Disclaimer:
Esta fanfic é baseada na obra: Inu-yasha. Todos os direitos e personagens citados nesta fanfic com base na história original são de propriedade da autora Rumiko Takahashi, a exceção dos personagens que eu mesma criei.
Legenda:
" " Pensamentos dos personagens
– Fala dos personagens
-x-x-x-x-x- Passagem de tempo de um acontecimento para o outro
(x) Termos e nomes com este símbolo ao lado são explicados no final de cada capítulo
Formas de Tratamento:
Os personagens de Inu-yasha possuem um jeito próprio de se tratarem, jeito este que foi mutilado pela versão brasileira. A maioria utiliza pronomes de tratamento ou formas respeitosas quando falam com/de outras pessoas. É claro, essa regrinha não se aplica ao próprio Inu-yasha, uma vez que ele tem um jeito rebelde de ser. Ele não usa sufixo de tratamento com ninguém, na maioria das vezes ou é o nome da pessoa ou algum xingamento... Isso se dê talvez pela forma como ele foi criado, na base da porrada. Nunca tiveram respeito com ele pelo fato dele ser um hanyou, então ele não demonstra respeito por ninguém. Na série/manga o único personagem que o trata de forma respeitosa é o Myouga, chamando-o por Inu-yasha-sama.
Houshi-sama – É algo como "Senhor monge" e é como a Sango realmente chama o Miroku. Independente das safadezas que ele faça, ela nunca o chama pelo nome. Ele por sua vez a trata apenas pelo nome. Para as demais pessoas ele usa sufixos de tratamento.
Nome do personagem-sama – Esse sufixo é muito usado por vários personagens para demonstrar respeito pela posição da pessoa com quem/de falam, geralmente sacerdotes, líderes, mestres... é usado para homens e mulheres.
Nome do personagem-chan – Esse é outro sufixo muito usado por vários personagens para demonstrar uma certa afeição/amizade pela pessoa com/de quem falam, geralmente familiares, amigos... É usado, na maioria das vezes, para mulheres e crianças.
N/A: Depois de muitos anos eu resolvi investir na idéia de reescrever esta fic. Ela estava em formato script. Não reparem não, mas foi a primeira fic que eu escrevi e às pressas porque era para um concurso que acabou não acontecendo, logo vocês vão notar a diferença do jeito de escrever. É um texto leve e romântico, com umas boas cenas de comédia. Espero que gostem! o/
Capítulo 1 - A Verdade E O Adeus
Inu-yasha corria desesperadamente pela floresta, seguido por Sango, Miroku e Shippou montados em Kirara.
– Kagome! – Chamava o hanyou (x).– Kirara! Voe o mais rápido que puder! – Pediu a exterminadora.
– O Inu-yasha não está pensando claramente! Ele não percebe que isso tudo é uma armadilha!
– Seja lá como for, Houshi-sama, temos que salvar a Kagome-chan, antes de qualquer coisa!
O hanyou não conseguia imaginar porque Kagome tinha sido seqüestrada. Observava os fragmentos da Jóia em sua mão enquanto corria. "Ela nem estava com os fragmentos. Kikyou queria a Kagome, mas por quê?" Então se lembrou da colegial sendo carregada pelos Shinidamachuu, os youkais (x) carregadores de alma da sacerdotisa morta-viva. "Maldição! Por que você fez isso, Kikyou?". Na parte mais densa da floresta, eles se depararam com uma barreira mágica pela qual não conseguiam passar.
– Tem certeza de que é por aqui, Inu-yasha?
– Tenho sim, Miroku! O cheiro da Kagome está vindo de detrás desta barreira. E não está longe!
– Como vamos passar por ela? – Perguntou Shippou.
– Vamos dar a volta e ver se encontramos um ponto fraco. – Sugeriu o monge.
Inu-yasha consentiu com a cabeça e o grupo começou a caminhar. "O cheiro da Kagome está ficando mais forte. E o da Kikyou também!". Foi quando se depararam com aquela cena. Apesar da barreira, eles podiam ver claramente. Kagome estava presa a uma árvore pelos Shinidamachuu e a sacerdotisa estava de frente para ela, segurando uma tigela de barro.
– Ki... Kikyou... – O hanyou estava perplexo e confuso.
– Kikyou! – Exclamou a colegial. – O que você está querendo comigo? Eu não estou com os fragmentos!
– Menina tola! Você realmente está achando que eu te trouxe até aqui por causa da Jóia Shikon (x)? – Sorriu maldosamente. – Eu quero tomar o que é meu...
