N.A.: Fic feita para o Projeto Ressucitando Fandom HP - Missão Impossível do Facebook, minha linda Tainara Black que me chamou. Tentei, Tai, juro que tentei.
Sem betagem.
Boa leitura!
Item: 12. Ink
Maldita
Aquela maldita tinta. Sim, aquela maldita tinta que escorria quando ela resolvia pintar. Aquela maldita tinta que parecia vir direto dos dedos dela, vir direto da alma dela. Não, eu não estava doido. Toda vez que Hermione Granger, a Senhorita Sabe-Tudo, o Cérebro do Trio de Ouro, resolvia colocar o macacão manchado, ficar descalça e pintar na sala de estudos, eu queria matá-la.
Inferno, ela usava apenas cores escuras, ela apenas usava cores mortas. Ela retratava a maldita realidade, e eu não dava a mínima. Ela morava na sede comigo e Harry. Perder os pais tingiu um pouco de sua alma de negro. Ser tortura por minha prima insana tingiu mais um pouco, ver a morte de Ronald mais um pouco, ser impossibilitada de ser mãe em um ataque de fúria de Fenrir o restante.
Eu vi. Eu, Sirius Black, havia visto cada dia se tornar um martírio para ela, um peso. Até que ela entrou no quarto de Regulus e encontrou as tintas e o cavalete com a tela em branco. E eu odiava como aquela tinta traduzia Hermione Granger. Odiava como eu a observava sentado na poltrona atrás dela, apenas vendo-a descontar na tela com o pincel e as tintas.
Aquela maldita tinta. Aquela maldita tinta, aquelas pinceladas, aquele braço suave com motivação pesada. Levanto minha cabeça e a observo, ela está com o pincel abaixado, olhando para qual tinta vai escolher na maldita palheta.
Harry saiu com Ginny faz algumas horas, ela o esperou sair para começar esse inferno. Colocou o macacão, desceu as escadas devagar e descalça, observando exatamente ao redor e me encontrando onde sempre fiquei para vê-la.
"O que acha?" Ela pergunta sobre o que já está na tela.
"Você sabe o que acho."
"Não, não sei."
Ela continua de costas, agora o pincel se move formando um arco negro no centro vermelho-sangue. Aquela maldita tinta.
"Acho que você precisa parar de pintar."
Bebo meu Firewhisky e a observo jogar a palheta e a tinta no chão ao lado do cavalete e virar, me encarando seriamente.
"Perguntei o que você acha da pintura."
"Acho que você precisa parar de pintar."
Ela se vira novamente e recolhe as coisas do chão, voltando a escolher alguma maldita tinta e pintar. Aquilo me enfurece, levanto e segurou seus punhos, paro o que ela faz.
"A dor não vai embora assim."
"Você não sabe."
Ela tenta mover o braço, o pincel está encostado na tela, manchando um espaço branco de vermelho, qual a tinta começa escorrer irregular.
"Sirius." Ela tenta novamente, aperto mais seus punhos. "Mova-se comigo."
Aquela maldita tinta. Ela move o braço devagar e a deixo guiar meus punhos, um deles parado segurando a palheta, o outro movendo-se pela tela. Hermione está quente contra meu corpo, mas a tela transmite bem como ela está por dentro: fria. Ela está fria faz tempos, mas ao mesmo tempo a tinta transmite que algo ainda vive lá dentro. Algo negro, mas algo ainda vive.
Deixou-a guiar meu braço, o aperto em seu punho mais solto e percebo que seus cabelos soltaram do coque que ela havia feito, assim como os meus também soltaram, caindo para frente, misturando-se aos dela. Ela para de mover a mão, solta o pincel, recosta em meu peito; ainda não soltei seus punhos.
"Esse é você também."
Analiso o que pintamos e vejo preto e vermelho, sangue e dor. Sofrimento. Tragédia. Aquela maldita tinta que ela tanto adora desenha bem demais o que está dentro dela. A sinto soltar a mão esquerda enquanto se vira e escorrê-la por meu peito, chegando a meu coração, os olhos castanhos de Hermione mais sérios do que nunca.
"Eu não estava movendo minha mão." A observo atentamente. "Esse é você." Ela inclina-se enquanto me abraça, solto sua outra mão e a abraço também, observando a tela atrás de nós. "Esse é todo você, Sirius."
Ela finalmente achou alguém que poderia ter a alma negra tanto quanto ela.
FIM.
