More than words

Is all you have to do to make it real

Then you wouldn't have to say

That you love me 'cause I'd already know

(More Than Words – Extreme)


Ele não precisava daquelas palavras. Forçava-se a acreditar que não, pois sabia que nunca viriam. Não da forma como queria.

Sabia o quão difícil havia sido para Dean aceitar tudo aquilo – ele mesmo fizera questão de repetir várias vezes enquanto tentava explicar seus sentimentos ao Winchester mais novo – verbalizar o que o moreno queria ouvir uma segunda vez então, estava totalmente fora de cogitação.

Já de manhã, ergueu-se da cama do motel barato de beira de estrada, observando por instantes o irmão que terminava de por suas vestes; seu próprio corpo ainda estava desnudo em consequência da noite anterior.

O loiro devolveu-lhe o olhar e nos lábios cheios apareceu aquele sorriso que Sam sabia ser só seu – Dean não sorria assim para mais ninguém. E mesmo com o sorriso, não conteve a preocupação que seus olhos traziam.

– Tudo bem, Sammy? – Definitivamente a preocupação em sua voz não era nada discreta.

– Sim, claro. Apenas... um pouco de desconforto. Você sabe – o maior respondeu com firmeza e, no entanto, os lábios finos mostravam o sorriso que agora era Dean quem sabia ser só seu.

Silenciaram. Dean aproximou-se do irmão, a mão pousando em sua face, os dedos acariciando-lhe a bochecha, a cabeça pendendo para o lado, acompanhando o movimento que a do moreno fazia em direção a sua mão, buscando mais do contato com a palma.

– Olha, Sam... Me desculpa se... Se às vezes eu sou meio... Eu... – e a face do mais velho enrubesceu ao perceber toda a cena que estava protagonizando com o irmão.

Sam, por outro lado, já acostumado com os impulsos descuidados do menor, só conseguiu comprimir os lábios e conter o riso – achava aquilo uma graça; a maneira como Dean era tão bruto e selvagem na cama e logo em seguida se tornava o irmão protetor de sempre.

O loiro recuou a mão rapidamente, deu as costas e fez menção de sair do quarto alugado.

– Vou comprar o café da manhã – concluiu. Mas mal dera tempo para o moreno processar o que dissera e tentar responder, retomava os passos que fizera ao afastar-se do maior, selando-lhe os lábios sem pressa, todos aqueles mesmos bons sentimentos que só sentia quando estava com ele sendo depositados naquele gesto mínimo. – Bom dia, Sammy.

E saiu mais que depressa do quarto, o sorriso nos lábios sendo a cópia fiel do sorriso do caçador mais novo.

Não, não precisava das tais palavras. Para quê, se Dean já fazia questão de deixar tudo tão claro como queria?