Minha primeira fic de FullMetal Alchemist, ai que emoção.

Esse é um dos animes que mais gostei. A história, os personagens, o Ed, ah o Ed... Eu nunca gostei de homens baixinhos, sério, eu até paquerava caras menores que eu, mas nunca namorei, não sou nenhuma giganta, tenho 1,70, mas na época que eu cursava o primeiro grau, já com essa altura, os meninos costumavam ser menores...eheheh... Então ficou esse estigma de caras baixinhos, é mal aí se você que estiver lendo for menor que 1,70..ahaha...

Ah sim, estávamos falando do Ed... Então, por que eu gosto tanto do Ed? Eu não sei, ele é pequeno e loiro, fora essas duas coisas que não me chamariam a atenção, de resto ele é perfeito... Tem os olhos mais lindos que eu já vi, o cabelo pode ser loiro mas é comprido, maravilhoso... É corajoso, arrojado, e não tem medo de admitir que errou, e o melhor corrige seus erros... aiai... Queria ser como ele.

Eu sei que no anime pinta um clima com a Winry, e que no mangá a coisa parece que vai deslanchar, não avancei muito, então estou apenas especulando, mas ultimamente eu não ando resistindo em criar personagens femininas para meus personagens masculinos favoritos, dessa vez o Ed foi escolhido, e sua partner é uma garota bem parecida com ele, até nas cores, loira de olhos castanhos claros. Ela é uma graça, eu sou suspeita, adoro meus bebês, mas a guria me anima cada vez mais, ela é bem desinibida, fala o que pensa e apesar de num primeiro momento não curtir os cães do exército ela se encanta pelo Ed, mas convenhamos, quem não se encantaria?

Eu tentei fazer a história depois do filme Shambala, então caso alguém não tenha visto o filme e não entender alguma coisa, pode perguntar. O Al estará em seu corpo, e a história se passa em Amestris, como eles voltaram do mundo além do portão é uma incógnita...

Bom, vou parar de tagarelar, isso aqui já está enorme...

Queria agradecer à Carol e à Marjarie, pela ajuda em montar essa fic, elas sempre estão prontas para ler o que eu escrevo e opinar sobre as minhas idéias malucas. Valeu meninas.

Peço licença a Arakawa Hiroaki por usar os personagens de FullMetal Alchemist, eles não me pertencem, essa fic é apenas para nós fãs nos divertirmos.

Espero que gostem, pessoal.

UMA LUZ NA MINHA VIDA

Autora: Rosana

Colaboradoras: Carol e Marjarie

Capítulo 01

- Por que eu?

- Porque eu decidi assim. – foi a resposta calma, mas o rapaz de olhos dourados à frente da imponente mesa, percebeu o leve tom irônico sempre presente, na voz do homem mais velho.

Edward Elric, o Alquimista de Aço, olhou para o outro com desconfiança. Tinha certeza de que havia algum mistério nesse pedido. Sempre havia uma intenção escondida nas missões que ele lhe dava.

- Quem é que devo buscar? – perguntou enfim, procurando dar um tom de tédio à voz, pois sabia que de nada adiantaria discutir as ordens dele.

- A.J. Hedwig.

- A.J.? Quem se chamaria A.J.? – ironizou.

Roy deu de ombros como se o nome da pessoa realmente não importasse.

- É um favor especial aos acionistas da Ferrovia. A.J. Hedwig é a pessoa por trás da Ferrovia H3, logo, alguém importante. Aparentemente houve alguns acidentes mal explicados, que preocuparam a diretoria da Ferrovia, querem A.J. debaixo das vistas deles para cuidar de sua segurança.

- Então ele corre perigo? – Ed perguntou, interessando-se pelo caso, folheando a pasta com informações sobre os acidentes que haviam ocorrido.

- Quem sabe?

- Ok. Como faço para encontrar esse tal de A.J.?

- É fácil. Chegando na cidade basta perguntar onde os trabalhadores da ferrovia estão, A.J. com certeza estará no meio deles.

