"O que é esse 'coração' do qual você tanto fala?
Se eu abrir seu peito, será que o encontrarei lá?
Se eu abrir seu crânio, será que o encontrarei lá?"

Ele tirou a mão e de seu peito e passou-a em seu cabelos.

"mulher, eu quero sentir, ver esse coração que você fala tanto. Sentir o meu corpo reagir a esse coração. Quero que você o faça."

"O coração não se faz sentir. Para você sentir o que sinto agora primeiro você precisa saber a amizade e o amor.
Você não o entende nem a importância da vida. Como pretende amar? Como pretende sentir o coração?"

"já disse. Quero que você o faça."

"Como pretende que eu te ensine a viver?"

"A solução tem que ser achada por você ,e não por mim. Eu ordeno, você obedece."

"E como você pretende que eu te ensine sobre a vida se estou encarcerada em um mundo morto? Tire-me daqui e eu ensino sobre a vida."

"volte à sua cela."

"O que?"

"É surda, mulher? Volte à sua cela."


"Vejo que desistiu do coração."

"Eu não tenho coração."

"Todos tem um coração"

"Eu não, tenho um buraco, onde deveria sê-lo."

"Mesmo que não o tenha fisicamente, todos tem um coração."

"Eu não."


"Coma, mulher"

"não."

"De novo? Não o fui bem claro da ultima vez?"

"Não."

"Pois bem, se não comer, vou enfiar na tua goela. Sem fraquejar nem se quer uma vez."
"Coma."


"O que ela tem de tão fascinante?"

"Como?"

"O que ela tem de tão fascinante?"

"Ela quem?"

"A lua. Sempre que venho, está olhando para ela."

"É a única coisa boa desse mundo. A única coisa similar ao meu."
"A única coisa que chega mais perto do que significa vida, coração, nesse lugar."

"Coma."


"Já disse que se não comesse iria obrigá-la a tal, não entendeu?"

"Sim, entendi."

"Então por que a comida de ontem ainda está aqui?"

"Por favor... Por favor... Tire-me daqui! Eu lhe suplico."

"Mulher, você realmente acha que está aqui simplesmente por diversão? Que pode sair e voltar a qualquer hora?"

"Por favor... Por favor..."


"Vejo que ainda não resolveu comer."

"..."

"Pelo visto não fui convincente o suficiente."

"..."

"Com um pescoço fino desses, sua vida seria tirada em poucos segundos... E como me parece atraente..."

"..."

"Abra a boca mulher, se não abrir, vou forçá-la a tal"

Ele agarra seus cabelos e os puxa para trás, forçando-a a encará-lo, e com a outra mão, segura seu maxilar abrindo de leve sua boca.

"Vê ? Sente? A pele, os fios de cabelo. Isso vida. A corrente que passa da sua pele para a minha. Isso vida! a primeira vez que toca algo vivo, e como se sente? Tire-me daqui, posso te ensinar o que é viver, posso te ensinar o que é a amizade, e o que é amor! O que é o valor de uma vida"

Ela levanta e o beija.

"Isso! Isso é coração! O que você sentiu agora, pois eu sei que sentiu algo, o coração que você teima não ter. Tire-me daqui, e venha comigo."

Ele puxa seus cabelos e a arremessa para trás, em seguida a tranca e vai embora.


"Coma"

"Ul..."

"Cale-se e coma"


Um ano se passou. Um ano de tentativas e batalhas para traz -la de volta. Um ano se passou e ela continua em seu cárcere. Ulquiorra seu carcereiro.
A vida ia se esvaindo de seu corpo lentamente, e as vezes ela desejava que o processo simplesmente acelerasse. Mas então via aqueles olhos.
Os olhos mais tristes que já vira em toda sua vida, e ou desejava ainda mais morrer, ou desejava ficar, mesmo que apenas mais um pouco.