Prólogo

~A Despedida que Nunca existiu~

Certo... Eu consigo fazer isso, eu sei que consigo! Vamos lá Hinata, no três... Um... Dois... Três!

Me sentei em um pulo em cima da cama, estiquei os braços para o teto com um sorriso largo e bobo no rosto.

- Sim cama! Eu me livrei do seu feitiço! Eu consegui levantar! Hahahahahahahaha! Sinta meu poder! - Eu ria como uma criança, estava muito animada. Por que? Não sei direito...

A espera sei sim! Hoje e o ultimo dia de aula!

Uhuuul! Isso significa que o ano letivo já esta acabando! Isso significa natal! A... Como eu amo o Natal! Mas o motivo verdadeiro para eu estar tão feliz não era esse, eu irei voltar para minha casa hoje, depois de um ano, morando nessa cidade quente e abafada, finalmente vou voltar para minha casa, e rever meus amigos! Então, isso e motivo ate para mim ficar completamente alterada com vontade de pular e gritar com todo o oxigênio em meus pulmões!

Esse ano foi o pior ano de toda a minha vida... Sem nenhum exagero da minha parte.

Minha mãe faleceu no começo do ano por culpa de uma doença sem cura... Não consegui aprender o nome da doença, nomes complicados nunca foram meu forte... Ela sabia que iria morre nesse dia, não sei como, mas ela deixou uma carta escrita dizendo o que ela queria que fizéssemos... Na carta vinha dizendo que ela queria que eu viesse morar com minha tia Kanna, ate o dia 27 de novembro e muitas outras instruções.

Não entendi o motivo para que ela me manda-se para longe do meu pai, irmã e primo, e sim ficar com uma tia e o marido dela, que eu só havia visto uma vez na vida.

Agora eu sei o motivo: crescer.

Eu cheguei nesta cidade, eu era uma adolescente boba e medrosa. Ainda sou a mesma adolescente boba, mas menos medrosa, tímida... Agora consigo me sentir mais a vontade comigo mesma.

Conheci pessoas legais esse ano, mas conheci muitas pessoas que... Foram verdadeiras cobras... Sofri muito esse ano, mas foi por esse ano ruim que cresci.

O dia ocorreu como normalmente, eu fui para o colégio, fiz a ultima prova e me despedi dos poucos amigos que fiz, mas... Em momento nenhum vi a única pessoa que realmente me interessava ver...

Peguei meu celular e o olhei, quando a tela acendeu, senti a frustração tomar conta de mim. Nenhuma mensagem...

Peguei minhas malas no quarto e fui para o carro, as luzes da cidade passavam tão rapidamente por meus olhos, ao ponto de não passarem apenas de borrões...

De todas as coisas naquela cidade havia somente uma que eu não queria deixar para trás... E era ele... As vezes me surpreendo pela tola sentimentalista que eu sou...

- Hina-chan, chegamos. - Escutei a voz doce de minha tia Kanna me chamando.

- Certo. - Sorri para ela e logo desci do carro, olhando para o aeroporto a minha frente.

A sensação de nostalgia tomou conta de mim, lembrei o dia que cheguei nessa cidade, mas principalmente, lembrei da minha despedida dos meus amigos de infância e minha família. Kohaku, o marido da minha tia, já havia pegado minhas malas sem ao menos eu percebe e estava a cerca de 10 metros de distancia.

- Vamos? - Kanna pegou minha mão sorrindo.

- E.

Andamos atrás dele, e fomos logo resolver as burocracias para que eu pudesse embarca no avião. O que não demoraria muito por sinal...

Olhei para o céu pela imensa janela de vidro.

- Bem Hina-chan... E hora de nos despedimos... - A voz de Kanna me tirou do meu mundo de devaneios com sua voz suave. Não havia escutado as chamadas para embarca no avião, para ser sincera, não havia percebido o tempo passando.

- E... - Naquele instante, percebi o quão sentiria falta da minha tia e de seu marido. Kohaku e Kanna haviam me acolhido tão bem, eles realmente tentaram de tudo para me deixar o mais confortável possível, e eu no começo não colaborava muito... - Tia... - A abracei com toda a força que tinha mas sem esmagá-la, um abraço apertado e aconchegante, lágrimas começaram a encher meus olhos dificultando minha visão, e elas logo teimaram em rolar por minhas bochechas. - Eu vou sentir sua falta.

Kanna afagou minha cabeça, e correspondeu meu abraço.

- Também vou sentir sua falta Hina-chan...

Me separei de minha tia e abracei Kohaku também, ele sorriu, mas ficou surpreso, porem também correspondeu meu abraço.

- Se cuida ta garota? Você e mais forte do que pensa. - Ele botou a mão no topo da minha cabeça e bagunçou meu cabelo como se eu fosse uma criança.

Afirmei com a cabeça, e logo comecei a corre na direção do avião, no qual rapidamente entrei já que a fila para embarque não existia mais. Olhei pela janelinha do avião assim que entrei e me sentei, não conseguia ver Kanna nem Kohaku, mas sabia que estavam lá.

- Por favor, todos os passageiros coloquem os cintos e... - A voz da aero-moça ecoou pelo local, botei meu cinto e fiquei olhando pela janela, sem prestar atenção nenhuma no que ela falava e no que estava fazendo. Eu só conseguia pensar em uma coisa...

Uma despedida a qual eu nunca teria...