P R Ó L O G O

L A R A A M B R O S I

a bruxa, literalmente. é o que sou

- UMA APRESENTAÇÃO -

desnecessariamente necessária,

se você sabe o que eu quero dizer.

sou uma bruxa de pelo menos

sessenta anos,

apesar de aparentar dezenove.

eu poderia ser má, se quisesse,

mas no momento, não era necessário.

Geralmente, eu costumava correr com aquela criatura. Fugir com aquilo de tudo e de todo o mal que estava por perto. A criatura sempre me apoiava, sempre estava ao meu lado. Ninguém diria que era por vingança. Talvez, naquela época, não fosse. Mas depois de descobrir tudo, eu podia ver um plano se formando na sua cabeça. Não só eu, Edward e Alice também já haviam me alertado.

A criatura iria me matar, disso eu tinha absoluta certeza. Eu estava a encarando agora, frente a frente.

Se quiser me matar, mate-me. Mas vou avisando, será difícil.

o o o

capítulo um, uma nuvem se forma

Se houvesse alguma coisa impossível – de ver, acontecer ou se fazer – estava bem longe do meu alcance. Eu, assim como Helio, estava viajando para La Push. Tínhamos um pequeno serviço para prestar. Mas foi na fronteira com Forks, que vimos algo tão impossível quanto real.

– Um lobo? – perguntei.

– Possível – Damiani respondeu.

Descemos do meu New Beetle conversível e prateado para observar a feroz criatura. Ela arrancava a carne de sua presa com dentes e unhas ao mesmo tempo.

Não, eu e Helio não estávamos com medo. Éramos, com total certeza, pior que ela. Mais selvagens se quiséssemos.

O lobo, de um marrom avermelhado, se virou para nós – a expressão curiosa. Nós não mantemos grande proximidade, apesar de estarmos um tanto curiosos também. O lobo nos encarou por uma pequena fração de segundos. Helio segurou minha mão como se estivesse se preparando para recuar imediatamente.

A imensa criatura diante da gente se virou e entrou na floresta já diminuindo de tamanho. Eu e Helio ficamos parados esperando algum sinal de vida por cerca de cinco segundos.

Da mata, surgiu um menino alto e bronzeado, sem camisa, os braços longos e musculosos ganhavam vida ao sol. Damn it! Ele era o lobisomem.

– Com sua licença – Helio falou com a voz pesarosa. – Desculpe se o incomodamos – ele continuou.

– Que nada – o antes lobo, agora menino, disse. – Mas vocês são estranhos, nunca os vi por aqui.

– Somos turistas, somente – Helio mentiu. – Estamos aqui de passagem, somente por alguns dias.

Eu o interrompi:

– Meses, talvez. Pesquisamos locais perto de Forks para nos hospedar e La Push pareceu o mais conveniente. E perto – acrescentei.

– Hum, prazer, Jacob Black – ele disse para mim.

Helio ficou rígido atrás de nós.

– Prazer, também – Jacob Black falou um pouco divertido.

– Sou Lara Ambrosi e este é meu irmão, Helio Damiani – fiz um gesto para o mesmo, que permanecia plantado atrás de mim.

- UM COMPLEMENTO -

sobre Helio Damiani.

ele não era meu irmão,

muito menos namorado, o.k.?

ele era somente um amigo muito

querido.

talvez porque eu havia o ajudado

quando sua toda a sua

família havia morrido. mas

isso não era assunto

para agora.

– Prazer – Helio confirmou. – Acho que não há mais problemas por aqui, então. Vamos, Lara – ele disse me arrastando de volta para o carro. Meus olhos fixados em Jacob Black.

– Espere – eu disse. – Jacob, venha cá – o chamei para chegar mais perto. Não devia ser perigoso. Não era.

– O que é? – ele perguntou caminhando em nossa direção. Helio revirou os olhos. Ele era tão antiquado, às vezes.

– Então você é um lobisomem – não era uma pergunta, era uma afirmação. Jacob assentiu. – Você não deve ser o único, certo?

– Somos nove, parece – ele conferiu nos dedos.

– É melhor não avisar a eles sobre a nossa visita – eu disse um pouco ameaçadora.

– Creio que não será possível – ele bufou. Minha expressão confusa o deixou frustrado. Como se eu não soubesse de algo muito óbvio. Helio encostou os lábios no meu ouvido esquerdo.

– Quando ele se transforma, todos os membros de seu bando podem ler seu pensamento. Não é uma coisa que ele possa controlar. O bando dele vai saber de nós mais cedo ou mais tarde. Quando ele virar lobo de novo – Helio sussurrou.

