Com a palavra: Selene Stern
Post 1
De perturbada de fast food à cozinheira
"Havia um buraco no chão... e lá não morava um hobbit©, morava uma Selene..."
Pois é... essa sou eu!
Resolvi ocupar esse buraco antes que alguma criatura pequena e de pés peludos viesse reivindicá-lo em busca de um anel...
Eu falei "buraco"? Algo do tipo... terra, raízes e pedras?
Não...
Cyber-buraco! Bytes, algoritmos e gráficos!
Eis minha toca, meu lar, meu condado! É nele onde eu canto a minha canção... em língua élfica?
Não... em língua HTML!
E, cantarolando faceira, resolvi fazer uma faxina no meu cyber-buraco.
É como eu sempre digo: vida nova... cyber-buraco novo...
Ou, sendo mais específica: vida nova... página de SkarFaceBook nova!
Afinal, não aguentava mais olhar para aquela minha página velha...
Eca! Quando olhava, inclusive para aquelas minhas fotos horrorosas de cabelo curto... argh!
Como é que eu tosei meus cabelos tão curtos, daquele jeito tenebroso, por tanto tempo?
"Tosar"...
Tosar?
Isso não é papo de ovelha, não?
"Tosa e tosquia"?
Ah, não! Eu não sou ovelha não! Tô mais pra... hummm... hummm...
Vamos ver:
Magrinha... baixinha... estilo mignon...
Pele branquinha como a neve... cabelo negro como a noite...
Olhos contornados de lápis preto... sobretudo de couro negro, personalizado na costura por mim mesma, e botas pretas pra fechar meu look gothic/dark...
Que gosta demais do aroma da noite e da canção do grilo...
Que adora o som pesado e ao mesmo tempo tão delicado, suave e comovente de Epica e Nightwish (ninguém supera a voz de Simone Simons e Tarja Turunem!)
Que ama os clássicos da literatura inglesa gótica: Lord Byron, Bram Stoker, Mary Shelley... e que odeia Stephenie Meyer (mas odeia mesmo!)
Que ama os romances mega cabeça e hiper corrosivos de Aldous Huxley...
Que adora curtir download grátis de Doctor Who© e The Big Bang Theory© ...
Que curte no youtube© tanto os vídeos bem comportados de Física e Cosmologia da BBC© quanto aqueles de conspiração mega subversivos do History Channel©...
Putz, isso tudo aí não se parece com uma ovelha não!
Ovelha? Aquela coisinha toda fofinha, toda branquinha, que debuta com aquele vestidinho babado que mais parece roupinha de nenê aos 15 anos? Não mesmo!
Ovelha?! Argh! Me tira dessa! Tô mais pra... hummm... hummm... alguma coisa com asas!
Asas são legais, principalmente à noite! Deixam você ir pra bem longe, o mais perto possível das estrelas, o mais juntinha possível da vastidão do Universo... fazem você ver as coisas num horizonte tão amplo... fazem você se sentir tão grande, tão livre, tão em paz!
Adoro asas!
Asas à noite jamais fazem você se sentir como se estivesse no meio dum monte de quadrúpedes, presa num cercadinho... andando junto deles, toda submissa, ajoelhada de quatro... vivendo sempre tremendo de medo dos lobos, os opressores fora do cercadinho... vivendo sempre como uma escrava dos caprichos do "bom pastor", o opressor dentro do cercadinho... jamais tendo direito à voz, jamais tendo direito à cantar, apenas no máximo sendo autorizada a fazer aquele ridículo "bée"... e o pior de tudo: ficar numa manada sem cérebro que pasta como se estivesse mascando chiclete de grama!
Eca, que gosto horrível!
Que horror! Asas à noite não tem nada disso não! Ovelha? Tô fora! Então... tô mais pra um... um... um... morcego, corvo ou coruja!
Batwoman, Ravengirl ou Owlwoman!
Pois é!
E o engraçado é que esse papo todo aqui com você, neste meu primeiro post no meu novo face, começou justamente... pelo assunto "cabelo", né?
Lógico! Cabelo é mega importante pra uma garota, mesmo aqui no futuro!
