Domo pessoal

Cá estou com mais uma fic para vocês. "Em Algum Lugar do Passado" faz parte das lembranças existentes em meados da fic "O Despertar das Valkirias" por isso estou postando-a antes do capitulo 18.

Se vocês se surpreenderam com a história de Ilyria, abram suas mentes e preparem-se para as surpresas que essa história reserva. A exatos 200 anos atrás entre os frondosos picos antigos, uma história de amor e mistério de desenrola.

Novamente as Deusas do Destino parecem tecer pelos mortais, provocando um encontro que marcara para sempre a vida de um cavaleiro. Sabia aqui, o que aconteceu com Dohko de Libra após a batalha contra Hades, que somente ele e Shion sobreviveram.

Muitas surpresas e fortes emoções, que mostram que o passado não pode ser esquecido ou ignorado e que sempre será lembrado.

Boa Leitura!


Nota: Os personagens de Saint Seya não me pertencem, apenas Alana é uma criação única e exclusiva minha para essa saga.


Em algum lugar do passado.

Capitulo 1: Lembranças.

I – Picos Antigos.

Respirou fundo, fechando os olhos e tentando deixar a mente em branco. Os sons da cachoeira e tudo a sua volta, eram deveras relaxantes e propícios para aquele momento de meditação.

Sentou-se no topo da montanha, fitando a cachoeira a sua frente. Deixou as costas eretas e a respiração suave, porém em vez de meditar, seus pensamentos o puxaram para lembranças a muito guardadas no mais profundo de sua mente. Fragmentos importantes de uma época que vivera, cujas lacunas ainda estavam abertas de sentimentos jamais fora capaz de esquecer.

200 anos atrás...

A batalha contra Hades fora ferrenha, suspirou tristemente ao lembrar-se dos amigos que perdera em campo e foram tantos; Dohko pensou, observando o lago que se formava ao pé da Chuva de Estrelas.

Agora tornara-se guardião da fronteira secreta, enquanto Shion assumira o santuário como Grande Mestre, coordenando os demais 86 cavaleiros até o retorno de Athena.

Teriam 200 anos pela frente, treinando mais e mais cavaleiros e amazonas para a próxima Guerra Santa, mas quando isso iria acabar? –ele se perguntou.

Ainda sentia o corpo dolorido por causa da batalha, por pouco, muito pouco ele e Shion não sobreviveriam. Foram abençoados pelos deuses com o dom de permanecerem jovens até a próxima guerra. Já sentia seu coração aos poucos reduzir os batimentos.

Retirou a camisa que vestia com cuidado, observando seu reflexo nas águas cristalinas. O dia estava quente, não faria mal um mergulho, alem do mais, ninguém estava por perto para ver. A vila mais próxima ficava a quilômetros dali; ele pensou, olhando para os lados, notando que não existia realmente a mínima possibilidade de alguém acusá-lo de atentado violento ao pudor, só por estar nadando nu.

Deixou a toalha branca que tinha em mãos, próximo a beira do lago, junto com as peças de roupas dobradas perfeitamente, para que não amassassem.

Lançou-se entre as águas, sentindo as mesmas frias e relaxantes, tocando as feridas e marcas feitas por tanto tempo de lutas e treinamentos.

Era estranho, mas ultimamente aquela era a única coisa a lhe acalmar. A água fria daquela cachoeira parecia ter um poder místico de cura, se levar em consideração sua nascente no pico mais alto de Rozan que terminava ali, não era mera superstição acreditar que elas realmente tinham esse poder.

Mergulhou até o fundo das águas, praticamente tocando as pedras lisas, antes de subir a superfície para retomar o fôlego. Os cabelos castanhos agitaram-se jogando gotas cristalinas para os lados e brilhando intensamente, mesmo sobre a cálida luz do sol.

Um farfalhar de folhas atrás de si, chamou-lhe a atenção, porém não se preocupou ao ver um pequeno coelho branco sair correndo do meio das folhagens do bosque.

-"Estranho, poderia jurar que vi alguma coisa ali"; Dohko pensou, nadando de volta a borda.

Estranhamente sentiu como se estivesse sendo observado, saiu da água, pegando a toalha e rapidamente envolvendo a cintura com ela.

Passou os dedos entre os cabelos arrepiados que caiam sobre os ombros, a água escorria com suavidade pelo corpo bem talhado, delineando a curva das costas que revelava a imagem de um belo e imponente tigre de olhos verdes, iguais aos dele.

Recolheu as roupas do chão, era melhor voltar para a casa; ele pensou, mas parou. Num movimento rápido as roupas caíram no chão novamente, quando virou-se bruscamente.

-Ai; ele ouviu um gemido abafado de dor.

