SACRIFÍCIO
Garota Inu
OiPovo!
Aki estou eu com mais uma fanfic. Espero que gostem, mas um AVISOOOOOO!
É uma DARKFIC, então, terá muita violencia, linguagem de baixo calão, então quem nào é disso, não leia, ok?
Espero que curtam a minha segunda fanfic. Bjos!!
Japão. Tóquio. 1996.
Estava uma bela noite vista do parque. O céu envolto pelo véu estrelado e se mantinha livre de nuvens, a lua parecia tímida, pois não aparecia muito... Estava saltitando, cantarolando uma música que eu adorava. Topecei e comecei a rir por isso. É realmente dificil alguém me fazer chorar.
Kagome Higurashi é uma linda menininha de 6 anos, é doce, muito alegre e bem simpática. Seus olhos, azuis como o céu do verão, sempre cheios de vida e tão penetrantes, que é quase impossível sumir com aquele brilho. Seu sorriso tão lindo e contagiante é capaz de amolecer até o pior dos corações. Seus cabelos negros como a noite, caíam-lhe sedosos até o meio das costas. Seu corpo era magro e sem formas, mas ela não ligava. Sua mãe disse que quando tivesse 9 anos, seu corpo começaria a se formar.
Eu estava muito feliz por me mudar pra Tókio. É uma cidade realmente linda. E tem muitas pessoas legais, como a Sango. Ela é muito legal e gosta muito de mim, assim como eu gosto dela. Somos muito amigas. Ao contrário da minha antiga escola e bairro. Eu era sempre excluída e todos me olhavam como se eu fosse um lixo. Uns já até me bateram. Mas agora eu estou muito feliz por ter Sango, que me entende.
Kagome se mudou para Tókio porque seu pai recebeu uma proposta de emprego realmente muito boa numa empresa multi-nacional de informática, muito famosa. Eles foram morar no Templo, que fica sob os cuidados do avô de Kagome, pai do Sr. Higurashi. Eles foram para lá, a fim de não precisar pagar por uma outra casa, embora tivessem uma condição ótima, eles não eram ricos.
Dessa vez eu estava cantando uma música que minha mãe me ensinou, quando algo se moveu dentre os arbustos. Rastreei meus pais, eles estavam conversando com os pais de Sango e, nem prestavam atenção em mim. Como sou muito curiosa, fui ver o que era. Afastei as folhas e exclamei quando vi um menino. Aparentando ter 07 anos, dono de longas melenas negras e os olhos frios de cor castanha. Ele me olhava, assustado, provavelmente pensou que eu era uma youkai. Percorri meus olhos por ele e vi que suas vestes estavam rasgadas. Exclamei mais uma vez ao ver que em seu lado esquerdo da cintura jazia um corte sangrento e bem feio.
Corri até ele preocupada, me ajoelhei em sua frente e pus a mão em seu ombro. "Oh, meu Deus, você está bem, menininho?", perguntei aflita. Era um corte realmente muito feio. Arrepiava-me só de olhar.
Ele pareceu se assustar com a minha aproximação, pois arregalou os olhos num misto de incredulidade e choque. "Fique longe, bem longe de mim!", ele mandou autoritário, mas também não se moveu.
"Mas você está sangrando! Irá morrer se não estancar!", exclamei mais preocupada ainda ao vê-lo trêmulo e suando. Devia estar ardendo em febre. "Deixe-me ver isso..." ,peguei seu braço, cujo escondia o ferimento em seu lado.
"Me solte!",mandou de novo.Ele só manda! E é claro que eu não obedeci, e ele ficou bravo com isso. "Não sejas tão irritante!", mandou outra vez. Mas o que me intriga é que ele não queria que eu o tocasse, mas também não fazia nada para me impedir.
Sorri marota. "Não sejas tão teimoso, menininho!", mandei também. Ele me olhou zangado. Pois ele fique sabendo que cara feia, pra mim, é fome!
Peguei uma folha daquele mesmo arbusto, era um erveiro, e pus encima do corte. E mesmo com os protestos constantes do menininho, eu não parei. Rasguei a barra de meu vestido e amarrei-o em torno de sua cintura, encima da folha, para prendê-la ali, a fim de estancar o sangue. Sorri satisfeita com o trabalho bem feito. O único problema, é que eu havia me esquecido de que ardia muito com o efeito de estancamento.
Ele, que até agora especionava o curativo improvisado, me olhou de súbito. "Ai! Isso arde!", rugiu me empurrando.
Desequilibrei-me e senti meu pulso rasgar, antes de cair por terra. Eu não o culpo disso, eu que esqueci de avisá-lo que o que ardia muito. "E - eu... Só queria ajudar...", murmurei chorosa, me sentando. Meu pulso sangrava por culpa de um galho. Não era muito, mas o suficiente para me deixar nervosa e a chorar. "Gomen Nasai...", sussurrei encarando o chão.
Depois de desculpar-me, o menininho imediatamente me pegou o pulso ferido e... Lambeu?...Ele lambeu todo o pouco de meu sangue que escorria... Deus, ele está me lambendo! Fiquei estática e arrepiada diante a ação repentina do menininho. A língua dele é mais áspera que o normal.
Depois que não víamos mais nenhum fliete de sangue, ele me olhou penetrantemente direto em meus olhos e depois para o meu pulso ferido. E onde me jazia o corte, ele beijou e sussurrou "Sumimassen.", beijou novamente e sussurrou "Sumimassen.", beijou-me novamente o pulso e sussurrou "Sumimassen.".
Senti minhas bochechas esquentarem quando ele me olhou. Era o mesmo olhar penetrante de antes, porém, seus olhos não estavam mais frios, eles obtiverem um brilho diferente, uma expressão. Estava intrigado, mas por quê?
