Part I
Era maio de 1975, quando Ginny Weasley, juntamente com seus pais e seu irmão, Rony, iam em direção a Yorkshire. Sua tia Muriel Prewett os convidara a passar aquela estação na magnífica fazenda da família que ficava a dez minutos da cidade.
Ginny estava sendo forçada a ir, não gostava do campo; preferia o agito da cidade e companhia de suas amigas. Foi com frustração que, emburrada, desistiu de persuadir os pais. Não, desta vez eles não iriam aderir aos seus caprichos como sempre faziam.
Ela era a caçula e única menina da família dentre seis irmãos. Consequentemente, Ginny tornou-se tão adorável quanto uma onça, e quando contrariada seu humor tornava-se malditamente insuportável.
Seu irmão, Rony, gostava de implicar com ela. Ele não gostava do jeito dondoca da irmã. Mesmo que Molly brigasse com ele, Arthur sempre estava ali, apaziguador e sempre a favor dos filhos homens.
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A dona da fazenda, tia Muriel, era irmã mais velha de Molly. Seu falecido marido havia sido um homem bom e visionário e deixou toda a herança nas mãos da esposa.
A mulher amava a sobrinha e acabou lhe oferecendo a melhor acomodação na casa. Lhe deixou um rádio para escutar seus boleros franceses enquanto lia seu romances e dramas.
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Embora não gostasse do campo, Ginny sabia cavalgar muito bem. Na verdade, quase todo o nobre de sua escala social sabia a arte da equitação; todos faziam aulas particulares no grande clube de Londres.
Enquanto cavalgava livre e sozinha pelos campos, observou que a fazenda era bem conservada e grande, e observou que seus limites eram cortados por um rio que pertencia, também, a propriedade dos Potter, que eram vizinhos bons e honestos, embora não fossem tão ricos e tentassem cuidar da fazenda com os poucos peões que lá trabalhavam. Eles tinham um filho adolescente também. "Rapaz bem reservado e que gosta de umas boas aventuras a noite na cidade, mas apesar de tudo é um bom garoto, ajuda o pai na fazenda." Dizia Muriel.
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Como aqueles dias haviam se arrastado com um tédio enorme, ela resolveu cavalgar novamente e depois deliciar-se com um mergulho no rio. " É perigoso!" Exclamou Molly quando soube dos planos da filha de ir sozinha, mas Muriel logo disse que não havia nenhum perigo.
Com satisfação, ela fez seu intento até o local e quando atingiu aqueles limites, viu que um rapaz nadava no outro lado da margem. "Mas que azar." Pensou consigo mesma.
Irritada, pôs as mãos nos quadris e invocou aquela voz irritante que tinha a habilidade de usar.
- Ei, você!
O rapaz logo nadou para mais perto ao ouvir-se ser chamado por uma vozinha fina e desde já irritante aos seus ouvidos. Quando virou-se, viu uma ruiva linda com mãos nos quadris e uma expressão de aborrecimento na face. Harry diria que ela era um anjo não fosse sua irritabilidade...
- Quem é você? – Perguntou com grosseria.
Ginny obser vou quando ele ficou menos submerso na água, mostrando uma pele bronzeada com alguns músculos levemente definidos e altamente atraentes. Os olhos que a fitavam com interesse estavam quase cobertos pela franja molhada e bagunçada que caia sobre sua testa.
- Quem é você? – Revidou ele com raiva pela sua maneira petulante.
- Eu sou Ginny Weasley. Sou sobrinha da dona dessa fazenda. – Respondeu com ultraje e indiferença.
- Meu nome, senhorita, é Harry Potter. E sou o filho dos donos do terreno que se encontra com o da sua tia. – Harry imitou o jeito irritante dela e deu-lhe as costas.
- Ei...!
Harry revirou os olhos e virou-se mais uma vez, pedindo paciência em silencio para não afogar-lhe como desejava.
- O quê é?
- Quero que saia agora!
- Perdão...