– Tomar o que é... – Então a jovem lembrou-se de quando sua alma foi retirada de seu corpo e colocada no da sacerdotisa. – Não... Você não pode...
– Eu quero a minha alma de volta. Quando aquela maldita bruxa me trouxe para este mundo, me deu um corpo de barro e ossos que não pode se sustentar sem sua alma. Eu tenho que ficar dependendo das almas dos mortos para me sustentar. Mas a alma que está no seu corpo, que é minha por direito, poderia resolver este problema.
– Mas continuaria com um corpo feito de barro e ossos, não estaria viva de verdade...
– Isso eu posso resolver com a Jóia Shikon. O Inu-yasha me pertence. Ele vai continuar a procurar os fragmentos que faltam, mesmo depois que você se for. Se ele não conseguir, Naraku conseguirá. Tudo o que eu sempre quis foi me tornar uma humana normal, levar uma vida normal... Eu mal pude acreditar quando consegui convencer Inu-yasha a se tornar humano. Isso faria com que a Jóia desaparecesse, porque ela seria purificada. Eu até poderia ficar com ele, seria divertido durante algum tempo.
– Kikyou, do que é que você está falando? Eu queria que fosse diferente... – Tinha lágrimas nos olhos. – Mas o Inu-yasha te ama...
– Eu sei. Eu também o amava... Porque ele era a única chance que eu tinha de me libertar daquela obrigação. Você realmente acha que eu ficaria com um moleque como ele para sempre?
Aquelas palavras foram como facadas no coração do hanyou, que a tudo ouvia silenciosamente. "Não... Não pode ser... Antes ela tivesse me matado ao invés de me lacrar com aquela flecha..." Miroku tentou confortá-lo, colocando a mão em seu ombro, mas sabia que nada que dissesse poderia aliviar sua dor. Inu-yasha tinha um brilho úmido nos olhos, seu corpo todo tremia.
– Naquela época, Naraku me atrapalhou. – Continuou a sacerdotisa. – Mas agora, eu sou muito mais poderosa. Eu aprendi muito... Inclusive o feitiço daquela bruxa para retirar a alma de um corpo! – Jogou o conteúdo da tigela em Kagome.
– Argh! Isso fede! Fede igual a...
– Isso mesmo. Essa é a poção que a bruxa usou para retirar sua alma e colocá-la no meu corpo, só que eu a melhorei... Será muito mais rápido. E você não poderá tomá-la de volta!
Miroku não podia mais só ficar olhando. Sacou um de seus ofuda (x) e o encostou na testa. Depois, o arremessou contra a barreira, onde ficou grudado, emitindo várias faíscas. Girou seu bastão no ar e golpeou a barreira naquele local.
– Poder de Buda! – O golpe causou um clarão e um buraco na barreira. – Depressa!
Todos passaram rapidamente pelo buraco que logo em seguida fechou-se.
– Por que você não fez isso antes? – Perguntou a exterminadora.
– Porque eu não sabia se iria dar certo!
– Então, foi um golpe de sorte. – Concluiu ela.
– Pois é. – Finalizou ele, completamente sem graça.
O golpe contra a barreira de energia chamou a atenção da sacerdotisa.
– Minha barreira... Mas como?... – Ficou surpresa ao ver Inu-yasha diante de si, empunhando a Tessaiga. – Inu-yasha, o que você...
– Cale essa boca, Kikyou! Chega de mentiras! Será que alguma vez você já me disse alguma verdade? Eu escutei tudo o que disse, sua maldita! Não vou deixar que você roube a alma da Kagome! – E avançou contra ela.
"Como ela pode permanecer com o semblante tão calmo desse jeito? Será que ela não acredita que eu...", Perguntou-se ele. Seu ataque foi interrompido pelos Shinidamachuu que jogaram Kagome entre ele e Kikyou, que mantinha um leve sorriso no rosto.
– Se você me matar, Inu-yasha, ela também morrerá, porque agora nos estamos ligadas através da magia. – Ergueu seus braços e a alma de Kagome abandonou o corpo da colegial para entrar em seu corpo.
Ele segurou a jovem nos braços. Ela estava fria e seus olhos abertos, mas não tinham mais o mesmo brilho de antes.
– Kagome...
– Eu posso sentir essa alma poderosa de novo... Não preciso mais das outras. – Inúmeras bolas de energia começaram a ser libertadas daquele corpo de barro, eram as almas que ela havia roubado.
– Maldição! Kikyou! Devolva a alma da Kagome! – Avançou contra a sacerdotisa, mas não conseguiu tocá-la porque ela ergueu outra barreira entre eles.