Fiquei surpresa diante ao ato do menininho, tanto que tirei meu pulso de sua posse, mas ele continuou com a mão erguida. Num gesto de simpatia, eu estendi minha mão e a encostei na dele. Quem visse pensaria que estávamos medindo nossas mãos, para ver qual mão era a maior. Sorri doce, e ele ficou surpreso por isso, mas acabou por sorrir também. Sorrimos. Escutei meus pais me chamarem, os olheis e pedi-lhes mais 10 minutinhos, eles assentiram. Mas quando voltei minha atenção para o Menininho... Ele havia sumido.
Onomatopéia de despertador
"Hmmm... As manhãs seriam melhores se fossem à tarde!", gemeu se levantando tranquilamente,mas quando olhou para o despertador... "Ah! Tô atrasada!", levantou-se rapidamente, derrubando tudo que estava em seu caminho, indo para o banheiro para suas higienes matutinas.
Pôs o uniforme, lavou o rosto, escovou os dentes, arrumou a cama, e desceu as escadas, seguindo para a cozinha. "Ohayou!", exclamou ao entrar na cozinha e ser recebida por um monte de enormes sorrisos.
Todos os dias ocorriam assim, todos de ótimo humor. Alguns vizinhos até invejavam o relacionamento familiar dos Higurashi, sempre tão alegres, amigos e cheios de amor. Claro, sempre há aqueles desentendimentos, mas nada que não resolvesse com uma boa conversa de 3 horas. Às vezes, raramente, Kagome chegava a ficar meio rouca, quando era ela quem falava. E quando ela ouvia, seus ouvidos chegavam a latejar.
Tomou seu achocolatado, pôs uma torrada na boca e saiu correndo porta a fora. "Já estou indo!", exclamou enquanto colocava o sapato, e tomando cuidado para a torrada, em sua boca, não cair. Escutou um 'Tome cuidado!' coletivo de sua família, antes de avistar Sango encostada na pilastra do Jinja a esperando com um sermão já bem preparado. "Bom dia, Sango! Tudo bem?", pergunta com o maior sorrisão.
Sango a olha incrédula. Será que ela perdeu o senso de horário? "Como assim? Estamos atrasadas, vamos!", vociferou, puxando Kagome escadas a baixo, quase derubando as duas. Imagine: duas meninas-vassoura rolando pelas escadarias do Higurashi-jinja. Nossa! Chega a ser estilo comédia pastelão. Logo que terminaram de descer as escadas, começaram as suas rotineiras caminhadas ao colégio.
Sango notou que Kagome andava quieta demais, já que o estado normal da amiga é falar, falar e... Falar. Suspirou. "Outro sonho?", perguntou.
Há certo tempo que Kagome vem tendo sonhos estranhos. Não que isso preocupasse ela, ou Sango, mas aquilo estava ficando esquisito. Sonhava com castelos, masmorras ensanguentadas, guerras... Apenas um sonho foi coerente, porém estranho.
Tudo era simplesmente escuridão. Apenas escuridão. E ela estava lá, ajoelhada e tremendo de pânico. Olhava freneticamente para todos os lados, parecia que via coisas e tinha medo delas. Mas não aparecia nada. No sonho, ela não via essas coisas, mas ela sabia que estavam lá. Esquisito, não?', pensou Kagome.
Mas então, uma luz brilhou. E uma voz resoou no ar: 'Eu sou a luz na escuridão. Sou a paz que faltava ao seu coração. Quando precisar de mim, é só dizer meu nome. '. Kagome sonhava com isso diversas vezes, chegou a ser seu sonho preferido e até escreveu uma música sobre ele. Mas, havia um 'porém' nessa história. Como Kagome chamaria a luz, que tinha a silhueta de uma pessoa, pelo nome se ela nunca consegue ouvir o nome?!
Continuando... Então, ela olhou para a luz e uma paz a envolveu. Então a 'luz com a silhueta de uma pessoa' falou: 'Sou a porta aberta. Eu sou a luz. '. Bem... Que era uma luz ela já sabia, mas essa parada de 'porta aberta' ela não entendeu. E a luz parecia querer que ela o chamasse pelo nome. O poque, ela não sabia, mas a 'luz com a silhueta de uma pessoa' não gostava que ela o chamasse de um nome que ela também não sabia.
Resumindo... Ela não sabia de nada desse sonho. Mas, isso não é importante realmente. Era só um sonho, afinal.
Kagome negou, levemente com a cabeça. "Não, isso foi uma lembrança." Sorriu. "Foi com o Menininho!", exclamou feliz.
Sangou parou de andar, intrigada. Tomara que não seja quem ela estava pensando. "Aquele que te lambeu o sangue?", chutou pasma. Nunca esqueceria do dia em que Kagome tinha lhe contado que um garoto, vestido com roupas rasgadas e com um corte pavoroso no lado, tinha lambido e beijado seu pulso. Tinha obrigado ela a tomar um banho e esfregar o braço mais de 3 vezes, mas se arrependeu ao ver que ela ficou triste.
Sorriu abertamente. "Ele mesmo! Fiquei tão feliz agora, por que minhas lembranças se tornaram borrões com o tempo, mas agora eu lembro direitinho!", percebendo o silêncio da amiga, Kagome olhou pra ela e viu que ela estava meio cabisbaixa. "Sango, o que está te incomodando? Está meio pra baixo hoje...".
Suspirou pesadamente, e depois se esforçou para dar o sorriso mais verdadeiro que pode. "Não é nada. É só sono!"