Com a respiração pesada ergueu a cabeça, deparando-se com um par de orbes azuis lhe fitando com medo e apreensão. Franziu o cenho ao ver que era uma garota

-Quem é você?- Dohko perguntou, viu-a fechar os olhos, respirando com dificuldade, só então notou que a estava quase enforcando por sua mão mantê-la prensada na arvore pelo pescoço. Soltou-a, vendo-a respirar aliviada.

-Nossa; ela murmurou passando a mão pelo pescoço, completamente abismada com a velocidade do cavaleiro.

Dohko observou-a, o que aquela garota estava fazendo ali? Se fosse provavelmente um espectro sobrevivente já teria tido a chance de matá-lo, mas não, então quem era ela?

-Vamos diga logo, quem é você? –ele perguntou impaciente.

-Ahn! Bem...; Ela começou, engolindo em seco. –Me chamo Alana;

-E o que quer aqui, Alana? –Dohko perguntou, visivelmente desconfiado.

-O Sr... Digo, treinar com o Sr; Alana respondeu prontamente, com a face corada.

-Treinar? –Dohko perguntou, arqueando a sobrancelha, incrédulo.

-...; Ela assentiu, timidamente.

-Mas você não acha que já passou da idade pra isso, não? –ele perguntou, normalmente as amazonas começavam a treinar com seis ou sete anos no máximo, mas aquela garota tinha entre 16 a 17 anos.

-Hei; ela reclamou enfezada, dando-lhe um soco no ombro. –Velho é o seu passado;

-Calma, não foi isso que eu quis dizer; Dohko tentou se explicar, afastou-se parcialmente massageando o local atingido. Ficara dolorido; ele pensou, para alguém aparentemente frágil ela sabia esconder a força que tinha.

-Puff! –Alana bufou, desviando o olhar dele.

-E porque quer treinar? –o cavaleiro perguntou, optando por saber mais sobre ela e seus motivos para querer aquilo.

-Não posso lhe dizer no momento; ela respondeu, hesitante.

-Sinto muito garota, mas não estou procurando um aprendiz no momento; ele respondeu, afastando-se e indo pegar as roupas que caíram.

-Mas... Por favor; Alana falou, se aproximando, mas viu-o caminhar em direção a sua casa, sem atender ao seu chamado.

Alana serrou os orbes de maneira perigosa, com o punho em riste partiu para cima do cavaleiro, porém Dohko foi mais rápido, segurando-lhe pelo pulso detendo-lhe o golpe. A jovem engoliu em seco, ao deparar-se com os orbes intensos dele.

-Você não sabe ouvir um não, não é? –ele perguntou, sério.

-...; Alana negou com um aceno.

-Vou lhe dar duas opções; o cavaleiro começou. –Primeira, você vai embora e procura outro mestre, ou, segunda, me conta a verdade e eu vejo o que posso fazer pra te ajudar;

-Mas...; A jovem tentou argumentar.

-Primeira regra de mestre e pupilo, nunca conviva com alguém que você não confia, mesmo que só ele possa ensinar aquilo que você precisa; Dohko falou, soltando-lhe o pulso e tornando a caminhar.

Alana parou, vendo-o sumir entre as folhagens. Abaixou a cabeça com um olhar triste.

-Mas como posso confiar em alguém que não conheço? –ela sussurrou.

-o-o-o-o-

Uma amazona, deveria estar ficando louco ao cogitar a possibilidade de treinar uma amazona, mas não pode deixar de lançar um olhar através da janela da cozinha, vendo-a sentada em baixo de uma arvore em frente a sua casa. Garota insistente; ele pensou, quando estranhamente um meio sorriso desenhou-se em seus lábios e os orbes verdes cintilaram. Quem sabe poderia ser interessante.

-Droga, eu e minha consciência; Dohko resmungou, dando-se por vencido.

Saiu da casa, caminhando lentamente até ela. Alana estava com os olhos fechados e uma expressão serena na face, ressonando baixinho, mas o que lhe chamou a atenção foi um tênue rubor insinuar-se sobre a face de pele alva. Se ela continuasse ali, ficaria com insolação. Não sabia de onde ela vinha, mas deveria estar realmente muito cansada, para dormir de maneira tão desconfortável.

Ajoelhou-se no chão, passando um braço por baixo das pernas e outro pelas costas dela, suspendendo-a do chão. Levantou-se caminhando em direção a casa.

Não era um lugar sofisticado, mas era um ambiente agradável com dois quartos, um banheiro, cozinha e sala, passou pelo corredor que levava aos quartos.

Entrou no quarto ao lado do seu, vendo que a janela estava aberta, deixando uma suave brisa entrar. Caminhou em direção a cama, colocando-a delicadamente na mesma, viu Alana encolher-se e agarrar-se aos travesseiros, acomodando-se melhor, emitindo um baixo suspiro satisfeito.