Ele se virou para encarar Jacob com certo desgosto. Tão antiquado.

– É só por alguns meses – ele alertou.

– Não vejo como isso possa afetar a cidade. Acho que eles vão aceitar numa boa. Não se preocupem – Jacob respondeu olhando somente para mim.

– O.k., então. Vamos – chamei Helio. Nós

Nós caminhamos lentamente até o pequeno carro. O lobisomem caminhou atrás de nós silenciosamente. Helio se virou bruscamente e com um tom de voz mais alto, apesar de suave e perguntou:

– O que você quer?

– Calma – Jacob recuou um passo. – Vocês são muito estranhos. Poderiam me dizer de onde vêm e o por quê? – ele perguntou caminhando para frente novamente.

Eu me virei bem devagar e olhei profundamente em seus olhos negros.

– Nós também somos algo mais – respondi. – Eu sou uma bruxa, literalmente. Faço feitiçarias, mas não sou nada má. Poderia ser, é claro – engoli em seco e olhei para Helio.

– Bruxa, hum – Jacob me analisou. – Nada mal – ele completou com um sorriso largo. Eu ignorei.

– Helio é um demônio. Ele caça tudo que devia estar no inferno. E manda pra lá. É o motivo pelo qual estamos aqui.

– Mas não faço de meu poder um passatempo. É meu dever fazer isso, então eu faço – Helio acrescentou encarando Jacob ainda com raiva.

– Não devo ir pro inferno – Jacob anunciou e eu sorri um pouco.

– Com certeza não. Viemos aqui por outro motivo – fiz uma pequena pausa. – Viemos de Veneza para cá. Somos italianos. Nascemos por volta de 1920.

– Vocês não envelhecem? – Jacob perguntou.

– Só se quisermos – Helio respondeu. Sua raiva era totalmente ridícula.

– Há feitiços para isso. E Helio tem direito a uma vida até que se canse de trabalhar. Ou seja morto – eu disse com malícia. Ele se virou para mim e balançou a cabeça com um sorriso mentiroso.

– Hum isso é interessante. Muito. Como vocês podem ser diferentes, se são da mesma família?

Nós ficamos em silêncio por pelo menos cinco minutos. Jacob levantou a sobrancelha desconfiado.

– Não é bem assim. Helio é meu meio-irmão. Só de pai – eu disse um pouco ansiosa. Jacob era mais esperto do que esperava. Sua limitação de inteligência como lobo era totalmente mudada quando ele voltava a ser humano.

– E existem outros de vocês por aí? Alguém pode me mandar pro quinto dos infernos! – ele brincou. Mas seus olhos eram um pouco, muito pouco assustados. Eu podia rir.

– Com certeza, às duas coisas – Helio respondeu pras duas frases. Eu assenti. – Mas isso não vai acontecer, nós sabemos exatamente quem caçamos. É difícil cometermos erros.

– Sem tempo – eu falei me voltando para o carro. – Chega de perguntas. Creio que o seu estoque não tenha terminado, mas o nosso de paciência sim. Vamos, Helio – abri a porta do carro.

– Espera! Vocês não me responderam o motivo de estarem nas proximidades de Forks. Desembuchem – Jacob falou um pouco mais alto.

– Parece que há vampiros em Forks. – Helio respondeu. – Não gostamos de ficar muito próximos. Eles sentiriam meu cheiro e fugiriam. Por isso La Push.

Jacob nos encarou por algum momento. Expressão chocada e olhos esbugalhados. Nós o encaramos de volta.

– Isso não é bom – ele murmurou. Mesmo assim pudemos ouvir a voz rouca se quebrar.

Jacob se transformou rapidamente, fazendo seu short em pedacinhos. Agora o lobo saía correndo por dentro da mata, tão rápido que em poucos segundos não estava mais à vista. E isso era bem difícil para os nossos olhos.

Lobisomens não podiam ser amigos de vampiros, eu era quase certa disso, se não fosse a nuvem de confusão se formando na minha cabeça. Helio ainda olhava pela mata desconfiado.

– Nuvens – eu sussurrei.

– Ah, não – ele rosnou. – Amanhã começaremos.

Assenti.

- UMA EXPLICAÇÃO -

sobre as nuvens em minha cabeça.

eram como avisos, sobre o que eu estava caçando,

um sexto sentido de bruxos,

todos de minha espécie possuíam.

se eu estivesse muito certa sobre algo

e aparecessem nuvens, elas podiam me dizer se

eu estava errada, ou,

se eu estava absolutamente errada.

Eu odeio nuvens.