.

-Qual é o verdadeiro intuito de Apolo afinal? -Indagou Aioros enquanto tentava digerir a informação.

-Talvez esperar que morramos de fome, porque, a encosta além do lago parece ser indestrutível, não há um lacre a protegendo como o da entrada, mas ainda sim nada é capaz de derrubá-la. Eu tentei, concentrei todo o meu cosmo, mas estranho...; Ponderou Shura com um olhar distante. –É como se toda essa ilha estivesse envolta por um campo de força invisível...;

-Concentrou todo o seu cosmo?; Indagou a amazona no tom zombeteiro de sempre, tirando o cavaleiro de seus pensamentos, porém antes que mais uma discussão se iniciasse Aioros interviu.

-Talvez se nos unirmos, os três juntos, possamos derrubar a encosta, mas o lago...;

-O lago deve ser um ponto importante, afinal se todos os caminhos terminam lá; Disse Diana. –Talvez as pistas estejam submersas numa espécie de templo aquático, sei lá, por que explicação teria a presença daquele lago?

-Tem razão; respondeu Aioros.

-É faz sentido, mas... Campo magnético, templo submerso... Só falta ter um guardião embaixo do lago, um monstro talvez? -Indagou Shura sem conter um meio sorriso. Era fantasioso demais para ser verdade.

-Monstro...; Ponderou Diana perdida em seus pensamentos, tanto que nem notou o tom jocoso nas palavras do cavaleiro. –Aisty falou sobre possíveis monstros mitológicos que Apolo despertaria talvez um deles seja o guardião dessa ilha e crie esse campo magnético que nos prendeu aqui;

-Tem razão agora às coisas começam a fazer sentido, as brumas, o circulo... Vamos, temos que procurar pelo tal guardião o mais rápido possível. Definitivamente não temos tempo a perder; Aioros falou caminhando até a entrada coberta de névoa sendo seguido por Shura e Diana.

Continua...