Título: Tudo O Que Sabemos
Autora: Lab Girl
Categoria: Arquivo X, M&S, episódio Piloto, AU, drama, romance
Advertências: Leitura não recomendada para quem não viu as 9 temporadas; linguagem adulta; algum sofrimento emocional; sexo
Classificação: R
Capítulos: 9
Resumo: E se Mulder e Scully ficassem sabendo de tudo o que ia ocorrer em suas vidas... no futuro? Nove anos à frente?
Disclaimer: Trabalho de ficção de fã para fãs baseado em obra e personagens de propriedade de seu criador, Chris Carter. Todos os direitos reservados a ele e à FOX Network.

Nota da Autora: Já faz um bom tempo que criei e rascunhei esta história. Pensei em postá-la várias vezes antes, mas, por um motivo ou outro ainda não tinha feito. Agora vai! Espero que leiam, gostem e se manifestem através de comentários sobre o que acharem dos capítulos. Obrigada.


Capítulo 1:

9 Minutos


O carro deslizava pela estrada no meio da chuva quando um clarão repentino os atingiu. Tudo parou. O motor do veículo. A chuva. O tempo.

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Scully recobrou a consciência primeiro. Confusa, piscou os olhos algumas vezes antes de olhar para o acompanhante ao seu lado. Mulder estava sentado no banco do motorista, inconsciente. Uma súbita onda de preocupação a assaltou; livrando-se do cinto de segurança, esticou o corpo para examiná-lo. Checou o pulso no pescoço ainda quente. Sentiu a vibração logo abaixo de seus dedos. Soltou um breve suspiro de alívio. Mesmo assim, por precaução, levou a mão à cabeça dele à procura de algum possível machucado. Então, ela o viu mexer suavemente a cabeça e afastou a mão. Mulder recobrava a consciência, as pálpebras tremularam um pouco antes de se abrirem. Ele acordou um meio zonzo e murmurou o nome dela ao vê-la.

"Scully…"

Ela afastou rapidamente a mão da cabeça dele. Mulder, então, abriu melhor os olhos, esforçando-se por focar a imagem. E foi aí que ele piscou e olhou para ela de uma maneira estranha.

"Você se sente bem?" Scully fez a pergunta. "O carro parou de repente. Não sei se batemos..." ela olhou para os lados da estrada e não viu sinal de nenhum carro ou pessoa, tudo ali estava deserto e a chuva seguia caindo. "Não, não foi o caso. Parece que não batemos. Não sei bem o que houve, mas... você está bem?"

Mulder estava com os olhos bem abertos para ela. Ele olhou para o relógio e sussurrou, "Nove minutos..."

"O quê?" Scully perguntou, pensando não ter entendido direito o que ele falou.

"Perdemos... nove minutos..." ele tornou a sussurrar, o olhar desviando do relógio para se perder na pista molhada à frente.

"Do que está falando, Mulder? Você está bem? Me deixe examinar você direito..." ela falou, a preocupação retornando.

Mulder virou-se para ela e falou com toda a seriedade. "Eu estou bem, Scully." Então, ele a olhou de uma maneira estranha que a fez sentir-se arrepiar. "Que dia é hoje, Scully?"

Ela olhou para ele de modo desconfiado. "Domingo."

"Não, eu me refiro à data..."

"8 de março de 1992... você não se lembra da data?" ela perguntou, mas ele ficou em silêncio por uns segundos, deixando-a ainda mais confusa e preocupada. "O que está acontecendo, Mulder?"

"Você perdeu nove minutos... e eu, nove anos" ele concluiu como para si mesmo.

Scully começou a achar seriamente que ele batera forte com a cabeça e falou, decidida, "Eu preciso examiná-lo, Mulder. Não sei o que aconteceu aqui, mas parece que você pode ter sofrido um golpe forte na cabeça..."

Ela levou a mão até a cabeça dele outra vez e Mulder a segurou pelo pulso por um instante e seus olhares se cruzam. Ele sustentou o olhar de uma maneira que a fez sentir-se tão... estranha... vulnerável... e algo mais que Scully não conseguiu explicar, mas sentiu o calor da mão dele passar para a sua e percorrê-la, descendo por todo seu braço. E, então, em contraste a esse calor, ela se arrepiou novamente, porém, desta vez, de um jeito um tanto diferente. O que a fez afastar a mão rapidamente do toque dele.

"Mulder, você está me assustando" ela confessou com voz fraca.

"Não precisa ter medo. Eu nunca vou fazer nada de mal pra você, Scully" ele disse, para então emendar, o tom se tornando algo triste, "Pelo menos não intencionalmente."

As lembranças o fizeram ficar com o olhar vidrado. De repente, como se rompesse o encanto, Mulder desceu do carro, debaixo da chuva, e andou poucos metros à frente do carro. O X pintado no chão com tinta spray reluzia sob o luar.

"Mulder, por favor, volte para o carro. Eu dirijo. Você precisa ser examinado" Scully chamou do lado de dentro.

"Eu não preciso de exame, Scully. Eu estou bem" ele olhou para ela e se deu conta de que mais uma vez estava usando o velho bordão da parceira. Mas ela não entendeu, claro. Nem poderia. Não ainda.

Scully franziu o cenho. "Não, não está" ela falou com ar profissional. "Vamos, entre no carro."

Mulder olhou mais uma vez para o X marcado no asfalto. Em seguida, ergueu o olhar para ver Scully já do lado de fora do carro, segurando a porta do passageiro para ele. Sem protestos, ele entrou e sentou-se, ajeitando o banco à sua estatura enquanto a parceira dava a volta para se ajeitar no banco do motorista.

Ao vê-la mexer na disposição do banco, puxando-o mais para a frente, Mulder sorriu e não conseguiu resistir. "Seus pés alcançam os pedais?"

Scully olhou para ele com expressão confusa e séria. Obviamente ela não entendeu e não achou graça da piada particular. Mais uma vez, nem teria porquê. Esta Scully ainda não conhecia este Mulder tão bem, eles ainda não dividiram nem metade das situações e momentos partilhados em nove anos juntos.

Suspirando, Mulder desviou os olhos para a estrada. Scully deu a partida no motor e o carro se colocou outra vez em movimento.


... X ...