Disclaimer:

Não possuo nenhum dos personagens... são todos da JK Rolling.

E essa história se passa em um universo alternativo :D


Há muitos anos atrás em um vilarejo chamado Godric's Hollow havia uma enorme casa, a maior e mais bonita de todas. Nessa casa vivia uma família muito feliz: Os Clow. Eles eram uma família tão grande quanto a casa: Helen e Lead tinham exatamente 13 filhos e eram pais muito orgulhosos. A Família era sem dúvida uma das mais queridas do vilarejo. A casa dos Clow vivia cheia das crianças e adolescentes da vila. Helen os recebia com muita alegria. Ela estava sempre muito feliz e amava cada um dos filhos com todo o seu coração.

Mas uma mãe não é dona de seus filhos, ela os cria para mundo.

Helen nunca esteve preparada para o dia em que seu primeiro filho deixou a casa. Ele disse que iria viajar o mundo, pegou sua mala e se foi. Ela se despediu com um sorriso aberto e o coração em pedaços. Para que ele nunca se esquecesse de sua família, deu a ele um colar com um pingente de gato que ele carregou consigo até o dia de sua morte.

Pouco a pouco cada um dos filhos foi deixando o lar. E a cada um deles Helen dava um colar com um pingente de animal como presente de despedida. No final o único que sobrou foi o mais novo. Henry sempre fora o mais sensível de todos os treze e sabia que o pobre coração de sua mãe iria se quebrar para sempre quando o último dos filhos deixasse a casa. Ele vivia para os pais. Nunca saia do vilarejo, pois tinha medo de que quando pusesse seus pés para fora, nunca mais voltaria. Mas o mundo é um lugar engraçado e muitas vezes o amor pode bater em sua porta quando você menos espera. E foi o que aconteceu com o jovem Henry.

Certo dia uma família irlandesa se mudou para Godric's Hollow, Henry jamais esqueceria o dia em que viu a filha mais nova dos forasteiros, foi amor a primeira vista. Eles logo se casaram. Foi uma grande festa. Todos os irmãos se reuniram. A família estava completa novamente e o coração de Helen se encheu de alegria. E como despedida de seu filho mais novo ela lhe deu o último dos colares que havia feito, o pingente era de um ratinho do campo e Henry deu em troca a promessa de que não deixaria o vilarejo. Promessa essa que foi quebrada um ano depois. Henry iria para a Irlanda com a esposa e provavelmente nunca mais retornaria.

Lead não aguentava ver o coração partido da esposa. Ele temia que o fim dela estava se aproximando. Temia com toda sua alma. Por isso, em um ato de desespero reuniu todos os filhos em uma festa de despedida para Hery. Nessa festa ele os enganou. Os enganou de forma a fazerem uma promessa mágica. Eles prometeram que não importa o que acontecesse todos sempre voltariam para a casa, para a mãe deles. Eles estariam juntos para sempre.

E assim a promessa dos Clow transformou-se em uma maldição. Um laço de amor e ódio que unia essas quatorze pessoas. E esse laço se estendeu por anos e anos. Passando por várias gerações da família Clow.

Até os dias de hoje.


"Wouldn't it be nice if we were older…"

Um grito dos Beach Boys ecoa nos meus ouvidos. Coloco o travesseiro na minha cara e viro para o lado tentando ignorar, mas a música não para.

"Then we wouldn't have to wait so long…"

A música só fica mais alta... cada vez mais alta.

"And wouldn't it be nice to live together

In the kind of world where we belong"

Até que eu não agüento mais e pego meu celular. Na tela a foto de uma garota loira com um chapéu de mexicano pisca para mim.

-Oi... – Eu atendo com voz de sono.

- Lily, você estava dormindo?

- Que horas são?

- É hora de você se levantar, e pegar o ônibus para Inglaterra.

- Tá bom Emme, estou a caminho.

- Vou esperar você na frente da praça principal de Godric's Hollow.

- Ok. Te vejo lá.

- Beijo.

- Outro.

Desligo o celular e me levanto. Tomo uma chuverada. Tento encontrar alguma roupa para vestir. A maior parte das minhas coisas está empacotada. Quem diria? Depois de cinco anos, finalmente consegui meu diploma em alquimia no Arcannum e estou voltando para a Inglaterra.

