Capítulo Um: Pela última Vez:
Tudo que havia na sua mente parecia ter uma necessidade própria de se desvanecer. Como o movimento do trem, sempre progressivo, tudo parecia querer ser deixado para traz. E Lílian Evans fazia o possível para tentar manter sua mente vazia. Assim, convencida de que não seria capaz, recostou sua cabeça no banco e procurou fazer aquilo que sabia fazer melhor: ignorar.
Afinal, aquela repulsa que sentia de Tiago Potter certamente a faria apta a ignorá-lo. Ou não? Por que não, se foi o que fizera durante todos os outros anos passados? Mas era simplesmente irrelevante tê-lo no mesmo espaço que não fosse compartilhado com qualquer outra pessoa que fosse-lhe capaz de distrair a sua mente ou outras ocupação extra-escolares que não o incluísse. Não, não havia mais isso. E Lílian teve vontade de se matar por isso.
Mas ela não tinha culpa, afinal. Ela obrigou-se a ressaltar-lhe. Fora apenas a sua dedicação e seriedade, toda aquela disciplina imposta por ela mesma em tudo o que fazia e a sua educação que a levara àquilo tudo. E isso não era mal. Que culpa tinha ela, portanto, se Tiago Potter, como ela também, havia tornado-se Monitor-Chefe? Mas ela, sinceramente, não o via de modo algum capaz de fazer qualquer coisa que prestasse, ou ajudasse-lhe.
A verdade, no entanto, não era a aptidão nata de Potter por não fazer nada, brincar ou fazer alguma palhaçada; Lílian apenas tinha repulsa dele. Deus! Ele era simplesmente nojento e esnobe. Ele achava que podia fazer tudo que lhe desse na cabeça. Mas não. Ele deveria pensar, achava Lílian, exatamente o contrário. Que direito ele tinha, na realidade, de humilhar as pessoas? De fazer gracinha com qualquer ser? E, apesar de Tiago chamá-la para sair com ele, incessantemente, na realidade, apenas a fazia ter ânsias de vômito ao escutá-lo dizer: "Ei, Evans! Saia comigo uma vez!".
Ela olhou ao seu redor novamente. A cabine estava vazia. Mas, aliás, ela definitivamente não esperava que Tiago fosse passar a viagem de volta para Hogwarts numa cabine onde apenas estava ela, a CDF insuportável, moralista e que não conversava com ninguém. Afinal, ele era Tiago Potter, o famoso apanhador do Quadribol, invencível, que namorava muitas garotas do colégio, o protegido de Dumbledore, amigo de Sirius Black. É, ele era Tiago Potter.
Lílian suspirou e, sem ao menos esperar que alguém entrasse naquela cabine, pegou um livro e continuou a lê-lo, sem entender, ou procurar entender qualquer coisa escrita, principalmente porque, com o livro de cabeça para baixo, aquilo tornava-se praticamente impossível. E, então, para a sua completa surpresa, ela novamente pegou-se pensando em Tiago, mas diferentemente, do modo como ele havia melhorado um pouco do ano que passara para o final desse. Ele estava um pouco menos arrogante. Muito pouco, ela ressaltou. Mas estava.
E a viagem passou-se naquele ritmo lento. Entre pensamentos e leituras pouco eficientes, mas passou. Olhando várias vezes para a porta, prevendo a chegada de Tiago, ela desistiu no final, e tentou guardá-lo num canto obscuro de sua mente. Contudo, ele vinha assombrar-lhe de vez em quando, suas mãos, costumeiramente, indo ao cabelo, bagunçando-o ainda mais. Aquilo era o maior charme dele, as meninas achavam.
De repente, antes que o Expresso começasse a diminuir a sua velocidade, inesperadamente, a porta da cabine abriu-se num estrondo grosso. E, assustada, Lílian pulou de seu acento para encarar a pessoa que ela intimamente já sabia quem era, antes mesmo de levantar os olhos para encará- lo com ferocidade e raiva, contudo, pouco abalando-o pela recepção nada calorosa.
- Você deveria ter vindo muito antes. - Ela disse entredentes, a voz medida.
- Deveria, mas não vim, Evans. Você esperaria isso de mim, afinal? - Tiago retrucou com a voz suave, pouco surpreendendo-a.
- Não. Mas, no fundo, Potter, a gente acredita que as pessoas ainda podem mudar. Ou não?
- Sim, da mesma forma como eu acredito que você pode mudar suas idéias, aceitando sair comigo. - Ele sorriu, ajeitando os óculos.
- Cala a boca, Potter. Você sabe muito bem o quanto eu te considero. - Lílian retrucou, olhando-o com ódio. Vendo a pontinha de esperança que tinha sobre sua suposta mudança, esvanecer-se completamente.
- Parece que você não me considera. - Tiago deu de ombros. - É o que acho. Mas, como você disse, eu tenho esperanças que isso mude. - Ele continuou indiferente, abrindo novamente a porta, preparando-se para sair.
- Eu já te disse pra calar a boca. - E, vendo-o retirando-se da cabine, acrescentou - Ei! Onde você vai?! - Ele voltou-se.
- Eu vou sair daqui. Aliás, penso eu que a minha companhia não lhe agrada.
- Não mesmo. Mas você É um Monitor-Chefe. Você tem que ficara aqui! - Ela disse, apontando para o chão com firmeza.
- Esqueça as regras por alguns instantes, Evans. - Tiago retrucou subitamente impaciente e esgotado. - Você não me quer aqui. Então, eu não vou ficar aqui escutando suas reclamações sobre mim.
- Eu não vou e nem quero falar com você. Certamente não escutará a minha voz.
