Rode on to my open arms
I became your pillow
You let me smooth your hair
I will sing you morning lullabies
(Morning Lullabies – Ingrid Michaelson)
Quando voltou ao quarto, o loiro jazia na cama, o corpo coberto apenas pelo fino cobertor, até pouco antes da cintura, de costas para a entrada do aposento. Os lábios deformaram-se em uma linha tênue de sorriso ao notar a respiração do mais velho tão calma quanto antes, indicando que este ainda dormia.
Sabia como o tinha chateado na noite anterior, quando ele lhe chamara para a cama, enquanto estava corrigindo algumas provas, e recebera, em alto e bom som, um "ainda tenho muito o que fazer". Mesmo que não dissesse, era óbvia a sua chateação. Erik nunca o verbalizaria de forma clara e direta, não fazia seu tipo deixar sentimentos
à mostra de uma forma tão clara, mas Charles também não precisava ser telepata para saber como o outro se sentia – conhecia o companheiro como ninguém.
Os passos foram leves em direção a cama e ao corpo adormecido do amante, sentando-se às suas costas, pouco se debruçando sobre ele.
Enquanto trazia em uma das mãos uma grande xícara de café, a outra, livre, correu para os fios claros alheios, iniciando um afago leve ali.
Nunca se cansaria de observar o outro em seu sono, pensou.
– Já de pé?
A voz surpreendeu-lhe quase instantaneamente, já que do ângulo que fitava o outro, a face estava praticamente escondida contra as outras cobertas e travesseiros e a ideia de um Erik acordado não lhe passara pela cabeça.
O corpo maior virou-se minimamente em sua direção, os olhos claros, semelhantes aos seus, fitando-lhe igualmente, no entanto na face não trazia um sorriso, como a sua própria fazia.
Charles apenas assentiu num grunhido baixo, junto a um aceno sutil com a cabeça, os olhos fixos à face do alemão, os dedos ainda correndo por seu cabelo.
Erik olhou em volta, a claridade já invadira o quarto àquelas horas – que horas?
– Quanto tempo até você ter de ir para a universidade? – Indagou, a voz matutina rouca.
O mais novo fitou o relógio na parede, calculando mentalmente.
– Três horas, mais ou menos.
O alemão revirou os olhos, voltando à posição original na cama, de costas para o outro.
– Então o que está fazendo, acordado uma hora dessas?
Erik não era, nem de longe, uma pessoa romântica, se não soubessem interpretá-lo.
Charles sabia.
Sabia que aquilo deveria soar como um "volte para cá", bem carinhoso.
Mas não era como se a maneira como fora dito importasse.
Riu-se baixo, a xícara com o café sendo deixada de lado sobre o criado mudo, enquanto o corpo voltava a aninhar-se ao alheio.