Olhou-a intrigado, sem conseguir se afastar. Ajoelhou-se em frente à cama, apoiando os braços sobre a mesma.

-"Só espero não me arrepender por isso depois"; Dohko pensou, instintivamente levando uma das mãos a face da jovem, retirando alguns fios de cabelos negros da testa dela. –"Uma amazona, eu realmente devo ter batido com a cabeça"; ele concluiu, levantando-se e saindo do quarto.

-o-o-o-o-

Abriu os olhos calmamente, vendo a cálida luz da lua entrar pela janela do quarto. Já havia anoitecido, o dia fora quente e abafado. Agora a noite parecia continuar a mesma temperatura; ela pensou, levando uma das mãos a testa, sentindo algumas gotas de suor molharem as costas de sua mão. Não estava acostumada com aquela temperatura.

Arregalou os olhos ao deparar-se com um lugar estranho, ou melhor, um quarto. Onde estaria? Se lembrava de sentar-se sob uma arvore para descansar e tudo ficou escuro, caindo no sono, completamente exausta pela viagem que fizera até ali.

-"Onde será que eu estou?" –Alana se perguntou.

Levantou-se da cama, sentindo-se atordoada. Definitivamente, estava quente de mais. Abriu a porta do quarto, deparando-se com um corredor.

Com passos meio cambaleantes conseguiu chegar até a sala, tudo vazio. A porta de saída estava aberta. Aproximou-se tentando não fazer barulho.

Sentiu a face aquecer-se levemente ao deparar-se com o corpo bem talhado do cavaleiro completamente exposto pra quem quisesse ver, já que ele vestia apenas uma larga bermuda e jazia sentado em frente a casa, com um olhar vago para as estrelas.

Como que notando que era observado. Dohko virou-se na direção da presença. Deparando-se com a jovem. Estancou ao deparar-se com aquele par de orbes azuis sobe si, com um brilho tão intenso que era capaz de lhe hipnotizar.

-Onde estou? –Alana perguntou, num fraco sussurro.

-Em minha casa; Dohko respondeu, levantando-se.

Deu um passo a frente para se aproximar, porém a jovem recuou, encontrando o batente da porta como impedimento. Sentiu sua visão embaçar devido a recente vertigem, tendo que apoiar-se no mesmo.

-Você esta se sentindo bem? –ele perguntou, preocupado.

-...; a jovem negou com um aceno. Estava quente de mais; ela pensou.

Fechou os olhos, sentindo o corpo pesado, teria ido ao chão se ele não houvesse se adiantado e a segurado.

-Esta muito quente; ela balbuciou.

Dohko levou uma das mãos a testa dela, realmente quente de mais; ele pensou preocupado.

-Alana; Dohko chamou, tentando fazê-la ficar consciente.

-Uhn! –ela murmurou, mal conseguindo serrar os orbes.

-Preciso abaixar essa temperatura, mas como? –ele se perguntou.

Não sabia o que estava acontecendo, mas se ela ficasse assim teria sérios problemas.

Suspendeu-a do chão, aninhando-a em seu colo. Olhou para todos os lados, procurando o caminho mais rápido para as quedas dágua. Correu para a Chuva de Estrelas, sabia que a queda não estava distante e a água era a mais gelada e própria para o que precisava no momento.

Aproximou-se da beira da cachoeira. Não tinha outro jeito, entrou com a jovem na água extremamente gelada. Alana se debateu devido ao choque térmico, enquanto ele se aproximava cada vez mais da queda dágua sentindo seu próprio corpo reagir a baixa temperatura.

Parou por um momento, vendo que ela estava muito corada, provavelmente com febre.

-Alana, acorde; Dohko chamou, chacoalhando-a pelos ombros.

Viu-a serrar os orbes como se respondesse ao seu chamado. Sentiu-a segurar-se fortemente em si, causando-lhe pequenos arranhões sobre o ombro. Aos poucos a temperatura foi diminuindo até estabilizar-se, saiu com a jovem da cachoeira, retornando a casa.

-"E agora?"; o cavaleiro se perguntou, notando que ambos estavam encharcados. –"Espero realmente não me arrepender disso depois"; ele pensou, sentindo uma gotinha de suor escorrer de sua testa.

Caminhou com a jovem em direção ao quarto, procurando não escorregar no caminho. Colocou-a delicadamente sobre a cama, cobrindo-a em seguida com um fino lençol. Um tanto quanto constrangido, retirou-lhe as roupas encharcadas, enquanto por cima do lençol colocava uma colcha mais pesada, as noites em Rozan costumavam ser bem frias.

