NOTAS: Infelizmente, eu não sou tão criativa e esperta pra criar um jogo tão épico quanto PW. Portanto, Phoenix, Trucy, Apollo, O Juíz, Maya e Guy Eldoon pertencem à Capcom (e não a mim). Mas a Mayara e o apresentador de TV são meus, hein! Ò_o
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CAPÍTULO 1 – Uma vitória inesperada

"Muito bem. Já estou pronto para emitir meu veredito.". O juíz pegou o martelo de madeira que repousava sobre sua mesa, dando breves olhadelas em direção aos dois advogados presentes. "Senhor Wright? Alguma objeção final?"

"Não, Meretíssimo." eu respondi claramente para que todo o tribunal pudesse ouvir. Eu olhava com certa curiosidade para a promotora do outro lado da sala. Ela raspava as duas fileiras de dentes uma contra a outra, desgastando o esmalte destes mesmos. Depois começou a mastigar seu próprio cabelo castanho claro. Os fios do cabelo ficavam presos entre os dentes, chegava a ser perturbador observar. Os olhos da jovem, azuis como o céu e profundos como o oceano, olhavam fixamente para mim, semi-abertos e cheios de desgosto. Ela tinha perdido o caso. E eu, obviamente, ganhado. O nome dela era Mayara Dummond. Eu não sabia nada sobre ela, exceto que tinha 30 anos de idade.

"Senhorita Dummond? Alguma objeção?"

"E-eu... eu protesto quanto à minha perda..."

O juíz simplesmente balançou a cabeça em sinal de negação. "Objeção negada.". Neste momento, Mayara fechou sua mão em um punho e bateu na mesa com força. Me impressionei de não ter visto nenhuma rachadura aparecer no pobre e inocente móvel; afinal, aquele havia sido um belo soco.

Logo as palavras do juíz ecoaram nas paredes do tribunal: "Inocente", e bateu seu martelo na lisa superfície de madeira da mesa. As pessoas comemoravam e gritavam com euforia, testemunhas de mais uma de minhas vitórias. Na verdade, minha primeira vitória desde que consegui meu distintivo de advogado de volta. E a promotora era uma novata, aquele fora seu segundo julgamento, portanto todos esperavam aquele resultado, inclusive eu mesmo: Phoenix Wright, advogado de defesa profissional.

Quando a alegria do povo do tribunal cedeu, eu desci de meu respectivo assento e me dirigi ao Lobby tranquilamente. O julgamento não fora tão fácil assim, a mulher era esperta. Mas, no fim, a justiça prevaleceu. Pelos dados que eu tinha conseguido recolher, o primeiro julgamento de Mayara também terminara com um veredito de inocência. 'A coitada nunca sentiu o prazeroso gosto da vitória, não é à toa que esteja tão transtornada', pensei.

Enquanto passava pelas duas portas de madeira que levavam ao Lobby, eu pensava no que iria almoçar aquela tarde, quando senti um forte puxão na gola do meu paletó azul. Tanto que quase engasguei com a própria saliva.

Quando a tenebrosa força maligna que me aprisionava libertou-me, virei-me e pude notar uma Mayara muito estressada me olhando com raiva. "Phoenix!" ela exclamou, apontando um dedo indicador em direção à minha pessoa. "Você pode ter vencido a batalha, mas a guerra ainda não acabou!"

"Srta. Dummond... isso é um julgamento, não um campo de batalha."

"Eu não pedi sua opinião sobre as minhas metáforas!". Ela bateu o pé furiosamente no chão, e suas bochechas rosadas se incharam infantilmente. Ela chegava a me lembrar a Maya, minha antiga assistente, quando ficava irritada. Maya agora estava na Aldeia Kurain, sua terra natal, muito ocupada com assuntos de Grande Mestra da Técnica de Canalização Kurain, mas às vezes vinha me visitar em minha agência.

Com a lembrança da alegre garota que me acompanhara em tantos casos, sorri. O que, por algum motivo, deixou a inocente mulher mais irritada ainda. "Pra quê esse sorrisinho aí!? É bom ver fracassados sofrendo, né!?"

"N-não, não é por isso que eu-"

"Aaaah, sei, sei." ela bufou. "Tá bem, então. Otárias como eu não merecem sua gloriosa presença, então acho que me vou."

"Não precisa ficar assim... foi só um julgamento.". Ela arqueou uma de suas delicadas sobrancelhas e cruzou os braços em frente ao peito. "Tá, foi só um julgamento, mas e se for sempre assim? Aí vai ser mais um julgamento, e outro..."