Os dois brigaram por mais de dez minutos. Harry Potter era tão teimoso quanto Ginny Weasley. Ela saiu cavalgando de volta para a fazenda bufando de raiva, e ele, frustrado com ela, saiu da água assim que ela cavalgou para longe. Nenhuma garota lhe tratara assim antes, e nenhuma o havia tirado tão do sério quanto ela.
O ódio por Harry Potter, cresceu em seu peito de uma maneira que ela não podia descrever. Viu a si mesma lhe afogando nas águas aquela tarde. Talvez o tivesse feito se ele não fosse tão atraente, tão lindo, tão... malditamente cheio de si. Até o seu sotaque meio arrastado de interior era forte e bonito... "Argh" Repreendeu a si mesma por pensar aquelas coisas.
Depois do jantar aquela noite, Ginny escreveu sobre Harry Potter, aquele fazendeiro grosseiro, em seu diário, descrevendo de maneira minuciosa cada detalhe daquele encontro desagradável.
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Os dias foram passando, então as semanas, até terem se passado dois meses já na fazenda. Com o passar dos dias a relação de ódio entre Harry e Ginny foi crescendo. Os dois não podiam se encontrar sem que farpas fossem soltas para todos os lados. Muriel ficou surpresa ao perceber a animosidade entre os dois.
Ginny, apesar de seu gênio forte, não era de odiar alguém "pelo simples fato de existir" assim como dissera. Já Harry, pelas conversas que ouvia, era quase venerado pelas garotas da região. Mas apesar disso, divertia-se ao ver a sobrinha tão brava por ele.
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Em meados de julho uma festa foi anunciada na propriedade dos Prewett, apenas para alguns conhecidos ricos e os vizinhos de propriedades ao redor. Finalmente alguma diversão para Ginny. Ainda bem que sua mãe insistira para que ela trouxesse um vestido mais elegante.
Dois dias antes da festa, Ginny viu-se em situação de terror. Sua maquiagem havia acabado. Na tarde da quinta feira, obrigou Rony a levá-la para a cidade. Chegando lá os dois se separaram e ambos foram atrás de suas prioridades.
Depois das seis da noite, Ginny esperava pelo irmão em frente a um bar que havia perto da praça principal, que era rodeada por becos escuros e silenciosos. Enquanto xingava Rony pela demora, alguns motoqueiros pararam ao meio fio com suas motos antigas. Eram rapazes rebeldes mal encarados.
Ginny sentiu seu estômago despencar quando eles se aproximaram dela com sorrisos enviesados nas faces. Apesar do medo, ela não desfez a expressão de esnobe que tinha, queixo empinado e a sobrancelha direita erguida com indiferença de menina mal criada.
" E aí lindinha?" " Quer dar uma volta na minha bike?" Essas frases ditas em vozes grosseiras lhe deram ânsia de vômito. Tentou dar o fora, mas eles não deixaram. "Mas que diabos! Onde estava o retardado do Rony?" Sabia que o irmão estava se atrasando de propósito para lhe provocar.
Um deles lhe segurou por trás e então ela abriu um berreiro. Ginny pode sentir um cheiro de cigarro enquanto tentava manter-se longe dos homens, com pontapés e chutes. Gritou por socorro e eles riram mais, e então, para seu alívio ou não, ouviu as pisadas brutas de alguém se aproximando.
- Deixem a moça em paz! – Bradou uma voz forte e conhecida a Ginny.
- Cai fora, cara! – Exclamou um deles. – Ela é nossa.
- De jeito nenhum.
Neste momento o peito de Ginny comprimiu-se ao ver Harry Potter surgir da escuridão do beco com uma expressão medonha, quase tão assustador quanto os homens que a abordaram, mas de longe, era o mais bonito e bem afeiçoado de todos. No entanto, se não o conhecesse, diria que ele era um deles. Levava uma jaqueta preta rebelde sobre si e o cigarro que fumava foi jogado e pisoteado no chão.
- Vocês estão na minha área. É melhor se mandarem.
