Faith Counselor
Ela entrou na sala, e era uma menina completamente diferente, mas ao mesmo tempo tão parecida com a sua Rose que ele não pode fazer nada que não olhar por alguns segundos.
Ela parecia impaciente e agitada, como adolescentes sempre estão, ainda mais quando convidados a comparecer a supervisão pedagógica.
"Sente, Rose" ele falou, e foi preciso um esforço imenso para não reagir de forma inapropriada.
Rose se jogou na cadeira, respirando fundo, e o encarou com um ar de moleca insolente.
"O que foi agora?"
"Eu fiquei sabendo que você tem tido problemas para entregar seu dever de casa."
Ela rolou os olhos, balançando a cabeça, claramente desinteressada.
"Eu esqueci em casa, só isso."
"O Sr. Harman disse que foi a quarta vez esse mês."
Rose deu os ombros, olhando para todos os lugares, menos para ele. Ele não conseguia tirar os olhos dela, gravando cada detalhe, sabendo que nunca mais poderia vê-la.
"Eu poderia te ajudar com eles" se ofereceu, sem conseguir controlar a ansiedade. "Com o dever de casa."
Ela ergueu a sobrancelha para ele, franzindo a testa, e pela primeira vez pareceu realmente notá-lo.
"Você não é novo demais para esse trabalho?"
Maldita regeneração.
Ele limpou a garganta.
"É, sabe como é, esperam que eu consiga me entender melhor com vocês do que um velho empoeirado."
O olhar que ela o lançou, de cima abaixo, notando sua roupa incoerente e a forma como seus cabelos caiam disseram a ele que ela não sabia se ria do absurdo ou se simplesmente deixava para lá.
"Eu vou me virar" respondeu, franzindo a testa. "Prometo que vou trazer tudo amanhã."
"Pense no que eu falei" ele disse, sorrindo calorosamente, conforme ela levantava para sair. "Eu poderia te ajudar com o dever de casa."
Ela riu, balançando a cabeça, e falou:
"Eu tenho um namorado". Ele inclinou a cabeça para o lado a encarando.
"Jimmy Stone, diz aqui" ele falou, apontando para a ficha e tomando um gole de chá.
"Ele é a única pessoa que não me trata como coitadinha. Sabe como os outros me chamam? A garota do pai morto. Eles parecem estar esperando que eu entre em parafuso, comece a usar drogas e vá me prostituir por ai. Talvez essa última parte não seja uma má ideia."
Ele engasgou com o chá, que caiu em cima de sua calça, o deixando ainda mais sem jeito. Ela sorriu de uma maneira que deixou tantos pensamentos transparecerem que, se tivesse com algo na mão, provavelmente teria caido também.
"Não precisa se preocupar" ela disse, ainda sorrindo de forma matreira. "Não está em meus planos. Eu posso não ser nada na vida, mas não vou chegar ai."
Rose estava pronta para fazer uma saída em grande estilo, mas a voz dele a interrompeu.
"Ah, Rose Tyler! Você vai ser a mulher mais maravilhosa de todo universo."
Ela virou-se novamente para ele, com o sorriso contagiante que só ela sabia dar.
"Sabe, eu pensei melhor. Quando você pode me ajudar com o dever de casa?"
