Faltavam tão poucos dias para seu casamento e Elena era um misto de sentimentos, que variavam de um extremo ao outro em tão pouco tempo que as vezes a garota pensava que iria enlouquecer. E talvez já tivesse enlouquecido, nunca achou que podia se sentir como estava se sentindo nos últimos tempos.

Era de madrugada e ela não conseguia mais dormir, por mais que tentasse, nao conseguia. Talvez, fosse somente o nervosismo, somente a aflição e a ansiedade para o "Grande Dia", afinal, eram tantos preparativos, tantas coisas que ela ainda tinha que cuidar, que arrumar. Devia ser isso, toda a noiva fica neurótica antes do casamento, e com Elena Gilbert não estava sendo diferente.

A garota deu um suspiro pesado, estava sem ânimo naquele dia, estava tão cansada, ou pelo menos ela queria chamar o que sentia de cansaço, tinha que ser somente isso, mas às vezes, era como se ela se sentisse tão triste, tão vazia, tão solitária e essa sensação preenchia o vazio com ainda mais vazio e nesses momentos ela não conseguia suportar, queria apenas chorar até a dor passar. Sempre passava, tinha que passar, mas não estava passando e ela não sabia o que fazer.

Elena se encolheu novamente na cama, puxando o cobertor para si, não queria chamar a atenção dele, não queria que Stefan acordasse, ele estava tão cansado também, precisava descansar. E ela também não queria que ele a visse daquela maneira, tão frágil, tão entristecida, até porque ele iria perguntar o que estava acontecendo com ela e não queria conversar sobre isso, afinal, nem ela mesma sabia a resposta, sabia precisar porque aquela sensação de solidão intensa a invadia e dominava seu ser mesmo quando ela estava ao lado dele.

Elena quis se encolher mais ainda, se curvar de alguma forma que fizesse com que ela se sentisse melhor, mas não existia nada que ela pudesse fazer quando aquela sensação a consumia, nada mesmo. Ela fechou os olhos tentando procurar algum tipo de calma. Por que ela tinha que estar passando por isso a tão pouco tempo de seu casamento? A garota, então, tentou, ela aproximou seu corpo ainda mais de Stefan, sentindo o calor dele, e o abraçou, tentando procurar abrigo nele para a dor que sentia. Nada. A dor continuava lá. Elena quis morrer.

Stefan sentiu a pressão que Elena fazia contra seu corpo, sentiu a respiração dela tão próxima tão pesada e isso o fez despertar. Ele abriu os olhos lentamente, a observou com cuidado, ela parecia aflita. – Tudo bem, meu amor? – Ele perguntou acariciando o rosto dela com carinho.

–Eu não consigo dormir. – Ela respondeu num tom fraco, contendo a vontade de chorar, que ela nem sabia de onde vinha, por que vinha.

–É por que você está ansiosa com o casamento, com tudo. – Ele sorriu carinhosamente para ela. – Vem cá. – Stefan falando, a puxando para si, deixando-na se aninhar no peitoral dele.

–É eu acho que é isso mesmo. – Ela respondeu afetada, devia ser isso, só podia ser. Que outro motivo seria? Ela amava Stefan demais e eles estavam prestes a afirmar o amor deles quando se casassem. Ela o amava tanto, não amava? Aquela pergunta a fez estremecer, Elena tivera medo de procurar a resposta no cerne de sua alma. Deve medo de achar a resposta correta.

–Tenta dormir, Elena. – Ele sussurrou. – Não quero você assim, nem quero que fique louca antes de nos casarmos. – Ele brincou fazendo ela rir, um sorriso que ela não soube dizer se foi natural ou não.

–Tá bom. – Ela falou baixinho, fechando os olhos, tentando buscar um alento nos braços dele, no corpo dele, que sempre trouxera paz, sempre trouxera conforto à ela, mas a algum tempo já não trazia mais.

Só que aquele era um assunto que ela não queria nem pensar. Não poderia pensar. Sua mente, racional, era muito clara, sempre fora. Aquilo era certo, o amor deles era tão forte, tão real. Ela repetiu mentalmente a frase em sua cabeça, convencendo a si mesma. Seria sempre Stefan, sempre ele. Se ela quis ficar com ele, era porque o amava, não era?

Ela se forçou a não continuar com aquelas idéias. Ela estava nervosa, stressada, por isso se sentia assim. Por isso, surgiam dúvidas sem sentido em sua mente. Só por isso e por nada mais. Não havia nada além, nunca houvera ninguém além dele. Na verdade, houvera outro, mas ela tinha que evitar isso, era um assunto, um pensamento proibido.

