Prólogo

Estava entardecendo, o sol estava fraco, um tom laranja escuro dava cor em meio ás nuvens de um céu nublado. De acordo com a previsão do tempo, iria chover a noite inteira, para felicidade de Andri, a previsão estava errada.
Andri era um garoto de dezessete anos, com altura similar à uma pessoa de 20, e com o rosto de adulto, cabelos e olhos tão negros quanto a camiseta que vestia. Trajava uma camiseta de manga longa e preta, com uma caveira ornamentada em fios brancos cobrindo quase toda a parte frontal, e uma calça jeans preta, com fios em cinza, destacando os bolsos e a braguilha. Na costa carregava uma mochila preta e simples, sem desenhos ou marcas que a destacasse.
A passos lentos, voltava da escola em direção à sua casa, ele estudava de noite, porém por falta de professores as aulas foram suspensas.
Era um lugar escuro, com pouca iluminação, e vazio. O bairro é considerado muito perigoso, com altos índices de furtos e estupros, mas isso não o preocupava, afinal percorria esse caminho toda noite, hoje estava até mais tranquilo, o sol ainda iluminava um pouco, o que dava um pouco mais de tranquilidade à ele.
Poucos veículos se via nas ruas, de fato era uma região não muito movimentada. Os poucos carros que passavam, eram antigos e humildes, geralmente barulhentos, e exalando fumaças negras e densas. Dentre os carros que passavam de tempo em tempo, um se destacou aos olhos de Andri, uma van totalmente preta, sem placa e com os vidros pretos, impedindo a visualização do interior da van. Ela diminuiu a velocidade ao se cruzar com Andri, ele por sua vez, acelerou o passo. Assustado, começou a correr, o caminho acabou à sua frente ao se deparar com uma esquina, suas únicas opções eram ir para a esquerda ou para direita, ele escolheu ir para a esquerda, se escolhesse ir para a direita, teria que atravessar a rua, mas a van poderia atropela-lo antes que conseguisse, tornando a esquerda sua única opção.
Correndo e olhando para trás, ele não se importava muito com o que havia em sua frente, sua única preocupação era com a van, que também virara para a esquerda, e que agora aumentara a velocidade. Quando finalmente virou seu rosto para a frente, se deparou com dois homens, trajando negro da cabeça aos pés. Seus rostos estavam cobertos por um chapéu e um óculos escuro, com um sobretudo encobrindo o resto de seus corpos. Andri parou assim que os viu, a quase dois metros de distância, agora cercado, começou a entrar em desespero, sua respiração estava ofegante, seus olhos arregalados, e seu rosto parcialmente cobertos por suor, quando a van parou a seu lado, e os homens o jogou para dentro dela.
Essa era a última cena de que se lembrava quando acordou de manhã em seu quarto. Seu corpo estava dolorido, principalmente sua nuca, com uma sensação estranha, como se tivesse tomado uma forte paulada na cabeça. Apesar dessa estranha sensação, ele assumiu aquela cena como um sonho, ou melhor, pesadelo.