N/A: O anime Dragon Ball (e todos os seus derivados) NÃO é minha criação e por este motivo NÃO me pertence, sendo assim, pertence a Akira Toriyama. Acontece que o enredo desta história é uma criação TOTALMENTE minha e espero que as pessoas respeitem isso. Esta história não tem fins lucrativos.
Reencontro
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– Olá, Seth. – O homem de cabelos vermelhos sorriu para o outro vendo-o desviar dos outros convidados da festa e se aproximar. Os olhos tão vermelhos quanto as madeixas focaram na figura do moreno.
– É Vegeta, Kakaroto. – O moreno se aproximava lentamente. Mantinha o sorriso prepotente no canto dos lábios e o copo de whisky na mão esquerda.
– Que apelido bobo é esse, Vegeta. – O ruivo riu achando graça da situação. Voltou sua atenção para o copo de gin com tônica. – Então, é Goku para você.
– Agora você quer respeitar nossos novos nomes?! Como sempre, continua imaturo, Goku.
Revirando os olhos e após sorver um pouco da bebida, o ruivo disse:
– Essa regra é tão chata e eu nem ao menos me lembro do motivo de existir.
– Tsc... – O moreno suspirou vencido. Não importava o tamanho da grandeza de um Deus, quando ele nasce burro, pelo jeito, morreria burro. – O que basta para você é segui-la, entender foge dos limites da sua compreensão.
– Deuses irmãos! Se alguém o escutar pode até pensar que sou um idiota completo?! – Foi impossível para Goku evitar o tom zombeteiro. Naquela nova existência, o antigo Osíris, havia decidido que viveria com mais humor e jovialidade. – Tudo isso apenas para continuarmos existindo?! Tão chato quanto desnecessário.
– É mesmo... – As sobrancelhas do moreno levantaram-se imediatamente após ouvir a afirmação do outro Deus. Já havia notado que essa nova existência do irmão iria tirá-lo do eixo logo mais. – Então, porque você permanece querendo estar vivo?! É bem simples, basta deixar que os humanos esqueçam de você...
– Nossa, Vegeta... – Levantando-se, Goku caminhou até o outro. Apoiou a mão no ombro do homem dois palmos menor e sorriu para ele. – Decidiu continuar bem carrancudo e irritadiço nessa vida?! Vamos voltar para o centro da comemoração, você está precisando se divertir.
Bufando, o deus egípcio tirou a mão do outro de seu ombro e rumou junto dele para perto dos mortais.
Em meio aos humanos, os deuses chamavam atenção pelo porte físico atlético, por estarem impecavelmente arrumados em seus caros smolking Armani e pela magia emanada da própria existência. Era intrínseco que fossem venerados, só dessa forma poderiam se manter vivos, ser lembrado e idolatrado era a chave mestra.
– Você não acha enfadonho ter que frequentar essas festas, Vegeta? – Os olhos vermelhos corriam pelo salão entediados. Se Goku pudesse escolher, gostaria de retornar aos tempos áureos do Egito.
Tempos de adoração em templos, sacrifícios contínuos e lutas homéricas. Houve um momento da história onde ele, como Osíris, tinha sido adorado além dos limites, tanto que foi capaz de substituir a religião solar. Havia sido um dos deuses mais conhecidos do antigo Egito, cuidado das terras, plantações e da escolha de quais almas iriam para o paraíso.
Já seu irmão e contraparte evidente, Seth, ou Vegeta, era o responsável pela seca, caos e guerra. Por muito tempo ele havia exercido seu poder sobre o deserto e as margens do Nilo, onde as maiores batalhas tinham ocorrido no Egito. Sua existência sempre fora necessária, para balancear o mundo e impulsioná-lo a crescer, a fim de que a humanidade compreende-se a dádiva da vida e o motivo de vivê-la.
Goku reconhecia a necessidade da vivência do outro, mas também entendia os motivos que fizeram Vegeta aceitar com jubilo a mudança de existência.
O ruivo tinha sido venerado a vida toda como um ser positivo, mas Vegeta não. Os humanos, por muitas vezes, agiam dentro do seu egoísmo e culpavam o outro deus por suas escolhas. O ódio ao moreno chegou ao ponto de considerá-lo apenas maligno, sendo a verdade completamente inversa, no fundo existiam sentimentos nobres e o deus apenas agia limitado dentro de sua criação.
A divindade poderia soar atrativa aos mortais, entretanto, eles esqueciam que os deuses também eram recheados dos sentimentos terrenos, já que criaram os humanos a sua imagem e semelhança. Assim, depois de eras sendo apenas odiado, nessa existência era evidente que Vegeta caminhava ao contrário, ansiando por se sentir amado, algo que talvez ele nunca tenha sido e que Goku acreditava sempre ter sido.
Dessa forma, acreditando estar recheado de amor, o deus da colheita se perguntava o motivo de permanecer regressando. O que o fazia sempre reencarnar e viver ao lado dos mortais, já que acreditava que havia tido tudo o que sua existência poderia lhe proporcionar.