Ed se levantou encarando Roy com desconfiança ainda.

- Você está escondendo algo de mim? – perguntou estreitando os olhos.

- Por que eu faria isso, Aço?

Edward não disse mais nada, saiu fechando a porta sem olhar de novo para Roy, e acabou perdendo o sorriso satisfeito do Alquimista das Chamas.

- Acha correto esconder dele o que o espera? – a capitão Riza Hawkeye perguntou numa clara demonstração de contrariedade com os métodos nada convencionais de seu superior.

- Onde está seu espírito de aventura, Tenente? – ele respondeu sorrindo malignamente. Só sentia não estar por perto para presenciar o encontro entre o Alquimista de Aço e A.J. Hedwig.

FMAFMAFMA

- Vamos Al. – Ed falou com o irmão mais novo ao passar por ele.

- Para onde? – Al perguntou enquanto acenava para os tenentes Jean Havock e Kain Fuery.

- Banzae.

- Isso é uma cidade? – Al perguntou estranhando o nome.

- É mais uma aldeia. A ferrovia está chegando lá, só agora.

- O que vamos fazer?

- Buscar uma pessoa para o General.

- Ele fez algo de errado?

- Não. De acordo com o Fogoso, ele corre perigo. Parece que o cara é um dos poderosos da Ferrovia. Deve ter passado com o trem no pé de alguém. – Ed fez a piadinha rindo de si mesmo. – O duro é ter de servir de babá. Eu mereço. – reclamou.

FMAFMAFMA

A linha férrea se estendia por uma enorme extensão do Oriente, mas ainda havia lugares inóspitos, como a pequena Banzae, aonde somente agora o trem chegara.

A Companhia Férrea H3, além de ter a maior parte de trens circulando, também fazia os projetos de engenharia de construção das estradas de ferro.

No passado, a companhia era conhecida apenas pela letra H, com o nascimento dos três filhos do proprietário, ele acrescentara o número 3. Infelizmente hoje havia somente dois Hedwig.

Ed e Al chegaram à aldeia com o trem de carga, ainda não havia uma linha de transporte de passageiros. Para sorte deles o trem seguiu até onde os funcionários trabalhavam na continuação da linha férrea.

Parou o primeiro homem perguntando onde encontraria A.J. Hedwig.

- Lá na locomotiva.

Uma máquina, provavelmente a primeira delas construída, preta e enorme, estava parada no final dos trilhos, trazia a reboque um vagão fechado, e um aberto carregado de trilhos e toras de madeira. A sua volta vários homens parados, indicando que havia algum tipo de problema.

Ao se aproximar Ed pode ver dois pares de pernas embaixo da grande máquina.

- Carl, pegue o vedante. – uma voz abafada gritou.

Um homem se destacou dos outros, correndo para atender o pedido.

- Precisam de ajuda? – Ed ofereceu aproximando-se.

- Não senhor. – um funcionário respondeu. – A.J. entende como ninguém da Fumacenta.

- Fumacenta? – Al perguntou encarando a máquina.

- É a tranqueira dessa locomotiva. – respondeu um outro, aparentando ser o mais velho do grupo.

- Eu ouvi isso. – a mesma voz abafada gritou de debaixo da locomotiva.

Os homens riram, como se aquela piada já fizesse parte do dia a dia deles.

- A.J. trata essa velha loco como se fosse da família. – Carl respondeu passando com uma grande lata cheia de uma substância preta.

- Mas ela é da família. – dessa vez quem falou foi um garotinho, de uns onze ou doze anos de idade, loiro de olhos azuis. – A.J. diz que Fumacenta é como se fosse nossa avó. – ele continuou dando uma risadinha, e encarou Ed, só nesse momento reparando na corrente prateada do relógio que ele trazia no bolso. – Você é um Alquimista Federal! – foi a afirmação espantada.

- Sou. – Ed respondeu sorrindo.

O jovem alquimista percebeu a mudança nas expressões dos rostos à sua volta, algo como constrangimento.