Mas eu não vou aqui tentar explicar filosoficamente porque o cabelo é mega importante. Eu não sou o Sócrates! Até mesmo porque... er... dizem por aí... que ele nem mesmo tinha cabelo!
Eu disse "futuro", né?
Acho que não devia ter dito isso...
Porque se você me perguntar como é que eu, aqui no futuro pertinho de você – pouquinhos anos à sua frente – posso estar conversando contigo aí no passado recente... eu não vou saber responder!
Hei, não me cobre por isso!
Eu sou só a Selene, não alguém usando aquela peruca do Einstein com suas equações do paradoxo do tempo! E também sequer estou na cabine do Doctor Who, pô! Eu não sou uma Time Lord©!
Tá... tudo bem... confesso que sou uma médium... sim, isso eu sou mesmo... mas nem por isso eu consigo explicar tudo, nem mesmo com você me pagando mega bem por uma boa tirada de tarot!
Mas que eu estou no futuro... ah, isso eu estou!
Quer saber onde, em que local estou?
Putz, é difícil dizer isso, baseado aí na Geografia que vocês estudam nessas escolas caindo aos pedaços do passado... é que eu sempre fui péssima em Geografia Antiga e muita coisa mudou na topologia e geopolítica do futuro. Por exemplo: muitas cidades trocaram de nome para a grafia em língua inglesa.
Pois é... sabe aquela língua do careca do Shakespeare? Meio que virou uma febre mundial...
Por quê?
Sei lá! Cada sociólogo daqui do futuro tem uma explicação diferente para "mundialização"... mas vai ver que é porque falando inglês desde o berço fica mais fácil fazer download pirata...
Assim sendo... nasci, cresci e ainda estou na cidade de Happy Harbor... Estou morando no meu serviço. Aliás, estou usando a internet da minha chefe pra atualizar meu face: fui contratada por uma senhora idosa para tomar conta dela.
Na realidade eu não pedi este emprego: ela é que me ofereceu quando a gente se conheceu melhor. Dizia que pagaria bem para que eu "fizesse companhia a uma velhinha no fim dos seus dias..."
Pois é... mas nem tudo é o que parece: suspeito cada vez mais que é Hélène quem toma conta de mim... e que ela vai durar muito mais do que eu! Eu vou acabar batendo as botas e ela ainda vai estar batendo perna por aí!
Que coisa... a velhinha parece que tem bateria Duracell©: não se cansa nunca! Caramba!
Quando fazemos algum serviço doméstico juntas ou vamos fazer uma boa caminhada à beira da praia, é bater meia hora no relógio e eu já tô me esvaindo de cansada, colocando os bofes pra fora... e a velhinha continua lá: na boa e ainda quer mais!
Puxa vida! Como é que eu fiquei assim tão velha aos 19 anos?!
Arrepiante!
O fato é que Hélène também é médium... assim como era minha falecida e amada vó Rachel... o oposto da perturbada da minha mãe, Salet: que o Umbral a tenha quando ela morrer! Amém!
[Meus dois dedinhos estão agora, atrás desse teclado, em riste e fazendo o sinal da cruz: eu poderia ter sido uma boa freira...]
Diferentemente de Salet – que sempre me tratou como um erro ambulante, o desastre sob duas pernas, o ápice da deformidade, e o pior: a bestona aqui acreditou nisso tudo até recentemente! – Hélène nunca chegou para mim e disse: "Isso tá errado, sua analfabeta estúpida!".
Jamais!
Pra começo de conversa, Hélène nem chega perto de mim pra dizer que eu errei.
Eu erro, me estrepo toda e fico mega irritada.
Ela? Simplesmente fica fazendo as coisas dela, do jeitinho dela, quieta na dela... é então que, de longe, parece que a energia tranquila dela toca tão bonita na minha pele... e assim me sinto mais calma...
É a hora em que me bate uma curiosidade e eu, geralmente, não pergunto nada pra ela: fico apenas olhando como ela faz aquilo em que eu errei.
Tento fazer parecido.
Às vezes funciona.
Às vezes não funciona: me estrepo ainda mais!
Só quando eu canso de me estrepar – e de me estripar: quando eu erro, minha própria mente é um Jack Estripador implacável comigo que me retalha todinha! – é que acabo então chegando perto de Hélène e perguntando:
"Puxa, como você faz isso?"
