Cap. 1. Campos Elíseos.
No momento em que a explosão o atingiu, Charles Beckendorf soube que estava morto. Tudo que ele pode ver debaixo d'agua foi chamas vermelhas e amarelas engolindo o Princesa Andrômeda, então elas desceram para o oceano e... escuridão. Ele não via nada. Tentou falar, sua voz saiu como um sussurro:
- Percy? Você está aqui? – Charles sabia que estava morto. Ele não sentia nada em seu físico. Mas não teve tempo de se lamentar; De certo modo, ele sabia que ia morrer; Não se arrependeria se sua morte pudesse salvar mais vidas, principalmente a de Silena. Mas Percy Jackson... Morto? Se assim fosse, sua morte teria sido em vão, porque não haveria herói da profecia para continuar a luta que começara aquela tarde no Princesa Andrômeda.
Charles não teve resposta. Chamou de novo. Dessa vez por outro nome:
- Luke? – Se o navio explodiu, você deveria estar aqui, pensou Charlie. Mas ele não tinha certeza se aquele era o Mundo Inferior. Talvez fosse uma passagem. – Hã... onde estou?
Uma rajada forte de vento passou por ele. Uma névoa foi se formando no chão, uma claridade começou a surgir. Da névoa, brotou um homem de aspecto italiano, usando um terno de seda. Ele estendeu as mãos; Beckendorf se aproximou.
- Dracmas? – perguntou o homem, no momento em que o vento ressurgia e o lugar ganhava uma iluminação azulada. Beckendorf conseguiu identificar um grupo de pessoas ali esperando, todas mortas, em sofás de couro ou em pé. Atrás do homem estava um elevador com falecidos – Só vai se tiver dracmas.
Charles revirou os bolsos; ali encontrou alguns dracmas que sobraram da mensagem de Íris que ele mandara para Silena mais cedo. Ele os entregou para o homem.
- Isso basta? – perguntou, apertando os olhos para ler o crachá do homem. Caronte, ele conseguira ler.
Caronte enrugou a testa em desprezo antes de abrir caminho e responder.
- Entra, moleque.
Beckendorf entrou no elevador, não estando muito certo do que aconteceria naquela hora. Então o elevador desceu e depois de algum tempo, andou para frente em uma velocidade inacreditável. Em um piscar de olhos, o elevador se transformou em um barco comandado por uma figura preta encapuzada sobre o Estige.
Beckendorf não soube o que pensar daquela situação. Sua mente vagava pelo chalé de Afrodite. Ele quase podia ver Silena sentada na cama dela, chorando pela sua morte. Ele lembrou a vez que foram ver os fogos. Foi tudo tão perfeito... Eles haviam se beijado pela primeira vez. Os pensamentos de Charles foram interrompidos quando se deparou com... Shakespeare?
- A decisão é obvia – disse o dramaturgo. Ele estava sentado em uma cadeira alta, como em um tribunal, cercado de mais figuras importantes da historia. Charlie olhou em volta... O presidente Lincoln, filho de Zeus; Freddie Mercury, filho de Apolo;... Ele soube exatamente onde estava. – Você, meu rapaz, será mandado ao Elíseo, por sua valentia na hora do perigo, pelo seu sacrifício, pela lealdade para com seus amigos. Parabéns, Charles Beckendorf, você é um herói.
Charles não sabia o que fazer. Afinal, há quanto tempo estava sendo julgado e não havia percebido? Ele só conseguia pensar em Silena. Mas novamente seus pensamentos não puderam continuar, pois naquele momento uma névoa cobriu o chão de novo e engoliu Beckendorf. Quando ele abriu os olhos estava no acampamento.
Então esse é o Elíseo para mim, ele pensou.
Todos os campistas que haviam morrido, na sua época ou não, estavam lá. Charles só pode pensar em ir para seu chalé e esfriar a cabeça: ele precisava entender como acontecia tudo ali.
Passando perto da floresta, um brilho estranho chamou sua atenção. Já era noite e tal iluminação era forte demais. Charles se aproximou; Nico di Angelo, o semideus filho de Hades, estava ali em uma forma espectral. Nico notou sua presença e chamou-o para se aproximar.
- Oi, Beckendorf – ele disse, como se Charles estivesse vivo. - Como está ai?
- Bem, é confortável. – Charles respondeu. - Sabe, estar no acampamento de novo.
- Deve ser – Nico pareceu melancólico. – Sinto muito... Por sua morte. Só queria saber como estavam as coisas porque, bem, Percy está se culpando.
- Nada foi culpa dele. Não foi ele que escolheu explodir o navio. Eu estava me culpando até algum tempo atrás: Achei que ele estivesse morto. Diga a ele para não se culpar!
Nico assentiu.
- Como está Silena? – Charles teve de perguntar.
- Está um pouco arrasada – Nico encolheu os ombros. – Mas está bem.
Beckendorf sorriu.
- Diga-a... diga que eu a estou esperando.
- Eu direi. – Nico olhou para trás apressado. – Tenho que ir, cara. Percy está vindo.
- Não deixe ele se culpar, Nico. – Beckendorf gritou antes que ele fosse embora. – E... Se cuida.
Nico fez que sim; A iluminação se desfez.
Charles estava sozinho de novo. Mas por pouco tempo: Ele foi até seu chalé e permitiu-se pensar em Silena. Se tinha uma coisa que ele queria fazer por toda a eternidade, era pensar em Silena Beauregard. Encostou-se em sua cama, olhando para o teto, a imagem de Silena vinha a toda em sua mente.