- É Harry Potter! – Exclamou o cara que a segurava.
Estupefata, sentiu o homem lhe empurrando para os braços de Harry, que a amparou com cautela, depois saiu correndo com os outros em seu encalço. Ginny tremia nos braços fortes de seu salvador, completamente surpresa e em estado de choque ainda chorando.
Ele a olhou preocupado, as íris verdes brilhando em aflição e alívio ao mesmo tempo. Examinou-a e andou um pouco até mais a frente, perto do meio fio onde havia várias motos. Ele a sentou em uma delas e parou a sua frente, contemplando-a.
- Como se sente? – Sua voz saiu preocupada. – Srta. Weasley?
Ela o olhou através de seus olhos embaçados, encarando aqueles olhos verdes e lindos... ela desabou e abraçou-o apertadamente, lhe agradecendo com uma exasperação que nunca sentira antes.
Harry a abraçou de volta com certa relutância e carinho. Apesar de todo o desdém que ela demonstrara quando os dois se encontraram e de todas as vezes que Harry se imaginou lhe dando umas boas palmadas, ele gostou de afagá-la daquela maneira. Não podia mentir para si mesmo. Sentia-se atraído por ela, muito mais que atraído... mas não sabia direito o que era. Seus sentimentos mudaram ao vê-la tão vulnerável em seus braços, tão frágil, tão doce...
- Obrigada! – A voz dela saiu ainda tremula uma última vez. – Nem sei como agradecer.
- Você não tem que me agradecer por nada. – Harry tentou falar como sempre falava com ela. Imparcial e indiferente, mas falhou. Um pouco da emoção que sentia translucidou em sua voz. – Só prometa que não vai ficar andando por aí sozinha a noite, tudo bem?
- Eu prometo!
Ginny o olhou demoradamente. Sentia-se embriagada no calor de seus braços, com sua atenção, pelo seu perfume. Agora que o pânico passara ela sentia isso.
- Quer que eu a leve para casa?
- Bem, eu... – Ginny impediu-se de falar. Com seu gênio forte, ao invés de dizer que esperava por Rony, resolveu aceitar, fazendo-o pagar pelos seus minutos de tormento. – Eu aceito sim.
Harry tentou não sorrir. Ele lhe entregou a jaqueta devido ao frio e lhe passou o capacete. Ginny agarrou-se a ele com prazer, sentindo o calor dele e seu perfume masculino. O peito dela subia e descia pesadamente com a sensação, que antes, nunca havia sentido e que pensara que nunca sentiria logo por Harry Potter...
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Harry pensou em Ginny exaustivamente na sexta feira. Só de saber que a veria logo no sábado da festa lhe dava alegria e um aperto no estômago. Bufava consigo mesmo ante estes pensamentos. A última coisa que precisava era ficar o tempo todo com a mente preenchida por ela, por seus cabelos longos e ruivos, aqueles olhos cor de chocolate e brilhantes, as sardas espalhadas delicadamente por sua pele macia... era a última coisa que precisava.
Enquanto estava no bar naquela noite, fumando e bebendo com seus amigos, pensou quando a salvara no outro dia do lado de fora do bar, quando a tivera nos braços, a delicadeza de seu corpo, o cheiro dele, o seu calor. Surpreendeu-se. Como ela poderia afetá-lo tanto? Logo aquela moça mimada.
Ele quis vê-la, mas não valeria a pena correr o risco. Tratou de tirar aquilo da mente e tomou mais um gole de sua cerveja. Ele era só o filho rebelde de fazendeiros, e ela era a filha rica de um burocrata. Ele não seria aceito em seu meio social, nem queria isso.
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Ginny arrumou-se com excessivo cuidado para uma festa em uma fazenda, mas Harry Potter estaria lá e queria estar bonita para ele, mesmo que não admitisse isso para si mesma. Pensara nele e enquanto falava mal dele para sua tia, ela apenas lhe devolvia um sorriso de desdém que expressava: "eu sei bem que ódio é esse".
