00:48 - no meu
corpo.
Harry
Seus
dedos tocaram os meus e se entrelaçaram sem qualquer pudor. Sua
língua limpou cada gota de suor escorrendo desde minha testa, até à
boca, pelo pescoço para cair sobre meu peito. Senti seu nariz
acariciar carinhoso meu ombro sendo seguido pelos seus lábios e
dentes que morderam minha carne e de seguida sugaram violentamente a
pele deixando-a provocadoramente vermelha, pulsando, ardendo e
gritando por mais. Minha boca se abriu mas não senti qualquer som
escapar por entre meus lábios entreabertos. Meu grito mudo voou
sobre os nossos dois corpos, violando todo o ar quente e abafado. O
meu exterior era calmo enquanto o meu interior gritava e gemia por
mais, mais e mais. O mais nunca era suficiente.
Minhas
pernas receberam todo o seu corpo idêntico ao meu e envolveram a sua
cintura que batia contra a minha numa dança lenta, ritmada e
sensual. Meus olhos reviraram a cada onda de prazer percorrendo o meu
corpo, fazendo-o tremer absurdamente. Corpo e alma completamente
entregues ao momento em que entrou em mim e fez todo no meu interior
desligar e se transformar numa marioneta conduzida por uma só dança
natural.
01:29 – na minha
cama.
Harry
Pousei
a cabeça sobre a almofada tentando regular a respiração. Minha
visão ainda desfocada enquanto encarava silenciosamente o teto do
quarto foi perturbada ao sentir o corpo a meu lado fazer o mesmo
apenas meros centímetros a meu lado.
Me
voltei para o outro lado da cama, de costas para ele, tentando
finalmente dormir algumas horas antes de mais um longo dia começar.
Contei mentalmente até dez e sorrir fracamente ao sentir um braço
envolvendo minha cintura e puxar lentamente o meu corpo suado contra
um outro em igual estado. A sua respiração batia contra a curva do
meu pescoço fazendo meus olhos ficarem cada vez mais pesados e o
sono cada vez mais pousar sobre o meu corpo.
Tentei
não fechá-los. Todas as noites o tentava. Pior que saber o quão
errado é dois homens dormirem juntos era o fato de acordar sem
quaisquer braços sobre mim e sem qualquer calor vindo de alguém a
meu lado. Era uma relação coberta pela noite, em que tudo nessas
horas era permitido desde que não passasse daí, de dois corpos
juntos onde a luz do Sol não tinha cartão de visita.
-
Você é demasiado especial para ser partilhado com algo comum com o
dia. – me dizia enquanto se levantava e dirigia para seu quarto. No
dia seguinte me levantaria, desceria para o café da manhã e
voltaríamos a ser simples companheiros de banda, embora o fato de
ele nunca me olhar nos olhos ser capaz de furar minha pele, arrancar
meus músculos, quebrar meus ossos e me destruir por inteiro.
Sempre
desejei ser idiota o suficiente para acreditar que realmente era
especial para tal. Mas se nunca o fui suficiente para ser o único
para um mimado rico, como poderia acreditar ser demasiado para o
Sol?
03:43 – na
varanda.
Harry
Levei
o cigarro à boca enquanto olhava as folhas das árvores voarem ao
sabor do vento. O cigarro queimou lentamente à medida que a minha
boca o puxou e pude sentir o fumo percorrer e queimar boca, garganta
e pulmões me acalmando por completo. Afastei alguns cabelos sobre
meu rosto e fechei os olhos aos inspirar o ar fresco da noite e
soltar todo o fumo preso no meu interior.
Por
breves segundos olhei de novo para o interior do meu quarto de hotel
e minha barriga revirou por completo ao olhar a cama vazia, lençóis
espalhados pela mesma e pelo chão e ainda algumas roupas escondidas
aqui e além.
Meu
corpo se voltou de novo para a noite à minha volta e por largos
minutos assim fiquei, quieto e atento ao jardim alguns metros mais
abaixo.
Olhei
a varanda ao lado e vi a luz do quarto ao lado acesa. Vi ele por
entre as cortinas, deitado sobre sua cama, sorrindo e falando no
celular. Senti algo deslizar pelo rosto e fechei os olhos me
encostando à parede e mordendo o lábio inferior que era assaltado
por poucas lágrimas atrevidas o suficiente para se mostrarem ao
mundo exterior.
Chega
a ser ridículo o quão parvo ele possa pensar que eu seja, ao ponto
de se deitar comigo e tentar me fazer acreditar que não existe nada
para além disso. Chega a ser ainda ser mais ridículo o quão
facilmente me deixei de importar.
08:11 – no
hotel.
Harry
Me
olhei uma última vez ao espelho e verifiquei se chapéu e óculos
estavam devidamente colocados. Suspirei cansado por mais uma noite
mal dormida e, pegando na mala branca abandonada ao pé da porta, saí
do quarto.
