The Page XXIII
(A página vinte e três)
Capitulo 1:Enviada para Outra dimensão...?
QUANDO REGINA ACORDOU PELA MANHÃ pensando que seria um dia comum, ela fez o que normalmente fazia. Preparava o café dos garotos, Robin a auxiliando, Henry apressado para a escola – ou ver Violet – e Roland tentando manter a bateria do gameboy do mais velho intacta até o início da primeira aula e falhando miseravelmente. Assim como aparentemente o controle de seu sono. Ele bocejou. Infelizmente, Robin saiu cedo para auxiliar David, Henry estava concentrado em seu café da manhã hoje e Roland tinha o olhar cansado e comia um pedaço de panqueca no automático, a mão segurando o queixo e os olhos quase fechados mesmo que ainda sentado.
-Ei... Diga que não ficou até tarde jogando videogame. – Pediu ela puxando o brinquedo e ele protestou com o olhar dando de ombros em uma desculpa e encarando Henry.
-Uh... Não fiquei até tarde no... – outro bocejo. – Videogame.
-Certo, agora me deixe tentar acreditar nisso.
-Desculpe... – pediu sincero e escorando a cabeça na mesa. Mais um bocejo.
-Ótimo... Sem videogame até o fim de semana. – ela segurou o botão de desligar encontrando os olhos castanhos dele.
-Mas—
-Mas nada, Roland. Olhe pra você, está exausto. Aposto que tem dormido durante as aulas...
Ele ficou em silencio e olhou para Henry de novo.
Regina imitou seu gesto e o mais velho ergueu as mãos em sinal de rendição.
-Não fiz nada.
-Não? – ela o encarou.
-Ok... Talvez eu o tenha instigado um pouco no jogo, só que...
-Onde está o papai? – o pequeno franziu o cenho e cruzou os braços na frente do corpo olhando para algum lugar que não fosse ela ou qualquer outro Mills em seu campo de visão.
-Seu pai foi com David ver um problema na fronteira... Nada a preocupar. – ela acrescentou baixo quando Henry ergueu as sobrancelhas. – Acabe seu café e vou levá-los para a escola.
Ao invés disso, ele desceu de sua cadeira e a passos rápidos e duros subiu as escadas de dois em dois degraus para seu quarto.
-Eu falo com ele... – Henry ameaçou descer da cadeira e Regina maneou a cabeça.
-Não. Acabe seu café... Eu falo com ele.
A passos leves ela subiu as escadas na direção do quarto de Roland e parou para observá-lo sentado em sua cama. Ele parecia... Normal para quem havia acabado de perder sua "diversão semanal" e como suspeitara a semana inteira, tinha algo a mais errado. Ela deu um passo à frente, e alcançaria logo a porta de seu quarto quando o viu tirar do bolso uma maçã. Ele observou a fruta e a jogou para cima, apanhando-a com agilidade e sorriu. Há quase um ano atrás, ainda na floresta encantada, ela fizera o mesmo para atrair sua atenção, e o presenteara com a fruta para que ele comesse enquanto se concentrava no pequeno ralado que tinha no joelho. Foi quando realmente conversaram.
E quando ele perguntou por que ela tinha olhos tristes se eram tão bonitos... afastou a lembrança atenta a ele de novo.
Roland apenas ergueu a cabeça e bocejou de novo fazendo uma careta logo em seguida e mordendo a maçã.
Então se jogou para trás na cama mastigando-a e fechando os olhos. O que não daria por seus pensamentos...? Decidiu por uma abordagem sutil. Se aproximou e deu duas leves batidas na porta antes de abri-la. Ele escondeu a maçã e engoliu o resto rapidamente encarando-a com uma careta. Mastigar os alimentos antes de engoli-los, e fazer esse processo com apreciação. Foi a vez de Regina repreender a si mesma.
-Estamos indo? – perguntou fazendo um bico que quase tirou a seriedade dela e então virou o rosto para a árvore na janela que se movimentou fazendo sombras no quarto. Regina acompanhava cada olhar e movimento dele com atenção. E confessava que o via mais irritadiço que de costume. Perguntou a si mesma pela enésima vez se conseguiria fazê-lo falar.
-Ainda não... – ela se aproximou decidindo-se por parar diante dele e se agachar para olhá-lo nos olhos. Roland continuou encarando-a diante de si e ela angulou de leve a cabeça. – Primeiro, quero que me diga o que está acontecendo.
-Uh... Estamos indo para a escola? – a forma natural como ele declarava uma ação a lembrava de si mesma.
Sempre tentando desviar as pessoas dos seus sentimentos e se concentrar em um fato óbvio como se isso fosse motivo para fazê-las esquecer de que ele estava... Diferente. Uma reação.