- Vou ficar aqui, olhando pra sua cara, sem dizer nada?! Não, receio recusar o seu delicioso convite. Apesar de eu achar seu rosto lindo, só olhá-lo seria muito monótono.
E, sem dizer nenhuma outra palavra, ele saiu, encostando a porta às suas costas, deixando Lílian completamente surpresa.
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Sirius parecia entediado. E, geralmente quando Sirius estava entediado, as coisas não corriam muito bem. Assim, usando todo o seu auto-controle, Tiago sentou-se ao lado do amigo e não falou nada. Entretanto, após alguns instantes, para o seu total alívio, o trem começou a diminuir sua velocidade e os alunos começaram a se preparar para descer. Ele, Sirius, Remo e Pedro, que estavam numa das cabinas no final do trem, impulsionaram- se para o início do corredor, atrás de outros alunos.
Logo, ele viu Evans sair da cabine dos Monitores-Chefes, se possível, ainda mais mal humorada e raivosa. Ela olhou-o por alguns instantes, analisando- o, antes de descer e cumprimentar Hagrid num aceno gracioso, com uma voz doce e calma que ele próprio nunca a tinha visto usá-la. Lílian poderia ser uma garota doce se quisesse, ele pensou. Mas ela parecia fazer questão de mostrar-se contrária a isso a todo instante, pelo menos quando estava perto dele.
Assim, tomando rapidamente a frente dos outros alunos, e unindo-se aos Monitores das outras casas e à Lílian, Tiago começou, junto dos outros, a organizar os alunos nas carruagens, e depois entrou na primeira da fileira enorme, com eles.
Sorrindo, ele viu que Lílian tomara o lugar exatamente o mais longe possível dele. E Tiago ainda fez o possível para que aquilo não o chateasse. Mesmo sabendo que aquele tipo de reação o deixava sinceramente abalado. Ainda que tentasse ironizar a situação mentalmente, ele sempre acabava por concluir que Evans era uma garota difícil. Assim como ela percebia que ele era impressionantemente persistente.
Hogwarts permanecia intacta. As pequenas torres, e as enormes delas, formando um quadro imperioso diante da pequena visão que a janelinha da carruagem lhe proporcionava. Era a última vez que ele a via daquele modo. Era a última vez que ele entrava naquela carruagem que lhe enviaria a mais um ano de estudos, brincadeiras e confusões. E, a partir dali, ele teria de ser responsável, teria de sobreviver com suas próprias pernas, e ele não teria mais os doces olhos azuis de Dumbledore zelando por ele a todo instante. E Tiago não gostou muito disso.
Certamente, ele tentou pensar, teria outras vantagens nisso. Mas, absolutamente, pensar em tornar-se totalmente independente, era assustador. E, rapidamente ele afastou esses pensamentos da mente, e assim que a carruagem parou, desceu a tomou a frente da enorme fila de alunos que formava-se logo às suas costas.
Ao seu lado, ele percebeu vagamente, Lílian parecia tremer. Tiago sorriu, imaginando-se reconfortando-a. Teve de sorrir ao imaginar o belo tapa que levaria em troca de sua gentileza. Ela não lhe era realmente muito amável.
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Logo que a cerimônia de seleção terminou, assim como o jantar, Lílian levantou-se apressadamente para encontrar-se com a professora McGonagall, que informou-lhe a senha para a Torre da Grifinória. Então, rapidamente dirigiu-se para fora do Grande Salão e esperou os grifinórios formarem certa ordem às suas costas.
Tiago não apareceu. Entretanto, Lílian já estava surpreendida pelo fato dele ter se apresentado guiando os alunos até as carruagens e delas aos portões do castelo. Já era o suficiente, pelo menos para ele. E Lílian achou que não deveria esperar mais que isso.
Então, quando já passava pelo retrato da Mulher Gorda, ela pôde escutar a voz espalhafatosa dele e de Sirius, os risos incessantes de Pedro e a voz neutra de Lupin. Evans simplesmente não entendia como uma pessoa sensata como Remo era capaz de se sociabilizar com animais como Potter, Black e a cobaia de Pettigrew. Assim, ignorando-os, ela indicou o caminho dos dormitórios para os primeiranistas, e rumou para o seu próprio.
Era sempre reconfortante chegar em seu dormitório e ver seu malão ao pé de sua cama. Tudo sempre em perfeita ordem. Então, sorriu de pura nostalgia ao recordar-se pequena, entrando pela primeira vez naquele dormitório, encontrando-o daquele modo. Ficara certamente fascinada. Aliás, tudo ali a tinha fascinado à primeira vista. E parecia que ela finalmente havia encontrado a sua casa. Mesmo que naqueles dias, Evans tentasse se convencer do contrário, apenas para aliviar o aperto no coração e o nó que sentia na garganta cada vez que sua mente ressaltava-lhe que aquela era a última vez que saltaria do Expresso, entraria naquele Salão maravilhoso, assistiria à Seleção dos alunos mais novos e depois iria dormir no quarto de puro silêncio, com a vista do enorme lago abaixo de sua janela, o vento frio da noite cercando-lhe.
Então, após alguns segundos, Seren e Dian McCarthy, as gêmeas setimanistas, loiras, magras e azedas, entraram resmungando, como de costume. E após alguns instantes, Lorena Pimont, uma baixinha enfezada, dera o ar de sua graça, e Lílian teve certeza que era hora de dormir.
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- Ei, Pontas, você não deveria ficar deitado aí a manhã inteira.
- Hã?! - Perguntou Tiago numa voz sonolenta, enquanto lentamente lutava para abrir os olhos.
- Você perdeu o café da manhã, seu grande preguiçoso. - Disse Sirius, numa voz de desinteresse, enquanto trocava seu pijama pelas vestes da escola.