Ron,
Hermione, Zabini e Draco já a meio do café da manhã. Me aproximei
devagar e me sentei ao lado de Draco após dar um "Bom dia!"
fraco e quase sussurrado a todos sentados à mesa.
Conhecendo-me
bem demais para já saber o meu habitual humor a cada manhã todos se
limitaram a retribuir o "Bom dia!" e a sorrir antes de
continuarem suas actividades. Todos menos Draco que continuou a comer
seus cereais e a falar calmamente com Zabini sobre algo aborrecido e
tipicamente idiota.
Olhei
por breves segundos o seu rosto sereno e normal e vi-o, com a língua,
humedecer os finos lábios rosados. Por um momento era capaz de jurar
que os nossos olhares se cruzaram mas talvez devesse culpar esse fato
às poucas horas dormidas nessa noite...mais uma vez.
15:09
– tourbus.
Harry
Olhei-o
de longe. Vi-o ajeitar o boné sobre a sua cabeça e sorrir antes de
aproximar o celular ainda mais do ouvido e murmurar algo por entre o
riso seco e calmo.
A
sua mão torcia a ponta da longa camisa branca e os seus olhos
focavam-se na mesa quadrada na sua frente enquanto de vez enquanto
voltava a rir e a comentar algo para o objecto nas suas mãos. Levou
a caneca à boca e quase cuspiu o seu conteúdo ao sussurrar e corar
ligeiramente.
Apertei
ainda mais a mão sobre a porta e trinquei o lábio inferior até
sangrar.
Seu
olhar se cruzou com o meu e dessa vez tive toda a certeza do mundo
que não havia sido algo imaginado pois, desta vez, Draco não
desviou o olhar. De fato, suas pupilas se dilataram e nunca na vida
tive tanta vontade de saber o que raios era falado no ouvido.
Meeu
corpo tremeu a cada palavra dita em silêncio pelos nossos olhares e
senti que naquele momento tínhamos realmente nos tornado em um nada,
nem sequer simples amigos
ou companheiros
restávamos.
Ele
se levantou e caminhou para o lado oposto do tourbus
me deixando ali parado no mesmo sítio, ainda olhando para a cadeira
vazia e a caneca completamente abandonada.
Me
perguntei: "Porquê? Desde quando havia eu
me tornado o estranho"
21:48 – no
palco.
Harry
Chegou
o momento de estarmos sós
de novo. Era a nossa música. O nosso momento. O momento em que olho
em volta mas a imagem mais perfeita que consigo ver ainda é a
guitarra pousada sobre o seu colo, a forma como dedilha os dedos por
entre as cordas e o jeito como sorri a cada palavra cantada.
Tento
no entanto ignorar cada olhar por ele lançado a cada fã, tento
ignorar o fato de para ele isto se ter tornado não "o nosso
momento" mas apenas "mais um em muitos outros". O sorriso
colado à minha face dói a ser mantido mas assim não o desfaço e
mantenho-o intacto no rosto pois foi para isto que nasci. Esconder o
que sou, mostrar tudo o que não sou. Modéstia à parte, tenho feito
um ótimo trabalho.
Sorrio
enquanto o refrão é formado pela minha voz e lembro quando no
início éramos só nós. Quando nos provocávamos a cada concerto.
Olhares, toques, palavras. Éramos um só em palco. De fato, éramos
um só na vida.
Me
pergunto desde quando passamos a ser dois seres distintos. E me
pergunto também desde quando ele decidiu adicionar mais uma pessoa à
equação.
23h59 –
telhado.
Harry
Eu
tentei aguentar. Tentei ignorar telefonemas, mensagens no celular e
repentinas saídas à noite. Até a distância a cada dia aumentada
tentei ignorar.
Minha
mãe costumava me dizer que almas gémeas eram uma mesma alma
separada em dois corpos e era a mais pura relação que Deus nos
poderia dar na vida. Até adormecer ela me contaria que a ligação
seria tão forte, mas tão forte, que nunca ninguém seria capaz de a
quebrar porque é impossível quebrar uma só alma. Iríamos
percorrer o mundo juntos e iríamos perceber que por vezes a nossa
alma gémea simplesmente nasce connosco. Iria ser sempre o meu eu
mais velho e responsável, me ensinando o necessário e me protegendo
do não necessário. Um gémeo, um companheiro, um protector. O meu
anjo-da-guarda sempre ao meu lado.
Me
pergunto novamente porque é que então até a minha mãe me mentiu
assim.
23h59 – Inferno.
Harry
Aqui
é sempre noite, Draco.
11:52
– perdido.
Draco
Deve
ser escuro onde quer que você. Quem me dera ser capaz de o
seguir...novamente. Não consigo, Harry.
Puxei
o corpo dela ainda mais contra o meu e gritei de prazer...e dor.
N/A: Harry demasiado emo? Y/N? Tenho que pedir desculpas mas a história inicial não era Drarry sequer, era twincest envolvendo a banda Tokio Hotel. O que vocês acharam, hein? Acho que estou preparada para voltar aqui para esse fandom.
