N/A: Se estranhar alguma coisa, ou não se lembrar de alguma passagem da série, é porque a fic foi feita baseada no livro. Relaxe, NÃO há spoiler.
- Hey, passarinho...
A resposta foi um simples levantar de olhos verdes.
- Lembra-se de quando Winterfell era sua casa?
- Mas, sir, Winterfell é minha casa!
- Não, passarinho, não é. Uma pilha de corpos queimados banhados em sangue não é um lar.
Sonhei com ele novamente. Tudo estava escuro e tão quente que meus cabelos ruivos grudavam no suor da minha face corada. Ele tinha aquela expressão de raiva tão usual da família Clegane, mas seus olhos cintilavam de compaixão e a grande mão longe da espada indicava que baixara a guarda.
Apesar de assumir o papel do corvo que nunca me encontrou, suas palavras não foram assim tão negras, pois já as esperava, infelizmente.
Roguei à Mãe, à Velha, à Donzela, ao Pai, ao Cavaleiro, ao Ferreiro e até mesmo para o Estranho, mas os sete nunca foram meus deuses e sinto que os meus abandonaram-me no caminho para Porto Real. Os deuses do norte não protegeram a vida de meu pai e sei que também deixaram Robb morrer. Deixaram Winterfell entregue à morte.
No sonho, ele fica de joelhos em minha frente e esconde com as mãos a face queimada. Ele quer chorar, mas jamais o faria.
Não ele.
"Uma pilha de corpos queimados banhados em sangue não é um lar."
Sandor, até uma garota boba como eu sabe que essa frase não se refere exatamente a Winterfell.
Como foi sua vida, querido cão? Como foi seu pai? E sua mãe, cantava para lhe ninar? Quando foi que se tornou tão rancoroso? A culpa é apenas de seu irmão, Sir Gregor?
Sandor, por que protegeu-me de Joffrey? Por que ordenou que eu cantasse para você naquela noite? Por que ajudar um passarinho que não pode voar?
Tantas questões que gostaria de lhe fazer... Será que um dia terei coragem para lhe questionar? Será que um dia lhe reencontrarei, meu cavaleiro?
No sonho eu não consigo ignorar sua tristeza, então ajoelho-me e tomo suas mãos nas minhas. Você me fita confuso, mas sorri. O sorriso que só eu vi. Você me abraça de forma brusca, mas tudo bem, pois sei que desconhece a delicadeza. Por fim, encosta seus lábios nos meus e ambos estão tão rachados, mas isso não faz o choque arrepiante que sinto diminuir, para ser sincera, meu cão, até sua carne queimada passo a amar. Ou admitir que amo.
Nos separamos e, envergonhada, encaro seus olhos e vejo um misto de felicidade, embriaguez e excitação. Nesse momento eu aperto mais você em meus braços e lhe beijo novamente. Mas... O senhor começa a derreter e sua pele escorre pelo meu corpo, deixando os ossos como um pó, que é levado pelo ar. Sandor... Você morre.
Ainda não sei se isso é apenas um sonho, ou se você realmente não está mais nesse mundo pútrido, no qual canções servem apenas para nos cegar.
Por favor, meu Sir, meu cavaleiro, meu cão, meu amor... Não me deixe sozinha.
N/A: Sabe quando você só percebe a importância de alguém quando já é tarde? Tarde demais? Creio que Sansa se sentiria assim. Também sempre tive muita curiosidade acerca da vida do Sandor antes dele servir aos Lannisters.
Muito obrigada pela paciência se chegou aqui! Espero que tenha gostado!
Beijos,
Lucy Leeches.