Só então que ela fala.
Isso é legal!
Ela nunca vem enfiar nada goela abaixo em mim... nada do tipo quando a gente é criança e vem a mãe te enfiar goela abaixo aquele xarope pegajoso e nojento pra resfriado...
Pois é! A velhinha conquistou todo o meu respeito!
Ah! Hélène e seus milagres!
Minha bolsa de estudos na National University? Um outro milagre de Hélène...
Como é que ela convenceu uma guria, que depois dos 13 anos se tornou a garota símbolo do desastre escolar, a sentar-se num banco de universidade?
Afinal de contas... era uma garota que só não virou a top do fracasso escolar aos 11 anos apenas porque entre os 11 e os 13 anos ficou internada, por ordem de Salet, na ala psiquiátrica infantil do Hospital Saint Peter por ser médium... e lá não havia escola!
Sem escola... sem fracasso escolar... óbvio, né?!
Pois é... foram os dois anos da minha vida em que desenvolvi meu hobby de colecionadora...
Colecionar!
Selos? Moedas? Cromos? Tampinhas de cerveja?
Não, nada disso! Isso tudo aí é coisa de emo! Meu negócio sempre foi mais hardcore!
Virei, assim, uma colecionadora de CIDs da DSM V: psicose, depressão, ansiedade, hiperatividade, bipolaridade, bordline, esquizofrenia... conheço o código, o número, a descrição completa e até mesmo o número da página e o parágrafo em que cada uma delas está na DSM!
Sim: eu sou uma colecionadora dedicada!
Parece que meu diagnóstico estava sempre diretamente ligado ao que o psiquiatra ingeria no café do manhã – café ou chá? Ayahuasca ou whiskey? – e assim nasceu a minha coleção de receitas psiquiátricas hoje tão bem arrumadinha na minha estante pessoal...
Pois é: eis o meu álbum de figurinhas de infância!
Encadernadinho, capa dura, com inscrições em douradinho na capa!
Sei lá quanto tempo eu ficaria em Saint Peter, aumentando o tamanho do meu álbum de figurinhas, se Rachel não tivesse declarado Salet incapaz e obtido a minha guarda na Justiça de Happy Harbor, me retirando imediatamente de lá...
Ah, a Justiça de Happy Harbor: sempre tão rápida, tão prestativa, tão eficaz e tão solidária... em apenas dois anos ela coloca um carimbo que levou imensos 3 segundos para marcar um papel que encerraria imediatamente o tormento de alguém!
Pois é...
Foi por isso que quando Hélène me sugeriu que eu – uma multirrepetente que nem tinha conseguido terminar a porcaria de um ensino médio numa escola pública caindo aos pedaços do turno da noite! – fizesse um teste de proficiência para a maior e mais conceituada universidade de Happy Harbor, olhei pra ela com um sorriso piedoso e apenas pensei:
"Tadinha da velhinha: ela pirou! Mal de Alzheimer é foda..."
Mas... sei lá o porquê... acabei preenchendo os tais formulários de inscrição pro teste de proficiência... argh, como eu odeio burocracia! Odeio mesmo: a burro-cracia me dá vontade de vomitar!
Mas ainda assim, sei lá por qual motivo, acabei preenchendo toda aquela papelada nojenta...
Inscrição feita, Hélène imediatamente me conseguiu, para que eu estudasse, uma pilha de livros maior do que eu: com meus 1,55m eu desapareci atrás daquela pilha de 1,62m!
Ai, caramba!
Pela primeira vez, confesso, me senti ridiculamente uma baixinha de verdade...
Ah, mas não ia ser uma pilha de livros draconianos repletos de teias de aranha – porque as universidades curtem tanto apenas os livros que exalam fedor de mofo, heim? – que iria derrotar Selene Stern!
Jamais! Nenhum dragão me vencerá!
E foi assim que fiquei alguns meses estudando tudo aquilo, tanto nos intervalos do meu expediente quanto nas noites e madrugadas.
E, assim, fiz o tal "teste".
Sei lá como explicar o que aconteceu...
Passei!
