Primos, somente primos. Só isso, Nico. Não espere mais nada.

Era o que ele sempre repetia para si mesmo.

Que Thalia havia saído da caçada era verdade. Que depois disso os dois passaram a conversar mais também era verdade. Mas só porque Nico passava mais tempo no Acampamento agora, por causa dela, é claro. Ela era sua instrutora de esgrima. O que significava que mesmo não querendo, eles teriam que ficar juntos. Nico adorou essa parte. Mas a verdade era que Thalia só havia saído da caçada para ficar perto do irmão.

Nico bufou enquanto chutava pedrinhas na areia da praia. Ele procurou uma pedra grande e se sentou nela, olhando para o horizonte.

– Procura outra garota, Nico – ele sussurrou sozinho. – Você sempre vai ser o primo dela, acorda.

– Falando sozinho, Nico? – uma voz brincalhona veio de trás dele.

Ele congelou, virando o rosto a tempo de ver a garota sentando-se.

– Tha... Thalia, você me assustou – ele gaguejou, desviando o olhar para as pernas da menina que estavam dentro de um short jeans velho. Foco, Nico.

– Desculpe – ela disse rindo, dobrando os joelhos no peito e apoiando os braços em cima, garantindo a Nico uma ótima visão das suas coxas.

– O que você está fazendo aqui? – A contragosto ele direcionou seu olhar para o mar.

– Você não veio para o treino – ela deu de ombros. – E antes que pergunte como te achei aqui, percebi que você desenvolveu um interesse particular por essa área.

Ele sorriu de canto e virou-se novamente para ela, finalmente olhando para a perfeição do seu rosto. Ela poderia ser facilmente confundida com uma filha de Afrodite.

– Percebeu, é? – ele lançou-lhe um sorriso malicioso. – Andou prestando atenção em mim, Thalia?

Ela revirou os olhos e bateu seu ombro no dele.

– Fica quieto – falou ficando vermelha. – Então, quem é a garota?

Bem, em algum momento ela teria que saber.

– Que garota? – ele colocou a mão no queixo e fingiu pensar. Ela lhe lançou o olhar. – Tudo bem – ele levantou as mãos em um ato de rendição.

Houve uma pausa silenciosa em que se ouviam as ondas batendo nas pedras e respingando neles. Thalia deitou-se na pedra.

– Estou esperando.

Nico suspirou e virou-se completamente para ela, deitando de lado apoiando o cotovelo na pedra e a cabeça na mão.

– Deixe eu te ajudar – ela começou. – Como essa garota é?

– Perfeita – ele soltou sem pensar.

Ela deu um risinho.

– Parece que temos alguém apaixonado aqui.

– Sabe, ela não é uma garota comum. Talvez seja por isso que eu goste dela.

Thalia se remexeu, desconfortável. Nunca havia tido esse tipo de assunto com Nico.

– Ela não liga para o que os outros dizem e nem para sua aparência, mas isso só a deixa mais linda. E... – Nico rolou até Thalia, ficando quase por cima dela, os rostos bem próximos – ela está aqui comigo.

Thalia demorou um segundo para processar a informação.

– Espera – ela corou absurdamente, – a garota sou eu?

Nico estava próximo o bastante para sentir a respiração dela bater em seu rosto. Ele apenas a encarou.

– Só pode estar brincando – ela murmurou.

– Acostume-se com isso, então.

Com uma coragem sabe-se lá da onde, Nico aproximou seu rosto do dela e a beijou.

O beijo foi calmo, mas só porque Nico estava morrendo de medo de ela interrompe-lo.

Ele separou-se dela com um selinho e seu olhar ficou preso na vastidão azul que eram os olhos de Thalia.

– Acho que poderia dar certo, Rei dos Fantasmas – ela disse desviando o olhar dele, sorrindo tímida. Um sorriso que ninguém nunca havia visto nela. Só Nico.

Ele segurou o rosto dela e virou-o delicadamente para o seu.

– Eu tenho certeza de que daria certo. Mas agora temos coisas mais importante para fazer.

– O que, por exemplo?

Nico deu um sorriso safado.

– Beijar.