Comfortably Numb
por Joy S. Lemon

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Disclaimer – Tirando alguns personagens originais nada aqui me pertence, tudo é da tia J.K. Serial-Killer-Rowling, Warner Bros e editoras afiliadas. Pois se fosse meu, teria uma super lotação de personagens 'mortos', gays e maus (respectivamente). Ah, e isso aqui é só diversão, viu? Não ganho nadinha, não.

Essa fanfic é Slash, Yaoi, ManxMan, não sabe o que é isso? Vou explicar; são dois HOMENS que se AMAM, e que eventualmente vão se beijar, e fazer sexo. Por isso se sua religião não permite, se você acha isso ofensivo, ou se ainda não caiu nas graças desse gênero sublime (não sabe o que esta perdendo!) NÃO LEIA e faça o favor de cair fora!
Os nomes foram mantidos como os originais.
Boa leitura!


Prólogo.

Estava frio como a morte, o vento não perdoava árvores, folhas, ou mesmo pessoas. Era o inverno batendo às portas, só esperando que alguém as abrisse e lhes desce boas vindas, como todos os anos antes. Os poucos transeuntes andavam rapidamente querendo logo se abrigar do frio mórbido. Os carros buzinavam impacientes, e em algum lugar uma melodia natalina tocava, tentado amenizar esse ar de desconforto.

Sentado em um dos muitos bancos de um parque quase inabitado, estava um jovem de olhos muito verdes, e pele amendoada, ele segurava em suas mãos nuas, uma velha câmera fotográfica, que aparentemente não funcionava há muito tempo. Seus cabelos negros e indomáveis estavam agora com a ajuda do vento mais rebeldes do que nunca. Mas ele não parecia se importar com tal fato, pois seus olhos não desgrudaram da velha máquina, em nenhum momento desde que sentara ali.

Seus pensamentos estavam longe daquele centro agitado, longe talvez de todo o planeta terra, ele pensava em seus pais mortos. Os pais que nunca conhecera, aqueles de quem mais sentia falta na vida. Os verdadeiros donos da câmera em suas mãos.

Seus olhos não estavam marejados como todas as outras vezes, ele já era um homem, tinha que ser forte e enfrentar a vida como se deve. Mas algumas vezes a tristeza quase nostálgica o chamava, e ele não poderia negá-la, não conseguia dizer um simples adeus sem se lembrar que adeus é tempo demais. E que cedo ou tarde a saudade daquilo que nunca viu voltaria, e ele cederia como todas as outras vezes.

Esse era um desses momentos, quando Harry Potter deixava de ser o fotografo assalariado, para se tornar novamente apenas o órfão, a quem todos tratavam como um bibelô, frágil demais para ser tocado, ou amado verdadeiramente.

Era irritante. Irritante ao ponto dele mandar todos irem para o inferno, e dizer que ia embora, de uma vez por todas. Ele estava cansado dos olhares piedosos, quando ele emudecia por pequenos momentos. Das palavras de conforto, que só faziam-no se sentir mais desconfortável. Ele estava cansado das pessoas dizerem que ele deveria arranjar uma namorada. Que deveria se casar... Ele estava cansado de viver cercado de bajuladores.

Era hora de mudar sua vida. Conhecer novos lugares e pessoas. Largar o que lhe fazia mal e tentar ir, sem ferir mais ninguém... Foi assim que ele se demitiu naquela manhã. Arrumou suas coisas e deixou o apartamento que dividia com seu melhor amigo. Harry se sentia mal por largar tudo dessa forma, mas era preciso e eles tinham que entender, o rapaz sabia que eles o amavam, e ele também os amava a seu modo, mas não era esse tipo de amor que precisava no momento.

Ele correu os dedos esguios, e enregelados pela extensão do velho aparelho que tinha nas mãos. Sentindo-o morto. Como todo o resto.

Harry ergueu seus olhos muito verdes para o céu cinzento, e decidiu que daquele momento em diante, sua vida não seria tão fria e sem sentido. Sentado naquele banco de madeira corroído pelo tempo, ele sentiu as entranhas queimarem numa excitação inexplicável, e decidiu que ia busca algo que não conhecia, algo que nunca viu. A tão dita felicidade.