'Esse foi o sorriso mais falso que ela já deu. ', resolveu. São amigas desde sempre e nunca viu Sango dar sorte no amor. Não que estivesse em situação diferente. Nenhum garoto chegava perto dela com interesse. Isso a fazia se sentir excluída, deprimida e rejeitada... E um pouco carente, mas ninguém precisava saber disso. "Quanto tempo esperou por ele?", perguntou.
"Umas 3 horas e meia, acho eu... E o pior não foi nem isso."
"Ainda tem pior???". Que cara-de-pau, não?
"Uhum... Ele não apareceu!" Sango soltava adagas flamejantes pelo olhar. "Muita ousadia! Um dia o Kuranosuke vai ver o que é bom!", proclamou erguendo o punho. Nenhum garoto brincava assim com ela.
"Isso foi mais um furo, não?", ouviu a amiga suspirar. "Sinto muito por isso, Sango... Vamos, antes que fechem os portões!", puxou Sango pelo braço, entrando no colégio.
Na hora do intervalo, Kagome e Sango ficaram discutindo o porquê de um salgado se chamar 'joelho'.
Isso realmente as deixou intrigadas.
"Realmente, eu não sei porque se chama 'joelho'...", admitiu Sango, analisando seu salgado cuidadosamente. "Não tem motivos plausíveis pra isso... Acho eu."
"Joelho ou não, eu sou louca por esse salgado!", disse Kagome devorando o último pedaço do seu 'joelho'.
"É! O importante é que é bom!", disse também dando uma mordida em seu 'joelho'.
Kagome, que até agora sorria, fechou a cara e emburreceu. "Mas ainda assim, não entendo o porquê desse nome 'joelho'".
Suspirou. Talvez nunca entendesse esse mistério culinário.
(NT: Não sei se existe joelho no Japão. Se alguém souber, por favor, me avise. Mas por enquanto, vamos fingir que sim, ok? ).
Num enorme castelo que ficava em uma ilha longe da costa de Tóquio, um jovem de cabelos negros andava apressadamente em um corredor, até chegar a uma grande porta. Tão grande que ele, pessoalmente, achava exagero, mas era o quarto do príncipe, não era? Abriu-a e andou até o meio do quarto, bem embaixo de um imenso lustre negro. Parou.
"O que quer aqui, Houshi?", ouviu a voz fria ecoar pelo quarto, e sem emoção ou expressão, continuou "E antes que me peça, eu já te respondo: Não vou descer!" Miroku nem precisava olhar pra cima pra saber que ele estava sentado no lustre, afinal, toda vez era assim.
"Okay... Só queria dizer que... Ele voltou e quer levar um papo contigo.", disse Houshi sério. Aquilo poderia acabar em morte. E isso não era bom.
Ele sorriu, e como estava extremamente escuro, e a única fonte de iluminação eram os raios causados pela chuva, só pode ser reparado o brilho de seu canino. "Ótimo. Traga-o aqui, agora.", mandou antes de beber um pouco do líquido da taça cristalina, que parecia ser vinho.
"Ele não está aqui. Ele espera por você, em Tóquio." O silêncio se instalou no cômodo escuro, e o único som que se ouvia, era a chuva batendo contra a janela.
"O que ainda faz aqui, Miroku? Pode ir agora."
"Meu lorde..." Miroku fez uma pequena reverência e saiu.
Quando Miroku saiu, Inu-Yasha ficou pensando em como seria voltar a Tóquio depois de 11 anos. Mas essa não era hora pra isso. "Tenho que ir lá e acertar as contas com o cachorrão.", resmungou. Queria dormir, ou então caçar. Desceu do lustre e caiu de pé. Bebeu o resto da bebida num gole e jogou a taça na parede, fragmentando-a em vários pedaços. O líquido que escorria pela parede, definitivamente não era vinho. Era escalarte. Era viscoso...
Era sangue.
O ser que usava apenas uma calça preta sorriu e sentou em sua enorme cama, com uma colcha de luxuosa cor de vinho. "É bom que assim, fico por Tóquio mesmo, no meu palácio de verão.", pegou sua espada, a Tessaiga, e desfez o sorriso. "E talvez... Rever certa 'médica', que cuidou de mim...", disse sarcástico. Mas sabia que só a encontraria por sorte. Muita sorte. Não sabia o nome dela, nem onde morava. E não podia farejá-la já que estava humano no dia em que a conheceu. Deu de ombros. Dane-se. Se a encontrasse, legal. Se não a encontrasse, melhor. Uma preocupação a menos.
Dissipou-se numa fumaça totalmente negra, indo para a cidade de seu passado.
Quanto tempo ficou infurnado dentro daquele castelo?
Ah, é! Sua vida toda. A não ser, é claro, quando tinha 7 anos, naquele dia em que tentou fugir. Sesshoumaru o caçou e acabou com ele, o ferindo no lado.
Não reconhecia mais nada daquele lugar, tudo havia mudado. Prédios novos, casas que não existiam, agora estavam ocupandos as esquinas, antes vazias. O 'parque de 11 anos', como assim o chamava, também estava mudado. Ficou maior, parecia mais uma floresta, agora.
Onde estava o serviço público de jardinagem numa hora dessas?
Estava encima de um prédio empresarial de 15 ou 16 andares, que foi construído em frente ao 'parque de 11 anos'.
Esperava, tediosamente por seu 'querido' e 'amado' meio-irmão que veio reclamar pela Tessaiga. Bastardo! Acha que pode chegar e querer tomar Tessaiga à força só porque sua espada, Tenseiga, não mata, e sim ressucita. Ainda xingava seu meio-irmão quando sentiu o cheiro do próprio.
"Falando no diabo... Não espere!... Acho que você é mais insuportável que ele.", zombou se levantando e ficando de frente pra ele.