– Seu idiota! Eu posso erguer quantas barreiras eu quiser! Foi divertido brincar com você, mas agora já chega!
Ela balançou seu braço no ar, gerando uma força que empurrou Inu-yasha, Sango, Miroku, Shippou e Kirara para longe. O hanyou levantou-se e avançou contra a barreira, golpeando-a com sua espada, mas só conseguiu ser jogado para longe novamente. Os youkais de Kikyou se enrolaram em seu corpo e o prenderam, fazendo-o derrubar sua arma. Ficou observando a sacerdotisa aproximar-se, pronta para destruí-lo. "Então, é isso? É o meu fim?"
– Vocês já me causaram problemas demais! – Criou uma barreira ao redor dos outros que ia diminuindo cada vez mais. – Adeus, Inu-yasha...
Ela colocou a mão sobre o peito dele e começou a emanar energia. Ele sentia como se estivesse recebendo um raio no peito, derretendo-o de fora para dentro.
"É o fim..." Pensou consigo mesmo. Sua mente mergulhou em um escuro vazio, se sentia só e com frio. Então, do nada a sua frente, surgiu uma luz brilhante. Uma luz que emitia um calor que ele nunca havia sentido, que aquecia o seu coração. "Mas quem é?..." O brilho tomou a forma de um rosto sorridente que estendeu uma mão para ele. "Esse rosto... é... Kagome... Kagome!" Reunindo as últimas forças que ainda tinha, seguiu em direção àquele rosto. Acordou com Kagome diante de si, segurando o braço de Kikyou, impedindo-a de queimá-lo até a morte.
– Como você pode ainda estar se mexendo? – Perguntou a sacerdotisa surpresa.
– Eu quero... a minha... alma... de volta!
O encontro do olhar das duas causou uma onda de choque que percorreu o corpo de Kikyou, pulsando fortemente.
– NNÃÃÃOOO!!!
Os youkais que prendiam Inu-yasha desapareceram, libertando-o. Ele caiu de joelhos, tentando recuperar um pouco do fôlego. O campo de energia que prendia seus amigos também se desfez. Puderam ver quando parte da alma de Kagome começou a sair do corpo de Kikyou e a voltar para o corpo da jovem. Um redemoinho de energia se formou ao redor das duas, impedindo qualquer um de se aproximar. A própria insanidade parecia haver se apossado da sacerdotisa.
– Se eu tiver que morrer, vou levar você comigo, garota! – Ela agarrou o braço da jovem, impedindo-a de sair do redemoinho.
Apesar da dificuldade, Inu-yasha levantou-se. Sabia que deveria fazer algo, caso contrário, Kagome seria arrastada juntamente com Kikyou. Olhou para sua espada Tessaiga no chão e a pegou. Avançou contra o redemoinho em direção à colegial.
– Inu-yasha, cuidado! Você vai ser tragado!
Mas ele não deu ouvidos aos apelos do monge. Continuou avançando, cortando o redemoinho com a Tessaiga até chegar até elas.
– Inu-yasha... Eu estou morrendo... – Foi que ouviu a sacerdotisa dizer.
Mesmo após de tudo o que ouvira dela, aquelas palavras lhe doeram no coração. Com o olhar cheio de lágrimas, acariciou seu rosto gentilmente.
– Minha Kikyou... Você já está morta. Eu... eu sinto muito. – Ergueu sua espada. – Adeus!
E, com a lâmina da Tessaiga, cortou o braço que ela usava para segurar Kagome. Agarrou a jovem e saiu correndo do redemoinho. Ficou observando enquanto o corpo de Kikyou se desfazia, agora que alma de Kagome estava saindo completamente dele na forma de bolas de energia e retornando para o seu devido lugar. O ar se acalmou e a sacerdotisa caiu de joelhos. Ela estava sumindo. Estendeu sua mão que sobrara para Inu-yasha, com olhos suplicantes. Relutantemente, ele foi se aproximando dela. Kagome mal podia acreditar. "Depois de tudo o que ela fez e disse, ele ainda quer estar com ela." Lágrimas caíram de seus olhos. Com as lágrimas, Kikyou desapareceu completamente.
– Kikyou... – Lamentou ele, sentando-se sobre os joelhos, de cabeça baixa.
– Inu-yasha... – Kagome levantou-se e foi até ele, mas antes que ela o tocasse, ele se ergueu e saiu andando. Não queria que ela visse suas lágrimas.
– Me deixe em paz, Kagome... Eu quero ficar sozinho.