Obviamente não avisei Petúnia sobre meu regresso. Nem pretendo avisá-la. As coisas entre minha irmã e eu nunca foram boas. E só pioraram desde que meus pais morreram. Ela me acha uma aberração. Na minha opinião a aberração é aquele marido dela. Ele deve ser um cruzamento entre um leão marinho e uma mulher porco. Jamais vi coisa mais bizarra do que aquele homem. E eu, uma pessoa relativamente dentro dos padrões ocidentais de aparência normal, sou considerada uma aberração perto desse desafio genético pelo simples fato de ser uma bruxa. Vai entender! Pelo menos eu consigo ocupar apenas um acento no carro. Me pego rindo sozinha ao imaginar Walter Dursley colocando aquela bunda gorda dele em um banco de ônibus e ficando entalado.

No final acabo colocando a mesma roupa de ontem. Ninguém vai saber mesmo. Pego minha mala e deixo o resto das coisas em um canto do kitnet. Paguei uma empresa de mudanças mágicas para enviar essas caixas para meu novo endereço. Elas devem chegar praticamente na mesma hora que eu. Mas não vou direto para meu novo apartamento. Preciso provar meu vestido de dama de honra.

Não acredito que vou ser dama de honra de Emmeline. Graças a Merlin Emme conseguiu ficar bem. Mas também, como ela não iria? Ela não se lembra de nada. Ele apagou a memória dela. Apagou tudo. Não sei o que aconteceu... tudo o que eu me lembro é de ver Emme naquele estado horrível em um dia e no outro ela agindo como se nada tivesse acontecido. Como se ele não tivesse acontecido na vida dela.

Dou uma última olhada no que foi meu lar pelos últimos cinco anos e fecho a porta deixando para trás uma etapa da minha vida.

Eu sou assim, difícil de me apegar as coisas. Também sou difícil no quesito amizade. Durante todos os sete anos em que estive estudando na escola de magia e bruxaria, conheci muitas pessoas. Mas a maioria delas não passou disso: Conhecidos.

Eu sempre me senti estranha no mundo mágico. Também me sentia estranha na casa dos meus pais. Desde o dia em que descobri que não era um mutante (como eu desconfiei por anos) e sim uma bruxa eu me sinto assim: perdida entre dois mundos. Perdida porque não sou como os bruxos sangue puro que nasceram e foram criados naquele mundo deles. Mas não sou como as pessoas sem magia, não posso mais viver entre elas.

Acho que bruxos puro sangue são pessoas meio bitoladas. Eles pararam no tempo. Tudo no mundo deles permanece exatamente igual como era na época em que resolveram que seria melhor remover todo contato entre bruxos e trouxas. Eles se acham melhores porque podem usar magia, mas na realidade são um bando de estagnados e burros. Lembro-me de todos rindo de mim na primeira semana de aula porque eu queria usar um caderno para minhas anotações. Bruxos usam pergaminhos e penas para escrever. Pergaminhos, esses pedaços de papel mal feitos que se estragam facilmente e ocupam muito espaço quando guardados. Sem contar na forma de produção: poluente e utilizando o dobro de árvores que um pedaço de papel normal. Não adianta explicar isso para eles. Acredite, eu já tentei.

Paro de divagar sobre minha vida quando o ônibus chega. Não é permitido aparatar de um país para o outro. Leis internacionais de magia. É necessário pegar um transporte mágico para que se possa ter um registro de todos os bruxos que entram e saem de um país. Principalmente se forem viagens intercontinentais. No meu caso eu nem tentaria aparatar. Fico imaginando o que aconteceria se eu me perdesse no meio do oceano Atlântico que separa a América da Europa. Não seria nada legal.

Uma mulher magra como um palito de queixo saliente e cílios postiços horrorosos se senta do meu lado. Ela deve estar usando um vidro inteiro de perfume. Fico meio nauseada com o cheiro doce do perfume dela. Ainda bem que são apenas 15 minutos de viagem.

Quando o ônibus faz sua parada final eu praticamente pulo para fora. Não há nada como o ar puro do interior da Inglaterra. Godric's Hollow é um vilarejo completamente bruxo. É relativamente antigo e aqui moram várias famílias puro sangue. Existe uma mansão imensa que ocupa uns quatro quarteirões, essa mansão pertencia a família Clow e agora é sede de uma espécie de "clube de magia para famílias tradicionais". Eu não faço idéia do que tem ali dentro. A única coisa que eu sei é que ele mora ali. Os bruxos mais tradicionais e importantes da Inglaterra moram naquela mansão.