"Não se preocupe, Inu-Yasha, logo você se juntará a ele.", disse o todo-poderoso Sesshoumaru, sacando lentamente sua espada. "Mandarei-te para o inferno" Estreitou perigosamente seus olhos ao ver o irmão rir debochado.
"Com Tenseiga?", perguntou sarcástico. Sesshoumaru é um idiota se pensa que ele não sabe que Tenseiga é uma espada que resucita.
"Não. Com Tenseiga eu mataria você na hora, e não quero isso. Quero ver você sofrer.", disse finalmente retirando sua espada da bainha.
A confiança de que sairia vivo amoleceu um pouco. Aquela não era Tenseiga, nem de longe. Ao contrário desta, Tenseiga é uma espada celeste, esta possui uma energia maligna incrível.
"Inu-Yasha...!", chamou tirando-o dos devaneios. Pôs-se em posição de ataque e apontou a espada na direção de Inu-Yasha. "Quero que conheça Toukinjin..." Correu numa velocidade desumana em direção ao irmão.
Inu-Yasha sacou Tessaiga e defendeu o golpe fazendo com que as espadas se chocassem escandalosamente. Ficaram um forçando a espada do outro, se encarando.
"Que espada é essa, Sesshoumaru?", riu. "Teve que apelar pro Goshinki?"
Quando se afastaram, Sesshoumaru voou para o céu. Inu-Yasha abriu suas asas, o seguiu e parou na frente do meio-irmão, posicionando Tessaiga. Inu-Yasha sorriu.
"Hunf! Não vou disperdiçar Toukinjin com você. Só minhas garras já lhe bastam." Guardou Toukinjin e ficou apenas encarando, com desdém, o hanyou à sua frente. Patético! Até hoje não sabia como seu pai pode ter dado Tessaiga para um hanyou.
"Keh! Faça como quiser.", disse guardando Tessaiga na bainha. Ele não iria lutar de espada contra um idiota desarmado, pelo menos dessa forma, se fosse perder, perderia em pé de igualdade.
"Vai precisar da espada, Inu-Yasha. Não a guarde."
"Não irei lutar em desigualdade. Se eu morrer, não poderão dizer que morri em vantagem.", explicou. Estalou os dedos. Podia ser arrogante, podia ser irritante, ousado, ganancioso e egoísta, mas ele era um homem de palavra e dignidade.
Posicionou as garras e as asas. "Que assim seja.", atacou.
Eram 21:21, e Kagome voltava para casa. Tinha ido ao mercado fazer compras, já que quando chegou não tinha nada para o jantar. O ruim era que o mercado era longe de sua casa, assim ela sempre voltava à noite e ela não gostava muito disso. Temia ser assaltada, ou até molestada. O pensamento a fez estremecer de medo. 'Deus me livre!'
Depois de um tempo, Kagome ainda não tinha chegado, mas já estava perto, para sua alegria. Os olhos fixos na rua, mas ela não via, realmente. Estava concentrada nos seus pensamentos, que não a deixavam desde que acordou.
Ficou pensando se ele sobreviveu... Talvez não, mas pode ser que sim... O curativo não era de grande ajuda até porque ela não sabia muito dessas coisas como sabe hoje, mas daria tempo dele chegar a um hospital e se tratar. Ficou pensando em como chorou fácil naquela noite, mesmo sabendo que é difícil algo tão bobo a fazer chorar.
Parou de pensar ao ver um vulto meio negro e meio prata passar lá na esquina. Sacudiu a cabeça. "Só impressão...", susurrou pra si mesma. Continuou andando. Um pouco mais rápido, mas ela não percebeu. Parou ao ver outro vulto, um pouco menos rápido talvez. Ao contrário do anterior, esse era mais nítido e mais prata do que negro. "Só um carro.", disse numa tentativa inútil de se manter calma. Só que ela não pode deixar de notar: carros não andam numa velocidade capaz de fazê-los parecerem vultos; carros não voam; carros não têm asas negras nas costas... Carros nem têm costas!!! Respirou fundo e alisou o vestido.
"Tomara que não seja o 'joelho'..."
Segurou firme seu ferimento no peito para párar o sangramento. Merda! Já estava tempo demais lutando com Seusshoumaru. Não pensava que seria tão difícil lutar com ele. Já ele não se abalava nem um pouco com os golpes que dava nele. Arranhava, chutava, socava, mordia, mas de nada adiantava. Ele sempre se erguia em segundos e fazia pior.
Neste momento, Inu-Yasha estava escondido atrás de uma árvore frutífera, para Sesshoumaru não farejá-lo. O que é impossível já que estava sangrando, mas a esperança é sempre a última que morre, não é? Droga! Se Sesshoumaru não tivesse Toukinjin tudo seria mais fácil. Sim, Sesshoumaru usara a Toukinjin. Umas duas ou três vezes. Cada vez que Inu-Yasha lhe machucava seriamente, ele sacava a espada maligna e desferia um golpe nele. E por causa disso, Inu-Yasha estava real e seriamente ferido. A calça estava toda rasgada em listras; Tinha quatro cortes no peito; Um grande corte na panturrilha; Sem contar com inúmeros, porém leves ferimentos por toda extensão de seu corpo; Sua blusa não mais existia... Resumindo: estava um trapo.
Nenhum sinal de Sesshoumaru até agora, e isso é de se estranhar, e muito. Espiou por de trás da árvore e não o viu em lugar algum. 'Ótimo! Ele abandonou a luta', concluiu sarcástico. Provavelmente lhe dirá que não tinha graça lutar com um hanyou que não se aguenta em pé. Bastardo! Levantou-se e constatou que era melhor voar se quisesse chegar vivo ao castelo.
Ótimo! Já virou a esquina de sua rua, agora só falta andar um pouquinho e depois subir 67 degraus. Suspirou.