"Olha, um dia você vai ganhar um caso. Até eu já perdi um."

"Mas eu perdi dois. No início da minha carreira..."

"Olha, eu entendo sua frustração, mas ficar nervosinha não vai fazer você ganhar um caso.". Ela pareceu finalmente entender, porque deu um longo suspiro e repousou uma de suas mãos sobre meu ombro. "Ah... quer saber? Você tem razão, Sr. White."

"É Wright..." eu murmurei. Ela finalmente sorriu, um sorriso alegre que eu não havia visto desde que o julgamento começara. "Você é um bom guri. Vejo em seus olhões esbugalhados."

'Eu tenho olhos esbugalhados...?'

"Sabe, seria um prazer enfrentar o senhor de novo em um tribunal.". Ela deu um largo sorriso, de uma orelha para outra. Um sorriso estilo-Mayara. Eu meramente sorri em retorno. "O mesmo digo eu."

"Ei. Quer ir tomar um milkshake? Eu pago." Ela perguntou, seus grandes olhos brilhando com expectativa.

"Ah, obrigado, mas hoje não dá. Prometi pra minha filha que ia ajudar ela com a lição de casa." Respondi. A alegria de seu olhar parecia ter se apagado. "Oh..." ela murmurou. "Outro dia então, sei lá." "É, outro dia quem sab-"

"Mas enfim!" ela exclamou repentinamente, me dando um susto com a alta tonalidade de sua grossa voz. "Agora eu me vou, que eu prometi pra uma amiga que ia almoçar com ela hoje."

'E me convidou pra ir tomar um milkshake mesmo assim?' "Entendo." eu sorri, sinalizando uma afirmativa com minha cabeça. "Então tá. Até mais ver, Sr. Light!"

'... Wright.'

E com isso, ela virou-se e foi embora. Estranha aquela mulher. Em um momento, estava toda triste e perdidamente transtornada por ter perdido seu caso, e no próximo estava convidando o advogado que a humilhou no tribunal para tomar um milkshake. Bem, eu nunca a havia visto antes, então não sabia como ela era: se estava apenas mascarando sua indignação, se estava sendo cortês, se era assim mesmo ou se ia me levar para uma cilada onde eu acabaria dentro de um tanque com tubarões famintos. Mas isso estava além da minha imaginação.

Ao sair do tribunal, finalmente consegui ver o exterior depois de quatro horas de julgamento. O céu estava nublado. Algumas ocasionais aberturas entre as nuvens proporcionavam a luz solar que todos tanto conhecemos e amamos. E um vento gelado soprava incansavelmente.

Andando pela calçada, pude notar que algumas mulheres lutavam contra seus próprias cabelos que voavam em frente a seus rostos, bloqueando suas visões. Não pude resistir, ri em algumas ocasiões. Meu cabelo era curto e espetado para trás, então eu não tinha problemas com ele flutuando em frente à minha cara. Eu me dirigia à Agência de Talentos Wright, onde qualquer tipo de talento era aceito: de engolir espadas a cantar ópera ou colocar a perna atrás da cabeça por três segundos... talvez eu tenha exagerado um pouco ali, mas sim, aceitávamos praticamente qualquer tipo de talento. Só haviam três membros, contando comigo, mas não faz mal. 'Um dia virão mais membros', eu pensava.

Parei no caminho para comer uma tigela de miojo na barraca do Sr. Eldoon, algo no que estava pensando desde hoje de manhã; e aquele seria meu almoço. Não era muito longe da agência, era só dobrar a esquina e andar um pouco mais e já era possível ver a barraca. Enquanto eu me alimentava, já no fim da tigela de miojo, Eldoon puxou conversa.

"Ei, Sr. Wright. Sabe do que eu ouvi falar esses dias?"

"Do quê?" eu perguntei depois de engolir uma garfada do extra-salgado miojo. "Dizem que se você enviar seis rótulos de cereal pra alguma empresa lá, você concorre a três passagens pra Alemanha."

"Hm?" perguntei com a boca cheia.

"É, e os vencedores vão ser sorteados hoje. O nome vai aparecer na TV."

"Hm..." murmurei, engolindo outra garfada do macarrão. "Mas por que você está me contando isso, Eldoon?"

"É que eu estou concorrendo... e achei que você ia querer saber também. Talvez você ainda possa comprar uns cereais e tentar ganhar." Guy Eldoon disse, passando a mão por seus cabelos loiros e encaracolados, estilo macarrão. Não era o cabelo real dele, mas isso não importa...