Sobre uma cadeira colocou as peças de roupas para que pudessem secar, enquanto encaminhava-se para seu quarto, tocar as suas.

-o-o-o-o-

Abriu os olhos sentindo o corpo todo dolorido, tentou se levantar, mas seu corpo parecia mais pesado do que era. Virou-se de lado, vendo que ainda estava naquele quarto, na casa do cavaleiro.

O que será que aconteceu? E onde estava ele? –ela se perguntou, aflita.

A porta do quarto abriu-se silenciosamente e ele entrou, segurando uma xícara fumegante nas mãos. Parou ao notar que ela estava acordada.

-Como se sente? –Dohko perguntou, aproximando-se.

Colocou a xícara no criado-mudo ao lado da cama, enquanto levava uma das mãos a testa dela.

-Melhor; ela respondeu num sussurro.

-Você me deu um susto e tanto; ele comentou, tentando tirar a tensão do ambiente. –Você ficou muito tempo no sol, por isso teve febre.

-Me desculpe, não estou acostumada com esse tipo de temperatura; Alana falou, com a levemente enrubescida.

-Não se preocupe, apenas descanse; Dohko falou, pacientemente, viu-a assentir. –Ahn! Preparei um chá que vai lhe fazer bem, é melhor tomá-lo;

-Obrigada; ela falou, erguendo-se para sentar-se na cama.

Estranhou ao vê-lo desviar o olhar corado, só então se deu conta do porque, ao sentir o lençol cair de seu corpo.

-SEU TARADO; a jovem gritou, acertando a mão na cara dele.

-Hei; Dohko reclamou, ao ser jogado no chão devido a potencia do tapa.

Voltou-se para ela irritado, mas viu a jovem encolher-se na cama, enrolando-se na coberta.

-Pervertido; ela resmungou, emburrada.

-Eu não fiz nada; ele se justificou.

-Jura, então porque estou sem roupa? –ela perguntou, sem esconder o sarcasmo, porém com a face em brasas.

-Porque estavam molhadas; Dohko respondeu, como se fosse a coisa mais obvia do mundo. –"Eu sabia que isso não ia dar certo"; ele pensou, sentindo a marca dos dedos da jovem latejarem em sua face.

-Como? –Alana perguntou, confusa.

-Você estava com febre, por causa da insolação, tive que te dar um banho gelado, mas não ia adiantar muito se você ficasse com as roupas molhadas depois; ele explicou, com mais calma.

-...; Viu-a entreabrir os lábios para responder, porém as palavras não saíram.

-É melhor tomar o chá, vai te fazer bem; ele falou, levantando-se do chão.

-Ahn! Me desculpe; ela falou, num sussurro abaixando os olhos envergonhada. Ele tentando ajudar e quase lhe quebrava a cara, literalmente.

-Não se preocupe, a primeira vista todos são culpados; Dohko brincou com um meio sorriso em seus lábios, ao tocar-lhe a face, erguendo-a delicadamente pelo queixo, para encará-la.

Viu-a corar furiosamente e um brilho intenso tomar conta dos orbes azuis.

-Você pode pelo menos me dizer de onde você vem? –ele perguntou num sussurro, sem desviar os olhos. Viu a hesitação nos olhos dela, mas Alana apenas assentiu.

-Asgard;

-Agora entendo; Dohko murmurou, pensativo.

-O que? –a jovem perguntou num misto de medo e surpresa, ele não poderia saber, ou poderia? –ela se perguntou.

-Você é sensível ao calor, em Rozan essa época do ano as manhãs são quentes, quando não se está acostumado com essa variação de temperatura, pode-se passar mal; ele explicou.

-Entendo; Alana murmurou, aliviada.

-Agora descanse, se precisar me chame, estou no quarto ao lado; Dohko falou, se levantando.

-Obrigado; Alana agradeceu, vendo-o distanciar-se.

-o-o-o-o-

Jogou-se na cama, suspirando cansado, instintivamente levou a mão à face, aonde ela batera.

-"Que direita"; Dohko pensou, ainda sentindo a face dolorida.

Fitou o teto com um olhar perdido. Acabara de voltar de uma guerra onde fora um dos únicos sobreviventes, mas ainda se perguntava se não teria sido melhor ter partido se isso evitasse a morte dos demais.

Balançou a cabeça freneticamente, agora não era hora para pensamentos deprimentes. Tinha uma missão a cumprir e iria com isso até o final. Por hora era melhor descansar um pouco e depois ir ao quarto ao lado e ver como ela estava.

Não sabia o que as Deusas do Destino tinham em mente para colocá-la em seu caminho, mas depois da demonstração das habilidades de Alana, não deixaria de lado a possibilidade de treiná-la.

Continua...