Num compasso de eternidade

Abro os olhos vago rasamente, sinto todo o meu corpo implorar por descanso, mas não, levanto-me e olho para ti, e mesmo sabendo que não o devo fazer, sorrio, apenas por fora, porque por dentro tudo chora, sinto que quando sair daqui tudo vai acabar, tens o dom de me deixares presa com um simples olhar e eu deixo que me prendas, desejo até que acorrentes a minha alma a tua um compasso de eternidade.

Apanho a roupa que ficou pelo chão a quando a nossa furiosa batalha de beijos, descontrolados pelo desejo, e visto-as, e eu juro, eu juro que não sei como fazes, mas está nela o teu cheiro, empregaste nas minhas roupas o teu cheiro doce.

Parece que as paredes me sussurram, a cada passo as juras de amor que me fizeste e eu choro, caiu no chão e choro sem parar, baixinho para não te acordar.

Sem esperar que esta dor aumente, acabo de vestir da camisola e olho-te novamente num acto doloroso, e começo novamente a sentir as lágrimas nos meus lábios, sinto o sabor salgado, doce veneno, dizias tu.

Aproximo-me de ti, passo devagar, a mão no teu rosto e sinto como a tua pele é macia, retiro uma meixa de cabelo loiro e tu suspiras, num gesto semi-angelical, e eu… volto a sorrir tristemente.

Sem resistir e num tom de despedida, beijo-te os lábios, afastou-me suavemente e saiu pela porta deixando-te para traz e assim que saiu começa a chover, é como um sinal dos anjos a dizer-me que devo ficar, mas não, continuo, deixo que a água se confunda com as minhas lágrimas, murmuro-lhe o quanto te amo e peço-lhe que me leve a minha dor, mas não, em vez disso, ela permanece e aumenta.

E como resposta as minhas preces, ouço a tua voz a chamar-me e como o meu nome saiu melodioso dos teus lábios, sorriu sem o poder evitar e começo a explicar-me mas tu calas-me, com um dos teus beijos… afastas-te levemente e beijas-me a testa, estendes a mão e voltamos juntos prontos para enfrentar todos e sermos feliz.

Agora digo-te Julian, amo-te.

De quem sempre te amará.

Sydney Bristow