- E o que um cão do exército estaria fazendo nesse fim de mundo? – a pergunta feita de modo irônico veio de um dos pares de pernas, que até o momento estava sob a locomotiva.

Ed passou os olhos pelo dono da voz, um baixinho, vestido num macacão que era impossível se distinguir a cor, com um boné enfiado na cabeça, mal permitindo que se vissem seu rosto, totalmente sujo de graxa e terra, apenas visível, um par de olhos cor de mel. Ed surpreendeu-se com a aversão ali impressa.

- Esse cão do exército procura uma pessoa. – respondeu altivo, desviando o olhar e se aproximando do outro homem. – Eu sou Edward Elric. O General Mustang me pediu para escoltá-lo em segurança até sua residência, senhor Hedwig.

O silêncio que se seguiu às suas palavras, deu-lhe a certeza de que havia dito algo de errado.

- É isso aí senhor Hedwig, vai com o cãozinho. – o baixinho disse irônico, dando um tapinha nas costas do homem maior, que trazia uma expressão surpresa no rosto. – Vamos Bax. – chamou o garoto loiro e ambos se afastaram em direção a uma motocicleta que estava mais afastada.

Todos trocaram olhares, uns querendo dar risada, outros abanando a cabeça surpresos, e o tal 'senhor Hedwig' não sabia bem o que dizer.

- Senhor Hedwig? – Ed insistiu.

- Sinto muito senhor...

- Elric. Edward Elric.

- Houve um pequeno engano aqui. Na verdade eu não sou A.J. Hedwig. Meu nome é Trevor.

- Não? Mas aquele cara disse... – Ed começou surpreso, mas foi interrompido.

- Garota. – Trevor o corrigiu.

- Garota? Aquele arrogante é uma garota? – perguntou apontando com o dedo por onde a tal garota sumia à distância.

O outro acenou que sim concordando.

- Na verdade, ela é A.J. Hedwig.

- O QUÊ? – Ed gritou.

- Ed, calma. – Al pediu já antevendo a tempestade.

- Calma que nada. Uma garota. Eu vou matar aquele lança-chamas ambulante. – Ed falou bravo já tomando a direção em que a garota fora.

FMAFMAFMA

- Por que você mentiu? – Bax perguntou à irmã, quando chegaram em frente à hospedaria.

- Não gosto de alquimistas e gosto menos ainda de cães do exército, você já deveria saber disso.

- Nosso irmão era um deles.

- E veja onde ele está agora. – foi a resposta brusca.

Bax abaixou a cabeça.

- Desculpa Bax, não pensei para falar. Sinto muito. – A.J. falou ao irmão, passando a mão pelo ombro dele.

- Tudo bem, A.J. sei que você tem mágoa deles. Mas nem todos são ruins. Você nem conhece esse cara.

- Posso nunca tê-lo visto, mas eu o conheço sim. Esse aí é o Alquimista de Aço. E eu não diria que tenho mágoa do pessoal do exército. Raiva, ira, ódio, rancor, soariam melhor. – ela falou séria.

- Roy deve estar preocupado, faz um tempão que você não manda notícias prá ele.

- O que não o impede de descobrir onde estamos não é mesmo? – ela ironizou.

- Ele está tentando fazer o que é certo.

- De que lado você está? – A.J. perguntou ao irmão.

- Do seu. Mas eu gosto do Roy, você sabe disso. – Bax falou em tom de desculpas.

- Sei. – A.J. olhou um tempo para seu irmão menor. – Você quer voltar não é? – perguntou enfim parando à porta da hospedaria.

Baxter olhou para a irmã, não queria mentir, mas se não o fizesse a magoaria.

- Não. Eu gosto de andar por aí com você. – falou desviando os olhos.

- Nossa, nunca pense em ser ator. – ela brincou com ele. – Por que não me disse Bax? – perguntou, agora em tom sério. - Por você eu faria um esforço.

- Está tudo bem, A.J. Eu não me importo.