- Perdi? - Ele sentou-se, esfregando os olhos. - Bem, acho que Evans não ficará muito contente.
- Ela deveria ter previsto que você não irá ser muito responsável nesse cargo.
- Mas eu estou me esforçando. - Retrucou Tiago, colocando suas pernas para fora da cama, lentamente, tentando se livrar das cobertas.
- Eu estou vendo. - Sirius respondeu, em tom debochado.
- Eu não disse que estava conseguindo. Eu só estou tentando. - Retrucou Tiago, entrando no banheiro. Então ele voltou para o quarto, com a escova de dentes dentro da boca. - Botê den de imborta!
- Não. Eu nem tenho nada com o que me preocupar. - Disse Sirius, dando de ombros. Tiago apertou os olhos em reprovação, e voltou para o banheiro.
O Salão Principal estava meio vazio. Certamente não havia qualquer pessoa que se pudesse qualificar como responsável, já que ali, estavam perdendo a primeira aula do dia. Obviamente, Tiago e Sirius não se importaram, era melhor passar o tempo comendo, do que dormindo na aula do professor Binns.
- Eu estou começando a me cansar das mesmas garotas de sempre. - Disse Sirius de repente.
- Claro. Além do mais, aqui tem muita garota baranga, pro meu gosto.
- Bem, acho que não para o Seboso. Você ficou sabendo com quem ele apareceu de mãos dadas ontem a noite? - Perguntou Sirius, seguindo um sorriso.
- Não... Quem?
- Com Annia Nott. - Ele riu. - A pior de todas!
- Você acha? Bem, a pior é a Livy Parkison. - Comentou Tiago, servindo de bolachas.
- Bem, Parkison não tem muitas alternativas; ela nasceu feia daquele jeito. - Ponderou Sirius, por alguns instantes. - Então, ela optou por tornar-se o brinquedo da Sonserina. Pode ficar certo de que ela nunca dorme sozinha. - Sirius fez uma careta
- Mas ela não deixa de ser baranga. - Opinou Tiago, torcendo o nariz.
- Não, não... Mas ela não deixa de ter utilidades.
- Horrível! Péssima tese. Horrivelmente machista! - Reclamou Andrômeda, sentando à frente dos dois.
- Então o que você acha sobre ela? - Perguntou Tiago, vendo Sirius, travar uma luta com a prima, quando esta roubou-lhe um biscoito.
- Bem, ela é uma piranha. Feia, gorda, nojenta e burra. Só isso. Ela não tem utilidade. Huh! - Ela exclamou quando perdeu o biscoito para o primo.
- Obviamente não para você. - Sorriu Sirius, maliciosamente.
- Ora, cale a boca. Você, por acaso, teria coragem de beijar aquela boca nojenta?! - Sirius ponderou durante alguns instantes. E Tiago respondeu por ele:
- Teria. - Andrômeda torceu o nariz e esticou a língua, com nojo. - Sirius encara qualquer coisa. Desde que use saias e não tenha antecedentes bissexuais.
- Ei! Não é bem assim! - Sirius protestou - Eu nunca sairia com a Parkison! Ela USA saias e não tem antecedentes bissexuais, pelo menos não que eu saiba.
- Você já saiu com Seren. - Acusou Andrômeda com um sorriso vitorioso.
- Isso não é mal. - Respondeu Sirius maliciosamente. - Ela não é feia. Pode ser chata. Mas tem bastante atrativos físicos. - Andrômeda suspirou, desistindo, e apoiou o queixo com as duas mãos entrelaçadas, encarando os dois garotos à sua frente.
- Por que você está perdendo aula, And? - Questionou o primo.
- Você não está no direito de exigir alguma coisa de mim... - Ela acusou.
- Culpa do Tiago. - Defendeu-se apressadamente.
- Eu não acho que tenha sido isso. - Começou Andrômeda - Pelo menos não apenas isso... Você tem noção do quanto uma aula de História da Magia é chata, não é?! - Ela pegou biscoito, vendo os garotos concordando. - Eu não me preocupo com isso. Nunca ouviu-se falar de um ser que tenha sido reprovado na matéria daquele fantasma chato.
- Não que eu saiba. - Concordou Tiago.
- Ah! A propósito, Tiago... Evans estava furiosa com você hoje. - Ela riu. Tiago deu um meio sorriso, decepcionado.
- Nada que realmente me assuste.
- Ou nada que as pessoas já não estejam acostumadas. - Riu Andrômeda e Sirius. Tiago apenas pareceu mais desanimado.
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- Perdão, professor McGoen. - Sorriu Lílian, aproximando-se do mestre de poções, delicadamente, ela explicou-lhe o motivo de seu atraso, e olhou a sua volta procurando uma carteira vazia.
Lílian não pareceu muito contente em visualizar uma lugar vago, no final da sala, ao lado de Potter, que por sua vez, mal a enxergava, enquanto fazia gracinhas junto de Sirius e Andrômeda, sendo censurado por Remo e aplaudido por Pettigrew. Entretanto, quando ela começou a caminhar naquela direção, com relutância, Andrômeda deu-lhe um forte cotovelada nas suas costelas, apontando para Lílian com os olhos, Tiago finalmente a viu; e Evans poderia jurar tê-lo visto encolher-se em sua cadeira. Então sentou-se, sorrindo levemente para Lupin, ignorando os outros presentes. Potter pareceu sinceramente decepcionado.
- Você está de mal humor. - Ele afirmou enquanto copiava o plano de aulas daquele ano do quadro negro, sem realmente encarar-lhe.
- Você não tem nada a ver com isso. - Lílian respondeu rispidamente.