"Seis caixas de cereal por três passagens pra Alemanha? Não, obrigado. E além disso, mesmo se eu quisesse ir pra lá, as chances de eu ganhar seriam pequenas demais."

"Não é impossível, rapaz. Se tem gente que ganha cinquenta e dois milhões na loteria..."

"Mm-hm." eu murmurei com a boca cheia novamente.

A conversa acabou por aí; eu terminara meu almoço. Me despedi do vendedor e tornei a andar em direção à agência. Pensei, 'O que eu faria se eu ganhasse essas passagens?'. Mas não fiquei pensando muito; afinal, mesmo se eu quisesse concorrer, não daria mais tempo. Os vencedores seriam sorteados hoje. Alemanha... de repente, essa palavra trouxe algo à minha mente. Lembrei de uma certa promotora que conheci a anos atrás, que havia nascido e morado nesse certo país europeu a sua vida toda. Dei uma leve risada ao lembrar dela. 'Tenho pena do pobre infeliz que ganhar essas passagens e se encontrar com ela lá...'

Ao chegar na agência, vi Trucy com os olhos fixos na televisão. Apollo estava do lado dela, tirando um cochilo sentado no sofá. Trucy Wright é minha filha. Adotiva, mas ainda sim, minha filha, e está treinando para ser uma mágica. Tanto que sua roupa inclui uma capa e uma cartola azuis. Apollo Justice é um advogado defensor, meio-irmão de Trucy, mas nenhum dos dois sabe disso. Preferi não contar para eles ainda.

"Ei Trucy." Eu disse, tirando meu paletó e pendurando-o no cabide perto da porta.

"Ah, papai!" ela exclamou, pulando do sofá e correndo em encontro a mim. Abracei-a. "Como foi o julgamento hoje? Você ganhou?" ela perguntou, seus olhos azuis me olhando com curiosidade.

"Ah, sim, ganhei." Eu respondi com um sorriso, mas logo minha cara ficou completamente séria. "Você não devia estar fazendo sua lição? Eu até tentei chegar mais cedo pra te ajudar..."

"Ah, eu já vou! É que daqui uns minutos, vão anunciar os vencedores da promoção!"

"Que promoção?"

"'Viaje para a Alemanha'! É demais! A gente pode ganhar três passagens pra Alemanha!"

"Você concorreu a isso aí sem me avisar?" eu suspirei, passando a mão por entre os 'espinhos' de meu cabelo negro e espetado. "Não fique muito ansiosa. As chances de você ganhar isso são min-"

"E agora, vamos anunciar os ganhadores da promoção 'Viaje para a Alemanha'! Quem será que vai ganhaaar!?"

Só com o anúncio do apresentador da televisão, a garota saiu correndo e se jogou no sofá. Apollo, por incrível que pareça, caiu para o lado ao invés de acordar e seu corpo se apoiou sobre o braço do sofá. Notei que uma linha de saliva escorria de sua boca, mas não falei nada. Ela fechou os dois punhos protegidos por duas luvas brancas, o olhar fixo na tela brilhante da TV, inclinada em direção ao aparelho como se fosse pular para dentro dele. Encolhi os ombros. 'Mal não vai fazer. Nem vamos ganhar mesmo. É mais fácil ver o Eldoon vendendo esfihas ao invés de miojo.' pensei, e sentei ao lado da mágica mirim.

"E agora, os dois sortudos vencedores desse maravilhoso prêmio! Vamos anunciar agora: preste atenção, pode ser você!". O homem rasgou um envelope que segurava em sua mão, e leu seu conteúdo. Os olhos da adolescente a meu lado pareciam que iam sair das órbitas. "E os ganhadores são... Trucy Wright e Mayara Dummond!"

'Ah, mas que sortudos... espera... n-não... não pode ser...! T-t-t-'

"AAAAAAAAHH!!!". O grito de Trucy acordou o advogado Apollo, que caiu do sofá de cara no chão.

"T-TRUCY WRIGHT!" eu gritei, afundando meu corpo contra o sofá. "E-eu não acredito nisso!!"

"Nem eu, nem eu!!". Ela estava tão feliz que poderia sair voando pela janela, já eu me senti como se estivesse sendo mergulhado em um tanque com tubarões famintos, como pensei que aquela promotora que enfrentei de manhã poderia fazer comigo... qual era o nome dela mesmo? Bem, não estava pensando nisso naquele momento. Eu só pensava, 'Vamos pra Alemanha, vamos pra Alemanha', mas não com o entusiasmo de minha filha.