E o mais estranho, algo que sei lá como explicar: achei o tal "teste de seleção" da National University estupidamente mal feito...
Fácil demais!
Lógico! Até eu, um desastre escolar ambulante, passei!
Que raio de exame de "seleção" é esse em que até os piores alunos são "selecionados"?
Pouco depois de eu receber o telegrama oficial me informando que passei, veio na casa de Hélène o chefe do departamento universitário para o qual eu fiz o teste. Sei lá porque, mas o carinha veio lá só pra me ver!
Sim, ele era amigo antigo de Hélène... o que ficava tudo ainda mais esquisito: me ver pra quê? Ele era amigo dela, não meu!
E foi assim que rolaram uns papos esquisitos da boca do Prof. Dr. Bombessour:
"Superdotada"...
"Portadora de altas habilidades"...
"Capacidades especiais"...
Altas habilidades? Eu?
[Estou realmente gargalhando aqui, atrás do teclado!]
Altas habilidades? Bem... isso depende...
Depende da habilidade...
Por exemplo... isso eu garanto: eu tenho altíssimas habilidades pra sacanagem! Ah, isso eu garanto mesmo! Palavra de Selene!
[Acho que é melhor eu parar de gargalhar por aqui, porque até já fiquei com tosse! Cofff... cofff... moderação, Sê, moderação...]
Pois é... "altas habilidade pra sacanagem" é um papo delicioso! Mas... esse papo de "superdotada"... isso realmente já é um papo que me dá arrepios horríveis... sério!
Não, eu não estou sendo sarcástica agora!
Agora é sério! Mega sério, mesmo!
Esse papo de "superdotada" me faz me sentir como se eu fosse uma ratinha de laboratório... presa numa gaiola, cercada por um bando de birutas vestindo jalecos brancos... vindo em minha direção, curiosos e "científicos", armados com um bisturi, prontos pra me dissecar e não deixar sobrar nada de mim a não ser a pele e os ossos... uma carcaça vazia, sem mais vida, sem mais Alma, sem mais sentido...
Horrível!
Argh! Eu realmente odeio de todo o meu coração esses papos de "diagnósticos"...
"Você é superdotada"...
"Você é índigo"...
"Você é cristal"...
"Você é diamante roxo com pintinhas amarelas e placas do estado de Minas!"...
É tudo a mesma porcaria!
Como odeio os "diagnósticos dos sábios"!
De todo meu coração, eu odeio isso!
Odeio! Porque dependendo do que o tal "sábio" de jaleco branco resolveu beber no seu café da manhã, o tal "diagnóstico científico" vai da "superdotação e habilidades especiais" até a "psicose e esquizofrenia" em apenas alguns segundos... segundos que determinarão, como um juiz implacável, os próximos anos de tormento e horror em sua vida...
Do Céu ao Inferno em segundos, completamente ao sabor dos caprichos do paladar científico ou esotérico do "sábio especialista vestido de branco"...
Vestido de branco...
Argh, eu realmente odeio branco! Como eu odeio, odeio, odeio branco!
Por isso, desde os meus 13 anos, passei a me vestir todinha de preto!
Todinha! Do salto das minhas botas ao último fio de cabelo da minha cabecinha!
Abençoado e eterno seja o preto! Vida longa ao oposto a tudo o que existir nos "sábios especialistas de jaleco branco"! Que assim seja! Amém! Aleluia!
Pois é...
Mas depois desses papos esquisitos de "superdotada"... finalmente!
Finalmente rolou um papo nada-esquisito dos lábios do Prof. Dr. Bombessour:
"Convite"...
"Bolsa de estudos"...
"Significativa remuneração"...
Wow!
Isso sim!
Isso sim é um bom papo! Absolutamente realista, verdadeiro, livre de esquisitices! Agora sim!
Agora sim estávamos começando a dialogar no meu idioma!
Abençoado seja o idioma universal, que une todos os povos e todas as gentes na sagração da irmandade planetária!
[Suspiro profundo... de felicidade, aqui atrás do teclado! Lógico!]
Afinal, se dinheiro é pra você apenas um fardo que não te traz felicidade... então... vós que estais cansados, dêem-me o vosso fardo e eu vos aliviarei!
Ah, pois é!