- Por que você não fala para ele - intrometeu-se Andrômeda, com voz amena. - como você o estava xingando durante a manhã, tanto que acordou a todas nós com seus gritos! - Ela pareceu indignada, Tiago mal abalou-se.
- Potter deve saber que ele me irrita constantemente, Black, tanto que deve saber também, que vivo xingando-lhe pelas costas.
- Isso realmente não me assusta. - Explicou Tiago para Andrômeda, virando- se de costas para Lílian.
- Tiago, ela realmente não faz esforço para ficar irritada ou falar mal de alguém. Não se preocupe, não é nada pessoal. - Os dois riram e voltaram a escrever. Lílian ficou muito irritada.
- Você deveria ter acordado cedo e ter me ajudado a distribuir os horários hoje! - disse Evans, voltando-se para ele, com raiva.
- Deveria, mas não fui. - Sorriu Tiago, faceiro, e com seu ar de culpa assumida sem remorso costumeiro.
- Ai! - Lílian grunhiu silenciosamente para ele. - Você nunca deveria ter sido escolhido para Monitor-Chefe! - Ela reclamou irritada.
- Não deveria, mas fui. - Ele sorriu, enquanto Andrômeda e Sirius gargalhavam o mais silenciosamente possível, e Tiago juntava-se a eles, numa risada incessante. Lílian chutou Tiago na canela, com força, e ele parou de rir, instantaneamente, e o riso dos Black foi morrendo gradativamente em seguida.
- O humor da Evans é inalterável. - Começou Sirius a explicar, repentinamente. - Ela é constantemente mal-humorada. - Ele terminou num riso silencioso acompanhado da prima. Tiago apenas sorriu para Lílian, e começou, em tom afável:
- Isso faz com que você pareça velha e ranzinza, ou chata. - dizia numa voz quase paternal, como se explicasse alguma coisa para uma garotinha de quatro anos. - Você deveria sorrir mais, ser mais simpática, sabe? - Na realidade, ao fim de sua fala, ele soou para Lílian sinceramente zombeteiro.
- E quem é você, Potter, pra me dizer como eu devo ser ou como devo agir? Ponha-se no seu lugar. - Com repugnância, Lílian virou-se para frente, ignorando os Black rindo de Tiago.
A aula terminou sem que nenhuma palavra a mais fosse dada por Potter, por Sirius, Andrômeda, ou Lílian, muito menos. E assim que o sinal bateu, ela arrumou seu material rapidamente, e saiu apressada da sala, efetivamente afetada, irritada e raivosa, pelos comentários zombeteiros dos Black e de Tiago. No entanto, quando chegou ao corredor das Masmorras, Remo, a alcançou, sorrindo-lhe docemente.
- Você ficou chateada. - Ele comentou, ladeando-se a ela.
- E não deveria? - Eles sorriram e Lílian continuou. - Parece que Potter me atormenta por puro prazer. E ousaria dizer o mesmo sobre Black e aquela prima dele. - Remo sorriu novamente.
- É que você se irrita com facilidade. Tiago, Sirius e nem Andrômeda costumam perder chances como essa.
- Como você consegue suportá-los? - Lupin riu.
- É muito fácil, na realidade. Gosto muito de todos eles. Tiago e Sirius são formidáveis, Andrômeda também é muito legal. E Pedro pode ter aquele jeito meio idiota, mas no fundo é uma boa pessoa.
- Eu tenho pena de você! - Ela exclamou rindo, enquanto entravam na sala de Transfiguração, e acomodavam-se numas carteiras logo à frente.
- Você parece ter uma repulsa infundada de Tiago.
- Não é bem assim. - Ela começou, enquanto arrumava seus livros. - Não é infundada. Ele me dá nojo.
- Nojo?
- É. Eu não me esqueço das vezes em que ele e Sirius humilharam Snape. Snape pode ser a pior pessoa da face da Terra, mas eles não têm esse direito. Entende? - Ela completou enquanto Tiago, Sirius, Pedro e Andrômeda passavam conversando animadamente por eles, indo para o final da sala.
- Ham... Entendo... Mas sabe o que eu acho?
- O quê?
- Você deveria rever seus conceitos sobre humilhação.
- Rever? Por quê? - Lílian quis saber, com a testa franzida.
- Veja bem: falar do modo como você fala com Tiago na frente de outras pessoas, pra mim, é um tipo de humilhação...
- Não! Mas... - ela começou a protestar, mas Remo a silenciou, interrompendo-a.
- E você não tem esse direito. - E escutando suas próprias palavras contradizendo-a, Lílian ponderou silenciosamente e não disse qualquer outra coisa durante a aula de McGonagall.
E, assim que o sinal bateu, Remo afastou-se rapidamente, deixando Lílian sozinha com suas ponderações. Não... Não... Ela nunca humilhara Tiago. Ela apenas o censurava, e isso não é humilhação. Ou é? Por outro lado, contudo, ele precisava ser acordado para os seus próprios atos, ou ela não tinha esse direito? Talvez Remo estivesse certo, talvez não.
Então, lentamente, guardou seus livros e saiu da sala, coincidentemente, junto de Tiago. Lílian olhou-o profundamente e suspirou antes de dizer o que queria. No entanto, Potter olhou-a de repente, notando seu olhar, e perguntou-lhe:
- Que foi, Evans?
- Bem, Tia.... Potter, é...
- Oi, Lílian? - Ele perguntou novamente, aproximando-se perigosamente e alisou os cabelos, em vão, tentando ajeitá-los. Lílian arregalou os olhos abruptamente, e olhou-o em descrença. E, tomada por uma raiva repentina, ela respondeu-lhe alta e grosseiramente:
- Evans pra você, seu idiota. EVANS! - E, dizendo isso, ela saiu da sala a passos rápidos.