Apollo se levantou rapidamente do chão. Os dois tufos de cabelo espetados em frente à sua testa haviam sido achatados pela queda. O pobre ser tinha que passar litros de gel toda manhã em seu cabelo curto e castanho para que os tufos ficassem de pé; sorte que o meu cabelo era espetado por natureza. "H-hein, o que aconteceu!?" ele exclamou.

"Polly, eu ganhei!"

"Ganhou? Ganhou o quê?"

"As passagens!"

"... passagens?"

'Ele não sabia? Pelo jeito Trucy está sozinha nisso...' pensei. A adolescente de 16 anos rodopiava como uma bailarina em seu debut. Eu apenas olhava para frente, atordoado pelo golpe que aquele prêmio havia me dado. Meus olhos azul-petróleo normalmente esbugalhados -de acordo com aquela promotora que enfrentei de manhã- agora estavam tão arregalados que pareciam prestes a estourar como duas pipocas no microondas. "P-pra... pra... A-a-a..."

"Pra Alemanha! Eu ganhei uma promoção!"

"QUÊ!? ALEMANHA!?" o jovem gritou, caindo sentado ao meu lado no sofá, boquiaberto e com os olhos castanhos arregalados. "S-sr. Wright! Você deixou ela concorrer a isso!?"

"Não! Eu nem sabia que ela tinha comprado seis caixas de cereal!" eu respondi meio tonto, massageando minha testa. Minha cabeça ia estourar, ou pelo menos isso parecia. 'Eu não devia ter aumentado a mesada dela mês passado... ela devia estar guardando o dinheiro pra essa ocasião.' "Trucy, querida... você faz idéia do que você acabou de fazer?"

"Eu ganhei passagens pra nós três! Pra Alemanha!" ela exclamou, agarrando a aba de sua cartola e levemente inclinando-a sobre a cara. "... eu também vou?" o garoto murmurou.

"Bem, rapazes, o que estão esperando? Vamos fazer nossas malas! A viagem é amanhã!"

"AMANHÃ!?" eu e Apollo gritamos em coro. Eu não conseguia acreditar. Iríamos viajar, mas dessa vez não fui em quem tinha planejado tudo, mas sim minha esperta filhinha adotiva.

"Mas minhas coisas estão em casa!" Apollo protestou. "Então quando chegar em casa você arruma tudo!" Trucy rebateu, cruzando os braços. "Não tem como escapar! Nós vamos!"

"Trucy, por favor... nenhum de nós sabe alemão..."

"Não tem problema! A gente arruma algum intérprete!"

Por algum motivo, imaginei o promotor Klavier Gavin. Ele era originalmente alemão. Seria bom se tivesse uma passagem extra, aí poderíamos levá-lo junto como nosso tradutor. Eu me levantei do sofá, e a encarei seriamente. "E as suas aulas, Trucy!?". Ela sorriu para mim ternamente. "Amanhã é o último dia de aula, lembra? Vamos entrar em férias. Eu só tenho que terminar minha tarefa pra amanhã."

Eu cruzei meus braços e continuei encarando a garota. Mas ela nem se importou. "Bem, papai, eu vou fazer minha lição agora. Se quiser me ajudar, tudo bem, senão não faz mal.". Com isso, antes que eu ou Apollo pudéssemos falar, ela se virou e saiu saltitando alegremente para seu quarto. Antes que você se pergunte, sim, eu e Trucy moramos na agência. Não é tão ruim, pelo menos eu não tenho que acordar cedo para ir trabalhar...

"... Sr. Wright? Vamos mesmo pra Alemanha?"

"Queria que não. Mas tenho certeza de que a Trucy vai nos arrastar pro aeroporto amanhã. E se eu disser que não vamos, ela vai ficar arrasada."

"Oh.". Sua cabeça despencou em decepção. Por algum motivo, naquele momento tão apavorante (não para Trucy, claro está), consegui sorrir. "Você está... sorrindo?"

"Bom, não temos escolha... Além do mais, um tempinho de férias não seria tão ruim, certo?"

"É... acho que o senhor tem razão...". Encolhi meus ombros. A sala ficou em um profundo silêncio por alguns minutos. Eu encarava o jovem, e ele parecia meio intimidado com meu 'olhar penetrante'. "Por que você está me olhando assim?"

"O que está esperando, Apollo?"

"Hein? Esperando?"

"Vá pra casa fazer as malas! Vamos pra Alemanha!"
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Por favor, alimentem meu cérebro com reviews. E não tenham medo de me criticar, eu não mordo... geralmente 8D

E agradeço imensamente à minha amiga por me dar a idéia desse enredo ab-so-posi-lu-tely FABULOUS. Thanks, Ame no Yuki! *-*