Palavras nunca trocadas, atos muito menos, seguiam mudos afrente. O silêncio sempre fora o maior aliado. Para dizer a verdade, o que tinha para ser dito já havia sido. Então, para que se preocupar? Apenas apreciava a companhia em silêncio, nunca soube ou saberia se era recíproco, mas quem liga? Caminhavam, caminhavam sem destino, com o silêncio e a destreza.

Os pés agora tocavam na areia, e não houve estranheza quanto ao fato de terem chegado a praia. Apenas continuaram, nem ao menos se entreolharam. Na beira do mar, foram obrigados a parar. Não necessariamente obrigados, mas é como se por osmose sentissem-se fardados a tal.

Observava o horizonte como se fosse Deus. Como se fosse a linha imaginária e tênue que separa a água do infinito. Imaginou, por um momento que havia uma linha tênue e imaginária, também, entre ela e ele. Resolveu reunir toda força emocional que juntara até então e partir a linha, agarrou-lhe a mão e correu com ele para o interior do mar.

Mergulhou, puxando o corpo que segurava para o fundo d'água também. Não queria nem ousava sair dali, a água agora também era infinita porque a linha havia sido quebrada, e o infinito aliviava tanto sua dor. Queria o mesmo para ele, mas assim como nunca saberia se ele apreciava sua companhia, também não saberia se o infinito aliviava-lhe a dor dentro do peito. O oxigênio já faltava nos pulmões, e a medida que ele ia embora, a angústia se esvaíra também, bem como o sofrimento, as coisas ruim que jaziam dentro dela. Nunca saberia se o oxigênio rarefeito surtiria o mesmo efeito nele, mas ele não ousou mover-se à superfície. Nada nunca o atingia, mas aquilo, talvez, estaria atingindo-o.

O oxigênio já não existia mais, todo o resto também. Mas as mãos ainda estavam coladas, e o que se esvaia agora era a vida. Mas pra que se preocupar, afinal? Quem liga? As mãos ainda estavam coladas, a linha tênue havia sido quebrada. O silêncio e a destreza o levaram até ali, e agora faziam companhia um ao outro, no mesmo objetivo, no mesmo plano.

Sem ter precisado trocar uma sequer palavra, ou ato.


N/A: Não há nada que eu goste mais do que deixar os personagens subentendidos. Isso daqui surgiu de uma música que eu ando ouvindo muito, de uma banda chamada Doves. O nome é Sea Song (daí o título)(eu e meus títulos musicais, sempre) se alguém se interessar. Achei SasuSaku de mais, e pari isso daí. Saiu até maior do que eu achei que iria sair, a princípio era pra minha coletânea de drabbles, mas bem, ficou compridinha pra ser uma né?

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