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Tudo que havia na sua mente parecia ter uma necessidade própria de se desvanecer. Como o movimento do trem, sempre progressivo, tudo parecia querer ser deixado para traz. E Lílian Evans fazia o possível para tentar manter sua mente vazia. Assim, convencida de que não seria capaz, recostou sua cabeça no banco e procurou fazer aquilo que sabia fazer melhor: ignorar.
Afinal, aquela repulsa que sentia de Tiago Potter certamente a faria apta a ignorá-lo. Ou não? Por que não, se foi o que fizera durante todos os outros anos passados? Mas era simplesmente irrelevante tê-lo no mesmo espaço que não fosse compartilhado com qualquer outra pessoa que fosse-lhe capaz de distrair a sua mente ou outras ocupação extra-escolares que não o incluísse. Não, não havia mais isso. E Lílian teve vontade de se matar por isso.
Mas ela não tinha culpa, afinal. Ela obrigou-se a ressaltar-lhe. Fora apenas a sua dedicação e seriedade, toda aquela disciplina imposta por ela mesma em tudo o que fazia e a sua educação que a levara àquilo tudo. E isso não era mal. Que culpa tinha ela, portanto, se Tiago Potter, como ela também, havia tornado-se Monitor-Chefe? Mas ela, sinceramente, não o via de modo algum capaz de fazer qualquer coisa que prestasse, ou ajudasse-lhe.
A verdade, no entanto, não era a aptidão nata de Potter por não fazer nada, brincar ou fazer alguma palhaçada; Lílian apenas tinha repulsa dele. Deus! Ele era simplesmente nojento e esnobe. Ele achava que podia fazer tudo que lhe desse na cabeça. Mas não. Ele deveria pensar, achava Lílian, exatamente o contrário. Que direito ele tinha, na realidade, de humilhar as pessoas? De fazer gracinha com qualquer ser? E, apesar de Tiago chamá-la para sair com ele, incessantemente, na realidade, apenas a fazia ter ânsias de vômito ao escutá-lo dizer: "Ei, Evans! Saia comigo uma vez!".
Ela olhou ao seu redor novamente. A cabine estava vazia. Mas, aliás, ela definitivamente não esperava que Tiago fosse passar a viagem de volta para Hogwarts numa cabine onde apenas estava ela, a CDF insuportável, moralista e que não conversava com ninguém. Afinal, ele era Tiago Potter, o famoso apanhador do Quadribol, invencível, que namorava muitas garotas do colégio, o protegido de Dumbledore, amigo de Sirius Black. É, ele era Tiago Potter.
Lílian suspirou e, sem ao menos esperar que alguém entrasse naquela cabine, pegou um livro e continuou a lê-lo, sem entender, ou procurar entender qualquer coisa escrita, principalmente porque, com o livro de cabeça para baixo, aquilo tornava-se praticamente impossível. E, então, para a sua completa surpresa, ela novamente pegou-se pensando em Tiago, mas diferentemente, do modo como ele havia melhorado um pouco do ano que passara para o final desse. Ele estava um pouco menos arrogante. Muito pouco, ela ressaltou. Mas estava.
E a viagem passou-se naquele ritmo lento. Entre pensamentos e leituras pouco eficientes, mas passou. Olhando várias vezes para a porta, prevendo a chegada de Tiago, ela desistiu no final, e tentou guardá-lo num canto obscuro de sua mente. Contudo, ele vinha assombrar-lhe de vez em quando, suas mãos, costumeiramente, indo ao cabelo, bagunçando-o ainda mais. Aquilo era o maior charme dele, as meninas achavam.
De repente, antes que o Expresso começasse a diminuir a sua velocidade, inesperadamente, a porta da cabine abriu-se num estrondo grosso. E, assustada, Lílian pulou de seu acento para encarar a pessoa que ela intimamente já sabia quem era, antes mesmo de levantar os olhos para encará- lo com ferocidade e raiva, contudo, pouco abalando-o pela recepção nada calorosa.
- Você deveria ter vindo muito antes. - Ela disse entredentes, a voz medida.
- Deveria, mas não vim, Evans. Você esperaria isso de mim, afinal? - Tiago retrucou com a voz suave, pouco surpreendendo-a.
- Não. Mas, no fundo, Potter, a gente acredita que as pessoas ainda podem mudar. Ou não?
- Sim, da mesma forma como eu acredito que você pode mudar suas idéias, aceitando sair comigo. - Ele sorriu, ajeitando os óculos.
- Cala a boca, Potter. Você sabe muito bem o quanto eu te considero. - Lílian retrucou, olhando-o com ódio. Vendo a pontinha de esperança que tinha sobre sua suposta mudança, esvanecer-se completamente.
- Parece que você não me considera. - Tiago deu de ombros. - É o que acho. Mas, como você disse, eu tenho esperanças que isso mude. - Ele continuou indiferente, abrindo novamente a porta, preparando-se para sair.
- Eu já te disse pra calar a boca. - E, vendo-o retirando-se da cabine, acrescentou - Ei! Onde você vai?! - Ele voltou-se.
- Eu vou sair daqui. Aliás, penso eu que a minha companhia não lhe agrada.
- Não mesmo. Mas você É um Monitor-Chefe. Você tem que ficara aqui! - Ela disse, apontando para o chão com firmeza.
- Esqueça as regras por alguns instantes, Evans. - Tiago retrucou subitamente impaciente e esgotado. - Você não me quer aqui. Então, eu não vou ficar aqui escutando suas reclamações sobre mim.
- Eu não vou e nem quero falar com você. Certamente não escutará a minha voz.