Ainda que os questionamentos o atormentassem, quando não estava envolvido em satisfazer os seus mesquinhos desejos pessoais, sabia que talvez não fosse capaz de se entregar ao limbo da morte. Não teria forças para trocar definitivamente sua vida pelo nada que o mundo dos mortos lhe oferecia, mesmo que soubesse que a morte não deveria ser temida, mas recepcionada como uma velha amiga.
Goku foi retirado de seus devaneios ao ouvir a voz potente do moreno lhe respondendo:
– Eu já lhe dei a resposta para o seu dilema! – O sorriso prepotente permanecia no contato dos lábios de Vegeta. – Desapareça e deixe os louros pra mim...
Antes que Goku fosse capaz de respondê-lo, a figura de uma mortal de madeixas azuladas se posicionou a frente deles. O olhar desafiador e direto dela para o deus da guerra despertou o interesse de Vegeta, o que fez com seu sorriso pretensioso aumentasse.
O ruivo notou o interesse do moreno na mortal e decidiu se afastar, não iria interferir no quer que ele pretendia fazer. Caminhou até a grande sacada do prédio.
As noites do Egito, no verão, eram quentes, sufocantes e secas. Naquela em específico, as estrelas brilhavam sem a interferência de nuvens e tendo a lua cheia esplendorosa como grande companhia.
Encostado na sacada, enquanto o ruivo sorvia a bebida e apreciava o vento quente, mirava os convidados que ali se encontravam. Sorriu de canto ao ver a figura da mulher sentada sozinha em uma das poltronas dispostas no canto da sacada. Os olhos vermelhos acompanhavam os movimentos da mortal apreciando toda a beleza que ela tinha.
Os cabelos negros tinham um brilho ímpar e estavam presos em um coque alto, tendo duas mechas soltas, uma de cada lado da cabeça. Apesar de simples, o deus poderia jurar que o vestido tubinho preto era perfeito para a situação. Por fim, o salto alto de verniz e sola vermelha aguçou os sentidos de Goku.
Caminhou calmamente até a jovem, a qual permanecia compenetrada no aparelho celular em suas mãos.
Chichi apenas percebeu a presença do homem ruivo ao escutá-lo chamando-a. Pelo susto, deu um pequenino pulo no acento e olhou diretamente para os olhos vermelhos. Sem explicação, sentiu-se tentada a estar mais perto dele, chegando ao ponto de querer venerá-lo em toda sua gloriosa existência.
Confusa, balançou de leve a cabeça como se assim fosse capaz de espantar o pensamento absurdo. Sabia que não estava naquele mundo para venerar qualquer um que não fosse a si mesma.
Desconsertada pelo susto e pela demora, respondeu baixo:
– Oi... – Os olhos negros analisavam analiticamente a figura sentada na poltrona a sua frente.
Goku sorriu impressionado com a beleza e vivacidade presente nos olhos da mulher. Tinha certeza de que, em alguma outra existência, já havia encontrado aquele olhar. Não se lembrava efetivamente de quando, mas a conhecia. Coçou a nuca um pouco sem jeito, nesse momento, se arrependeu de ter escolhido se lembrar tão pouco das últimas muitas vidas que havia tido.
– Não acha engraçado ter a sensação de conhecer muito bem um desconhecido? – Ao terminar a sentença, o ruivo percebeu que talvez essa não fosse a melhor forma de começar uma conversa. Poderia soar louco demais para um mortal.
Chichi piscou algumas vezes aturdida. Se não fosse tão cética, poderia afirmar que aquele lindo ruivo era capaz de ler pensamentos ou até mesmo ser um deus onisciente. Sorriu um pouco encabulada pela ideia idiota que havia tido.
– Talvez a teoria da reencarnação possa explicar essa sensação... – Mesmo acreditando apenas naquilo que poderia ser provado, já que a morena se considerava ateia, Chichi não se privava de ler sobre vários assuntos. O conhecimento era libertador e trazia novos mundos a sua mente ávida por informação. – Apesar de parecer algo absurdo a se acreditar, não é mesmo?!
– Uma descrente dos ensinamentos antigos? – Foi impossível para a mulher segurar o riso ao escutar a afirmação do homem. Era evidente o tom brincalhão na voz dele.
– Apenas uma pessoa que pede provas das afirmações que recebe. Não há pecado ou ofensa nisso?!
Concordando com ela, Goku afirmou positivamente com a cabeça.
– Não me revele que você também duvida da existência dos deuses? – Tomou outro gole da bebida e sorriu galante para mulher. – Isso poderia soar ofensivo a um deles...
Ainda que o mormaço da noite estivesse incomodando-a, tanto que antes do ruivo chegar estava se preparando para voltar para dentro do hotel, o desejo de permanecer ali, conversando com aquele desconhecido, lhe arrebatou.
Fingindo apreensão, a morena suspirou.
