WARNING: O plot da fanfic toda é mais gay que um arco-íris ou seja: ;)


Já era tarde, mas eles não tinham percebido até agora. Era uma coisa normal, quase de rotina. Eles iriam todos os dias na casa de um ou na casa do outro jogar videogame, e sempre os mesmos jogos; sempre acabando na mesma coisa.

"Nem vem, Aaron! Eu ganhei essa partida, tá?"

"Não ganhou nada!" gritou de volta. E antes que Bernardo pudesse responder, continuou: "E mesmo que tivesse ganhado, ainda acho que você merece uma coisinha por tentar, não é?" e num sussurro, terminou de falar. Quando os dois estavam a um dedo de distância, cara a cara, Aaron deu um empurrão em Bernardo e enquanto o outro garoto estava com uma cara do tipo O que foi isso que você acabou de fazer?, Aaron disse "Que? Você acha que eu sou tão fácil assim?"

"Game on, então" provocou Bernardo, e alguns segundos depois os dois estavam se cobrindo de tapas no meio da sala de estar. Pernas para um lado, braços para o outro, botões do videogame sendo apertados involuntariamente (e não é que eles jogavam bem até estar realmente jogando?), tapas, chutes e...beijos?

Sim, eles realmente estavam se beijando, acho que era uma coisa automática, sei lá. Depois de tanta prática... Eles haviam parado de se bater, só estavam se beijando, só se beijando. Se beijando como não tivesse a mínima chance de alguém entrar por aquela porta e vê-los, causando um belo de um desastre na vida dos dois, sim, mas eles não ligavam, não agora.

Uau. Essa era a única coisa que B conseguia pensar naquela hora, e em qualquer outro momento que eles dois se beijaram, e em futuros momentos também, esperava ele. Mas eles ainda se olhavam da mesma maneira, sempre da mesma maneira. Mesmo depois de todo esse tempo, eles ainda se olham como se um fosse a coisa mais bonita que o outro já viu.

Pena que tinha sido tudo um sonho.

"Ei, Bernardo, acorda. Hoje é um dia especial pra você, esqueceu? Um mês de namoro com a–"

E antes que ela pudesse terminar de falar, ele interrompe, tentando parecer alegre com tudo isso, porque ele não estava. Não mesmo. "Eu sei, eu sei, mãe. Como eu poderia esquecer?"

E não havia esquecido mesmo, porque cada dia desse último mês havia sido horrível. Na verdade, horrível nem chegava perto do que ele estava sentindo, de tudo o que ele sentia quando estava com Julia. Ela era uma ótima amiga, era sim, e eles se conheciam desde pequenos, mas... Bem, ela não era o seu tipo. Literalmente. Mas ele não tinha coragem de terminar com ela, bem, não hoje.

Hoje o dia estava frio, realmente frio, o que não é uma coisa muito normal por aqui. Mas isso não era importante, porque como ele já estava uma bagunça, a chuva servia de efeito especial, como naqueles filmes. Chorando na chuva, essas coisas.

"Hoje é meu aniversário de um mês com o Bê, gente!" chegou Julia, gritando. Afinal, ela queria que todos ouvissem. Algumas meninas foram gritar e pular com ela, em meio a abraços e sussurros. Enquanto outras (duas, especificamente), ficavam perto da arquibancada, uma grudada com a outra, de mãos dadas, com a desculpa de que tinha pouco espaço no guarda-chuva.


Filipe era um garoto diferente, ah, se era. Todos os dias ele dava graças a deus pela sua ex-namorada ter traído ele em uma festa, e ele finalmente poder ser ele mesmo. Foi o melhor dia, para falar a verdade, para ele só faltava era pular de felicidade.

"A Fábia ficou com outro garoto, Filipe", foi como ele ficou sabendo, sim. Através de duas amigas dele. Sua reação não poderia ser outra, afinal, todos ainda pensavam que ele era hétero! Então enrolou um pouco a conversa, tentando se fingir de arrasado, essas coisas. E no dia seguinte, quando elas voltaram a perguntar se ele estava bem, disse "Até que tô bem, sabia?". E bem era pouco.

Desde então, ele se sentia muito melhor com ele mesmo. Chega de fingimentos. Bem, pelo menos ele pensava assim, porque metade da classe ainda estava dentro do armário. E ele tinha quase certeza que Aaron e Bernardo estavam tendo alguma coisa... Enfim, era o que era né, e esses dois não tinham certeza de nada.

Era complicado, ele sabia. Estar apaixonado por seu melhor amigo. Até porque ninguém o entenderia, e eles são melhores amigos! Tecnicamente, é como estar apaixonado por alguém e poder contar para todos menos para seu melhor amigo, porque é por ele que você está apaixonado. Filipe estava pensando em ajuda-los, fazer alguma coisa, mesmo que segurasse vela, pelo menos ele não seria o único gay assumido (não completamente, pra falar a verdade, mas mesmo assim, ainda conta) do colégio! Mas era melhor não arriscar, pois ele já havia estragado uma amizade porque havia confiado demais em seu gaydar. E isso sim era uma história boa de se contar.


ALGUMAS SEMANAS ANTES

Ela não está mais com você. Ela não está mais com você. Ela não está mais com você. Ela não está mais com você. Ela não está mais com você. Era isso o que percorria a cabeça de Filipe naquele dia embora que não de um jeito ruim. Nem triste. Nem deprimente. Nem nada que pudesse deprimi-lo ou ao menos começar a deprimi-lo. Ah, esse era um lindo dia, era sim. Mas agora ele tinha que dizer isso para seus pais, contar a história toda, desde o começo.

E foi isso que ele fez, logo depois do jantar.

"Pai? Mãe? Posso falar com vocês aqui, por favor?" perguntou em um tom de voz baixo, mas possível de se escutar na distância entre eles.

"Claro, filho!" responderam em coro.

"Olha, mãe, pai... Euuhm, eu– gosto de garotos, do jeito que eu deveria gostar de meninas. Na verdade, eu até gosto um pouco de garotas mas–"

"Filho, nós já sabíamos", disse seu pai, enquanto sua mãe gritava para seu irmão pequeno parar de colocar o osso do cachorro na boca.

"M-mas– como?"

"Apenas sabemos, querido", disse a mãe dele, finalmente conseguindo pegar seu irmão no colo. "Agora vá, vá logo. Não disse que vai sair com seus amigos?"

Então ele foi.


"Aonde era essa pizzaria mesmo? Ah, ótimo. Estou perdido, não estou? Sim, definitivamente estou perdido", pensava ele quando passou por uma loja de roupas que nunca tinha visto, e olha que ele entendia disso. "E molhado, se não sair daqui logo".

O céu estava repleto de nuvens escuras, então Filipe resolveu mandar uma mensagem para alguém que fosse, e, bem, o único que havia confirmado era Sidney... Certo?

(19:43)

Pode me dar o endereço dessa pizzaria de novo? –F

(19:45)

Mudamos de ideia, encontre a gente no shopping. –S

(19:46)

O de sempre? Encontro você lá então. –F

"Ah, pronto! É só virar a próxima esquerda que –" mas seu próprio pensamento havia sido interrompido por Sidney empurrando-o contra a parede do shopping vazio.