Tudo que ela precisava fazer era dormir, descansar que no dia seguinte ela estaria bem, ela teria que estar. Ela tinha tantas coisas para resolver, o casamento tomava o dia todo dela, o que era bom, ela podia se concentrar e esquecer de qualquer outra coisa, esquecer daquela dor, daquela sensação estranha.

No dia seguinte, Elena levantou cedo, tomou um banho, vestiu uma roupa bem confortável, era um dia extremamente quente. Por isso, decidiu usar uma saia jeans curtinha e uma regata branca. Logo, Caroline e Bonnie chegariam para ajudá-la, afinal, ela não havia decidido ainda o que iria dar de lembrancinhas e a data da festa estava muito próxima. Ela precisava correr com todos os preparativos.

Finalmente, ela já estava com as duas amigas, que pareciam super empolgadas. Bonnie parecia estar se divertindo com tudo, mas Caroline estava radiante, até parecia que estava organizando a própria festa de casamento.

–Ai, Elena! Eu já pensei em tantas coisas legais! –Caroline a puxou pela mão, a levando para o sofá, jogando a bolsa num canto. Queria conversar logo. – Você vai adorar.

–Você nem imagina o quanto a Caroline está ansiosa. Ela veio o caminho inteiro falando disso. – Bonnie completou, rindo.

–Então me diz logo, Carr – Elena pediu, rindo, quase contagiada pela empolgação da amiga.

–Eu mandei fazerem várias amostras de lembrancinhas, assim ia ficar mais fácil para você poder decidir. Melhor do que ficar só imaginando , não é mesmo?

–Imagina quando for o seu casamento, Caroline. – Elena falou num tom descontraído.

–Aí que a gente fica louca de vez. – Bonnie afirmou.

–Nem me diga, não sei nem se eu vou sobreviver a esse nervoso todo pré casamento.

–Lógico que vai, Elena. – Caroline riu. – Imagina, vai morrer antes? Não! E a noite de núpcias? Helo, mulher! Você tem que ficar inteira!

–A Carol tem razão, Elena. – Bonnie fez uma pausa. – Você tem tanta sorte, Elena.

–É, eu tenho muita sorte. – Ela repetiu a frase, tentando processar o que ela realmente significava. Algo dentro dela gritava e ela não sabia o que era, sua expressão mudou, abalada.

–Ei! – Caroline exclamou – Não precisa chorar, Elena, eu sei que é muita emoção.

–Eu estou bem, só pensei demais aqui. – Elena forçou um sorriso.

–Lógico que deve estar pensando demais. Quem não pensaria com um noivo romântico, lindo, fofo e gostoso como o Stefan. – Caroline riu. – É dona Elena, você tem sorte mesmo.

Elena iria responder, mas foi impedida pelo barulho da campanhia tocando. Não estava esperando ninguém, afinal. Na verdade, até estava, mas ele não viria mesmo. Já tinha dito que não viria e isso a deixava tão triste, queria vê-lo. Ou melhor, queria que ele viesse, afinal, era o casamento dela, o casamento do irmão dele. Ainda assim, Damon tinha dito várias vezes que não queria participar daquilo, que não tinha nada a ver. E ás vezes, Elena se pegava pensando nele, na verdade, pensava muito dele. Sentia saudade.

A garota se levantou preguiçosamente do sofá, não estava com ânimo para receber ninguém. Devia ser mais alguém, a assessora de eventos, um profissional especializado em casamentos, que ela tinha contrato para ajudar a resolver o cerimonial, a decoração, mas que não estava ajudando nada, só a estava deixando ainda mais nervosa. E no fim das contas, quem precisa de um assistente quando se tem uma amiga como Caroline?

Quando ela abriu a porta e o viu, Elena mal pode acreditar. Seu coração acelerou instintivamente quando ela o fitou, perdendo-se no mar azul quase hipnotizante que eram os olhos deles. Ele tinha um sorriso em seu rosto, um sorriso que ela sentia falta, muita falta. Já fazia tanto tempo desde a última vez que eles se viram, desde a vez que ela lhe disse para não ter mais nenhuma esperança com ela, que o que tinha acontecido entre eles não tinha significado nada, que ela amava Stefan, pertencia à ele.

–Damon. – Ela falou num tom abalado, quase sem reação. Não esperava vê-lo. Ao mesmo tempo que ela não tinha nenhuma reação, por dentro todo seu corpo reagia, as batidas de seu coração estavam cada vez mais fortes, seus músculos pulsavam, involuntariamente, por ele. Por que ela ainda se sentia assim, mesmo depois de tanto tempo? O que tinha de errado com ela?