"Nossa... Isso é tão interessante...!", resmungou sarcástica. E descarregando tudo num suspiro forte, começou a subir os degraus. "Tão interessante quanto um youkai cair do cé-"
Exclamou dando um pulo para trás quando um corpo caiu de sabe-se-lá-de-onde bem na sua frente. Por pouco, muito pouco mesmo, não caiu em cima dela.
Depois de alguns segundos analisando o corpo assustada, viu que era um hanyou – melhor, um acabado, surrado, rasgado e quase-nu hanyou. O branco cabelo do rapaz estava empapado de sangue e suor. O que sobrara de sua camisa pendurava-se em ensangüentados frangalhos de seus ombros, acentuando os severos rasgos em seu peito e costas. Percebeu também que ele tinha febre, e das altas, pois ele gemia.
Kagome estreitou os olhos por um momento, debatendo sobre o que fazer. A parte diabo de sua consciência provavelmente queria abandoná-lo para subir e fazer sua comida... E a parte anjo concordava totalmente em levá-lo para cima e cuidar dele.
Oh, um ato de caridade de vez em quando não matava ninguém, certo?
Mas a interessante pergunta que pairava no ar era a seguinte: Como levar um hanyou quase-morto 67 degraus à cima com três sacolas em cada mão?
Bah! Enquanto subia iria deixar ali. Voltaria depois para buscar.
Suspirou mais uma vez ao ver que levaram embora duas de suas sacolas, quando as deixou para ajudar o hanyou. Havia escondido-as por entres os arbustos para ninguém pegar, enquanto levava o hanyou escada à cima, mas pelo visto, não adiantou. Só lhe restaram 4 sacolas, que estavam mais bem escondidas.
'Ah, deixa pra lá... Se roubaram era porque não tinham dinheiro e estavam passando fome.'
Pegou as sacolas e caminhou de volta rumo ao quarto onde cuidaria do hanyou abatido.
Sentiu mãos o pegarem pelo braço e depois ser suspendido e apoiado num corpo.
"Tudo bem. Eu vou ajudar você", ouviu a pessoa sussurrar. Não sabia se era homem ou mulher. Estava fraco demais para farejar. E não prestou atenção na voz.
Deixou ser ajudado, apesar de não precisar da ajuda de ninguém, precisa dar o braço a torcer desta vez, mas só desta vez. Se bem que ele não estava em condição de dispensar ajuda nenhuma.
A 'boa alma' pareceu se atrapalhar em subir pelas escadas, que provavelmente levariam para o quarto, mas com um pouco de esforço, a pessoa conseguiu subir. Quando entraram, Inu-Yasha, mesmo com a visão turva, viu uma cama de mogno com uma colcha rosa, onde foi posto. E que cama!...Tão fofinha tão aconchegante. Uma pena não poder dormir, senão correria o risco de amanhecer, e assim, não poderia voltar ao castelo. E passar o dia com essa humana não era a melhor das idéias. Sim, humana. Pelo fato da colcha ser rosa e pelo cheiro fortíssimo que impregnava o quarto era de uma fêmea. Parou de pensar quando a ouviu entrar.
"Está acordado?", o viu abrir os olhos e arregalá-los de repente. Talvez fosse o fato dela ainda estar de toalha, ou estar com o rosto próximo ao dele. Ou talvez sejam os dois. Mas não podia evitar! Nunca vira um hanyou antes. São tão... "Kawaii...!", exclamou aos ver os dois triângulos brancos em meio às melenas prateadas, sem controlar a vontade de afagá-los. Eram peludas e fofinhas, como de um bichinho de pelúcia.
"Ei, pare com isso, vaca!", exclamou irritado. Ninguém... NINGUÉM, nunca havia relado em suas orelhas. A não ser sua mãe, mas eram puxões. Agarrou o braço da desconhecida, que apesar dos protestos, continuou com o gesto, e a jogou no chão. "Morrerá se fizer isso de novo.", ameaçou com os olhos estreitados.
"Ah, é? Pois saiba que se me matar, morrerá também!".
"Keh! E não pedi sua estúpida ajuda!"
"É, mas sem a minha estúpida ajuda, você vai morrer por perda de sangue com esses machucados aí!"
"Você não deve saber nem manusear um band-aid...", disse num tom zombeteiro. Kagome ignorou.
"Quer que eu aplique anestesia ou agüenta a dor?", sorriu divertida.
É. Ela, com certeza, sabe manusear um band-aid. "Não pre - AH! Precisa! Precisa sim!". Numa situação com aquela, o que vier de ajuda é lucro. Sentiu sua perna arder fortemente e se irritou. "Ai! O que é isso? Ácido?", rosnou alto.
"Deixe de drama! É álcool pra desinfetar os ferimentos.", explicou paciente.
Caramba! Ele parece Souta quando caiu de bicicleta e ralou os joelhos e as mãos. Enjoado... Tirou a seringa do isopor e deu batinhas nela com os dedos. Viu a cara dele de espanto ao ver a agulha. Parecia uma criança de 4 anos indo tomar sua primeira vacina.
Kagome se compadeceu.
Lembava-se vagamente da sua primeira vacina. Kagome chorava gritando que não queria ir tomar droga de vacina nenhuma. Seu pai, que a tinha levado, disse que não doeria se ela se distraísse enquanto tomava a injeção, e ela dizia que era impossível se distrair com uma agulha enorme prestes a perfurar seu braço. Enquanto seu pai explicava que isso se tratava de psicologia, ele apertava e carinhava sua mão. Quando acabou a pequena 'aula de psicologia', ela ouviu o médico dizer que acabou e que ela fora uma menina muito corajosa. Ela ficou espantada ao ver que seu pai havia mesmo conseguido distraí-la.