– Mas...
Miroku aproximou-se e colocou a mão sobre seu ombro, impedindo-a de seguir o hanyou.
– Vamos dar um tempo para ele.
-x-x-x-x-x-
Três dias se passaram. Era noite e a lua cheia estava alta no céu. Inu-yasha continuava com o grupo, mas mantinha uma certa distância. Não falava com ninguém, nem com aquela cuja vida ele teve que escolher salvar. Elas eram tão parecidas que era doloroso demais estar com ela, mas, ao mesmo tempo, não conseguia se afastar. Seu coração, que pedia para ir embora, também implorava para não deixá-la.
Kagome estava bebendo um pouco de chá, sem conseguir tirar os olhos dele, que estava no alto de uma árvore, uns 30 metros de distância. Sango aproximou-se e a cobriu com uma manta.
– Está frio, Kagome-chan. É melhor se aquecer. Não quer comer agora?
– Não, obrigada, Sango-chan.
– Eu estou preocupada com você. Você não come, não dorme. Vai acabar ficando doente.
Parecia que as preocupações da exterminadora não importavam para a jovem.
– Sango-chan, será que o Inu-yasha está com frio?
– Ele está melhor do que você, na medida do possível.
– Ele nem perguntou se eu estava bem...
– Ele fez mais que isso.
– Como assim, Sango-chan?
– Ele cortou o braço da mulher que ele amava só para te salvar. Foi você quem ele escolheu tirar daquele inferno. Você, Kagome-chan. Não a Kikyou. Eu acho que isso quer dizer muita coisa... Se ele não pôde te dizer nada é porque seu coração está partido e ele precisa reunir os pedaços. Mas se realmente não se importasse, não ficaria por perto.
A jovem consentiu com a cabeça. Ela também tinha muitas coisas para contar para ele, mas estava tudo preso em sua garganta. Abraçou a exterminadora e desatou a chorar.
– Está tudo bem, Kagome-chan.
Miroku, que também sorvia seu chá, desviou o olhar para as duas e pensou "Porque Sango não se agarra assim comigo para chorar de vez em quando?"
Inu-yasha os observava do alto da árvore. Apesar da distância, podia escutar seus soluços, talvez até as batidas do seu coração. Estava mais sensível em relação a ela. Resolveu descer da árvore quando sentiu no ar um cheiro de youkai. Kagome enxugou suas lágrimas e voltou seu olhar na direção dele, apenas para constatar que ele não estava mais lá.
– Ai, meus Deus! Ele foi embora! Inu-yasha! – Saiu correndo, aos berros, tentando encontrá-lo.
Sango ia atrás dela, mas Miroku ficou na sua frente.
– Houshi-sama, ela não pode ficar andando por aí sozinha nesse estado!
– Ela não vai estar sozinha. Inu-yasha está lá, se lembra? Já está na hora daqueles dois se acertarem.
– É que... – Ela parecia estar em dúvida.
Foi quando o monge a puxou contra seu peito e a abraçou fortemente.
– Eu sei que ela é sua amiga e o quanto você está preocupada com ela... Olhe. Peça a Kirara que a siga discretamente, assim você ficará mais tranqüila.
– Sim... Está bem... – Começou ela, vermelha de vergonha. Então pôde sentir uma das mãos do monge 'caminhar' pelas suas costas abaixo. – Mas se a sua mão descer mais um pouco você vai dormir mais cedo...
Continua...
(x) Youkai – Ser fantástico da cultura japonesa dotado de poderes extraordinários; fantasma; demônio.
(x) Hanyou – Meio-youkai (metade youkai, metade humano). Por ser um cruzamento dentre as duas espécies, um hanyou pode, em um dia aleatório do mês, perder todos os seus poderes de youkai e tornar-se totalmente humano. Nesse período, eles procuram abrigo seguro, uma vez que se sentem enfraquecidos pela falta de sua força demoníaca.
(x) Jóia Shikon – Significa Jóia das Quatro Almas. Um amuleto sobrenatural que concede grande poder, tanto para o bem como para o mal, dependendo da índole de quem o controla. Acredita-se que todo ser vivo possui quatro almas: Arami Tama é "Yuu" que representa a Coragem; Nikimi Tama é "Shin" que representa a Amizade; Fushigi Tama é "Chi" que representa a Sabedoria; Sakimi Tama é "Ai" que representa o Amor. A união dessas quatro almas forma o espírito.
(x) Ofuda – Significa amuleto e é o nome dado aos pergaminhos mágicos que monges como Miroku utilizam.
