1.

Amado Inimigo

Era uma tarde calma de verão. Um belo loiro de olhos cinzas , vinte e um anos, ouvia calmamente o locutor narrar um jogo de Quadribol. Sua casa era calma e solitária, afinal, ele morava sozinho. Após a guerra resolveu contar a seus pais sobre sua homossexualidade. Nunca presenciou algo tão trágico, nunca pensou que seus pais o expulsariam de casa. Narcisa gritou com ele, deixando-o chateado e deprimido:

Draco -Ela chorara- Eu tive um menino e sempre sonhei em esposá-lo com uma moça puro sangue E agora você vem e me diz que é... gay -Ela sussurrara a última palavra.

Seu pai gritou coisas muito piores, fazendo-o sair da mansão Malfoy com orgulho por ter largado um bando de preconceituosos. E agora, lá estava Draco Malfoy, esquecido, em um subúrbio trouxa.

O relógio-cuco indicou as três horas. O loiro ergueu-se da cadeira e fez o que fazia todos os dias a essa hora, tomar um café. Tirou a cafeteira do armário, abriu a geladeira, tirou o açúcar e...

BOM! Ouviu-se um barulho de explosão, fazendo Draco quase cair de susto. Ele só viu a porta voando pelo corredor e batendo contra a parede, quebrando em muitos pedaços.

Céus.

-Draco Black Malfoy, apareça! -Uma voz grave e masculina ordenou. Estranho, aquela voz era familiar.

Droga! Ele esquecera a varinha no quarto. Para pega-lá teria que cruzar o corredor. Se arriscaria? Bem...

Levantou-se e correu em disparada pelo corredor, desviando de feitiços e azarações que seu atacante mandava. Entrou no quarto, bateu a porta e passou a chave, o que era inútil. Virou-se para a mesa cabeceira. Revirou as gavetas de cueca, nada. A porta estava sendo esmurrada. Droga! Olhou nas gavetas de meias, nada. Ah, é! Estava embaixo do travisseiro!

-Bombarada máxima -A voz ecoou.

Draco nem teve tempo de se virar. Um feitiço lhe atingiu em cheio, deixando-o desacordado.


-Harry, rápido, abre aqui! -Ron exclamou, com voz abafada, contra a porta de entrada da casa flutuante do moreno.

Ele correu até a porta, usando um avental de cozinha sujo de molho de tomate. Estava fazendo o jantar. Tirou a tranca e abriu. Ron e Blaise vinham trazendo alguém desmaiado com eles. Os três muito sujos de pó e com alguns ferimentos.

-Merlim! -Harry sussurrou, deixando-os entrar- O que aconteceu?

-Fomos chamados pela seção de Aurores para ir até... um subúrbio aí. –Blaise falou, esquecendo-se do endereço e colocando o corpo no sofá- A casa estava destruída, só encontramos ele.

-Parece que alguém invadiu a casa e tentou matá-lo.

-Que estranho -Harry comentou- E quem é ele?

-Draco Malfoy -Disse Ron.

O moreno paralisou. Não podia ser... Aquele em seu sofá, inconsciente, com filetes de sangue pelo corpo não podia ser Draco. Harry sentiu um nó na garganta e o medo lhe percorrer. Porquê? E quem fez isso? A verdade é que Harry era apaixonado pelo loiro, mas já não era mais segredo.

-Ele pode ficar aqui? -Perguntou Ron.

-Não é melhor levá-lo ao St. Mungus? -Harry perguntou, erguendo a sobrancelha, querendo dizer que sim, ele podia ficar.

-Harry -Blaise começou- Lá não terá um auror com ele, não sabemos quem foi, então ele ainda está em perigo e você quer que ele fique.

O moreno corou, apenas confirmando.

-Ótimo, -Disse Ron, esfregando as mãos- Agora vamos para casa, precisamos de um banho.

Blaise sorriu maliciosamente.

-Não querem ficar para jantar? -Convidou Harry, ignorando o comentário.

-Vamos ao caldeirão furado. -Contou o ruivo, saindo- Mas obrigado, qualquer coisa, nos chame.

Blaise assentiu e piscou.

-Tchau, Harry.

Eles saíram, deixando um Harry confuso e preocupado, sozinho com um Draco desmaiado. De repente, Harry sente um cheiro estranho...

-Meu macarrão! -Exclamou, correndo de volta para a cozinha- Ah, droga!

Olhou a panela, o macarrão estava no ponto, foi só uma folha de manjericão que queimou. Pegou duas garrafas de cerveja amanteigada, levitou os pratos com o jantar e foi para a sala. Draco continuava na mesma. Harry notou os machucados, apoiou os pratos na mesinha de centro e murmurou encantamentos, mirando a varinha sobre os ferimentos. O loiro estava tão adorável que Harry parou e ficou o admirando. Se ajoelhou ao lado de Draco, que estava largado no sofá. Deu-lhe um beijo na testa, o loiro continuou na mesma. Passou o dedo na borda do prato, onde havia um pouco de molho e contornou os lábios dele. Esperou.

O loiro se mexeu, passou a língua na boca lentamente e sentiu o gosto de molho de tomate e...

-Manjericão -Ele sussurrou, abrindo os olhos e se sobressaltando ao ver Harry tão perto.

O moreno sorriu ao rever aqueles belos olhos cinzas, mesmo que estivessem assustados.

-Potter? -Draco perguntou, alterado, como fora parar ali?- O que...?

-Shh! -Harry fez, pousando o dedo na boca dele, calando-o- Vamos jantar que lhe explicarei tudo.

