Escrita para a I Maratona Sectumsempra
Projeto Sectumsempra de Amor Não Dói do Fórum 6v.
Razão Escolhida: 125. Harry derrota Voldemort usando a varinha do... DRACO.
Agradecimentos à Liih Helsing pelos pitacos e betagem.
With You
Harry olhou à sua volta. A Floresta Proibida tinha o ar carregado de tensão e o cheiro de folhas mortas invadiu a noite conforme ele caminhava sobre elas, ouvindo-as estalar sob seus pés. A sensação de morte iminente era devastadora, mas, de certo modo, era também um tipo de paz que Harry jamais conhecera. Nunca havia parado pra pensar em como seria sua morte, não teve tempo para isso, já que, até onde sua memória alcançava, todo seu esforço e dedicação estiveram voltados para tornar realidade tudo que esperavam dele. Ter o destino do mundo bruxo em suas costas era pesado e cansativo, mas o fim estava próximo e tudo que se passava em sua mente no momento era alívio, do tipo que só quem já esteve em uma guerra prestes a acabar é capaz de compreender.
Colocou as mãos nos bolsos, tirando de um deles a Pedra da Ressurreição, e, do outro, a varinha de Draco Malfoy. Respirou fundo, e virou a Pedra três vezes em sua mão, ao passo que as figuras de sua mãe, pai, padrinho e amigo materializaram-se na sua frente, despejando palavras de conforto e encorajamento. Harry sentiu-se imensamente grato por isso, mas ao mesmo tempo envergonhado, porque apesar da presença das pessoas mais queridas para Harry, algo estava incompleto ainda.
Entretanto, seguiu caminhando ao encontro do que esteve destinado desde o dia em que nascera. Lily, James, Sirius e Lupin seguiam atrás do garoto em um silêncio de compreensão mútua. Em sua mão direita, Harry apertava os dedos em volta da varinha de madeira clara e flexível, enchendo seus pensamentos com imagens do seu antigo dono, Draco. Passou a varinha próxima ao rosto, sentindo o cheiro forte da madeira pilriteiro misturado com o cheiro de sangue das próprias mãos. Olhou para elas e viu alguns cortes que o lembravam dolorosamente do dia em que lançou o sectumsempra em Draco, e seu coração apertou de arrependimento. Sentia profundamente por todos os momentos que só aconteceram em sua mente: o aperto de mão que não existiu, assim como o pedido de desculpas, talvez um abraço. Sacudiu a cabeça como que para afastar os pensamentos que o desviavam de seu objetivo. Um toque leve e frio em seu ombro o fez olhar para trás, e a imagem de sua mãe lhe dizia apenas com os olhos que precisava continuar caminhando, que nada mais era motivo para se arrepender, já que nada mais faria diferença agora. Ele caminhava em direção à morte, mas ao apertar os dedos mais uma vez em torno daquela varinha, sabia que, de certo modo, Draco também estava lá com ele.