Mas será que isso funcionava com hanyous mal-humorados/educados e violentos?
Não custa nada tentar...
"Fique tranqüilo...", pôs sua mão sobre a dele e ficou acariciando-a levemente, enquanto se preparava para injetar a seringa no braço do 'paciente'. "Prometo fazer de tudo pra não doer, tá bom?", sorriu, mas rezava a Deus para que não doesse mesmo.
Olhou-a confuso. Essa garota definitivamente é de outro mundo! Uma maluca! Ela estava amparando um hanyou, coisa muito incomum já que hanyous sofrem um racismo absurdo; Fazia de tudo para não machucá-lo, sendo que ele a chamou de vaca; Cara... Ela definitivamente NÃO existi...
"Pronto!", exclamou retirando a seringa. Esbanjando alívio e felicidade por não ter doído.
Pegou a linha e a agulha especiais para fechar rasgos no corpo e esperou a anestesia fazer efeito... Argh, costurar pessoas. Isso era tão nojento... Ainda mais esse hanyou que estava dilacerado. O que ele fez pra ficar desse jeito? Amarrou-se com arame farpado? Tinha até peles penduradas!... Mas não era hora de pensar nisso. Tem um hanyou sangrando aqui!
'E na minha cama... ', pensou a suspiros. 'Isso vai dar trabalho de lavar... '
"Sente isso?", perguntou dando uma cutucada no lugar em que iria trabalhar - a panturrilha.
"Não.", disse rouco. Essa fêmea com certeza não é normal. Ela não sente nojo dele ao tocá-lo, sorri pra ele, faz carinho nele! Ela não devia saber que ele era um hanyou. Devia pensar que ele era um youkai. Se não, ela tem sérios problemas mentais.
Como se os pensamentos dele chamassem a atenção de Kagome, ela disse "Pra um hanyou você é muito, muito forte!", ela comentou inocentemente, nem desconfiando dos pensamentos do hanyou.
Ok, ela tem SÉRIOS problemas mentais, Inu-Yasha concluiu. "Por que diz isso?", quis saber.
Deu o sétimo ponto na panturrilha. "Porque meu amigo youkai não sobreviveu a um assalto, onde o espancaram. Mas você sobreviveu a o que quer que tenha acontecido que o fez ficar assim. É incrível! Meus parabéns!", sorriu pra ele.
"Feh!", fez virando a cara.
Aquela anestesia já estava o deixando meio grog. Tinha que ficar coversando com ela para não dormir. "Por que deu ênfaze na palavra 'amigo'?"
Sorriu triste. "Porque ele dizia que...", corou. "Dizia que me amava. Mas eu só o via como um ótimo amigo. Ele sempre me ajudava, respeitava minhas decisões e nunca fez nada que eu não quisesse... Eu não o amava, mas... Sinto falta dele.", explicou sem parar de trabalhar. Já tinha terminado a panturrilha, e agora estava no tórax.
Acordou rápido de seu cochilo acidental ao sentir uma gotícula quente atingir em seu abdômen. Quando olhou para a menina, a viu chorando. Era só o que faltava - uma sentimental. Ela ia ficar assim por muito tempo? O que fazer pra essa garota parar de chorar? Irritar?
Parece uma ótima idéia...
"Por que esse sorriso maligno no rosto?", perguntou confusa, secando as lágrimas. Ele era estranho. Primeiramente ele estava com uma cara que parecia que tinha fumado todas, e então do nada ele faz uma cara maligna que faz satã parecer um ursinho. Cara maluco.
"Keh! Não te interessa bruxa! Continue o que estava fazendo!", ralhou. Isso soou como uma ordem. Talvez funcionasse.
"Oh, ok." Contou mentalmente até 10. Não podia se estressar no meio de um serviço como aquele, tinha que ter paciência. Muita paciência.
É... ela realmente tem paciência. Bom, pelo menos parou de chorar. Agora sua missão impossível era se manter acordado. "Como aprendeu a fazer essas coisas?" Viu a cara confusa da fêmea e completou "Aplicações de anestesia, costurar gente, essas coisas. E como você não tem nojo?", perguntou sinceramente curioso.
"Aplicação de anestesia eu não sabia. Costurar gente aprendi com a minha mãe. E porque eu teria nojo?", disse dando o último ponto no tórax e fazendo o hanyou ficar de costas.
"Ora, por que sou um hanyou. E estou com as tripas pra fora."
"Em questão das tripas, você não está com elas pra fora. Só está um pouco dilacerado.", disse. "Sobre você ser um hanyou, não me incomodo nem um pouco.", falou doce. Mas seu semblante ficou sério e seco ao continuar. "Quem eu odeio são as pessoas que têm preconceito contra vocês. Pessoas sem cérebro e sem coração." Voltou a ficar doce. "Não tenho nojo, pelo contrário, acho vocês muito fofos!"
Agora, ISSO foi surpreendente. Mas o que também foi surpreendente foi a extraordinária mudança de humor da garota. De simpático foi pra seco e depois de seco para doce. Incrível.
"Acabei!", exclamou feliz.
"Acabou o que?"
"De costurar suas costas. Agora você podia ficar sentado para eu enfaixar seu abdômen?", perguntou inocentemente.
Oh – oh... Isso soou meio familiar. Olhou desconfiado para a garota. As youkais do castelo rezavam para ele se machucar, e quando isso acontecia, elas quase se matavam para ver quem ficava como sua enfermeira. Mas a verdade é que elas mais ficavam passando a maldita mão nele do que cuidava dos ferimentos. E essa garota falou igualzinha a uma delas. "Promete não ficar me acariciando, e que no final não vai apalpar o meu traseiro?"
