Laugh and sing, but while we're apart
Don't give your heart to anyone
And don't forget who's takin' you home
And in whose arms you're gonna be
So darling... save the last dance for me
(Save The Last Dance For Me – Michael Bublé)
Estaria odiando Dean agora, se ele não fosse seu irmão. Aquela, indubitavelmente, tinha sido a pior idéia que ele já tivera. Só queria saber de onde o Winchester mais velho tirara que o baile de formatura era inesquecível, além de ser a melhor experiência que alguém teria em toda a vida?
A começar que Sam já entrara no colégio no fim do ano; era um perfeito estranho.
Sua companhia? Exigente, reclamava de tudo e nem de longe era bonita.
– Vamos, Sammy... Será divertido, você verá. E se não for, bem, apenas me ligue que em questão de minutos estarei lá para te buscar – lembrava-se perfeitamente de tais palavras e, como o mais velho prometera, chegara bastante rápido para buscar-lhe.
John saíra numa caçada, e nunca em sua vida podia saber da ida do filho mais novo a tal festa – Dean não lhe contara porque sabia que ele jamais concordaria com isso, e queria que o irmão tivesse o pouco de tempo de curtição, com programas de um adolescente normal, que ele mesmo não tivera.
A discussão dentro do carro chegara a tal ponto em que o Winchester mais jovem elevara a voz.
– Quer saber, Dean? Eu preferia ter dançado com você, àquela zinha.
O carro parou abruptamente, em frente ao parque da pequena cidade, deserto por conta do horário.
Os olhos claros de Dean voltaram-se divertidos para o mais novo que se mantinha impassível olhando a rua a sua frente, até então não tendo percebido o que dissera. Mas quando o fez, os olhos se arregalaram, enquanto a face adquiria um tom púrpura.
Mesmo que as palavras fossem verdadeiras, não esperava acabar verbalizando-as; parecia mais idiota quando o fizera. E muito menos queria que Dean estivesse ciente de seus sentimentos errados por ele – mal sabia que o irmão já nutria os seus próprios por ele há bem mais tempo.
– Q-Quer dizer...
– Quer dizer que você queria dançar comigo, Sammy? – Seu tom era divertido.
– N-Não, Dean! – Respondeu exaltado. – Você entendeu! Comparativamente falando e... Dean, aonde está indo? Me escute!
Mas o irmão não lhe dava mais ouvidos. Aproveitando a cidade vazia, descera do carro, postando-se ao lado deste, esperando que o mais novo fizesse o mesmo e viesse até si.
– Dean?
– Me concede esta dança? – O loiro perguntou e estendeu a mão na direção do menor*.
Sam fitou-o indignado, mas sabia que um sorriso se formava em seus lábios finos, logo tratando de apagá-lo para tentar parecer sério, os braços sendo cruzados sobre o peito.
– Eu não vou dançar com você.
– Qual é... Vai ser divertido! – Repetiu aquelas mesmas palavras, e antes que o moreno pudesse dizer alguma coisa em protesto, adiantou-se a concluir. – Eu prometo.
– Mas você nem está vestido a caráter – o mais jovem dos dois ainda estava de smoking, tendo acabado de sair da tal festa.
– Sou um cara moderno. Gosto de um visual mais despojado.
– Mas nem temos música, Dean...
O loiro tratou de voltar-se para o Impala e esticou-se pela janela do mesmo, ligando o rádio. No mesmo momento a música começava a soar a uma altura que não chamaria a atenção, mas ambos ali podiam ouvi-la com clareza.
And I can't fight this feeling anymore, I've forgotten what I've started fighting for…
– Problema resolvido. É o suficiente pra você aceitar?
Dean o olhou com grandes olhos de um cachorro na chuva e Sam quase podia jurar que ele parecia querer aquilo ainda mais que si. Dean às vezes podia ser muito insistente quando queria alguma coisa.
Insistentemente adorável, em sua opinião.
Dando-se por vencido, o mais novo estendeu-lhe a mão e o loiro tomou-a, puxando-o para si e enlaçando-lhe a cintura, tendo como resposta os braços do menor em volta de seu pescoço.
Seus olhares se encontraram enquanto mantinham um ritmo continuo e um clima leve. Mais por impulso do que qualquer coisa, o mais novo esticou-se pouco, afim de selar os lábios alheios com os seus, surpreendendo-se ao sentir o irmão mais velho corresponder-lhe.
Fitou seus olhos claros, e sorriu, recebendo um outro sorriso como resposta e por fim, deitando a cabeça no ombro do loiro.
Talvez, só talvez, a noite não tivesse sido assim tão ruim – nunca admitiria que realmente se divertira –, mas sem sombra de dúvidas, fora inesquecível, como o irmão prometera que a noite do baile era para um jovem.
