The Unquiet Dead

Em retrospecto, era o melhor dia dos namorados que tivera. Não que houvesse algum romance, não havia. Nada de flores, jantares, e até mesmo beijos pareciam fora de cogitação conforme tentavam se manter a salvo. No entanto, estavam vivos, e o que mais poderia se querer quando a maior parte das pessoas estava morta e inquieta? Os mortos não ficavam mortos e os vivos não sobreviviam.

O mundo não tinha mais espaço para comemorações como o dia dos namorados, não tinha mais espaço para as pequenas coisas positivas que faziam parte da vida comum. Ele agora era feito de desespero, corridas e armas de fogo. Era feito de não saber se acordariam, de não saber se haveria um futuro.

Mas eles continuavam juntos, os dedos entrelaçados e despeito das adversidades. Alguns meses atrás, sequer olhariam um na cara do outro. Agora, agarravam-se um ao outro como se sua vida dependesse disso - e muitas vezes dependia. Tinham se tornado um time e, depois de um tempo, um casal. Muitas vezes Draco tinha dito que não ficaria com Weasley nem que fosse a última mulher do mundo, e Ginny dissera o mesmo, mas era diferente agora. Haviam outras pessoas, sim, mas era ele quem acariciava seus cabelos e observava atentamente ao redor para ela dormir. Era ela quem o ensinara a atirar. Era outro mundo, outra vida.

E, se fosse o último dia dos namorados que jamais teria, não tinha problema. Os dedos dele continuavam entrelaçados aos dela, levando-a para a segurança, mantendo-a perto enquanto ela o mantinha são. E -isso- era o que realmente importava em um mundo onde a sanidade tinha partido.