• Direito de Posse •
É sete de setembro e novamente comemoram sua independência. É sete de setembro e ele ainda não ligou. Ou mandou uma carta. Ou um e-mail. Nem mesmo uma droga de um sinal de fumaça. É sete de setembro e ele não recebeu um único parabéns de quem ele mais presava. É o aniversário de sua liberdade e seu antigo dono nem olha para ele. Dono.
Estranho pensar dessa forma. – Ele bebe um gole do vinho. Vinho português. E ele nem escolhera a bebida! – Ele não era seu dono. Era? Fora. Explorava-o, abusava de sua hospitalidade e de seus recursos naturais, marcava-o como seu território. De fato, pertencera a ele. Não negaria. Não poderia.
E passaram-se anos. Anos que poderiam ter sido cheios de discórdia. Anos que poderiam resultar em uma guerra. Mas não poderia. Não se atacariam. Jamais. Anos que resultaram em uma nação que comemora sua independência, sozinho, ouvindo ao longe algum samba das antigas. E ele nem se atreve a telefonar. Nem uma palavra.
"Desgraçado."
Porém, pensar daquela forma causava-lhe arrepios agradáveis. Dono. Metrópole. Colonizador. Dono de tudo. De suas terras, seu povo, seus minérios, seus pensamentos e de seu coração. Não importava a declaração, ele ainda o tinha aos seus pés. Ele ainda era dele. Seu senso de liberdade beirava ao ridículo. Mas a simples idéia de ser de alguém, confortava-o. Ele gostava. – O vinho estava acabando, tinha que pedir mais. Para ele, claro. – E será que ele pensava da mesma forma? Ele vira o sofrimento dele diante da situação. Ele não dependia mais dele. Em teoria. Teria ele se importado? Teria ele sentido a falta que ele sentira? Que ele sentia.
Porém, ele merecia. O orgulho do mais velho era demais para ousar dar-lhe algum parabéns. Ele não ia receber nada do mais velho. No máximo, um processo sem qualquer fundamento. Ele merecia. Ninguém mandou desafiá-lo.
Era sete de setembro e novamente comemoram sua independência. É sete de setembro e ele sente falta. É sete de setembro e ele ainda é dependente dele. É sete de setembro e ele ainda pertence (indiretamente) a ele. É sete de setembro e ele sente falta que tomem direito de posse sobre suas terras, seu povo, seus minérios, seus pensamentos e seu coração.
FIM
Nota da Autora: Hmmmm....Ficou um lixo, porque eu não lembro muita coisa da história do Brasil. Para quem não entendeu, é uma fanfic com personagens originais, Brasil e Portugal. Bem pequenininha, mas escrita com carinho. Ela é de presente para a Lady Aeterna, minha irmãzinha sem ligação de sangue, que arriscou sua sanidade por mim! Espero que goste, do fundo dos meus rins (Já dizia Ná Ryuuzaki)! 8D