- Vou ficar aqui, olhando pra sua cara, sem dizer nada?! Não, receio recusar o seu delicioso convite. Apesar de eu achar seu rosto lindo, só olhá-lo seria muito monótono.
E, sem dizer nenhuma outra palavra, ele saiu, encostando a porta às suas costas, deixando Lílian completamente surpresa.
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Sirius parecia entediado. E, geralmente quando Sirius estava entediado, as coisas não corriam muito bem. Assim, usando todo o seu auto-controle, Tiago sentou-se ao lado do amigo e não falou nada. Entretanto, após alguns instantes, para o seu total alívio, o trem começou a diminuir sua velocidade e os alunos começaram a se preparar para descer. Ele, Sirius, Remo e Pedro, que estavam numa das cabinas no final do trem, impulsionaram- se para o início do corredor, atrás de outros alunos.
Logo, ele viu Evans sair da cabine dos Monitores-Chefes, se possível, ainda mais mal humorada e raivosa. Ela olhou-o por alguns instantes, analisando- o, antes de descer e cumprimentar Hagrid num aceno gracioso, com uma voz doce e calma que ele próprio nunca a tinha visto usá-la. Lílian poderia ser uma garota doce se quisesse, ele pensou. Mas ela parecia fazer questão de mostrar-se contrária a isso a todo instante, pelo menos quando estava perto dele.
Assim, tomando rapidamente a frente dos outros alunos, e unindo-se aos Monitores das outras casas e à Lílian, Tiago começou, junto dos outros, a organizar os alunos nas carruagens, e depois entrou na primeira da fileira enorme, com eles.
Sorrindo, ele viu que Lílian tomara o lugar exatamente o mais longe possível dele. E Tiago ainda fez o possível para que aquilo não o chateasse. Mesmo sabendo que aquele tipo de reação o deixava sinceramente abalado. Ainda que tentasse ironizar a situação mentalmente, ele sempre acabava por concluir que Evans era uma garota difícil. Assim como ela percebia que ele era impressionantemente persistente.
Hogwarts permanecia intacta. As pequenas torres, e as enormes delas, formando um quadro imperioso diante da pequena visão que a janelinha da carruagem lhe proporcionava. Era a última vez que ele a via daquele modo. Era a última vez que ele entrava naquela carruagem que lhe enviaria a mais um ano de estudos, brincadeiras e confusões. E, a partir dali, ele teria de ser responsável, teria de sobreviver com suas próprias pernas, e ele não teria mais os doces olhos azuis de Dumbledore zelando por ele a todo instante. E Tiago não gostou muito disso.
Certamente, ele tentou pensar, teria outras vantagens nisso. Mas, absolutamente, pensar em tornar-se totalmente independente, era assustador. E, rapidamente ele afastou esses pensamentos da mente, e assim que a carruagem parou, desceu a tomou a frente da enorme fila de alunos que formava-se logo às suas costas.
Ao seu lado, ele percebeu vagamente, Lílian parecia tremer. Tiago sorriu, imaginando-se reconfortando-a. Teve de sorrir ao imaginar o belo tapa que levaria em troca de sua gentileza. Ela não lhe era realmente muito amável.
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Logo que a cerimônia de seleção terminou, assim como o jantar, Lílian levantou-se apressadamente para encontrar-se com a professora McGonagall, que informou-lhe a senha para a Torre da Grifinória. Então, rapidamente dirigiu-se para fora do Grande Salão e esperou os grifinórios formarem certa ordem às suas costas.
Tiago não apareceu. Entretanto, Lílian já estava surpreendida pelo fato dele ter se apresentado guiando os alunos até as carruagens e delas aos portões do castelo. Já era o suficiente, pelo menos para ele. E Lílian achou que não deveria esperar mais que isso.
Então, quando já passava pelo retrato da Mulher Gorda, ela pôde escutar a voz espalhafatosa dele e de Sirius, os risos incessantes de Pedro e a voz neutra de Lupin. Evans simplesmente não entendia como uma pessoa sensata como Remo era capaz de se sociabilizar com animais como Potter, Black e a cobaia de Pettigrew. Assim, ignorando-os, ela indicou o caminho dos dormitórios para os primeiranistas, e rumou para o seu próprio.
Era sempre reconfortante chegar em seu dormitório e ver seu malão ao pé de sua cama. Tudo sempre em perfeita ordem. Então, sorriu de pura nostalgia ao recordar-se pequena, entrando pela primeira vez naquele dormitório, encontrando-o daquele modo. Ficara certamente fascinada. Aliás, tudo ali a tinha fascinado à primeira vista. E parecia que ela finalmente havia encontrado a sua casa. Mesmo que naqueles dias, Evans tentasse se convencer do contrário, apenas para aliviar o aperto no coração e o nó que sentia na garganta cada vez que sua mente ressaltava-lhe que aquela era a última vez que saltaria do Expresso, entraria naquele Salão maravilhoso, assistiria à Seleção dos alunos mais novos e depois iria dormir no quarto de puro silêncio, com a vista do enorme lago abaixo de sua janela, o vento frio da noite cercando-lhe.
Então, após alguns segundos, Seren e Dian McCarthy, as gêmeas setimanistas, loiras, magras e azedas, entraram resmungando, como de costume. E após alguns instantes, Lorena Pimont, uma baixinha enfezada, dera o ar de sua graça, e Lílian teve certeza que era hora de dormir.
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- Ei, Pontas, você não deveria ficar deitado aí a manhã inteira.
- Hã?! - Perguntou Tiago numa voz sonolenta, enquanto lentamente lutava para abrir os olhos.
- Você perdeu o café da manhã, seu grande preguiçoso. - Disse Sirius, numa voz de desinteresse, enquanto trocava seu pijama pelas vestes da escola.