- Eu me importo. Se você não está bem, tem que dizer para mim. Droga, que tipo de irmã eu sou pra não ter percebido que você não estava feliz com nossa vida? – ela se perguntou irritada consigo mesma.

- Eu sou feliz, mas...

- Mas?

- Às vezes tenho saudades de casa, da Ellen.

- Acho que você tem é saudade dos bolos da Ellen. – a irmã brincou.

- Também. – ele falou sorrindo.

- Ok, nós vamos para casa.

- Sério? – Bax perguntou animado

- Sério. Além do mais, não vamos voltar porque o Roy mandou um cão de guarda e sim porque foi nossa decisão. – ela disse orgulhosa.

- Você não toma jeito.

- Senhora Calixto. Chegamos. – A.J. gritou entrando.

Uma senhora gordinha, baixinha, com expressão maternal, apareceu enxugando as mãos em um avental.

- A.J. por Deus, olha só para você, nem se vê a sua cara embaixo de toda essa sujeira. Suba logo para seu quarto, toma um banho quente, e coloque uma roupa bonita. Não vai sentar à mesa do jantar se não estiver com essas unhas limpíssimas.

- Cruzes. A senhora é pior que a Ellen. – A.J. reclamou retirando o boné, e soltando os cabelos loiros presos em uma única trança, enquanto subia as escadas. – A senhora fez o pudim que prometeu? – perguntou.

- Só vai comer se colocar um vestido.

- Eu faço tudo pelo seu pudim. – a menina ainda falou antes de fechar a porta de seu quarto.

Baxter e a senhora Calixto ficaram dando risada. Não que A.J. não usasse vestidos, ela até usava, mas a garota ficava feliz mesmo, era de macacão e com as mãos sujas de mexer em suas amadas locomotivas.

Enquanto A.J. tomava seu banho, Bax ficou na cozinha conversando com a senhora Calixto e contando que voltariam para casa.

- Onde ela está? – Ed gritou entrando como um vendaval na hospedaria assustando Baxter e a senhora Calixto, que correram para o hall. – Onde está aquela mentirosa de uma figa. – falou olhando dos lados.

- Precisa entrar gritando desse jeito rapaz? Esqueceu a educação em casa? – a dona da hospedaria ralhou com Ed.

- Desculpem meu irmão. Ele não gosta muito de ser contrariado. – Al falou entrando atrás de Ed. – Ed onde estão seus modos?

- Ouça seu irmão mais velho garoto. – a senhora disse nem fazendo conta da irritação do rapaz loiro.

- Eu sou o mais velho. – Ed falou bravo.

- Sério? Nem parece, tão pequenino. E quem você está procurando? – ela perguntou fingindo não reparar na zanga do rapaz.

- Aquela coisa, vestida de macacão, que mais parecia um monte de roupa suja. – Ed respondeu já quase se acalmando.

- Quanto a isso eu tenho que concordar com você. Aquela menina quando se mete com seus brinquedos esquece que é uma garota.

- Desculpa a minha irmã. Ela adora brincar. – Bax tentou pôr panos frios na ira de Edward. – Ela já vai descer, aí vocês conversam.

- Chegaram hoje à cidade? Ficam para o jantar? – a senhora Calixto, sempre hospitaleira, perguntou aos rapazes que acenaram concordando. – Já vou arrumar a mesa garotos, fiquem à vontade. – e dirigiu-se à cozinha.

- Por que ela mentiu? - Ed perguntou ao garoto

- Ela não é muito fã de aceitar ordens.

- Conheço alguém assim. – Al disse baixinho, recebendo um olhar enviesado de Ed.

- O Roy é legal, mas ele tenta controlar os passos da minha irmã, e isso é a morte para ela.

- Espera aí? Vocês conhecem o General Mustang? – Ed perguntou desconfiado.

- Sim, ele é nosso guardião legal. Ele não disse isso quando o mandou buscar a A.J.? – Bax perguntou surpreso.

