Poison

_Qual é cara? Você não vê? Eu... Eu sou um veneno, Sam. – disse, enquanto via o irmão encarando o chão molhado. – Quem chega perto de mim morre... Ou coisa pior. Sabe, eu digo a mim mesmo que... Que eu ajudo mais gente do que machuco. E digo a mim mesmo que faço tudo isso pelas razões certas, e eu... Eu acredito nisso. Mas não posso... Não vou mais... Não vou mais carregar ninguém pro lodo comigo.

_Vá. – o tom dele não mostrava nada, era vazio. – Eu não vou te impedir.

Dean teve vontade de dizer que ele nunca impediu antes, não seria agora a começar, mas guardou essas palavras e deu as costas ao irmão, Castiel seria esperto se também ficasse longe, mas Dean sabia que o anjo não se afastaria. Entrou no Impala e dirigiu por toda a noite, até que seus olhos já não podiam ficar abertos, ficou no primeiro motel de beira de estrada que encontrou.

O cheiro era igual a dos outros quartos que tinha ficado, o colchão era um pouco duro, mas ia ter que servir para, pelo menos, umas quatro horas de sono, e então no outro dia ele ia começar sua busca por Gadreel. Já estava quase dormindo quando escutou o som das asas de Castiel.

_Cas, vai embora. – disse, sem nem mesmo abrir os olhos para ver o anjo.

_Não. – a voz dele era rouca e resoluta.

_Você não ouviu quando eu disse que sou um veneno? Você não pode ficar perto de mim, vai embora, Cas.

_Não.

_Mas que diabos! – e sentou-se na cama, percebendo apenas naquele momento que o anjo tinha sentado na beirada do colchão. – Vai embora, Cas. – disse mais uma vez, mas sem a firmeza de antes.

_Não, Dean, eu não vou.

_Por que? Por que você fica enquanto todos os outros se vão? Por que você quer me salvar sabendo que eu não posso ser salvo? Por que Cas? Eu não mereço. Eu faço mal às pessoas, eu... Crowley tava certo, eu sou um veneno, eu só-

Dean parou de falar quando sentiu os lábios rachados do anjo nos seus, a língua dele logo pediu passagem e Dean cedeu, sentindo os braços fortes se enroscarem em seu corpo, os dedos apertando-lhe de leve a carne.

_Cas... – e deixou que uma lágrima escorresse, ele não precisava se esconder ou fingir quando estava com o anjo.

_Dean, eu fico porque te amo, eu quero te salvar porque acredito em você, eu tenho fé em você. – disse beijando-lhe os lábios. – Você disse que é um veneno... – e viu o outro baixar os olhos. – Então eu prefiro morrer, não quero nenhum antídoto.

_Você devia ficar longe, sabe disso não sabe? – Dean mordeu os lábios e se apertou contra ele.

_Não vejo o porquê de me afastar de você. Isso não vai me ajudar ou te ajudar em absolutamente nada. Prefiro ficar bebendo meu veneno. – retrucou e então deitou-se por cima do corpo dele.


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