SPN The Road So Far : Tão Longe
O vento que entrava pela janela esvoaçava seus cabelos. Mais longos que de costume. Não tivera tempo ou disposição nas últimas semanas para detalhes estéticos. Sua aparência era o quer menos importava. Havia trabalho a fazer. Muito trabalho.
O pé no fundo do acelerador fazia o velho Camaro voar baixo no tapete de asfalto que tocava o céu no horizonte.
A estrada.
Por três dias inteiros.
Nunca a estrada lhe pareceu tão convidativa.
Há tempos não se sentia tão em casa como agora, depois de subtrair a antiguidade motora, negligenciada com a chave na ignição dois estados atrás.
O som do motor e o vento eram seus únicos companheiros. Os únicos que o impediam de se afogar nas lembranças e na necessidade pulsante de dar a volta e correr para junto de sua família. Para junto daquele fora seu porto seguro e a quem fizera prometer não olhar mais para trás quando tudo estivesse terminado.
Milhas corriam sob as rodas.
As calotas prateadas cintilavam ao sol, girando incessantemente, em direção à liberdade do esquecimento.
A imagem de Dean através da janela, sentado à mesa de jantar era um alento. Ele estava seguro agora. Estava em casa e tinha uma família. Estava longe de toda a loucura que fora sua vida até então. Tinha o que guardava para si em seus sonhos mais secretos.
Ele jamais sonharia em tirar de seu irmão seu pequeno pedaço de céu depois de tê-lo obrigado a fazer uma promessa, que sabia, lhe custaria mais do que qualquer outra coisa: Esquecer e não olhar para trás.
A velocidade, sobre o asfalto negro, enchia seu peito da mesma cor.
O vento morno e o brilho do sol contrastavam com a frieza que infligira ao seu coração, trancado dentro do peito, encarcerado e condenado à solidão, conflitando com a certeza do dever cumprido. Não com a humanidade ou com o Céu, mas com seu irmão mais velho.
Afundou mais o pé no acelerador.
Colocar o máximo de distância entre ele e Dean era o melhor agora. Não importava o quanto pudesse doer.
Olhou pelo espelho retrovisor uma última vez e viu a distância crescer nas curvas da estrada deserta. Deserta como sua alma.
Aquele era o seu lar, agora sabia.
A estrada.
O caminho para qualquer lugar onde o trabalho o levasse.
A rota para seguir e escrever a sua própria história.
Sozinho.
Nota: É isso. Quase nada. Mas essa imagem não me saía da cabeça e decidi escrever. Vocês é que vão dizer se valeu. Bjs!