- Não. – Ed respondeu com os dentes cerrados de raiva.

- Nosso irmão mais velho era do exército. Quando ele morreu deixou a nossa guarda para o Roy, já que éramos órfãos. Mas a A.J. disse que nós dois bastávamos, e a gente saiu da Cidade Central. O Roy sempre descobre por onde andamos, tentou algumas vezes nos levar de volta, mas a A.J. é escorregadia. – Bax disse dando risada.

- Não precisa dar todo nosso histórico Bax. – uma voz disse vindo da escada.

Três pares de olhos se voltaram para ver a garota descer. Ed ficou momentaneamente sem fala. Impossível essa garota ser a mesma que vestia o macacão disforme.

Ela usava um vestido branco, de alças, corpo justo com saia rodada acima dos joelhos, nos pés uma sandália de tiras branca. Os cabelos soltos ainda úmidos do banho, desciam até quase a cintura fina. E trazia um brilho travesso nos olhos cor de mel.

- Acho que você vai ganhar sobremesa hoje. – Bax brincou com a irmã.

- O que eu não faço por um pedaço de pudim. – a garota respondeu com expressão sofredora. – Então o Roy mandou um cão de caça. – ela disse olhando para Ed. – Se bem que você mais parece um chihuahua. – provocou.

Ed tentou falar, mas engasgou. Ia partir para cima da garota, mas Al colocou a mão em seu ombro segurando-o.

- Olá, meu nome é Alfhonse Elric, e este é meu irmão Edward. – apresentou-se Al.

- Chihuahua? – Ed conseguiu enfim desengasgar.

- Isso. Aqueles cachorrinhos pequeninos, bem minis, você sabe. – A.J. respondeu dando uma risadinha, conhecia a fama de irritadinho dele, e não resistiu em provocá-lo.

- Você está me chamando de baixinho? – ele perguntou irado.

- Mas você é baixinho. – ela afirmou.

- Você por acaso já se mediu? Deve ser o quê? Uns 5 centímetros, menor do que eu.

- Eu sou uma garota. – ela respondeu empinando o nariz. - Além do que eu não tenho 18 anos ainda, posso muito bem crescer mais. E você? Deve ter o quê? Pela sua cara uns 25 anos, nem adianta sonhar, você não cresce mais que isso. – A.J. sabia que ele não tinha nem 20 anos, mas estava adorando provocar o Alquimista de Aço.

- Eu tenho 19 anos. – ele gritou.

- Tá brincando? 19? – A.J. riu mais ainda. – Mesmo assim não vai adiantar, nem se você ficar esticado no varal, vai crescer mais que isso.

Ed ia responder algo bem grosseiro quando Al tapou sua boca com a mão. A.J. foi impedida de continuar com as provocações pela entrada da senhora Calixto, que olhou a garota em aprovação e os chamou para jantar.

- O que deu em você? – Bax perguntou baixinho à irmã.

- Sei lá. Um bicho travesso deve ter me picado. – ela respondeu dando risada.

Todos se sentaram à mesa, com Ed olhando de forma assassina para A.J.

- Então você decidiu voltar para casa A.J. – a senhora Calixto comentou enquanto servia a mesa. – Já estava na hora menina, não é sadio andar por aí do jeito que você faz, ainda carregando seu irmão atrás. Ainda mais com tudo que vem acontecendo. – acrescentou séria.

- O que está acontecendo? – Al perguntou.

- Estamos sendo sabotados. – Bax respondeu.

- Isso não interessa a vocês. – A.J. disse lançando um olhar de esguelha ao irmão.

- Você se acha boa o bastante para cuidar de tudo sozinha? – Ed espicaçou.

- Ed... – Al falou em tom de aviso.

- Eu estou cuidando de tudo sozinha. – A.J. falou encarando o alquimista nos olhos.

- Não foi o que ouvi. Máquinas que quebram à toa, trilhos que somem, dinamites roubadas. Grande trabalho você está fazendo. – Ed provocou. Ainda tinha entalado o chihuahua na garganta.