-Não isso. – ela levou as mãos aos seus pés se mexendo impacientes e quando ele parou o movimento, tocou seu peito sob a roupa – mas isso. – recebendo um par de olhos castanhos não confusos, mas nervosos e mais evasivos ainda. Roland era gentil e esperto para um garoto de cinco anos, e depois de todo esse tempo com ele e Robin, ela não conseguia se sentir mais realizada por ter os três por perto. – Você ficará sem o gameboy até o fim de semana porque não está dormindo direito, e nós dois sabemos que isso não é por causa do videogame... E nem mesmo esse cenho franzido que não combina nenhum pouco com essas covinhas e esse sorriso que adoro.
Seu olhar se suavizou um pouco e ela agradeceu mentalmente por lhe arrancar um sorriso, mesmo que mínimo. Então ele respirou fundo segurando a mão dela e brincando com seus dedos pedindo sem encará-la.
-Vai me devolver o gameboy...?
-Se você me dissesse o que está errado...
-Tudo bem, ele não tem muita bateria. – Regina quase sorriu, infelizmente o olhar que Roland lhe deu e o sorriso sem vida fez seu coração palpitar. Ele tinha apenas cinco anos e estava aparentando ter o triplo, e ela estava quase trazendo-o para os seus braços e levando-o para um sorvete contanto que lhe contasse qual o problema. O real problema.
Felizmente, ele continuava brincando com seus dedos e ela usou a mão livre para força-lo a encará-la.
-Roland...
-Mãe, vamos nos atrasar! – Henry gritou do andar de baixo. Regina suspirou e Roland sorriu para ela não mais indiferente e apressado, enquanto descia da cama levando sua maçã consigo e voltando a comê-la enquanto apanhava sua mochila na metade do caminho. Ela olhou no relógio. Regina desceu as escadas e o telefone tocou. O atendeu a meio caminho.
-Alô?
-Ei... Acho melhor você vir até aqui... – era a voz de Whale.
-Ela está bem? E o bebê?
-Está reclamando de dores... Acredito que o momento está chegando... – outra olhada no relógio e em Henry e Roland brincando com armas invisíveis na sala de estar. – Regina?
-Chego em vinte minutos. – e desligou. – Henry? – ele voltou ao seu campo de visão. As sobrancelhas arqueadas. – Preciso que leve Roland na escola, há uma emergência com Zelena...
-Ok...
-Roland. Henry vai levá-lo na escola...
-Tá bem.
-E não pense que não teremos nossa conversa, sim? – ela ergueu as sobrancelhas para ele e logo sorriu. Era sempre assim, então ele sorria de volta e corria para seus braços enquanto chamava Henry para uma corrida até a porta, depois até o ponto de ônibus. – Vou buscar vocês e vamos tomar um sorvete.
Só que não hoje.
-Tá... Bem. – ao invés disso, ele jogou o resto da maçã no lixo e seguiu para a porta, abrindo-a e fechando-a atrás de si. Henry tinha o cenho franzido e a silhueta de Roland ainda sendo vista pelo vidro fumê, logo ele girou para a mãe e sua expressão desapontada.
-Tudo bem com o baixinho? – Regina encontrou seus olhos claros e sua resposta foi um franzir de cenho e um leve dar de ombros. Então ele foi até ela abraçando-a. – Vai ficar tudo bem... Você vai concertar tudo isso.
-Vejamos... – admitiu ela... – Vamos, vocês vão se atrasar...
-Mãe, vai dar tudo certo. – ela sorriu e tocou seu rosto. Ele lhe deu um beijo na face. – Amo você.
-Também amo você... Agora anda, Henry.
O observou sair dali ainda com um sorriso no rosto.
Roland estava a sua espera e ela sorriu de novo quando os dois começaram a correr.
Seu celular tocou e o atendeu pegando suas chaves e seguindo para o carro. Dessa vez, ouviu a voz de Robin do outro lado da linha.
Não soube identificar seu tom, até porque, o dela mesma não estava lá essas coisas.
Felizmente, não queria pensar em nada disso agora. Ele apenas disse:
-O bebê está nascendo...
EMMA ESTAVA COM AS SOBRANCELHAS ERGUIDAS, assim como Killian logo ao seu lado. Os dois se olharam e então a voz de Zelena ecoou de novo pelo corredor. O pirata franziu o cenho.
-Tudo bem. Eu não entro lá. – ele apontou para a frente e ela sabia que suas sobrancelhas ainda estavam levantadas.
-Vai ficar aqui?
-Sem sombra de dúvida, amor.
-Ok... – Então Regina passou ao lado dos dois em seu terninho cinza, camisa preta, o cabelo solto e mais cumprido caindo nos ombros. De novo, Emma olhou para o namorado e seguiu a Prefeita.
Zelena estava dando a luz – pelo menos seus gritos e sua expressão eram óbvias.
E lá estavam Robin, sua mãe, Mary Margaret, e Regina claro.
E o Doutor Whale.
-Tudo bem, respire de novo... – o médico colocava as luvas. – Vamos ver como está...
