Há algum tempo escrevi essa fic meio "bobinha" que simplesmente brotou na minha mente depois de ler uma crônica. Alguns pedaços da fic são, portanto, baseados nessa crônica e eu dou os créditos a ela.

Ship: Pudd (Dougie Poynter/Harry Judd).

Avisos: Slash (boyxboy love) entrelinhas. Se não lhe agrada, não leia.

Obs: POV em primeira pessoa.

Disclaimer: os integrantes do McFLY não me pertencem. Eu só os pego emprestado às vezes por diversão.

Enjoy!


Um metrô, uma ligação e uma consciência irritante

Ligar ou não ligar?

Você deveria pegar esse telefone logo e discar.

Mas é difícil discar dentro dessa lata de sardinhas que é o metrô de Londres.

Então você vai ficar se torturando mentalmente com esse dilema? O número dele nem é tão difícil assim para se lembrar...

Eu nem me lembro mais do número dele. Porque faz tempo que não ligo.

Mentira. Você sabe qual é.

Não sei de nada. Talvez comece com nove e termine com sete, mas é só isso que eu lembro.

E talvez tenha um 856221 no meio, certo?

Talvez. Mas mesmo assim, qual é o problema em saber o número do celular dele de cor? Eu sei o de Tom e de Danny também.

Você está querendo convencer a quem, com isso?

A você, para depois me convencer.

Vamos, pegue logo esse celular e disque!

O sinal daqui é péssimo. E ele provavelmente já deve estar em Chelmsford de novo, com a família. Céus, e se ele estiver com uma nova namorada? Você sabe, daquelas espetaculares que a sua mãe fica cheia de orgulho e já começa a chamar de "nora"?

Mas você só vai saber se ligar.

E, pior ainda, se a namorada dele atender? Com que cara eu fico? Acho que isso é a última coisa que eu quero, no momento.

E se ele não estiver com namorada nenhuma?

Mesmo assim, ele não vai querer me atender. Quero dizer, ele vai perceber que o celular está tocando, olhará a bina do aparelho e verá "Dougie" escrito ali, piscando e acendendo luzinhas. É bem provável que ele desligue na minha cara. Até mesmo porque, eu fui um idiota com ele. Eu mesmo não me atenderia, se pudesse.

Ainda se remoendo por causa disso? Qual é, passaram-se meses, vocês já-

Vocês já são adultos, superaram esse incidente e blá, blá, blá. Eu conheço essa história. Mas não é simples assim.

Tudo bem, não é simples. Para dizer a verdade, se você não tivesse ficado bêbado aquela última vez e não tivesse dito aquelas coisas horríveis, as coisas certamente seriam muito mais fáceis.

Obrigado. Se queria elevar a minha moral, conseguiu.

Mas isso já passou, de qualquer maneira. O Tom não ficaria te dizendo todas as vezes que vocês se encontram que o Harry está se recuperando se ele estivesse com alguém. Certo?

...Certo?

Certo!

Tudo bem. Afinal de contas, é só uma ligaçãozinha, não é? Só vou discar, perguntar como está a família, se está tudo certo, dizer que a vida em Londres sem ele é um saco e desligar. Não há nada de mais nisso, há?

É algo completamente aceitável. Aproveite e quando disser que a vida em Londres é uma droga sem ele, desligue rápido. Nunca se sabe se a resposta será positiva ou não.

Finalmente parando de conversar com a própria consciência, ajeito o casaco contra o corpo, fazendo o máximo para se equilibrar dentro do metrô, e puxo de dentro das vestes o celular.

A voz metálica e irritante da caixa de som do metrô anuncia a próxima estação e logo ele está parando, as portas automáticas estão sendo abertas e uma manada de pessoas começa a circular pelo transporte público, fazendo com que o ato de sair dali de dentro se torne uma tarefa um tanto complicada.