Reconheço de longe os cabelos loiros de Emmeline. Lá está ela. Bonita como sempre. Sorrindo como sempre. Mas sem se lembrar da vida que ela um dia compartilhou com aquele homem. Tento tirar esse pensamento da minha mente. Mas é difícil. É muito difícil esquecer-se de uma coisa que te assombra dias e noites. Eu sempre quis saber o que realmente aconteceu. O que ele fez para deixar Emme no estado em que a encontrei naquele dia. E porque ele apagou a memória dela.

Emme logo me vê. E corre na minha direção. Recebo um abraço de urso de uma das minhas únicas amigas no mundo inteiro.

- Amiga! Quantas saudades!

Retribuo o sorriso enorme dela com outro exatamente igual.

- Nem me fale!

Não posso deixar de notar o enorme anel de brilhantes na mão direita da minha amiga. Ela repara e estende a mão para que eu possa ver melhor. O noivo dela, um tal de Benjamin Fenwick, deve ser uma daquelas pessoas que precisa mostrar para todos como é rico. Esse anel chama a atenção de pessoas a mil metros de distância.

- Nossa que lindo! Me conte TU DO! Quero saber todos os detalhes...

- Mas é claro! Benjamin é tão maravilhoso Lily! Você vai conhecê-lo hoje a noite! Alias, ele estudou com a gente em Hogwarts. Mas não sei se você se lembra dele...

Emme diz não saber se eu me lembro dele. É bastante óbvio que eu não me lembro. Tenho uma péssima memória para pessoas. Isso me rendeu várias situações constrangedoras na escola. Todos me conheciam, já que eu fui designada como monitora chefe no final do quinto ano me tornando a monitora chefe mais nova dos últimos 265 anos. Várias vezes pessoas vinham conversar comigo como se fossemos velhas amigas e eu não fazia idéia de quem elas eram. Certa vez fui pega desprevenida em um estado de mau humor intenso e cheguei a dizer: "Mas quem raios é você?" para uma garota da Lufa-Lufa que saiu chorando. ..

- Bom, se ele perguntar... você diga que se lembra dele Lily! Por Merlin!

- Certo Emme vou dizer, pode deixar.

Nós vamos para uma loja de roupas bruxas provar os vestidos para o casamento. Lá encontramos Alice outra amiga nossa que também será uma das damas de honra no casamento.

- Lily! Quantas saudades! Menina, olha esse seu cabelo como está enorme... está lindo!

- E o seu Alice? Desde quando você o usa curto assim? Ficou muito bom em você!

Alice sempre teve o cabelo enorme, quase até o chão. E agora estava muito curto. Surpreendi-me ao vê-la assim. Mas devo admitir que ficou bem melhor do que aqueles cabelos mal cuidados dela. Deram um destaque para o formato do rosto dela: meio redondo. Alice tem uma beleza delicada que nem eu nem Emme temos. Ela parece uma boneca de porcelana.

Jogamos conversa fora enquanto experimentamos os vestidos. Os de dama de honra são verdes. Emme diz que foi difícil encontrar alguma cor que combinasse com meus cabelos. Não é como se eu não soubesse. O difícil em ser ruiva é que são poucas as cores que você pode usar que não te deixam parecendo uma atração de circo. Mas o verde sempre ficou bem em mim, ele destaca meus olhos.

Depois de vermos o vestido da noiva... (Achei que o vestido parece um bolo de camadas de tantos babados, mas disse a Emme que era lindo... Alice até chorou de emoção) fomos almoçar na taberna do vilarejo. Algumas pessoas me cumprimentam e eu respondo mesmo não as reconhecendo. Alice e Emme riem enquanto me perguntam se eu sei o nome delas.

- Você continua igual não é Lily? – Alice ri enquanto corta seu rosbife. - Não sei nem como se lembra da gente.

- Meninas, vocês sabem que eu nunca esqueceria de vocês não é?

- Vou te entregar a lista de convidados do meu casamento com uma foto de cada pessoa para você não passar vergonha!

