Tnx .cah. pela betagem linda e gostosa.


Pequenos Passos

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Assim que a campainha tocou, Pansy gritou para que sua mãe lhe ouvisse do outro lado da casa.

– Mãe, vou sair pra brincar na praça com o Blaise!

– Tudo bem, tome cuidado! - a senhora Parkinson gritou de volta e, como que para cumprir um ritual maternal, completou: - Volte antes de escurecer e não fale com trouxas estranhos!

A menina abriu a porta ainda terminando de amarrar os sapatos trouxas, cumprimentou o amigo com um rápido oi, e saiu correndo pela calçada - Blaise a seguiu, passos firmes e calmos, um tanto adultos para um menino de sua idade.

Passaram reto pela pequena praça semi-abandonada, onde ambos disseram a seus pais que estariam, e andaram mais quatro quarteirões até um parque grande, cheio de brinquedos e crianças.

Blaise foi direto para o único banco de pedra não ocupado por jovens mães ou babás e lá se sentou, tirando uma revista em quadrinhos do bolso da jaqueta – a essa altura Pansy já havia largado ali os sapatos e a blusa de moletom, correndo em seguida para o meio das meninas que brincavam no balanço.

Abrindo a revistinha, se preparou para fingir que lia. Afinal, precisava vigiar se não passava nenhum bruxo que pudesse reconhecê-los e dedurá-los; precisava bolar coisas que pudessem ter brincado juntos na praça caso alguém perguntasse; e precisava observar bem aquelas crianças trouxas, porque Pansy gostar delas não as tornava confiáveis.

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Voltaram para casa ao entardecer, como sempre faziam. Iam de mãos dadas, Blaise explicando as brincadeiras que eles diriam que fizeram, e Pansy cansada, feliz e com apenas meia atenção nas palavras de Blaise.

Ela achava graça nas histórias elaboradas que ele inventava, e também o admirava por conseguir não-brincar. Era muito difícil para ela conseguir isso, mesmo que fosse com trouxas.

– As meninas trouxas – ela o interrompeu – são boas pra se brincar.

– Eu sei. – ele afirmou com simplicidade, apertando mais a pequena mão na sua – Eu não vou contar. Nunca.

– Mas, você sabe. – continuou como se não tivesse ouvido; é claro que ele não ia contar, que bobagem – Não pra muito mais.

Ele sorriu. Ela parou, rindo, e soltou a mão da dele. Beijou-o na bochecha, e saiu correndo na frente, de volta pra casa.