- Perdi? - Ele sentou-se, esfregando os olhos. - Bem, acho que Evans não ficará muito contente.
- Ela deveria ter previsto que você não irá ser muito responsável nesse cargo.
- Mas eu estou me esforçando. - Retrucou Tiago, colocando suas pernas para fora da cama, lentamente, tentando se livrar das cobertas.
- Eu estou vendo. - Sirius respondeu, em tom debochado.
- Eu não disse que estava conseguindo. Eu só estou tentando. - Retrucou Tiago, entrando no banheiro. Então ele voltou para o quarto, com a escova de dentes dentro da boca. - Botê den de imborta!
- Não. Eu nem tenho nada com o que me preocupar. - Disse Sirius, dando de ombros. Tiago apertou os olhos em reprovação, e voltou para o banheiro.
O Salão Principal estava meio vazio. Certamente não havia qualquer pessoa que se pudesse qualificar como responsável, já que ali, estavam perdendo a primeira aula do dia. Obviamente, Tiago e Sirius não se importaram, era melhor passar o tempo comendo, do que dormindo na aula do professor Binns.
- Eu estou começando a me cansar das mesmas garotas de sempre. - Disse Sirius de repente.
- Claro. Além do mais, aqui tem muita garota baranga, pro meu gosto.
- Bem, acho que não para o Seboso. Você ficou sabendo com quem ele apareceu de mãos dadas ontem a noite? - Perguntou Sirius, seguindo um sorriso.
- Não... Quem?
- Com Annia Nott. - Ele riu. - A pior de todas!
- Você acha? Bem, a pior é a Livy Parkison. - Comentou Tiago, servindo de bolachas.
- Bem, Parkison não tem muitas alternativas; ela nasceu feia daquele jeito. - Ponderou Sirius, por alguns instantes. - Então, ela optou por tornar-se o brinquedo da Sonserina. Pode ficar certo de que ela nunca dorme sozinha. - Sirius fez uma careta
- Mas ela não deixa de ser baranga. - Opinou Tiago, torcendo o nariz.
- Não, não... Mas ela não deixa de ter utilidades.
- Horrível! Péssima tese. Horrivelmente machista! - Reclamou Andrômeda, sentando à frente dos dois.
- Então o que você acha sobre ela? - Perguntou Tiago, vendo Sirius, travar uma luta com a prima, quando esta roubou-lhe um biscoito.
- Bem, ela é uma piranha. Feia, gorda, nojenta e burra. Só isso. Ela não tem utilidade. Huh! - Ela exclamou quando perdeu o biscoito para o primo.
- Obviamente não para você. - Sorriu Sirius, maliciosamente.
- Ora, cale a boca. Você, por acaso, teria coragem de beijar aquela boca nojenta?! - Sirius ponderou durante alguns instantes. E Tiago respondeu por ele:
- Teria. - Andrômeda torceu o nariz e esticou a língua, com nojo. - Sirius encara qualquer coisa. Desde que use saias e não tenha antecedentes bissexuais.
- Ei! Não é bem assim! - Sirius protestou - Eu nunca sairia com a Parkison! Ela USA saias e não tem antecedentes bissexuais, pelo menos não que eu saiba.
- Você já saiu com Seren. - Acusou Andrômeda com um sorriso vitorioso.
- Isso não é mal. - Respondeu Sirius maliciosamente. - Ela não é feia. Pode ser chata. Mas tem bastante atrativos físicos. - Andrômeda suspirou, desistindo, e apoiou o queixo com as duas mãos entrelaçadas, encarando os dois garotos à sua frente.
- Por que você está perdendo aula, And? - Questionou o primo.
- Você não está no direito de exigir alguma coisa de mim... - Ela acusou.
- Culpa do Tiago. - Defendeu-se apressadamente.
- Eu não acho que tenha sido isso. - Começou Andrômeda - Pelo menos não apenas isso... Você tem noção do quanto uma aula de História da Magia é chata, não é?! - Ela pegou biscoito, vendo os garotos concordando. - Eu não me preocupo com isso. Nunca ouviu-se falar de um ser que tenha sido reprovado na matéria daquele fantasma chato.
- Não que eu saiba. - Concordou Tiago.
- Ah! A propósito, Tiago... Evans estava furiosa com você hoje. - Ela riu. Tiago deu um meio sorriso, decepcionado.
- Nada que realmente me assuste.
- Ou nada que as pessoas já não estejam acostumadas. - Riu Andrômeda e Sirius. Tiago apenas pareceu mais desanimado.
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- Perdão, professor McGoen. - Sorriu Lílian, aproximando-se do mestre de poções, delicadamente, ela explicou-lhe o motivo de seu atraso, e olhou a sua volta procurando uma carteira vazia.
Lílian não pareceu muito contente em visualizar uma lugar vago, no final da sala, ao lado de Potter, que por sua vez, mal a enxergava, enquanto fazia gracinhas junto de Sirius e Andrômeda, sendo censurado por Remo e aplaudido por Pettigrew. Entretanto, quando ela começou a caminhar naquela direção, com relutância, Andrômeda deu-lhe um forte cotovelada nas suas costelas, apontando para Lílian com os olhos, Tiago finalmente a viu; e Evans poderia jurar tê-lo visto encolher-se em sua cadeira. Então sentou-se, sorrindo levemente para Lupin, ignorando os outros presentes. Potter pareceu sinceramente decepcionado.
- Você está de mal humor. - Ele afirmou enquanto copiava o plano de aulas daquele ano do quadro negro, sem realmente encarar-lhe.
- Você não tem nada a ver com isso. - Lílian respondeu rispidamente.