Com muito esforço... Muito esforço mesmo, ela consegui conter uma risada e manter a expressão confusa. Respirou fundo para não explodir em risos enquanto falasse. "Por que eu iria querer fazer isso?"
Ok. Também não precisava falar desse jeito. Bufou. "Promete ou não?", perguntou irritado.
Suspirou. Como é infantil. "Eu, solenemente prometo que assim será!", disse sarcástica.
"Keh! Ande logo com isso, bruxa!", ralhou ríspido.
"Grosso!", disse. Ele fez uma cara chocada. Ninguém fala assim com ele!
"Maluca!"
"Infantil!"
"Esquisita!"
"Arrogante!"
"Pelo menos eu não sou chorão!", falou com um sorriso vitorioso.
Kagome ficou rígida. Quando era uma criança excluída, era chamada de 'chorona'. E ela odiava isso. Ela pensou em responder, mas o hanyou não sabia disso, além de não ter nada a ver com seu passado... então decidiu ficar quieta e sorrir.
Ah, não! Isso já estava enchendo! Por que ela não brigava? "Você é maluca? Por que você sorri o tempo todo? Por que simplesmente não fica brava?", esbravejava gritando. Aquela garota só sabia sorrir?! O sorriso dela o incomodava, caramba! Ela não percebe?!
"Shhh! Vai acabar acordando meu avô, idiota!", sussurrava. Que idiota! Queria que ele fosse embora! Essa seria uma longa noite.
"É? E daí?", perguntou num tom de voz normal, agora.
"Daí que ele vai vir aqui cheio de pergaminhos e ofudas e vai te purificar!", sussurrou. Ela não precisava dizer que não ia acontecer nada com ele, mesmo se seu avô tentasse, por que seus poderes eram fracos.
"Ui, tá preocupada comigo?", sorriu maldoso.
"Não. Estou preocupada com os meus ouvidos depois que você morrer. Vou receber um sermão..." Dói só de pensar.
"Oi! Você fala como se fosse acontecer.", bufou. Queria ir embora dali!
"Se continuar gritando desse jeito, vai mesmo!", Kagome ralhou no sussurro.
"Keh!" Kagome rolou os olhos. Que cara chato! "Mas ainda digo que é chorona..."
Oh, aquela seria uma longa noite...
"Ai! Que nojo. Que nojo. Que nojo. Que nojo. Que nojo. QUE NOJO!"
"A culpa não foi minha! Eu não te obriguei a pôr seu dedo na boca!", se defendia.
"Foi sua culpa sim! Eu estava costurando seu braço, aí você se mexeu de propósito, então eu espetei meu dedo na agulha e como puro reflexo levei meu dedo até a boca! Só que não teria problema se meu dedo não estivesse pingando seu sangue! Que nojo!... Se ao menos fosse o meu...", choramingou.
"Não disse que você é chorona...", provocou.
Kagome o olhou, incrédula. "Isso foi à 3h atrás!"
"Exato. Passaram-se 3h e você ainda não terminou esses curativos. Como é lerda!"
Emburrou. "Se você não se mexesse tanto e me distraísse tanto eu já teria terminado. Não entendo poque você não dormiu com a anestesia.", reclamou retornando a costurar o braço do 'idiotinha', como preferiu chamá-lo. Ele iria embora daqui a pouco, então não tinha porque perguntar o nome dele e nem dizer o seu. Até porque ele também não perguntou.
"Keh! Eu sou um híbrido, moça. Um hanyou. Sou mais resistente do que vocês, humanos. E sou muito mais forte também. Se eu quiser retalhar 10 de vocês ao mesmo tempo eu não levaria nem 7 segundos." disse. Desprezo evidente na voz.
Isso a assustou e a deixou apreensiva. Mexeu-se desconfortável. Aquilo era quase uma chacina...
Ok. era uma chacina.
Decidiu não se importar muito. Afinal, ele não faira nada com ela ou com sua família, já que ela o salvara. Seria muita frieza e maldade. Ele não faria isso.
Bocejou olhando o despertador. 01:23. 'Nossa como a hora voa', pensava sarcástica. Queria dormir. Sonhar de novo com o Menininho. Mas principalmente dormir. E pelo visto, o idiotinha também.
"Pode dormir. Será melhor que assim acabarei mais rápido."
"Não." Curto e grosso.
Preferiu não discordar. Depois do que ele falou, ela decidiu ficar cuidadosa. Não estava com medo, só preocupada com o que ele podia fazer, mesmo achando-o incapaz de fazer uma coisa dessas.
"Está com medo de alguma coisa?", perguntou de repente.
'Sou tão transparente assim?', pensou. "Não. Só preocupada." Droga! Falou demais.
"Com o que?" Vendo que a garota não queria e nem iria falar, deu de ombros. "Não importa. Vou embora antes do sol nascer, mesmo.", disse.
Isso não a animou. Ele iria embora pouco antes do sol nascer. E ainda faltava 4h pra isso. Ainda ia demorar muito!
'Devo ter feito algo de muito errado pra merecer isso... '
Depois de mais um pouco de tempo, ela terminou os curativos. Aleluia! "Terminei...!"
"Já era hora!", disse fazendo menção de se levantar. Mas a garota estranha o empurrou de volta, sorrindo. "O que é agora? Você não disse que tinha terminado?!", perguntou zangado. Mas um pensamento o fez gelar. "Não vai fazer nada comigo, vai? Você disse que não faria!"
Exclamou de deleite internamente ao vê-lo bater as orelhas confuso e amedrontado. Coisa mais cute. Sorriu maliciosa. "Eu não disse que não faria..." Passou a mão que estava no ombro do hanyou até o tórax. Tinha que admitir que ele era bonito. Lindo, para ser mais exata. Mas seu plano de fingir foi por água abaixo quando viu a cara dele. Estava horrorizado! Começou a rir.