Pedindo licença e fazendo o máximo para abrir passagem, começo a apertar as teclas do celular. Nove, oito, cinco, meia, dois, dois, um, sete. Consigo sentir minhas pernas ameaçarem desmontar vez ou outra, enquanto o celular chama, chama, chama e ninguém atende.

Será que ele mudou o número do celular?

Teriam te avisado.

Saia daí, os seus quinze minutos de fama nessa história já se esgotaram.

Então, ignorando os protestos da minha consciência, finalmente consigo saltar do metrô para a plataforma, ainda com o aparelho rente a orelha, aplicando tanta força ali que os dedos chegam até a doer.

Caixa postal. "Depois do peep, você sabe o que fazer.", a voz dele invade minha mente. Eu só me permito soltar um suspiro curto e discar novamente, desejando internamente que ele só não tenha visto que alguém estava o ligando e não que ele tenha desligado na minha cara.

Silêncio.

Eu teria desligado e discado pela terceira vez se um urro parcialmente alto não tivesse chamado a minha atenção. Seguindo o ruído com o olhar, posso ver a menos de cinco metros um Harry irritado remexer em todos os bolsos de seu casaco, a procura de alguma coisa. Seu celular.

Ainda imóvel, o aparelho continua rente a minha orelha, até que a voz dele volta a invadir minha mente.

– Alô? Quem é?

– Hm... Dougie. – Respondo incerto, logo vendo sua expressão facial se contorcer em uma careta de espanto e curiosidade.

– Dougie? Dougie Poynter?

Ele, assim como eu, está parado no meio da plataforma, olhando para o nada a sua frente e provavelmente pensando em como eu sou estúpido. O fato de ele estar virado de perfil me ajuda bastante, naquela situação.

Solto uma risada nasal.

– Esse mesmo.

– Como estão as coisas por aí? Aconteceu alguma coisa? Por que você me ligou? Onde você está? – Solta ele tudo de uma só vez. Ainda consigo ver sua expressão se suavizar aos poucos.

– Tudo certo. De certa forma, sim. Liguei porque a vida sem você aqui é uma droga. E é só olhar para a direita.

Ele obedientemente faz o mandado e em menos de cinco segundos nós estamos nos observando. Faço um movimento mínimo de cabeça para cumprimentá-lo, parando de sentir as pernas aos poucos, e ele não se contém em abrir um sorriso pelo canto da boca.

– Olá, você. – Diz ele em um tom divertido de voz. Logo em seguida aperta os olhos como se quisesse me ver melhor. – Você está do mesmo jeito que antes.

– Eu diria o mesmo se essa calça não estivesse batendo no seu umbigo. Desde quando você usa calças assim? – Sua gargalhada ecoa pelo outro lado da linha. Eu me contenho em apenas o acompanhar com um sorriso vitorioso.

– É uma longa história. Mas eu posso te contar enquanto nós tomamos café, se você não estiver ocupado.

– Soa como uma ótima ideia.

Então o vejo desligar o aparelho telefônico e seguir na minha direção, se desviando das pessoas apressadas na plataforma. Faço o mesmo e jogo o celular para dentro das vestes novamente, abrindo outro sorriso ao vê-lo mais próximo.

– Então, está pronto? – Ele diz em um tom moderadamente alto de voz, para conseguir sobrepô-la ao barulho da estação. Em vão, obviamente.

– Tenho apenas uma condição.

– Manda.

– Cafés sem nenhum tipo de bebida alcoólica, certo? – Arrisco um olhar meio culposo em sua direção, em um estúpido pedido de desculpas.

Ele solta outra gargalhada antes de passar um dos braços pelos meus ombros e nos conduzir para fora da estação do metrô. Eu considero isso como aceitado o pedido de desculpas e, incrivelmente de uma hora para outra, o meu humor muda drasticamente. Nós logo caminhamos até a cafeteria mais próxima enquanto ele faz questão de me explicar toda a história sobre as calças de cós alto.

Você deveria beijá-lo de uma vez.

Não, você de novo, não!

FIM