- Olha isso seria bem uma ótima idéia! – Eu respondo com sinceridade. Não quero passar nenhum vexame e nem fazer ninguém chorar.

Nesse momento ele entra na Taberna. Com aquele ar arrogante de sempre. Os cabelos arrepiados atrás. Mas há algo diferente... ele está sério. Sério como estava na última vez em que o vi. Uma nuvem de infelicidade parece rondá-lo. Quando ele passa pela nossa mesa sem nem ao menos olhar para nós Emme solta risadinhas e Alice se engasga com sua bebida.

- Ai gente, tenho que confessar. – Começa Emme – Sempre achei James Potter um gato!

Alice e eu trocamos olhares cúmplices. Ela também sabe o que aconteceu. Fizemos um pacto de nunca tocar no assunto com Emme. Mas Alice sabe. E ela sabe que eu fui até ele tirar satisfações. Nunca contei a ela o que aconteceu. Eu apenas disse que era melhor deixarmos para lá e fingir que não havia nada para comentar como todos eles estavam fazendo.

Emme percebe o clima estranho na mesa...

- Qual é Lily? As brigas entre vocês dois eram na época de Hogwarts... isso faz seis anos né?

- Nossa SEIS ANOS! Como estamos velhas! – Alice tem o dom de mudar o rumo das conversas sem que Emme perceba. De repente estamos rindo e falando sobre os velhos tempos.

Ele passa pela nossa mesa novamente. Nossos olhares se encontram por um momento. Meu coração parou por um momento e só voltou a bater quando ele fechou a porta da Taberna ao sair. Não pude evitar em segui-lo com os olhos.

Emme tosse e me da uma cotovelada.

- Acho que mais alguém acha o senhor Potter um gato... uhuuu Lily! Quer que eu arranje ele para você?

Sinto meu rosto ficando quente. Maldita genética que me fez ruiva.

- Alice, por favor, tente controlar esse sua amiga... ela está toda fogosa!

Depois de comermos a sobremesa e tomarmos um café, me despeço das duas com promessas de encontrá-las à noite para o jantar de aniversário de Dorcas e vou para o Beco Diagonal pegar as chaves da minha nova casa. Aproveito para passar no mercado e comprar algumas coisas antes de aparatar no lugar onde teoricamente fica a casa. Espanto-me quando a vejo...

Não passa de uma pequena cabana de madeira caindo aos pedaços. A chuva deve ter feito com que parte da casa ficasse levemente podre. Não sei se é seguro entrar ali. Sem contar no fator localização. Se eu não tivesse certeza de que estamos realmente na Inglaterra eu diria que essa casa fica no meio do Pantanal Matogrossense. Deve fazer um frio do cão a noite por aqui.

Não acredito na casa que eu aluguei. Além de ficar no fim do mundo e é praticamente um muquifo. Vou ter que fazer umas mil modificações para esse lugar ficar minimamente habitável. Que porcaria. É nisso que da alugar o lugar mais barato sem fazer uma visita ou pedir uma vistoria antes.

Lanço uma série de feitiços na casa, pelo menos todos que eu conheço que teriam algum "efeito de melhorias" naquele negócio que a imobiliária chama de casa. Cerca de duas horas depois estou suada e mal humorada. A casa está um pouco melhor, mas ainda há muita coisa para fazer. Pelo menos acredito ser possível dormir a noite ali dentro sem morrer de frio. Tive que fazer algumas gambiarras para conseguir que os fios de eletricidade passassem por aqui. Como uma boa nascida trouxa, não consigo viver sem minha televisão. Sem meu computador. Sem meus eletrodomésticos.

Quando finalmente termino de desencaixotar o que preciso por enquanto (deixo o resto para depois da reforma que decidi fazer nesse lugar). Vou por as caixas para fora de casa. Pergunto-me se o serviço de descarte de lixo mágico passa por aqui.

Uma risada escandalosa me tira dos meus pensamentos. Uma risada que eu infelizmente conheço muito bem. Viro-me e vejo caído no chão do meu "jardim" com uma mão na barriga e outra apoiada na escada o idiota do meu ex-namorado: Sirius Black.


NA: Primeiramente... não revisei porque fiquei com preguiça.

Segundo... história baseada no mangá fruits basket. Mas quem não leu também vai entender. Aos poucos vou explicando. Espero que gostem e por favor... reviews. :D