Inu-Yasha ficou rígido. Quando era uma criança indefesa, as pessoas riam dele, por ser um hanyou. E ele odiava isso. Ele pensou em responder, mas a garota tinha nada a ver com seu passado, então decidiu só questionar. "Qual é a graça?" Ela não respondeu, estava rindo muito. "Pare de rir, vaca!", mandou de dentes rilhados.
Depois de rir (muito), Kagome se controlou e respirou fundo. "A graça... Foi porque você fez uma cara muito engraçada, sendo que foi só uma brincadeira... Parar de rir, já parei... Agora...", ficou séria, o que fez o hanyou confirmar seu palpite de que o humor dessa menina era instável demais. Ele fez uma cara séria. "Vaca, é a sua mulher!", exclamou ela saindo do quarto.
Não ofendeu. Ele não tinha mulher, mesmo.
Tentou se levantar, e o mundo girou, fazendo-o cair de volta na cama. Precisava de sangue. Estava tonto, sem forças e com fome. E se fingir de 'legal' para aquela odiosa garota o tem estressado bastante. Precisava repor as energias.
Sentiu um cheiro bom se aproximando, e a garota entrou. Trouxe uma bandeja cheia de comida e refrigerante. Ta aí um ótimo jeito de repor a energia perdida!
Fechou a porta com o quadril e o olhou sorrindo. Ele a olhava de uma forma estranha, mas Kagome ignorou. "Fiz um lanchinho pra gente. E pra você repor a força, perdeu muito sangue.", pôs a bandeja encima da cama e ofereceu um sanduíche a ele, depois se levantou e caminhou para a porta.
Ele a olhou, confuso, e perguntou. "Aonde vai?" Tinha que se previnir. Ela podia chamar a polícia por ele ser um hanyou. Apesar de ela ter falado que preferia mais hanyous a pessoas preconceituosas, ele não podia confiar nela.
"Vou buscar só mais uma coisa pra comer.", disse batendo a porta.
Quando voltou, Kagome trazia consigo a comida mais gostosa, mais maravilhosa, mais saborosa, e mais outras coisas do mundo todo!
"Por fe isxta sofinu pora xieu ianxi?"
"Não fale comigo de boca cheia, porque não entendo nada do que você diz.", disse sem nem olhá-lo. O viu mastigar um pouco mais rápido e engolir com um pouco de dificuldade. Kagome sorriu internamente, ele parecia ser legal.
"Por que está sorrindo para seu lanche?" Ela olhou para ele e arregalou os olhos. Ele não era tão legal quanto ela pensou.
Ele tinha comido TUDO!
Comeu os 6 sanduíches, os 4 bolinhos de arroz, as 2 gelatinas, os dois copos de sorvete, bebeu toda a garrafa de coca-cola, e agora estava devorando o pacote de biscoito de chocolate!
'Ele com certeza não tem fundo no estômago. ', afirmou ela.
"Bem, já que você comeu todo o nosso lanche, vou ter que me contentar com o meu joelho.", suspirou. O ouviu exclamar e o olhou confusa. "Que foi?"
"Você vai comer o joelho?!", indagou ainda incrédulo.
Kagome ficou mais confusa. Ora, o que mais era faria com ele além de comê-lo? Que garoto estranho, ela pensou, de onde será que ele veio? "Vou, oras. Joelho é a melhor coisa que existe!" Sonhava que um dia viveria num mundo feito de joelho.
"Você é algum tipo de canibal por acaso?", disse a tirando de seus sonhos. Ele a olhava confuso. Por que, diabos, ela comeria o próprio joelho? Que garota estranha, ele pensou, de onde será que ela veio?
Ela olhou-o confusa. "Canibal?"... Ah, agora a ficha caiu. "Ah, não! Não vou comer o meu próprio joelho, e sim este.", disse apontando para o salgado.
Inu-Yasha analisou o salgado e só pôde dizer uma coisa "Isso não tem nada a ver com um joelho para ser chamado assim, em minha opinião."
Sorriu. "Então concordamos. Não existem motivos plausíveis pra este nome."
De repente bateu uma vontade de saber qual o sabor de um joelho...
Ok, quando a garota chegar perto, ele pega aquele joelho e come numa bocada só. E se ela reclamar, era só cortar a sua barriga e enforcá-la com as próprias tripas que com certeza ela iria se calar.
Ela estava chegando perto.
Mais perto... E... Chegou!
Pegou o joelho num golpe rápido que ela quase não viu. Ele o pôs na boca de uma vez, o mastigou um pouco e depois engoliu. Hmmm... Delicioso! Queijo e presunto envolto de massa! Que delícia!
Agora ele mexeu no que não devia! Como esse garoto ousara seqüestrar seu joelho assim? "Ah, não! Tudo menos o meu joelho. Grr... Você vai pagar!" Deu um tapa forte na nuca dele. "Humpf! Ninguém mexeu com o meu jo–".
Ela parou de falar quando uma mão grande se fechou em seu pescoço, apertando-o. "Como se atreve a me bater, cadela?", rosnou, apertando mais o pescoço dela. Ela, porém, não se mostrava afetada de forma alguma. Isso o irritou. "Não sabe que sou um hanyou-vampiro? Então ponha-se no seu lugar!", rosnou entre dentes. Olhos transbordando ira. A menina ainda se mostrava indiferente, mas era perceptível que o ar já lhe faltava. "Você não disse que era TUDO menos o seu joelho, então... Contente-se com a morte...".
Kagome o sentiu apertar mais seu pescoço antes de cair no colo dele desacordada.