- Casos pequenos. – A.J. não fez conta.

- O que seria um caso grande? Talvez explodirem algo com a dinamite roubada.

A.J. lançou chispas por cima da mesa em direção à Ed, ia retrucar quando Carl entrou na sala de jantar interrompendo o que poderia ser uma discussão.

- A.J.!

- Que houve Carl? – ela perguntou já se levantando. Ed percebeu na hora a mudança na expressão da garota.

- Carl, querido, sente-se e jante com as crianças. – a senhora Calixto disse ao jovem funcionário da ferrovia.

- Agora não senhora Calixto. Preciso falar com A.J.

- Guarde um pedaço de pudim para mim senhora Calixto. – pediu saindo da sala, mas voltou em segundos colocando a cabeça pela porta acrescentou. – Pensando bem, guarde dois. E Bax, você fica. – mandou ao ver o irmão se levantando.

- Droga! – o garoto resmungou.

- Ela está certa, querido. Logo você poderá ajudar mais efetivamente. – a senhora, falou ao garoto, dando um tapinha consolador em seu braço.

- Mas A.J. era menor que eu quando começou a ajudar o papai. – Bax resmungou, contrafeito.

- Baxter, seu pai era adulto, tinha condições de cuidar de A.J. muito melhor do que ela tem de cuidar de você. – a dona da hospedaria disse ao garoto. – Vou guardar o pudim, essa menina pode demorar horas para voltar.

- O que pode ter acontecido? – Al perguntou.

- Algum problema sério, para Carl vir a esse horário. – Bax respondeu.

- Vocês têm alguma idéia de quem possa estar causando esses acidentes? – Ed agora se mostrava interessado no caso.

- Não. Quer dizer, a A.J. desconfia de um cara aí, mas nunca conseguiram pegar no ato quem está fazendo isso, portanto, ela só tem suspeitas.

- De quem ela suspeita?

- Quando nosso irmão morreu, um cara apareceu no funeral, querendo comprar a ferrovia, alegou que uma garota adolescente não conseguiria dar conta. Nunca vi A.J. tão furiosa. – Baxter disse. – Bom, na verdade já vi, mas não daquele jeito, pensei que ela fosse esmurrar o cara.

Ed e Al trocaram um olhar de quem diz, aquela nanica? Esmurrar alguém?

Baxter sorriu das expressões dos irmãos Elric.

- Não façam conta da minha irmã, ela tem o coração no lugar certo. Às vezes extrapola, deixa as emoções falarem mais alto, mas ela é ótima.

- Você parece gostar muito da sua irmã. – Al comentou.

- Eu só tenho a A.J. – Baxter falou baixinho. – Na verdade sempre foi só ela. Meu irmão mais velho sempre esteve ocupado com o exército. Meu pai não tinha mais paciência com uma criança tão pequena, e minha mãe morreu quando nasci...

- Então A.J. é quase sua mãe. – Al completou, quando o garoto ficou em silêncio.

- É. Ela me criou.

Os garotos ficaram alguns minutos em silêncio. Al pensou que os dois irmãos Hedwig eram muito parecidos com ele mesmo e Ed.

- E o cara que queria comprar a ferrovia? – Ed perguntou, voltando ao assunto.

- Ele ficou muito irritado quando A.J. disse que nunca venderia a ferrovia, e disse que ela se arrependeria da decisão, mas que ele esperaria.

- Para mim isso foi uma ameaça. – Ed disse. – Sua irmã acredita que esse cara está envolvido?

- Sim. A.J. e Trevor acreditam que ele está metido nisso tudo, mas não temos provas disso.

- Sua irmã não pode ter mais algum inimigo?

Baxter deu uma risadinha muito marota.

- Com certeza A.J. tem vários inimigos. Mas nenhum que pudesse estar fazendo essas sabotagens. Ela tem alguns homens seguindo um pessoal, mas até agora não deu muito resultado.

- Sua irmã parece ser bem esperta. – Al comentou.