Ao pegar seu perfume floral, borrifou-o bem em seu pescoço, em seus pulsos e detrás das orelhas, pôs uma maquiagem leve e mirou-se no espelho grande do quarto. Estava linda naquele vestido branco e singelo.
Os convidados começaram a chegar as sete e meia e logo a fazenda via-se cheia de carros, caminhonetes e algumas motos.
A maneira como as moças se vestiam, de longe, contrastava com Ginny e com sua beleza refinada. Estava ao lado dos pais quando viu os Potter chegarem com seu único filho. Ginny passou a admirá-lo como nunca fizera antes. Ele tinha cabelos negros rebeldes que caiam sobre sua testa, quase até aqueles olhos verdes penetrantes. Seu porte físico era normal para alguém de sua idade apesar de leves músculos, via-se de certa forma desengonçado dentro do paletó com a gravata preta frouxa em seu pescoço.
Ginny assombrou-se ao perceber que o preferia naqueles jeans surrados, naquela blusa azul frouxa com a jaqueta rebelde por cima. Era realmente assustador esses pensamentos para ela que sempre passou a vida inteira a admirar os garotos de seu círculo social que estavam sempre engravatados, e ridicularizar aqueles que não o faziam. No entanto, Harry. Ele tinha um domínio sério e um estilo tão saboroso e malditamente seu...
Os olhos dele finalmente se encontraram com os dela enquanto cumprimentava a sua família. Ele manteve distância dele, o que a deixou inquieta e mal humorada durante boa parte da festa.
Observava-o sentado a mesa conversando sem entusiasmo com uns rapazes tão desengonçados quanto ele. Ela reparou quando ele pegou um cigarro e saiu através da multidão e cadeiras e mesas até um lugar mais reservado ao longe. Sem pensar, ela o seguiu por trás das árvores que os escondiam de todos.
Ela ficou parada ás suas costas observando a beleza da sua estatura firme. Seus cabelos eram cacheados na nuca. Ele não fumava, no entanto. Ginny aproximou-se vagarosamente. Ele ouviu passos e virou-se, encarando-a.
Uma música lenta começou a ser tocada pela banda. Os dois não disseram uma palavra por muito tempo. Ginny ergueu uma mão para ele sugestivamente. Ele ficou apreensivo, mas aceitou. Dançar não era o seu forte, mas a maneira que ela o abraçou e a música lenta lhe ajudaram.
Durante toda a dança eles se encaravam ardentemente. Verdes nos castanhos. A beleza, a delicadeza do momento... o peito dela doeu ao abraça-lo mais forte. Ele sentia a sensação de seus braços nus e quentes em suas mãos enquanto a acariciava, o perfume tão maravilhoso em sua nuca, suspirou pesadamente em seu pescoço, fazendo-a se arrepiar. Os dois voltaram a se encarar por algum tempo.
- Harry Potter! – Ela sussurrou com emoção e passou os braços pelo pescoço dele.
Aquela súplica doeu fisicamente em Harry. Mal teve forças para se mexer, sua respiração falhou e ele não teve força de vontade de sair dali, nem queria isso. A única coisa que parecia certo era beijá-la. E foi o que ele fez, juntando seus lábios experientes aos ansiosos dela.
O beijo foi delicado e carregado de sentimentos. Nenhum dos dois conseguia parar de beijar o outro. A sensação dos lábios quentes, o sabor, a quentura. Estavam apaixonados um pelo outro desde aquele momento, e para sempre.
- Ginny Weasley! – Ele sussurrou de volta em sua orelha e a abraçou mais forte, depois de se separarem ofegantes do beijo.
N/A: Aqui estou eu com mais uma história nova. Ela vai ser rápida, embora eu a tenha planejado como uma longfic. No entanto, eu ainda tenho quatro histórias inacabadas e começar outra é problema, então resolvi postar como uma short fic mesmo pra ser mais rápido.
Espero que gostem.
Bjs!
