Primeiramente: Olá a todxs, essa historia originalmente foi escrita em espanhol e consiste em 17 capitulos mais um Epilogo, totalizando 18 capitulos. A autora original é a Laura Brooks uma Espanhola muito gente boa que me permitiu traduzir essa maravilhosa historia.
aqui vai o perfil dela www. / u/ 6282437/ Laura-Brooks
e da fic original www. / s/ 11131425/ 1/ Mi- Peque%C3%B1a- Emma
eliminem o espaços para seguirem o link
Capitulo 1
As noites eram estranhas desde que Henry já não vivia mais comigo. Eram mais frias, mais longas, mais solitárias. Não havia sido o suficiente, nunca seria o suficiente. Não sei porque me esforcei alguma vez para ser diferente quando sabia, no fundo, que nada mudaria, que não havia nada que pudesse fazer para apagar se suas memorias todas as minhas maldades, assim como eu nunca poderia esquecer o sofrimento que me causaram, querendo ou não.
Houve um dia em que eu era uma jovem sonhadora. Houve um dia em que eu fui uma rainha. Até houve um dia em que eu fui temida em varios mundos. Mas aquilo tudo parecia ter sido a tanto tempo, esmagado pelo doloroso peso do presente, que nem parece ter existido.
Se apenas os ruídos da casa vazia não fossem tão ensurdecedor, se apenas houvesse uma respiração ao meu lado me lembrando que eu não estou sozinha nesse munto, quem sabe o sofrimento seria mais suportável. Mas meu pequeno Henry havia me abandonado por sua mãe biológica e todos os demais... os demais não importavam, porque ninguém poderia gostar de mim sabendo o que fiz.
Seria melhor aceitar, não havia nascido para ser amada, por mais que meu coração anseie pelo cálido consolo de outro ser humano; por mais que implore por um sorriso, por uma respiração, um carinho. Ninguém me daria, ao contrario, desejariam que minhas perdas doessem mais e mais.
Viver na solidão, aceitar como fiz uma vez com a escuridão, era tudo o que teria de mais fácil, teria que ser. As pessoas pensam que a maldade é fácil de suportar. Sem saber que escolhi a raiva porque era melhor do que não sentir absolutamente nada. Porque era mais fácil sentir raiva do que sentir-me completamente vazia, pelo menos dessa maneira eu conseguia me lembrar que estava viva, para meu pesar.
Era irônico porque havia sobrevivido a espancamentos e torturas de minha mãe; as violações de meu marido; ao ataques da escuridão; a guerras e brigas de bruxas. Porém o silencio daquela noite estava me matando.
Me sufocava em minha solitária prisão, assim que vesti um casaco e sai pelas ruas sabendo que a noite seria minha aliada, me protegendo dos olhares indiscretos. Escondida pela escuridão, como havia sido por toda minha vida. Somente as estrelas iluminavam o céu, recheado-o com pequeno pontos luminosos.
Se eu não pertencesse ao mundo dos vilões, se a escuridão não houvesse me chamado e minha inocência me concedesse a graça de uma estrela, desejaria um alivio, por mais breve que fosse, para minha solidão. Duvido que alguém escute minhas preces, mas o desejo se escapou de meus lábios antes mesmo que eu pudesse impedi-lo.
Houve uma luz seguida do conhecido aroma doce de magia branca. Segui seu rastro, inquieta pelo o que os incompetentes dos Encantadores ou as fadas pudessem estar fazendo, quando escutei leves soluços. Fiquei imóvel, quase aterrorizada, ao encontrar uma pequena menina encolhida no chão, que fazia evidente esforço para não chorar descontroladamente.
- Querida, está tudo bem - disse me aproximando lentamente.
A menina me olhou e eu já conhecia aquela expressão desconfiada, própria de um animal que havia sido ferido varias vezes e não sabe se pode confiar em quem se aproxima. Me ajoelhei e sorri tentando parecer o mais amigável possível.
- Está perdida?
Ela confirma enquanto duas grossas lágrimas escorrem por suas bochechas deixando um desenho marrom em seu rosto. Parecia ter caindo no barro e me dei contra que estava tremendo.
- Querida, faz muito frio aqui e está molhada. Vem comigo e te ajudarei a se esquentar. Depois podemos procurar seus pais.
- Não tenho pais - foi a primeira vez que escutei sua voz. afogada pelas lágrimas, mas com um tom mais maduro do que esperava encontrar em uma garotinha de sua idade.
- Resolveremos tudo quando estiver mais aquecida. Venham comigo.
Me custou mais cinco minutos ajoelhada de mal jeito no chão até que se decida e me dar a mão. E quando o fez, a guiei até a minha mansão sem deixar de observar sua expressão assombrada quando entrou na sala, levei até o banheiro. Era o que o banheiro que Henry usava quando era pequeno e ainda tinha muitos brinquedos.
Enchi a banheira com água quente e uma boa dose de espuma enquanto tirava a roupa da pequena e a colocava na água. Ela não falava, apenas me olhava. Não sabia o que pensar. Talvez soubessem quem eu era e teria medo. O pensamento de atiçar medo em uma garotinha tão indefesa me produziu um pontada de dor.
- Meu nome é Regina.
Seus enormes olhos azuis ocupavam boa parte de seu rostinho pálido e o cabelo loiro, agora molhado, caiam em fitas por seus ombros. Havia brinquedos a sua volta, mas ela se limitava a olha-los sem atrever a tocar-los.
- Qual o seu nome pequena?