- É a pessoa mais inteligente que eu conheço. – Baxter falou estufando o peito de orgulho.

FMAFMAFMA

- Mas que merda. – A.J. gritou nada feminina, chutando uma das tábuas que antes eram o galpão de ferramentas, machucou o pé, pois esquecera de que estava com sandálias.

- Isso não foi muito educado. – Trevor disse com a liberdade de um antigo amigo.

- Droga, Trevor, olha só o que eles fizeram? Se eu pegar um, eu mato, corto em pedaços e passo por cima com a Fumacenta – a garota esbravejou andando de um lado para o outro. – E os guardas? – perguntou sem parar de andar olhando a destruição do galpão.

- Estarão com uma bela dor de cabeça amanhã. Não viram quem foi A.J., sinto muito.

A.J. inspirou e espirou buscando calma.

- Não seria o caso de pedirmos proteção ao...

- Não termine. – A.J. falou, já sabendo o que Trevor diria. – Não quero nenhum cachorrinho zanzando por aqui.

- Eu sei que você não é lá muito fã do exército...

- Não Trevor. Eu vou dar um jeito.

- Os serviços vão atrasar.

- Eu sei. Amanhã estarei indo para a cidade Central, faça uma lista de tudo que você vai precisar, vou providenciar o mais rápido possível. Deixe a Fumacenta pronta para viagem, com um vagão apenas atrelado.

- Quer que eu a leve?

- Não precisa. Eu mesma levo. – e com isso subiu na motocicleta saindo em direção à hospedaria.

Quando Carl interrompera o jantar, A.J. percebera no ato que algo havia acontecido, o rapaz contara-lhe que o barracão onde eles guardavam as ferramentas havia sido incendiado, a sorte é que os barracões eram construídos sempre longe das cidades, pois às vezes funcionavam como oficina, e A.J. não gostava de incomodar os habitantes com barulhos. Outro golpe de sorte foi A.J. ter decidido mudar o restante da dinamite de lugar, senão os estragos teriam sido muito piores.

A.J. parou do lado de fora da hospedaria, tentando controlar a raiva que ainda não arrefecera, não queria preocupar o irmão, e também não estava muito a fim de que o Alquimista de Lata soubesse de seus problemas. Tão concentrada estava em seus pensamentos que não percebeu a aproximação de um vulto.

- Olá senhorita Hedwig.

A.J. virou-se rápida encarando um homem alto de expressão nada amistosa.

- Quem é você? – ela perguntou.

- Isso não importa. A senhorita parece estar com alguns problemas. – ele disse em tom calmo.

A.J. franziu o cenho, e preparou-se para qualquer eventualidade. Seus olhos varreram ao redor, atentos para alguma armadilha.

- Fique tranqüila, estou sozinho. – ele disse percebendo o olhar dela.

- O que você quer?

- Dar um recado.

- Diga logo, não tenho a noite toda para socializar. – falou irônica.

- Meu chefe quer conversar com a senhorita. Disse que estará esperando-a amanhã às 11:00h no café Bourbon.

- E quem seria seu chefe?

- Sem nomes, amanhã a senhorita ficará sabendo.

A.J. olhou o homem por alguns segundos, pensativa. Fazia idéia de quem fosse esse 'chefe'.

- Diga a seu chefe que infelizmente terei que declinar tão gentil convite. – e com isso virou-se para entrar na hospedaria, mas não deu ao menos um passo, o homem agarrou-a pelo braço puxando-a em sua direção.

- Eu, se fosse a senhorita mudaria de idéia, antes que tenha mais alguns problemas.

- Você está me ameaçando? – A.J. perguntou mais fria que gelo, tentando não demonstrar a dor que sentia no braço.

- É apenas um aviso.

- Solte-me. - exigiu.

- Posso dizer ao meu chefe para esperá-la? – ele insistiu.

A.J. respondeu com uma joelhada certeira nas partes baixas do homem, que a soltou com um leve gemido.