Foi só um momento de distração.
Três segundos e bum.
A pequena explosão lançou todos para trás em um baque surdo. Regina foi a primeira a se levantar furiosa, e Zelena tinha uma faca nas mãos. Parecia um bisturi na verdade. Ela repetiu a mesma insanidade de cortar a própria mão retirando o bracelete. Outra explosão e Emma estava presa por um pedaço de metal. A filha da mãe fazia tudo isso assim tão rápido ou...?!
-Zelena...!
-Não dessa vez. – falou a ruiva em seu sotaque e olhando para a irmã mais nova. Regina olhou para Emma de soslaio, e aquilo foi o suficiente. As duas levantaram as mãos cientes de que não podiam atacar a bruxa bruscamente então usaram uma reação tendo um resultado diferente. Suas magias se choraram. E Emma Swan odiou a si mesma quando parte de suas trevas foram lançadas junto aquele acumulo magico.
Em cores vivas de verde, roxo e vermelho-vivo eclodiu em cinza com um pouco de "gliter amarelo".
Regina foi a primeira a se aproximar, e a voz de Robin ecoou seu nome.
Zelena piscou e o azul de seus olhos se suavizou em cinza. Quando a confusão se dissipou, ela desmaiou ainda sentada na maca. Sua mãe foi a primeira a perguntar, Robin já olhando para todos os lados.
-O que aconteceu?
-Onde está Regina?!
Para a sua surpresa, o som inconfundível de asas batendo a fez recuar de leve o suficiente para ver seu vulto desaparecer no céu.
UM PISCAR.
Ela sentiu um toque em seu braço e franziu o cenho. Quando abriu os olhos, não era Mary Margaret... A roupa verde, o cabelo loiro e os olhos muito azuis a encararam em expectativa de volta. A mulher sorriu. Um sorriso limpo e sincero.
-Tinker Bell... – seu nome saiu num sussurro, então ela ergueu as sobrancelhas para ela como resposta. Olhou para si mesma em seu longo vestido branco de dormir, seu cabelo preto solto e longo e seus pés descalços. Então a fada estava procurando por alguma coisa e tocou seu braço de novo ao encontrar.
-Ali está ele. – disse a fada apontando para algum lugar. Regina respirou perdendo o ar que adentrou em seus pulmões e aparentemente encontrou uma saída antes de circular e ela soltá-lo. – O homem com a tatuagem de Leão.
Robin.
Sua voz não veio, e conseguiu visualiza-lo perfeitamente.
Sentado com uma jaqueta verde-musgo, o cachecol solto no pescoço, camisa branca, a manga da tatuagem enrolada até o cotovelo. O cabelo aparado. Ele ergueu a mão segurando um copo de cerveja e o bar estava em uma conversa e música animada.
-Ele...?
-O pó de fada vai levá-la até ele. Infelizmente eu só posso vir até aqui, o resto é com você...
-Mas... Tink, espere.
A fada a encarou com um sorriso.
-Vou estar aqui. Prometo. – disse e a incentivou de novo lhe dando um leve tapa nas costas. – Agora vai.
Regina engoliu em seco e não soube como conseguiu entrar naquele pub.
Assustou-se com um "novo grito de guerra" e parou seus passos logo ao lado da mesa de Robin. Reconheceu Frei Tuck, ainda em seus trajes de monge e um pouco mais de cabelo na cabeça. Ele ergueu a sobrancelha para Robin e este se virou para ela. Sorriu imediatamente ao encontrar seu olhar, e por um instante, Regina permitiu a si mesma se manter nesse sonho. Robin deixou sua caneca de cerveja e se levantou ainda olhando para ela.
-Milady... – Robin estendeu a mão e Regina respirou fundo tocando seu braço sob a tatuagem e encontrando seus olhos incrivelmente azuis olhando para ela de novo, o sorriso de covinhas e as leves rugas em torno de seus olhos.
Sua mão se fechou em seu braço com um pouco mais de força.
Ele era real.
Robin...
-Você está... – ela começou não desviando o rosto do dele. – Aqui.
-Sim. – disse ele estendendo a outra mão e segurando a livre dela. Uma nova música começou, o que para ela era a mesma melodia, só mudava o ritmo. A expressão dele parecia mais séria, e ainda sem desviar o olhar do dela, a direcionou para o centro do pub. – Eu estou...
Regina não soube quando eles tinham começado a dançar, os olhos ainda sem desviar um do outro.
E ela também não soube quando tinha tentado se afastar dele, o sonho tornando-se muito real... muito difícil de querer acordar, principalmente quando suas mãos se fecharam em torno do cachecol dele, e suas testas se colaram. As respirações se mesclando. Porque foi como um outro piscar, para ela estar beijando-o. E Robin beijá-la de volta.
Uma página arrancada de um certo livro apareceu em sua cabeça...
... Infelizmente, logo viria o terceiro piscar.