- Se o digo chamará os senhores maus - podia sentir o medo em sua voz.
- Não chamarei ninguém mau.
- Vai me devolver.
- Bom, tem que voltar pra sua casa - respondi sem saber como dizer.
- Não teno casa. Aqueles que me acolheram agora são maus. Me trancam em um armário e tenho medo do escuro.
Eu havia sido uma Rainha Má e ainda assim torturar aquela linda garotinha parecia terrível.
- Pequena, prometo que não vou deixar que ninguém te machuque, mas tenho que saber seu nome - me olhou, refletindo sobre meu pedido suponho.
- Emma Swan.
Cai de joelhos ao seu lado. Era certo que seus traços me eram familiares, mas Emma? Como poderia ser possivel? Será que havia enfeitiçado a si mesma?
- Quantos anos você tem?
- Cinco. Vou completar seis em alguns dias.
Me levantei tentando analisar as possibilidades.
- Me espere aqui um momento, Emma. Vou a ... preparar uma roupa. Já volto.
Uma vez, fora do banheiro, peguei meu celular e disquei o numero que tenho gravado como "Maldita Swan".
- Regina? - perguntou sonolenta - O que aconteceu?
- Senhorita Swan, está bem?
- Perfeitamente, até que você me acordou. Aconteceu alguma coisa?
- Eu... - analisei minhas opções. Emma Swan poderia ser essa Emma Swan, mas agora mesmo é uma garotinha assustada que não precisa ser envolvida por problemas mágicos. E estava claro que a autentica Emma Swan seguia com sua idade normal, assim que ninguém sentiria sua falta ainda na manhã seguinte - Não. Perdão, apenas errei o numero. Boa noite.
Desliguei a chamada, peguei o antigo pijama de Henry com ursinhos e voltei onde a pequena Emma seguia na mesma a posição que a havia deixado.
- Bom, vamos te tirar dessa banheira antes que fique toda enrugada.
Peguei uma enorme toalha roxa e a envolvi com ela para que não se esfriara. Emma não falava, apenas me olhava, simplesmente fazia tudo o que pedia sem protestar. Levantou os braços e as pernas quando o pedi, se deu uma volta e permaneceu quieta. Apenas notei uma mudança de expressão quando me viu com um pente e um secador.
- O que vai fazer? - me disse com sua vozinha tremula.
- Vou secar seu cabelo. Não pode ir dormir com o cabelo tão molhado.
- Ninguém nunca se havia preocupado com isso antes.
Me perdi em suas palavras. Era certo que estava bastante suja e o cabelo tinha alguns montes pastosos, mas pensava que era por ter caido no barro.
- Bom, eu me preocupo.
Sorri diante do leve brilho de seus olhos. O cabelo de Emma sempre me havia parecido lindo, tão luminoso, como fios de ouro que caiam em cascara sobre seus ombros. Não que eu a olhasse muito, mas eram coisas que se viam de longe. A pequena Emma o teria igual se não estivesse tão descuidado.
Quando terminei seu abundante cabelo estava amarrado em uma trança e a garotinha me olhava assustada.
- Vamos dormir.
A carreguei nos braços, surpreendendo-me de novo, por o quão leve era apesar da sua idade. Quando escutei um rugido. Emma me olhou envergonhada, com medo em seus olhos.
- Desculpa, desculpa - gritou.
- Em todo caso, eu que tenho que pedir desculpas. Não me ocorreu que teria que perguntar se tinha fome. Vamos a cozinha.
- Não tem problema. Posso aguentar.
- Não, Emma. Se tem fome tem que me dizer, sim? Não vou ficar brava.
Sentei a garotinha em uma das cadeiras de minha mesa de cozinha enquanto preparava chocolate quente. De repente, me esqueci que a garotinha que tinha a minhas costas era Emma Swan, a mesma que havia me tirado tudo; que a magia estava envolvida e que chegariam dias cheio de problemas para resolver sobre o assunto de como devolver a pequena Emma ao seu tempo, isso era evidente; mas eu me vi transportada aos dias em que era simplesmente Regina, simplesmente a mãe de Henry, sem mais preocupações do que fazer um chocolate quente perfeito para espantar os pesadelos.
Guiada pelo costume, coloquei chantili e um pouco de canela que Henry sempre me pedia, ainda que pessoalmente achasse muito doce.
- O que é isso marrom? - me perguntou.
- Canela. Não gosta de chocolate com canela?
- Não sei, nunca provei - sorri recordando todas as vezes que vi Emma Swan, a outra Emma Swan, bebendo-o.
- Prove. Tenho a sensação de que vai gostar.
Os olhos da pequena Emma se ampliaram assim que deu seu primeiro gole.
-Está muito bom.
Era impossível não sorrir vendo como o chantili formava um bigode sobre seus lábios. Quando terminou de beber e limpei o resto de chocolate de seu rosto, a pobre garotinha estava caindo de sono.
Não tinha nenhum quarto preparado e, por alguma razão, dormir no quarto de Henry não me parecia uma boa ideia. Assim que a coloquei ao meu lado na enorme cama que dividia com a solidão a cada noite.
- Regina - me disse quando o sono começava a vence-la - Vai me devolver?
- Shh, durma. Nos preocupemos com isso pela manhã.
- Gostaria de ficar com você - sussurrou antes de cair no sono.
Abraçada a pequena figura de Emma, escutando sua respiração calma e me distraindo do conhecido silencio, me perguntei se, de alguma maneira complicada, se havia comprido meu desejo.