- Toque-me de novo e eu arranco seu braço e bato em você com ele. – ela gritou.

O homem olhou para cima com expressão de fúria, quando se levantou, A.J. pensou que ele bateria nela, mas nesse momento a porta da hospedaria foi aberta, passando por ela, os irmãos Elric e Baxter.

- A.J. está tudo bem? – Baxter aproximou-se da irmã, mas os olhos estavam fixos no homem alto.

- Estou bem.

- Quem é esse?

- Uma visita indesejada que já está de saída. – A.J. falou séria.

- Lembre-se do que eu disse. – ele ainda falou.

- Idiota. – A.J. resmungou.

- O cara parece estar sentindo dor. – Ed falou sem tirar os olhos do homem que se afastava mancando.

A.J. deu uma risadinha marota enquanto entrava na hospedaria.

- O que aconteceu? – Baxter perguntou.

- Onde está meu pudim? – A.J. perguntou entrando na cozinha, ignorando a pergunta de Baxter.

- A.J. eu perguntei o que acon... – Baxter não terminou a frase. – O que houve com seu braço? – perguntou pegando a mão dela.

A.J. olhou a marca avermelhada acima do pulso que logo ficaria arroxeada.

- Isso não foi nada. – A.J. desconversou.

- Eu não diria que não é nada. – a senhora Calixto comentou servindo o pudim da menina. – Alguém a segurou com um pouco mais de força.

- Foi sua visita inesperada? – Ed se intrometeu.

- Hum, isso está uma delícia. – A.J. ignorou as perguntas e se concentrou no doce.

Baxter sabia que da irmã não arrancaria mais nada, então molhou um pano em água gelada e colocou no braço dela.

- Obrigada Bax. – A.J. agradeceu.

- Por que saiu correndo daqui com Carl? – a senhora Calixto quis saber.

- Incendiaram o galpão de ferramentas. – a garota respondeu sem parar de comer.

- Alguém se machucou? – Bax perguntou.

- Os dois guardas ficarão com um belo galo na cabeça pela manhã.

- Não vamos voltar para a Cidade Central? – Bax se preocupou.

- Temos que ir. Precisarão de ferramentas novas para terminar a linha férrea. – A.J. disse levantando-se. – Se os dois quiserem uma carona, estejam prontos amanhã cedo. – ela falou a Ed e Al. – Vou dormir. – e com isso seguiu para seu quarto.

- Ela é sempre assim decidida? – Al perguntou com uma pontinha de admiração.

- Sempre. – Baxter e a senhora Calixto responderam ao mesmo tempo.

Edward estranhamente ficou o tempo todo em silêncio. Previa mais problemas para o dia seguinte, e não gostara nada da visita que a garota recebera. Era melhor ficar em estado de alerta.

Continua...

N.A.: Olá... Finalmente... huhuhuhuhu... Nossa, faz algum tempo que escrevo Uma Luz na Minha Vida, mas pensando bem ela saiu rápido, a história está bem dizer pronta, deve ter no máximo uns 9 capítulos, isso se eu não inventar mais alguma coisa, claro.

Acredito que por eu não estar postando, não teve aquela pressão, e por isso ela fluiu tão rápido, acho que vou voltar ao meu velho costume de só postar histórias já prontinhas, é mais tranqüilo para minha paz de espírito... ahahah

Espero que vocês tenham gostado desse começo, acho que a história vai ser mais divertida, pelo menos eu ri muito enquanto a escrevia, por ser FMA vai ter uma draminha básico, normal...

Perdoem qualquer erro, estou sem revisora nessa história, a Marjarie sempre dá uma olhadinha e encontra uns errinhos, mas é enquanto lê, meio por cima, como ela está revisando outra fic eu não quis abusar, por isso se alguém encontrar erros terríveis ou um desenrolar fora de contexto, comuniquem, OK?

É isso aí... super beijos a quem leu, e espero que continuem acompanhando a fic, dêem opiniões, eu adoraria saber o que estão achando.