- Por que você não fala para ele - intrometeu-se Andrômeda, com voz amena. - como você o estava xingando durante a manhã, tanto que acordou a todas nós com seus gritos! - Ela pareceu indignada, Tiago mal abalou-se.
- Potter deve saber que ele me irrita constantemente, Black, tanto que deve saber também, que vivo xingando-lhe pelas costas.
- Isso realmente não me assusta. - Explicou Tiago para Andrômeda, virando- se de costas para Lílian.
- Tiago, ela realmente não faz esforço para ficar irritada ou falar mal de alguém. Não se preocupe, não é nada pessoal. - Os dois riram e voltaram a escrever. Lílian ficou muito irritada.
- Você deveria ter acordado cedo e ter me ajudado a distribuir os horários hoje! - disse Evans, voltando-se para ele, com raiva.
- Deveria, mas não fui. - Sorriu Tiago, faceiro, e com seu ar de culpa assumida sem remorso costumeiro.
- Ai! - Lílian grunhiu silenciosamente para ele. - Você nunca deveria ter sido escolhido para Monitor-Chefe! - Ela reclamou irritada.
- Não deveria, mas fui. - Ele sorriu, enquanto Andrômeda e Sirius gargalhavam o mais silenciosamente possível, e Tiago juntava-se a eles, numa risada incessante. Lílian chutou Tiago na canela, com força, e ele parou de rir, instantaneamente, e o riso dos Black foi morrendo gradativamente em seguida.
- O humor da Evans é inalterável. - Começou Sirius a explicar, repentinamente. - Ela é constantemente mal-humorada. - Ele terminou num riso silencioso acompanhado da prima. Tiago apenas sorriu para Lílian, e começou, em tom afável:
- Isso faz com que você pareça velha e ranzinza, ou chata. - dizia numa voz quase paternal, como se explicasse alguma coisa para uma garotinha de quatro anos. - Você deveria sorrir mais, ser mais simpática, sabe? - Na realidade, ao fim de sua fala, ele soou para Lílian sinceramente zombeteiro.
- E quem é você, Potter, pra me dizer como eu devo ser ou como devo agir? Ponha-se no seu lugar. - Com repugnância, Lílian virou-se para frente, ignorando os Black rindo de Tiago.
A aula terminou sem que nenhuma palavra a mais fosse dada por Potter, por Sirius, Andrômeda, ou Lílian, muito menos. E assim que o sinal bateu, ela arrumou seu material rapidamente, e saiu apressada da sala, efetivamente afetada, irritada e raivosa, pelos comentários zombeteiros dos Black e de Tiago. No entanto, quando chegou ao corredor das Masmorras, Remo, a alcançou, sorrindo-lhe docemente.
- Você ficou chateada. - Ele comentou, ladeando-se a ela.
- E não deveria? - Eles sorriram e Lílian continuou. - Parece que Potter me atormenta por puro prazer. E ousaria dizer o mesmo sobre Black e aquela prima dele. - Remo sorriu novamente.
- É que você se irrita com facilidade. Tiago, Sirius e nem Andrômeda costumam perder chances como essa.
- Como você consegue suportá-los? - Lupin riu.
- É muito fácil, na realidade. Gosto muito de todos eles. Tiago e Sirius são formidáveis, Andrômeda também é muito legal. E Pedro pode ter aquele jeito meio idiota, mas no fundo é uma boa pessoa.
- Eu tenho pena de você! - Ela exclamou rindo, enquanto entravam na sala de Transfiguração, e acomodavam-se numas carteiras logo à frente.
- Você parece ter uma repulsa infundada de Tiago.
- Não é bem assim. - Ela começou, enquanto arrumava seus livros. - Não é infundada. Ele me dá nojo.
- Nojo?
- É. Eu não me esqueço das vezes em que ele e Sirius humilharam Snape. Snape pode ser a pior pessoa da face da Terra, mas eles não têm esse direito. Entende? - Ela completou enquanto Tiago, Sirius, Pedro e Andrômeda passavam conversando animadamente por eles, indo para o final da sala.
- Ham... Entendo... Mas sabe o que eu acho?
- O quê?
- Você deveria rever seus conceitos sobre humilhação.
- Rever? Por quê? - Lílian quis saber, com a testa franzida.
- Veja bem: falar do modo como você fala com Tiago na frente de outras pessoas, pra mim, é um tipo de humilhação...
- Não! Mas... - ela começou a protestar, mas Remo a silenciou, interrompendo-a.
- E você não tem esse direito. - E escutando suas próprias palavras contradizendo-a, Lílian ponderou silenciosamente e não disse qualquer outra coisa durante a aula de McGonagall.
E, assim que o sinal bateu, Remo afastou-se rapidamente, deixando Lílian sozinha com suas ponderações. Não... Não... Ela nunca humilhara Tiago. Ela apenas o censurava, e isso não é humilhação. Ou é? Por outro lado, contudo, ele precisava ser acordado para os seus próprios atos, ou ela não tinha esse direito? Talvez Remo estivesse certo, talvez não.
Então, lentamente, guardou seus livros e saiu da sala, coincidentemente, junto de Tiago. Lílian olhou-o profundamente e suspirou antes de dizer o que queria. No entanto, Potter olhou-a de repente, notando seu olhar, e perguntou-lhe:
- Que foi, Evans?
- Bem, Tia.... Potter, é...
- Oi, Lílian? - Ele perguntou novamente, aproximando-se perigosamente e alisou os cabelos, em vão, tentando ajeitá-los. Lílian arregalou os olhos abruptamente, e olhou-o em descrença. E, tomada por uma raiva repentina, ela respondeu-lhe alta e grosseiramente:
- Evans pra você, seu idiota. EVANS! - E, dizendo isso, ela saiu da sala a passos rápidos.
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