Dizendo isso, ergueu-se e estendeu a mão para ajudá-lo a levantar. Um tanto apreensivo ele a pegou, sentindo um calor ao toque. O primeiro contato gentil entre eles. Harry sentiu-se idiotamente feliz ao conduzir Draco para a varanda, levando a comida consigo. Abriu a porta de vidro, entrou na 'varanda', apoiou as coisas na mesa e sentou-se. Draco fez o mesmo e fitou o enorme lago, o céu estrelado e a brisa um tanto fria.

Harry empurrou um prato para ele. O loiro baixou a cabeça, viu o macarrão, sentiu um rápido e forte aperto no estômago, fome.

-Primeiro -Ele começou, agarrando o garfo e devorando como um leão- Onde estou?

-Na minha casa -Contou Harry, como se fosse óbvio.

-Você sabe o que aconteceu?

-Sei que os aurores foram convocados, quero dizer, Ron e Blaise foram...

-Blaise, Blaise Zabini? -Draco interrompeu, feliz por finalmente ter uma notícia do amigo.

Harry ficou enciumado, se Blaise não fosse namorado de Ron, já suspeitaria de um relacionamento entre ele e o loiro.

-Quantos Blaises você conhece? -Perguntou seco e grosso.

Draco não conseguia conter o sorriso. Era isso mesmo? Harry Potter estava com ciumes dele?

-Prossiga -Pediu o loiro, rindo baixo.

-Eles chegaram lá na sua casa e encontraram-na destruída, então te trouxeram para cá.

-E porque logo para a sua casa?

-Sou auror -Harry crispou o lábio- Posso protegê-lo caso o seu inimigo resolva terminar o serviço.

Ele vai me proteger. Draco pensou, corando.

Tinha uma queda pelo moreno desde o quarto ano, quando se viu admirando-o naquele traje a rigor, na noite do baile. E agora tinha a chance de se aproximar dele.

-Ahn, Potter? -Ele chamou, limpando a boca suja de molho.

-Pode me chamar de Harry -Pediu.

-Certo, bem... -Porque eu estou nervoso?- Então eu vou ficar aqui?

-Essa é a ideia -Comentou o moreno.

-Ahn -Ele queria falar algo de útil- Foi você que fez esse macarrão?

O que ele estava perguntando? Era óbvio que havia sido ele. Draco sentiu-se idiota. Para a sua sorte, Harry não foi grosseiro:

-Sim, porquê?

-Ta bom.

-Hm -Fez o moreno, feliz.

Ficaram em silêncio até o fim do jantar. Depois, se encararam.

-Acho que você precisa de um banho -Harry falou, levantando-se.

-Concordo. Ahn..

-Siga-me.

Harry voltou a sala, sendo seguido por Draco, virou num corredor onde haviam três portas.

-Banheiro, meu quarto e o quarto onde você vai dormir -Apontou Harry.

-Tá -O loiro entrou no banheiro e fechou a porta.

-Se precisar de algo me chame! -Harry falou contra a porta.

Ele ouviu o barulho do chuveiro sendo ligado. Voltou para a sala e se jogou no sofá.

-Como ele está bonito! -Admirou-se- E continua com o mesmo jeito orgulhoso de ser.

Pegou o controle do aparelho de som e ligou-o. Estava ouvindo um CD do Boy George, um cantor homossexual britânico. Harry achava que ele podia muito bem ser confundido com uma mulher.

-Karma, Karma, Karma, Karma, Karma Chameleon, you come and go, you come and go...

Mas quem teria atacado Draco? Essa pergunta não saia da mente do moreno. E porque ele pensou que Blaise podeira ter um relacionamento com Draco? Ele nem sabia se Draco gostava ou não de homens. Mas sabia que ele não era casado. Isso aumentou a chama da esperança em seu peito. Logo, o som da porta sendo destrancada o fez voltar à tona. Ergueu-se e desligou o som, agora tocando Black Money.

Draco saiu de cabelos molhados, limpo, cheiroso e com a toalha de Harry enrolada na cintura, exibindo seu corpo atlético.

-Harry, preciso de algo para vestir.

-A-Ahn -O moreno estava visivelmente babando e corou ao notar isso- P-Por aqui...

Virou-se para a porta de seu quarto, amaldiçoando-se entrementes. Draco sorria de uma orelha a outra, enfim, o garoto que ele sempre quis (e ainda queria) como seu, estava ali, gaguejando, corando e babando por ele.

Ainda sou irresistível, pensou.

Harry abriu a porta e o loiro pode ter uma visão do belo quarto. Sinceramente, o cômodo parecia ter sido pintado por alguém muito excêntrico e sonhador. O teto era azul escuro com algumas manchas cinzas e brancas e pequenas estrelas (algumas cadentes) que brilhavam no escuro. O carpete era verde, imitando grama e nas paredes haviam diferentes paisagens. Na parede da cama, havia uma enorme cachoeira, com pedras, na outra, havia um salgueiro lutador e nas outras duas, montanhas, gados e uma imitação de Hogwarts. Harry sentou-se na cama de casal, próximo a mesa-cabeceira. Cama de casal...

-Você é casado? -perguntou Draco, rezando por uma resposta negativa.

-Não -O moreno sorriu simpático- Mas eu me mexo bastante durante o sono, por isso preciso de espaço.

-Hm -De repente Draco se viu dormindo com Harry e o moreno quase batendo nele, inconscientemente- Ahn, sabe, gostei do seu quarto...

-Ah, dê créditos a Luna Lovegood, ela o decorou para mim.

-Imaginei.

Comentários são muito bem-vindos! ;]