E tudo isso? Essa minha boa sorte na National University?
Só aconteceu graças ao jeitinho incrível de Hélène!
Ah, os Grandes Mistérios do Universo: nunca duvide de nada quando Hélène entrar em ação!
Velhinha terrível!
Olha, na boa... apenas aqui e somente desta vez eu vou dizer isso... apenas por um instante... por um singelo momento... eu vou ceder a um ato de fraqueza desse tamanho: acho que eu... eu... acho que eu realmente amo essa velhinha tanto quanto um dia amei Rachel...
Tá bom, tá bom, chega, chega, chega, Sê! Isso aqui é a minha página no SkarFaceBook e não um site pegajoso de novela mexicana...
Ah, Hélène: você é abençoadamente terrível!
Mas... e sempre tem um "mas"...
Mas o saco é que ela não te dá respostas prontas...
Isso não é uma coisa fácil pra mim: preferia que fosse um fast food, onde o Big Mac© já vem prontinho pra comer!
Ai, ai, ai, ai, ai! Pois com Hélène nunca é assim: ela te dá a farinha integral, te dá o sal marinho, te dá o leite, te dá a margarina, te dá os ovos, te dá o açúcar mascavo, te dá a assadeira... te mostra o forno... e não diz nada, só dá aquele sorrisinho sacana, do tipo: "Tá com fome? Tá tudo aí: pode cozinhar!"
Nessas horas, confesso, mesmo vigiando os perigos da inflação através da taxa Selic do número 36 da minha calça: que saudades dum Big Mac© ...
Mas, apesar do caminho do fast food parecer tão fácil, tenho que admitir: minha vida tava toda desnutrida vivendo isso...
Vai ver que foi por viver o cardápio pronto do mundo o grande motivo de eu estar me sentindo tão... velha, feia e cansada!
Confesso: arregacei as mangas e comecei a cozinhar no forno de Hélène só porque minha antiga vida "cardápio pronto" tava acabando comigo e eu cansei... cansei de me sentir cansada!
Acho que se aquela vida desgraçada que comprei pronta do mundo, e comi tanto como se fosse a única verdade, não me cansasse nem me desnutrisse tanto... eu nunca taria aqui, agora, só pra viver algo que finalmente me nutra e me faça sentido, bem na frente desse forno quente, suando, toda suja de farinha e toda melecada de leite – minhas botas dark ficaram brancas e tem pegadas de leite por todo o chão da cozinha, eca! Vou ter que limpar rápida isso antes que alguém veja!
Por isso comida pronta é tão tentadora!
Confesso que eu só saí dessa vida Super Size Me© pra entrar nessa de me sujar na frente do forno da Existência, de me aventurar me sujando com a farinha da Vida, só porque a tentação da segurança do cardápio pronto do mundo dói e cansa muito mais...
Como diz Hélène:
"Quem se sente infeliz é porque viveu a vida inteira na comida pronta do mundo... quer ser feliz?
Então deixe de lado essa preguiça da comida pronta, essa preguiça da vida padronizada, essa preguiça do pensamento coletivo, essa preguiça em viver na falsa segurança e comodidade da cruel ilusão.
Arregace as suas mangas, vá até a cozinha da Existência e procure por sabores, faça experiências, aventure-se entre as panelas do Universo!
Descubra qual é o paladar único e incomparável em todo o Cosmos que existe apenas em você!
Deixe de preguiça! Viva a comida que te nutre verdadeiramente e desfrute a sua felicidade!"
Pois é: preguiça mata mesmo...
Mas... quer saber?
Se sujar da farinha do viver até que é divertido!
Mas garanto que se alguém me dissesse isso antes, lá nos tempos que eu me entupia de Big Mac© e Trakinas© com Coca-cola©, que uma dia eu ia me sentir tão vazia e tão infeliz que iria precisar aprender a me aventurar na cozinha da Vida, descobrindo minha própria comida – me sujando toda de farinha e deixando pegadas de leite por toda a parte durante essa aventura! – e que ainda por cima ia acabar achando aquilo tudo divertido... ah, garanto que eu ia dar um sorrisinho sarcástico e exclamar pra essa pessoa:
"Cê tá ficando louco, tio?"