–Oi, Elena. – Ele ainda sorria, tentando manter uma aparência quase inabalável, quase indecifrável, se não fosse pelo sorriso que ainda emoldurava seu rosto de traços perfeitos. Ele tentava conter suas reações, seus sentimentos quando ele a viu novamente, porque, afinal, ainda a amava. Não tinha conseguido esquecê-la, apesar das inúmeras namoradas que tinha arrumado desde então, o problema é que nenhuma delas era Elena Gilbert.

–Eu pensei que você não vinha. – Ela falou num tom fraco, tentando controlar a ansiedade em sua voz. Ele estava lá e isso fazia bem à ela. - Ela o abraçou, fechou seus olhos, quis apenas sentir o corpo dele. Ela não entendia o que estava acontecendo com ela. Por que ela não conseguia soltá-lo? Por que ela gostou tanto de como se sentiu, da lembrança que veio em sua mente? A lembrança de quando eles estiveram juntos. Naquele instante, a sensação estranha, de solidão tinha passado completamente e ela não entendia porquê.

–Eu decidi vir, é o casamento do meu irmãozinho. – Ele falou num tom seco e ao mesmo tempo irônico, tentando se controlar, tentando controlar seu corpo a não abraçá-la forte demais, a não demonstrar o quanto ele ainda a queria. Ela não precisava saber disso. Não precisava saber que ele não viria porque não aguentaria vê-la se casando com alguém que não fosse ele. Por mais, que estivesse feliz pelo irmão, não podia negar o seu amor por Elena, o quanto ele a quis para si. Ela também não precisava saber, que apesar da dor de vê-la se casando, ele não pode deixar de estar lá, porque sentia tanta falta dela, queria vê-la, ver o sorriso dela, pelo menos isso, ele poderia ter, nem que fosse apenas ver de longe o sorriso que ela destinava a Stefan, ainda assim, era um sorriso dela e isso já era valioso demais.

–Eu fico tão feliz que você esteja aqui, eu senti sua falta. - Aquelas com toda a certeza eram as palavras mais sinceras que ela tinha dito durante o dia inteiro. Seu corpo, sua alma gritavam, mas ela abafava o som em seu peito. Ela estava feliz, mas estava feliz somente porque Damon estava lá, e ele era amigo dela, somente amigo. Era importante que ela tivesse seu amigo num momento tão especial como durante seu casamento. E mais, a felicidade só era tão grande porque ela sabia o quanto Stefan ficaria feliz. Em nenhum momento, ela poderia acreditar no que seu coração gritava já desesperado. Ela não o amava, não podia amar mesmo se amasse. Ela só amava o Stefan, não é mesmo? Ela deixou a pergunta solta, não era o melhor momento para que seu coração respondesse, ele estava confuso demais, mas a única coisa que ela tinha certeza era, ela não sentia mais aquele vazio.

–Que bom, Elena. – Ele continuou com a mesma postura defensiva, não iria se expor à ela, expor os sentimento como fizera no passado. Não tinha adiantado de nada, afinal. Ela não o quisera, não importava o quando ela o amasse, ainda assim, ela não o queria. Ela tinha escolhido Stefan, e por mais, que ele pudesse sentir a urgência do abraço dela, não poderia se iludir ou ter qualquer esperança. Elena nunca seria dele, ainda mais agora. Ela iria se casar.

–Entra, por favor, eu estava com as meninas escolhendo lembrancinhas. – Ela riu, se achando sem graça, se achando ridícula e nem sabia porque se sentia assim, não tinha idéia. Na verdade, sentiu o vazio a invadir novamente quando ele se desvincilhou do abraço dela, quando ouviu as palavras geladas dele, tão distante. Ela corou, mas ainda mantinha seu olhar focado nos olhos dele, e os olhos dela brilhavam cada vez que o via, e esse brilho era algo involuntário, ela podia conter seu corpo, mas não aquilo, não o brilho que ele trazia ao seu olhar. E isso, todas perceberam. Caroline e Bonnie se olhavam, tentando entender o que estava acontecendo ali. Elena se recompôs, tentando fazer uma brincadeira. – Coisa de garota, né? Fica a vontade. – Ela não sabia o que dizer.

–Tá bom. – Ele disse ainda mais frio que antes, tentando se manter forte. As reações de Elena não diziam respeito à ele. Ou melhor, nada sobre ela dizia respeito à ele, por mais que ele a amasse. Ele nem cumprimentou as duas meninas, apenas entrou na casa, que costumava ser dele, e foi achar um lugar que ele pudesse ficar.