– Que ele não me escute então... – Goku poderia afirmar que o sorriso da mulher era absurdamente encantador. Deuses! Como queria se lembrar em qual reencarnação a tinha encontrado antes. – Mas não estou aqui nesse mundo para ter minha vida vinculada a antigos costumes e crenças sem origem clara.
– Oh! Certo... – A surpresa do deus era genuína. Questionador continuou. – E qual o motivo da sua vivência?
– Apenas aproveitar tudo que me é dado, vivo por viver, sem nada místico que justifique a minha existência. A vida é o que é! Nada mais e nada menos do que temos no aqui e no agora... – A morena responderá de imediato, sem devaneios e com toda certeza que tinha em sua pequena vida. Para ela, a conta era simples e sem mistérios.
– Justo motivo. – Os olhos vermelhos fitavam o rosto bonito da mulher. Ele que tanto se questionava o motivo de permanecer vivendo, talvez vivesse reencarnado para chegar à compreensão dela, de que não era preciso um significado superior, apenas estar ali bastava. – E uma conversa que achei que tinha começado de forma errada, no fim, era a que eu precisava ter...
Chichi olhou intrigada para o homem. Foi impossível deixar de focar a atenção da boca convidativa dele, razão pela qual perdeu alguns segundos imaginando o que ele seria capaz de fazer com ela. Após o pensamento e envergonhada, sentiu as bochechas queimarem.
– E a morte não lhe assusta?! – A pergunta voou dos lábios do ruivo mais rápido que uma flecha. O desejo de ouvir mais do que ela acreditava era latente e suplicante.
– Claro que não. – Goku não esperava ouvir uma resposta tão convicta e muito menos dita de forma tão suave. – Quando se vive a vida bem, a morte é apenas mais um passo na nossa existência. É nossa única certeza, então, por qual motivo iremos fugir dela?
Mesmo não tendo necessidade de continuar, por estar absorta no clima tranquilo da conversa e por achar a companhia do homem agravado, a mulher decidiu expor um pouco mais de seus pensamentos.
– As pessoas têm necessidade de responsabilizar algo além delas pelas escolhas que tem na vida, razão pela qual precisam criar teorias ou crenças para justificar as más escolhas e viverem dentro dessa bolha de medo do natural... – A morena olhou para a mesa do lado da poltrona e percebeu sua taça vazia, sentia a garganta tão seca, era como se tivesse perdida no deserto há dias. – Acho que preciso de uma taça de champgne... – Levantando-se, continuou. – A noite está quente para permanecer com o copo vazio.
Imediatamente Goku se pôs de pé. Pretendia permanecer ao lado da mulher o máximo que conseguisse. A morena era intrigante e atrativa demais para deixá-la de lado. Pretendia resolver o quebra cabeça que brotava em sua mente: em qual vida eles tinham se cruzado?!
– Se não houver oposição de sua parte, gostaria de acompanhá-la essa noite, senhorita? – O sorriso galante voltou a se desenhar no rosto do ruivo.
– Chichi Cutelo... – Estendendo-lhe a mão para um aperto, a jovem sorriu em retribuição. De sua parte, não haveria oposição em estar perto do ruivo que tinha lhe despertado a atenção.
– Goku... – O ruivo, sem deixar de fitar os ônix da mulher, pegou a mão da jovem e lhe depositou um beijo. – Um dia também conhecido por Osíris...
A gargalhada da morena ressoo alegre aos ouvidos do deus. Se ele tinha poderes para encantar os mortais sem que ao menos tentasse isso, poderia afirmar que ela tinha o mesmo dom.
– Perdão, senhor Deus por não acreditar em sua existência...
– Acredito que terei que mudar essa crença, Chi-chi.
Se não fosse descrente, a morena poderia afirmar que a corrente elétrica que percorreu sua espinha era sobrenatural. Ouvir seu nome ser dito daquela forma lhe trouxe a sensação de que eles efetivamente se conheciam de outras vidas. Mordendo os lábios, permaneceu envolvida na aura "mágica" do momento.
Depois de soltar a mão da mulher, Goku lhe ofereceu o braço para que caminhassem juntos para a festa. Estava disposto a tornar a existência daquela mortal e a sua únicas, para que fosse desnecessário retornarem em novas reencarnações. Quem sabe era aquela a resposta que necessitava.
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N/A – Olar Mores!
Pois então, com muito amor e cuidado eu tentei trazer os deuses egípcios para o mundo DB.
O desafio continua e cheguei depois dos 45 do segundo tempo.
Libertei minha alma e minha imaginação.
Essa é uma história bem pessoal e repleta do que eu sou nela. Escrever, pra mim, é me expor, trazer o que sou ao mundo através dos personagens, minha vivência sempre está intrínseca ao que escrevo.
Essa foi a resposta a terceira semana do desafio GoChi proposto pelo grupo GoChi Lovers.
Nessa semana, a transformação homenageada era do Deus Saiyajin (ou God ou Vermelha).
Avante, GoChi.
Amarei receber um comentário seu, me faz esse dengo então?!
Beijos,
Asakura Yumi.
